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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

O BRASIL E SEUS FILHOS ESQUECIDOS

Guio de Morais

Alguém, e muita gente mais, já disse que somos um povo esquecido, sem memóri.

Chegamos a nos esquecer de nós mesmos. Pode ser incrível, mas é a pura verdade.
Muita gente bonita, de tamanhos enormes, chega e desaparece num piscar de olhos.
Muita gente some como chega: do nada, de repente, sem deixar rastros ou notícias.
São muitos os exemplos do passado e do presente que se encaixam perfeitamente nessa dezena de linhas até aqui ditadas.
Meu amigo, minha amiga, você já ouviu falar de Guiomarino Rubens Duarte?

Bom, acho difícil você já ter ouvido falar nesse Guiomarino... E Guio de Morais, hein?
É muito provável que vocês, meus amigos e amigas, também não tenham ouvido falar sobre esse Guio. E se eu disser que esse Guio de Morais era um pernambucano de Recife e excepcional compositor de música popular, pianista, maestro, arranjador, criador de grupos musicais e orquestras o que você diria? Sei, sei, você diria que não sabe.
O recifense Guio de Morais é um nome que deveria estar estampado em letras garrafais em todo canto, principalmente nas escolas de música. Mas não. O nome desse artista não se acha em canto nenhum e quando, aqui e acolá, descobre-se algo com o seu nome, ou simplesmente o seu nome, o que se lê é a história truncada de um brasileiro. A rigor, até as datas de nascimento e morte são conflitantes.

Guio de Morais nasceu em 1920 ou 1921. Morreu em 1993 ou 1999. 

O que se sabe desse Guio é que começou a gostar de música ainda quando era menino, na sua terra. E que foi autor de um clássico composto em parceria com Luiz Gonzaga e pelo próprio Gonzaga imortalizado: Pau de Arara, maracatu levado à gravação em julho de 1952. O disco, um 78rpm, foi à praça com a chancela da extinta gravadora RCA Victor.
O maracatu Pau de Arara representa uma espécie de chave para abrir e possibilitar a compreensão da obra gonzaguiana. Na letra dessa música se acha a história do velho "rei":

Quando eu vim do sertão
Seu moço, do meu Bodocó
A malota era um saco
E o cadeado era um nó

Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau de arara
Eu penei, mas aqui cheguei
Eu penei, mas aqui cheguei

Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xote, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matolão...


Pau de Arara alcançou grande sucesso e eternizou-se como clássico da nossa música gravado até pelo gringo norte-americano Dizzy Gillespie (1917-1993), em 1962. Ouça:

Curiosidade: Se Guio de Morais morreu em 1993, pelas contas, faz 30 anos que isso ocorreu. E seguindo essas contas, chegamos também a conclusão de que Dizzy Gillespie também se acha ausente deste mundo há 30 anos.

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