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domingo, 4 de junho de 2017

CANGAÇO E CONGRESSO DE CANGACEIROS


O coronelismo é uma praga brasileira surgida com a criação da guarda nacional pela Regência em 1831, e ganhou força e aperfeiçoamento após o golpe militar que acabou com o Império.
A primeira república foi até 1930.
O coronelismo viveu de mãos dadas com o Cangaço.
Antes de Lampião, o Rei do Cangaço era Antonio Silvino (1875-1944).
Silvino, de batismo Manuel, era pernambucano e entrou para o Cangaço em 1896, dois anos antes de seu conterrâneo Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião nascer (1898-1938).
Lampião nasceu no dia 04 de junho e entrou para o Cangaço depois de a polícia matar seu pai, José Ferreira. 
O pai de Antonio Silvino foi assassinado a mando de um coronel de Afogados de Ingazeiras, PE.
Três irmãos de Virgolino, Antônio, Izaquiel e Levino, entraram para o Cangaço com o mesmo propósito de vingar a morte do pai.
Silvino não foi só para o Cangaço, junto com ele foi também o irmão Zeferino.
Essa história de coronelismo, Cangaço e políticos se interliga.
Os cangaceiros dos tempos atuais estão, muitos deles, no Congresso Nacional e nos governos estaduais.
Renan é cangaceiro, Jucá é cangaceiro, Eduardo Cunha é cangaceiro, Aécio Neves é cangaceiro, Collor é cangaceiro, Sarney é cangaceiro, Eunício Oliveira é cangaceiro, Lobão é cangaceiro, Perrella é cangaceiro, Jader Barbalho é cangaceiro, Lula é cangaceiro, Temer é cangaceiro...
Uma perguntinha: Os cangaceiros de ontem eram mais fracos do que os cangaceiros de hoje?
Na minha vida profissional de jornalista entrevistei muitos cangaceiros e cangaceiras como Sila, que entrou para o grupo de Lampião ao lado do menino cangaceiro Zé Sereno.
Entrevistei também uma irmã de Lampião, Dona Mocinha e a filha e neta de Lampião e Maria Bonita,  Expedita e Vera Ferreira, ainda vivas.
Há quinze anos eu promovi um julgamento simbólico de Virgolino Ferreira na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Leia texto que publiquei no Jornal a Nova Democracia nº 13:

Sessenta e cinco anos depois da sua morte, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, foi condenado em júri popular simulado no Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito São Francisco, no Largo São Francisco, em São Paulo, a 12 anos de prisão em regime fechado. A condenação foi abrandada em um terço por ser o réu primário e beneficiário de atenuantes, segundo o juiz que presidiu o processo, Antônio Magalhães Gomes Filho, titular de Processo Civil. 
O rei do cangaço foi levado a júri sob a acusação de ter praticado, junto com o seu bando, uma chacina em Jeremoabo, na Bahia, no dia 13 maio de 1932. Nessa data tombaram mortas a tiros e a golpes de punhal, várias pessoas de uma mesma família. A sentença, baseada na votação do corpo de jurados formado por estudantes de Direito, levou em conta que o réu praticou a ação “com requintes de crueldade”. Cerca de 300 pessoas, incluindo jornalistas, escritores e artistas, assistiram a sessão. A cantora Socorro Lira cantou uma canção de sua autoria que falava de Lampião.
Na sala do júri, representou o acusado o ator Alessandro Azevedo, vestido a caráter. A seu lado a atriz Júlia Moura, no papel de Maria Bonita. Há dois anos, Alessandro viveu o rei do cangaço na peça Lampião vai ao inferno buscar Maria Bonita, de Altimar Pimentel.
Os trabalhos foram desenvolvidos pelo promotor Luis Marcelo Mileo Theodoro e pelo advogado de defesa Alamiro Velludo Salvador Netto. Antes de encerrar a sessão e elogiar os organizadores do evento, o juiz Gomes Filho disse que “esse processo pode ajudar a sociedade a refletir sobre as causas da violência no Brasil”.
O principal estudioso do cangaço e biógrafo de Lampião, Amaury Corrêa, que está lançando o livro Lampião e Maria Fumaça, não aprovou a condenação que, aliás, também contrariou consulta popular feita em julho com usuários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), idealizadora do julgamento. Consultados sobre se Lampião foi bandido ou herói, os passageiros escolheram a primeira opção.




BRINCANDO COM A HISTÓRIA (20):




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