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domingo, 19 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (4 final)

Leandro morreu em 1918, com 53 anos de idade. Sua obra foi vendida para João Martins de Athayde (1880-1959) e depois para José Bernardo da Silva (1901-1971). Eram cordelistas e donos de gráficas. O detalhe é que tanto Ataíde quanto Bernardo assinaram como se fossem deles folhetos de Leandro Gomes de Barros. Isso tem nome: apropriação indébita. É crime constante no nosso código penal. Exemplo dessa apropriação é o clássico O Cavalo Que Defecava Dinheiro.
Até hoje não se sabe com exatidão quantos folhetos de cordel Leandro escreveu e publicou. O poeta repentista pernambucano Otacílio Batista falava em 1.004. Falo disso no livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo (Ed. IBRASA; 1996). Nesse livro também falo da discriminação sofridos pelos poetas da viola.
Mas voltemos ao tema guerra.
É claro que o assunto é polêmico.
Uns poucos cordelistas do passado falaram nos conflitos internos registrados pela história.
A guerra ou massacre de Canudos, que durou menos de um ano no sertão da Bahia, mereceu o olhar de
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poetas de cordel: Minelvino Francisco da Silva (Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos), Arinos de Belém (História de Antonio Conselheiro), Jota Sara (História da Guerra de Canudos) e até o profícuo Maxado Nordestino, autor de As Profecias de Antonio Conselheiro.Nas fileiras de combate contra os miseráveis liderados pelo cearense Conselheiro, se achava o cordelista paraibano de Bananeiras João Melchíades Ferreira da Silva (1869-1933). A respeito desse personagem e da Guerra de Canudos faço referência no livro O Clarim e a Oração (Geração Editorial; 2002).
Atualmente Klévisson Viana e Rouxinol do Rinaré, do Ceará, e o baiano Marco Haurélio são os mais importantes e profícuos cordelistas em atividade no País.
Tem aumentado substancialmente o número de mulheres escrevendo e publicando cordéis no Brasil. LEIA: A MULHER NA LITERATURA DE CORDEL
Eu já disse e repito: a cultura popular é a identidade de um povo.
É isso, minha gente.
Ah! Sim, ia-me esquecendo: o primeiro filólogo a dicionarizar a expressão cordel foi o padre português Francisco Caldas Aulete. Curiosidade: todos os dicionaristas brasileiros, inclusive Antônio Houaiss, repetem quase ipsis litteris o escrito por Aulete.

Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora

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