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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O FEMINICÍDIO NAS ARTES

Diariamente 12 mulheres são assassinadas no Brasil. Isso dá a média de uma mulher a cada 2 horas. Muitas delas são vitimadas por seus próprios companheiros.
O feminicídio é uma infeliz prática que se acha com frequência no nosso cotidiano e na nossa literatura. Desde sempre.
O bicho homem se transforma em tragédia ao sentir-se “traído” ou preterido pela mulher. Isso se acha em Machado, em Alencar e no excelente e praticamente desconhecido Manoel de Oliveira Paiva (1861-1892). Em Dona Guidinha do Poço (1952), é apresentada a trama entre a protagonista, o marido e o amante. O marido morre na ponta de um punhal a mando da mulher, que acaba presa. A história é baseada num fato real ocorrido em terras cearenses, em 1853.
No romance Til, de José de Alencar, o marido mata a mulher depois de andar sumido de casa por anos, ao tomar conhecimento de que ela tivera uma filha na sua ausência. A criança cresce como bastarda e toma conta da história.

Em 1981 o cantor Lindomar Castilho matou a tiros sua mulher. Por ciúmes.
Na música, erudita ou popular, os casos de ciúme, paixão e morte multiplicam-se aos milhares. Há casos em que o personagem não mata, mas morre ou finda no fundo de um copo. 
Ouça O Ébrio, canção de Vicente Celestino (1894-1968), gravada em agosto de 1936:
 

Noutro clássico do gênero (Eu Não Sou Cachorro Não), o baiano Waldick Soriano (1933-2008) se lasca todo mas não mata nem morre.
Preconceito e discriminação andam de mãos dadas na literatura, no cinema e na música.
Em 1967 Luiz Gonzaga, o rei do baião, lançou à praça o preconceito que dividiu com o parceiro José Clementino em Xote dos Cabeludos. Ouça:
 
                                     
Em 1966, Geraldo Vandré mostrou o reverso, cantando a dor de quem não aprende a chorar. Vandré é daqueles artistas que mergulham fundo na cultura popular. Do livro Dona Guidinha do Poço, ele foi buscar a máxima segundo a qual “Tanto faz dar na cabeça, como na cabeça dá”.
Uma coisinha: adultério não é prática criminal, segundo o código penal.



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