Tinha historinha sacana pra tudo quanto é gosto. Exemplo é Pra onde a vaca vai o boi vai atrás, título claramente inspirado na bobagem brega de João da Praia, pseudônimo do paulista Antônio Zacarias (1950-1989). Trata de uma jovenzinha gostosa e um macho em ponto de bala. Ele, peão da fazenda do pai dela, vê-se "obrigado" a realizar as fantasias da moçoila. O pai desconfia e dá de garra de uma garrucha decidido a pôr fim à safadeza dos dois.
A Internet acabou com isso tudo, possibilitando aos admiradores e seguidores de Onã cenas em movimento e tal. Mais picantes, pois.
Onã é um personagem bíblico usado pela igreja para proibir sexo anal e masturbação, tomando-o como exemplo dessa prática tão comum em todos os tempos.
Ah! Sim: em São Paulo e no Rio de Janeiro há logradouros com os nomes de Angelo Agostini e Carlos Zéfiro.
Em 1996 a cantora Marisa Monte levou a público o CD intitulado Barulhinho Bom em homenagem a Zéfiro, que deixou como herança pelo menos 600 catecismos. Esse disco, um CD, foi lançado à praça brasileira sem nenhum problema. No lançamento, foram distribuídos alguns títulos do Zéfiro.
Nos EUA o mesmo disco de Marisa Monte recebeu como carimbo na capa uma tarja como censura. Isso na terra considerada o berço e exemplo de liberdade. Ora veja! Até o título foi traduzido para A Great Noise.Agostini e Zéfiro têm sido personagens de interesse do mundo acadêmico.
Em 2013 a então mestranda Érika Cardoso, da Universidade Federal Fluminense, apresentou num simpósio realizado no Rio Grande do Norte trabalho que desenvolvia sobre Zéfiro. Título: “O pornógrafo ingênuo — Carlos Zéfiro entre a História e a memória”.
Lá pras tantas ela lembra a antropóloga Maria José Silveira, segundo a qual “Na prática Carlos Zéfiro foi um autêntico precursor do feminismo, no que o feminismo tem de bom, já que seus catecismos evidenciam que as mulheres têm prazer, sabem tomar iniciativas, sempre revestem de paixão o ato sexual e que, com raras exceções, as narrativas nos catecismos não dão espaço ao moralismo”. Recomendo a leitura: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364259543_ARQUIVO_ARTIGOANPUH.pdf
Também já foram escritos e publicados pelo menos 4 livros sobre o endeusado personagem. O primeiro A Arte Sacana de Carlos Zéfiro, organizado por Joaquim Marinho, com pequenos textos analíticos assinados por Roberto da Matta, Sérgio Augusto e Domingos Demasi; e o segundo Os Alunos Sacanas de Carlos Zéfiro, também assinado por Marinho. O terceiro, O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro, de Otacílio d’Assunção. E o mais recente, de 2018, O Deus da Sacanagem: a Vida e o Tempo de Carlos Zéfiro. Autor: Gonçalo Junior.
Fora isso há documentários sobre Zéfiro e Agostini. Em 2020, o cineasta Carlos Tendler lançou o filme Em Busca de Carlos Zéfiro. Em 2013, Bira Dantas rodou o documentário Desvendando Ângelo Agostini ou 30 Anos da AQC.