A mais recente edição da revista
Veja, nas bancas especializadas, traz uma matéria especial em sete páginas assinada por Sérgio Martins sobre o forró como ritmo musical, suas origens e
quem o representa nas salas de reboco destes tempos modernosos.
Dei lá uns
pitacos (a~i ao lado, no detalhe). E lá estão grandes sanfoneiros, desde Oswaldinho do Acordeon, Waldonys
e Targino Gondim; e forrozeiros da velha guarda sempre atuais, como Antônio
Barros, Cecéu e Anastácia e jovens em fase de desabrochamento como a paraibana Lucy
Alves, uma das integrantes do grupo Clã Brasil, em extinção.
É uma matéria que vale a pena ser lida.
E a propósito do gênero criado em
1949 por Zé Dantas e Luiz Gonzaga, irritado o cronista Onaldo Queiroga escreveu
o seguinte, em tom de desabafo:
O forró merece respeito. Representa a cultura de um povo
chamado Nordeste. Não podemos sair por aí dizendo que o som dessas bandas de
plástico é forró. A batida é diferente, a mensagem contida nas letras é
totalmente diversa do que propõe o forró.
O ritmo plástico,
que agora também vem recebendo o título de estilizado, no palco se apresenta
com muitas mulheres seminuas e com letras pobres. No São João, eu estava no
terreiro do forró quando uma banda começou a anunciar no palco: “Amanhã é folga
para quem não bicou. Eu quero ver. Levante o copo. Dá uma rodadinha. Só um
golim e traga a cachaça, que ela libera. Você tá com medo de pedir um beijo pra
ela. Gatinha mamadinha, levante o copo. Dá uma rodadinha. Só um golim”. Isso
levou uns quatro minutos até que, em seguida, cantou: “É o chefe!”. Patrocina
ousadia, e as novinhas se derretem / É o chefe / É o chefe / Considerado,
respeitado, e com ele ninguém se mete / É o chefe, é o chefe/ Quando chega na
balada, sempre chama atenção / Pelas roupas que ele usa, e a grossura do cordão
/ Deixa os playboys rasgar, sempre com muita fartura / Whisky com Redbull, a
mais perfeita mistura / Trata todos com respeito, isso é já de costume / As
novinhas ficam loucas com o cheiro do perfume / Gosta de ostentação e não tem
problema algum / As novinhas ficam doidas pra andar de Ré.”
Nessa hora,
fogos de artifícios no palco e a multidão enlouquecida, a dançar, beber e
repetindo o refrão: É o chefe, é o chefe. Meu Deus! Uma ostentação repassada de
forma selvagem e impiedosa para aquele povo, que mais parecia o admirável gado
novo do poeta Zé Ramalho. As autoridades devem respeitar os festejos juninos,
festa de tradição e que não pode ser transformada em micaretas ou mesmo em
inóspitos e rudes festivais de música. Como conceber nos palcos do São João, as
atrações principais serem figuras do mundo musical do plástico, sertanejo e do
axé. Nada contra Bel Maques, Victor e Léo, César Menotti e Fabiano, Daniel, Asa
de Águia e outros. Mas o fato é que São João é festa do forró, do xote, do xaxado
e do baião. Cada um no seu lugar, no período próprio. O povo e os turistas
querem ouvir forró!
Em entrevista,
Targino Gondim, foi questionado se o seu forró era o de “pé de serra”. Com um
sorriso franco, respondeu: “Não. O meu forró é
forró. Por que forró só existe um! Ou é forró, ou não é forró! Hoje em dia,
nossa juventude, de tanto ouvir, acaba achando mesmo que "nós"
fazemos o "pé de serra" e as bandas "fulano-de-tal do
forró" é que fazem o forró. O que é isso, gente? Gosto do som de muitas
dessas bandas. Mas estão longe do nosso forró! Não estou aqui querendo atacar
ninguém, mas responder de uma vez por todas a essa pergunta e chamar a atenção
do povo e dos meus companheiros:
-
O meu forró não é "pé de serra"! É simplesmente forró!”.
SÃO JOÃO EM SÃO PAULO
Sábado e domingo próximos, eu e o
ator Alessandro Azevedo estaremos como em 2013 no Vale do Anhangabau, brincando o São João fora de época no Parque
da Luz e proximidades, junto com Oswaldinho do Acordeon, Targino Gondim,
Anastácia, Falamansa e Roberta Miranda, entre outros artistas. A grande homenageada
será a rainha da moda, Inezita Barroso (aí ao lado, à esquerda).
Acesse a programação, clicando:
JORNAL DA CULTURA
Hoje à noite tem assunto importante
na TV Cultura: o abandono e matança de jegues no Nordeste. Hoje cedo gravei
meus pitacos para a matéria. Voltarei ao assunto que o rei do baião Luiz
Gonzaga e Chico Buarque um dia cantaram. Gonzaga em 1968 http://www.kboing.com.br/luiz-gonzaga/1-1001280/
(O Jumento é Nosso Irmão) e Chico em 1977 http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/o-jumento.html
(O Jumento, na peça Os Saltimbancos).
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