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domingo, 1 de julho de 2018

TUDO COMEÇOU COM TANGO

O potiguar de currais Novos José Xavier Cortez acaba de telefonar prá mangar de mim. Isto é, prá dizer que está numa rede depois de deleitar-se com canjica, pamonha, cuz cuz e tapioca e outras coisinhas próprias do período junino. Coisa boa, né?
Junho terminou levando consigo os minguados festejos do mês que se registraram aqui e acolá, sem muita empolgação, com música diferente etc.
As festas de São joão, que começam no dia 13 e terminam no dia 29 de junho nos foram trazidas pelos portugueses. Os portugueses nos legaram muitas coisas boas, fora os exemplos ruins que culminaram em prisão, tortura e morte.
Na minha infância eu esperava com ansiedade o mês de São João. Besta que nunca fui, eu esperava São João prá comer tudinho do que acaba de comer o amigo José Cortez e adorava assar milho na fogueira, mas minha mãe, minha avó e minha tia me assustavam dizendo que brincar com fogo ou fogueira fazia menino mijar na cama. Que coisa! Eu gostava também de soltar fogos, bombinhas, estrelinhas, essas coisas. E também de soltar balão e de fazer bandeirinhas, de cortar bandeirinhas na forma de "M". E de quadrilhas? Eu adorava arribar as saias compridas das meninas vestidas de matutas. Cheguei a levar uns cascudos por isso.
Das quadrilhas, além de ver as meninas dançarem, eu gostava de ouvir os sanfoneiros, os triangueiros, os zabumbeiros e todo mundo cantando música de São João. Muita coisa de Luiz Gonzaga, claro.
Pouca gente sabe: a música que se tocava e cantava não era marchinha nem toada, nem canção, como tal conhecemos hoje. A primeira música feita prá São João foi um tango, sem letra, assinado por Irineu de Almeida e gravado pelo grupo Choro Carioca, que tinha a frente o mestre Pixinguinha. Isso foi ali pelos finais da segunda década do século passado. A gravadora? Favorite Record.


A segunda música, São João na Roça, foi uma cançoneta assinada pelo compositor E. de Souza, interpretada por alguém que se identificava apenas como Campos, da etiqueta Columbia, há muitos anos extinta, cuja sede era no Rio de Janeiro.
A partir dos anos de 1930 é que o tema São João (e Santo Antônio e São Pedro) passou a frequentar com mais intensidade o repertório dos artistas nacionais, como Chico Alves, Araci de Almeida e Carmen Miranda. Mas foi Luiz Gonzaga, o rei do Baião, o artista que deu identidade ao gênero marchinha Junina.
Você sabia que até a cantora lírica Bidu Sayão gravou música junina? Ouça:



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