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domingo, 11 de setembro de 2022

O RÁDIO GANHA HINO EM RITMO DE SAMBA (2, FINAL)

Em 1919, ano que os pernambucanos reivindicavam para si a instalação do rádio, o carioca Chico Alves fazia sua primeira gravação em disco. Título da música, uma marcha: Pé de Anjo, de autoria do compositor Sinhô.
Naquele mesmo ano de 19, nascia em Santana do Livramento, RS, Antônio Gonçalves Sobral. Esse Antonio viria a se tornar o primeiro cantor Rei do Rádio: Nelson Gonçalves.
O curioso nessa história toda é que até agora, 100 anos passados, ninguém teve a ideia de compor um hino em homenagem ao Rádio.
Em 1936 João de Barro, Lamartine Babo e Alberto Ribeiro compuseram a marcha Cantores do Rádio, que foi gravada pela primeira vez, na Odeon, pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda no dia 18 de março daquele ano de 36.
Hoje em dia é comum as emissoras de rádio venderem horários.
É comum também as emissoras abrirem espaço para programas temáticos.
Há programas longevos que tratam especificamente de gêneros musicais. Na Rádio USP, por exemplo, há um programa dedicado ao samba, há 40 anos. Título: O Samba Pede Passagem, apresentado por Moisés da Rocha. Ainda na USP há o programa Vira e Mexe, de forró, apresentado pelo paulistano Paulinho Rosa. Na Rádio Imprensa FM 102,5 há o programa Pintando o Sete, também de forró, apresentado pelo pernambucano Luiz Wilson. Esse programa já dura 15 anos, como 15 anos dura também Vira e Mexe.
Em Teresina, PI, o professor universitário de física Wilson Seraine apresenta todos os sábados o programa A Hora do Rei do Baião, que já dura 15 anos e é todo dedicado a Luiz Gonzaga e a sua obra. Ele diz:
“Não lembro bem da primeira vez que ouvi um rádio, mas sei bem que ouvi várias vezes na infância com os moleques nordestinos nas ruas do subúrbio de Realengo, no RJ, donde saí para o meu Piauí aos 12 anos. Depois, ao longo da vida, não ouvia muito. Mas, um dia um amigo me convenceu a apresentar um programa sobre as coisas do Nordeste. Luiz Gonzaga inclusive. Resumo, lá se vão 15 anos do programa – A HORA DO REI DO BAIÃO, na FM Cultura de Teresina. Nunca mais largo esse vício, o rádio me fisgou de vez”.
Em Recife, PE, pela Rádio Universitária, é apresentado diariamente o programa Forró, Verso e Viola. Apresentador: Ivan Ferraz, que também é compositor e cantor com um compacto, nove LPs, 11 CDS e um DVD na bagagem.
É inegável a importância do rádio em qualquer lugar do mundo.
No Brasil, o rádio ajudou a enterrar a República Velha e a criar o lamentável Estado Novo (1937-1945) de Getúlio. Ajudou também no fortalecimento da Democracia, antes e depois da ditadura militar (1964-1985).
Há até uma rádio, no Brasil, cuja programação é toda direcionada ao jornalismo: CBN, levada ao ar pela primeira vez em outubro de 1991. À época, um de seus criadores foi o jornalista Heródoto Barbeiro, autor do livro 100 anos de Rádio no Brasil (Ed. Lafonte).
Eu, da minha parte, lembro aos desavisados que há muito estou fora do "dial". Ah! Sim: iniciei a carreira de jornalista e radialista no jornal O Norte e na Rádio Correio da Paraíba, em João Pessoa, PB.
Bom, por não ter o que fazer, compus uma letra e convidei o craque Jarbas Mariz para melodia-la. Título: O Samba do Rádio.

Uma caixinha mágica
Faz o mundo se ligar
Dessa caixa sai a voz
De quem tem o que falar

Sobre tudo conta a voz
Que tem sempre o que contar
Pra saber o que se passa
Basta fazê-la falar

Ligada a caixa fala
Toca e canta sem parar
Fora isso diz a hora
Pra ninguém se atrasar

Variadas formas tem
Essa bela invenção
Que cabe bem certinho
Até na palma da mão

O autor dessa magia
Foi o padre brasileiro
Roberto Landell de Moura
Famoso no mundo inteiro

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora
Charge de Fausto Bergocce

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