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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

BATE-PAPO SOBRE CULTURA POPULAR

Moreira de Acopiara, Sebastião Marinho, Assis Ângelo e Mariana Ananias
 
Agosto costuma ser um mês agitado, além de comprido: 31 dias.
Também chamado de o mês do agouro, do cachorro louco e do desgosto, o último agosto finalmente terminou.
Foi nesse mês que Getúlio enfiou uma bala no peito e partiu deixando órfãos milhões de eleitores e eleitoras.
Foi nesse mês também que Jânio tomou um porre e assinou uma carta renunciando ao cargo de presidente da República.
O dia 22 de agosto é o Dia Internacional do Folclore.  Como uma coisa puxa outra, representantes da nossa boa cultura popular estiveram ontem à noite 31 falando de cantador repentista e poeta de bancada. 
Poeta de bancada é como é chamado o poeta cordelista, o que faz verso para publicar em folheto. E tem muita mulher fazendo poesia pra cordel. Pois bem, estiveram comigo o cordelista Moreira de Acopiara, o poeta repentista, improvisador ao som de viola Sebastião Marinho e a professora e doutoranda na USP Mariana Ananias.
Mariana, a Mari, está concluindo tese de doutorado sobre cultura popular; mais precisamente sobre a quase desconhecida paraibana Chica Barrosa, cantadora repentista que se definia como "a negra Chica Barrosa, é faceira e é dengosa".
Durante muito tempo passaram de boca em boca trechos de cantorias das quais participaram Chica. Este, por exemplo: 

"...Mas se Neco a diferença
Entre nós só é na cô
Eu também fui batizada
Sô cristã como o senhô!
De lançar mão no “alei”
Nunca ninguém me acusô!
 
De ir preto para o céu,
Seja o branco sabedô;
E lá na Mansão Celeste
Se quiser Nosso Senhô:
Vai o branco pra cozinha,
E o preto para o andô!" 

O Neco aí referido, tinha como nome de batismo Manuel Martins de Oliveira. Era rico e cantador,
segundo Luís da Câmara Cascudo.
Além de professora interessada pela cultura popular do Nordeste, Mariana Ananias toca violão e canta de modo muito agradável. Gosta especialmente de decassílabos. 
Moreira de Acopiara contou causos, declamou poemas e cantou acompanhado ao violão por Sebastião Marinho. Foi um encontro agradável esse ocorrido ontem.
Chica Barrosa morreu quando tinha cerca de 50 anos de idade, provavelmente em 1916.
Dia desse desenvolvi uma sextilha em homenagem ao querido Rolando Boldrin. Essa sextilha ficou mais bonita na voz e nas cordas da viola do mestre Marinho. Confiram:

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