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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

FAUSTO: O TURISTA APRENDIZ

À esquerda, o casarão que Nelson Gonçalves cresceu e à direita, Fausto na Av. João Pessoa

De certo modo, o cartunista Fausto encarna a personagem da música A Vida do Viajante. Essa música, um clássico do repertório gonzaguiano, foi gravada no começo da segunda parte dos anos de 1950. Sucesso na hora, mas não é dessa música que eu quero falar.
Nascido Fausto Bergocce, o cartunista Fausto tem seu berço na cidade paulista de Reginópolis, a cerca de 400km da Capital.
Conheci Fausto num ano qualquer do século passado, na redação do extinto Folhetim. Esse suplemento enriquecia a edição dominical do jornal Folha de S.Paulo.
Fausto ilustrou muitos textos meus, não só no Folhetim, mas na revista Homem e outras da editora Três. Escrevi muito pra essa editora.
Sempre hei de me lembrar do querido Fausto: simples, atencioso, solidário, uma figura e tanto!
Outro dia recebi ligação dele dizendo que se achava em andanças por terras gaúchas. Lembrei-me logo do cantor Nelson Gonçalves, o Metralha.
Nelson nasceu no município de Santana do Livramento. E pra minha surpresa Fausto disse que chegou a visitar o casarão onde o artista nasceu. E fotografou (acima). Nesse casarão tem uma placa, na qual se
lê: "A voz de ouro do Brasil". Disse também, e aí surpresa dele, que descobriu uma avenida com o nome de João Pessoa. Pra tudo tem explicação e a explicação no caso de João Pessoa é que ele era candidato a visse na chapa a presente do gaúcho Getúlio Vargas, em 1930. Pessoa foi assassinado em Recife, virou mártir e o Vargas levou o cargo de presidente na marra, ao por pra correr o paulista Júlio Prestes, que ganhara legalmente o cargo de presidente.
A curiosidade tem levado Fausto a conhecer o Brasil e boa parte do mundo. Do Brasil, ele diz, "só me faltam conhecer o Acre, Amapá, Roraima e Rondônia, na parte Norte do nosso mapa".
Além de conhecer quase todo o nosso País, Fausto conhece os EUA, Canadá, Inglaterra, França, Itália. No total, 18. "O que mais gostei foi o Marrocos", diz.
A propósito, não custa lembrar: foi no Marrocos que o poeta português Luís Vaz de Camões () perdeu o olho direito, no campo de batalha. 
Fausto diz também que a região brasileira que mais gosta e admira é o Nordeste: "O Nordeste tem a cara do Brasil e uma gente maravilhosa".
E o Sul do Brasil, hein?
"Há muito eu alimentava a ideia de conhecer a terra do poeta Mário Quintana (1906-1994). Aproveitei pra cultivar boas amizades: com Ademir Antonio Bacca, Cleimir Bacca (irmãos) e Iolanda Rivulus: amigos que não os via desde o ano 2000, em Cuba! Eles me receberam muito bem em Bento Gonçalves.
Ainda em Bento Gonçalves, tive a honra de conhecer o grande escultor Bez Batti. O amigo Ademir Bacca me levou para esse encontro: que me honrou muito.
Depois em minha passagem por Porto Alegre, pude cultivar outras grandes amizades: com o cartunista Santiago, Olga (sua esposa) e com a jornalista Rosane Aubin, com quem tive a honra de trabalhar no jornal Diário Popular, de São Paulo. Por lá, reencontrei uma amiga, a Ethel Kawa, com quem havia trabalhado na Editora Três.
Enfim, foi uma ótima viagem, depois de 2 anos sem poder fazer nenhuma, por conta da pandemia.
Tomei todos os cuidados possíveis e fiquei bem e voltei bem".
Curiosidade: por onde anda, Fausto aproveita para pintar aquarelas (ao lado).
Leitor compulsivo, isso não é uma mera força de expressão, Fausto lê tudo que lhe cai às mãos. 
Meu amigo, minha amiga, faça como ele: leia tudo que for possível. Pois, como dizia Monteiro Lobato, "um país se faz com homens e livros".
Uma coisinha só: além de encaixar-se no enredo de A Vida do Viajante, Fausto poderia também encaixar-se nas páginas O Turista Aprendiz, de Mário de Andrade.

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