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quinta-feira, 3 de julho de 2014

VEJA, FORRÓ E SÃO JOÃO

A mais recente edição da revista Veja, nas bancas especializadas, traz uma matéria especial em sete páginas assinada por Sérgio Martins sobre o forró como ritmo musical, suas origens e quem o representa nas salas de reboco destes tempos modernosos.
Dei lá uns pitacos (a~i ao lado, no detalhe). E lá estão grandes sanfoneiros, desde Oswaldinho do Acordeon, Waldonys e Targino Gondim; e forrozeiros da velha guarda sempre atuais, como Antônio Barros, Cecéu e Anastácia e jovens em fase de desabrochamento como a paraibana Lucy Alves, uma das integrantes do grupo Clã Brasil, em extinção.
É uma matéria que vale a pena ser lida.
E a propósito do gênero criado em 1949 por Zé Dantas e Luiz Gonzaga, irritado o cronista Onaldo Queiroga escreveu o seguinte, em tom de desabafo:

O forró merece respeito. Representa a cultura de um povo chamado Nordeste. Não podemos sair por aí dizendo que o som dessas bandas de plástico é forró. A batida é diferente, a mensagem contida nas letras é totalmente diversa do que propõe o forró.
O ritmo plástico, que agora também vem recebendo o título de estilizado, no palco se apresenta com muitas mulheres seminuas e com letras pobres. No São João, eu estava no terreiro do forró quando uma banda começou a anunciar no palco: “Amanhã é folga para quem não bicou. Eu quero ver. Levante o copo. Dá uma rodadinha. Só um golim e traga a cachaça, que ela libera. Você tá com medo de pedir um beijo pra ela. Gatinha mamadinha, levante o copo. Dá uma rodadinha. Só um golim”. Isso levou uns quatro minutos até que, em seguida, cantou: “É o chefe!”. Patrocina ousadia, e as novinhas se derretem / É o chefe / É o chefe / Considerado, respeitado, e com ele ninguém se mete / É o chefe, é o chefe/ Quando chega na balada, sempre chama atenção / Pelas roupas que ele usa, e a grossura do cordão / Deixa os playboys rasgar, sempre com muita fartura / Whisky com Redbull, a mais perfeita mistura / Trata todos com respeito, isso é já de costume / As novinhas ficam loucas com o cheiro do perfume / Gosta de ostentação e não tem problema algum / As novinhas ficam doidas pra andar de Ré.”
Nessa hora, fogos de artifícios no palco e a multidão enlouquecida, a dançar, beber e repetindo o refrão: É o chefe, é o chefe. Meu Deus! Uma ostentação repassada de forma selvagem e impiedosa para aquele povo, que mais parecia o admirável gado novo do poeta Zé Ramalho. As autoridades devem respeitar os festejos juninos, festa de tradição e que não pode ser transformada em micaretas ou mesmo em inóspitos e rudes festivais de música. Como conceber nos palcos do São João, as atrações principais serem figuras do mundo musical do plástico, sertanejo e do axé. Nada contra Bel Maques, Victor e Léo, César Menotti e Fabiano, Daniel, Asa de Águia e outros. Mas o fato é que São João é festa do forró, do xote, do xaxado e do baião. Cada um no seu lugar, no período próprio. O povo e os turistas querem ouvir forró!
Em entrevista, Targino Gondim, foi questionado se o seu forró era o de “pé de serra”. Com um sorriso franco, respondeu: “Não. O meu forró é forró. Por que forró só existe um! Ou é forró, ou não é forró! Hoje em dia, nossa juventude, de tanto ouvir, acaba achando mesmo que "nós" fazemos o "pé de serra" e as bandas "fulano-de-tal do forró" é que fazem o forró. O que é isso, gente? Gosto do som de muitas dessas bandas. Mas estão longe do nosso forró! Não estou aqui querendo atacar ninguém, mas responder de uma vez por todas a essa pergunta e chamar a atenção do povo e dos meus companheiros:
- O meu forró não é "pé de serra"! É simplesmente forró!”.

SÃO JOÃO EM SÃO PAULO
Sábado e domingo próximos, eu e o ator Alessandro Azevedo estaremos como em 2013 no Vale do Anhangabau, brincando o São João fora de época no Parque da Luz e proximidades, junto com Oswaldinho do Acordeon, Targino Gondim, Anastácia, Falamansa e Roberta Miranda, entre outros artistas. A grande homenageada será a rainha da moda, Inezita Barroso (aí ao lado, à esquerda).
Acesse a programação, clicando:

JORNAL DA CULTURA
Hoje à noite tem assunto importante na TV Cultura: o abandono e matança de jegues no Nordeste. Hoje cedo gravei meus pitacos para a matéria. Voltarei ao assunto que o rei do baião Luiz Gonzaga e Chico Buarque um dia cantaram. Gonzaga em 1968 http://www.kboing.com.br/luiz-gonzaga/1-1001280/ (O Jumento é Nosso Irmão) e Chico em 1977 http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/o-jumento.html (O Jumento, na peça Os Saltimbancos).

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