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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

FORA O MALEDUCADO MINISTRO DA EDUCAÇÃO!

Ouça o comentário do jornalista Assis Ângelo sobre o atual Ministro da Educação do Brasil, o boliviano Rcardo Vélez Rodrígues.

Assis também é colunista do programa Paiaiá na Conectados que vai ao ar todos os sábados, meio-dia, na Rádio Conectados (http://radioconectados.com.br/
)

CLIQUE NO LINK: https://soundcloud.com/user-41034881/fora-o-maleducado-ministro-da-educacao


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

UM CANTO PRA BRUMADINHO

Hoje faz um mês que o mundo foi surpreendido com a tragédia anunciada ocorrida na localidade mineira chamada Brumadinho. Centenas de pessoas morreram, entre homens, mulheres e crianças. Quem morreu queria só viver. Queria dignidade, respeito, essas coisas.
Dias depois da tragédia provocada por uma barragem da Vale do Rio Doce, eu concluí depois de ouvir o rádio que o presidente dessa rica empresa não passa de um pobre diabo. Seu nome: Fabio Schvartsman.
Esse cara, cujo nome eu nunca ouvira antes, enfia no bolso 5 milhões de reais por mês. É o seu salário na Vale. Fora esse salário, ele pode usar o cartão corporativo da empresa do jeito que quiser, gastando o que quiser etc. Motoristas disposição, plano de saúde que salva até morto e tudo mais.
Esse mesmo cara foi a Câmara Federal das maravilhas que é a empresa que preside. Disse, por exemplo, que a Vale do Rio Doce "é uma joia do Brasil". E por ser uma joia, essa empresa não deverá ser responsabilizada pelo "acidente" ocorrido em Brumadinho.
No dia em que o sujeito ai foi falar na Câmara, foi feito um minuto de silêncio em homenagem ás vítimas da Vale. Todos os deputados presentes ficaram de pé, menos o cara ai citado.
Sabe o que eu acho, pessoal?
Eu acho que Fábio Schvartsman deveria estar na prisão. Ele e todos os diretores da empresa que preside.
Hoje faz um mês da tragédia anunciada em Brumadinho.
No programa Paiaiá da Rádio Conectados, apresentado por Carlos Silvio mantenho semanalmente uma coluna levada ao ar todos os sábados. OUÇAM.


UM DOMINGO COM NIREUDA

Nireuda Longobardi é uma nordestina nascida no Rio Grande do Norte. Mora em São paulo há muito tempo. Ela de uma sensibilidade e profissionalismo incríveis. O campo de arte que escolheu para viver e se divertir com categoria foi o de Xilogravura. Nesse campo ela é craque.
Eu conheci Nireuda dando os primeiros paços na arte da xilogravura.
Em 2003, tive a alegria de conhecer seus primeiros trabalhos. Maravilhosos. Foi-me um privilégio e mais do que depressa eu a convidei a ilustrar folhetos selecionados no II Concurso Paulista de Literatura de Cordel. Também convidado para a empreitada foi o já veterano Klévisson Vianna. O resultado daquilo tudo foi, como se diz popularmente: um show de bola!
Domingo ontem 24, fui convidado para um apetitoso almoço na sua casa (registro a cima). E lá fomos eu, Lúcia e Clarissa. E lá estavam a nos esperar Nireuda e o seu par Remo, mais o filho Alexandre e Luciana, irmã de Remo. E entre uma cachacinha e outra, muitas histórias muitas lembranças, muito carinho, respeito, fé e amor à vida. Tin tin! Foi um reencontro SEN-SA-CI-O-NAL.
A arte da xilogravura é pouco desenvolvida pelas mãos femininas. Nireura é uma grande xilogravurista!
Do lar de Nireura e Remo em breve sairá para o mundo um novo maestro: Alexandre, que acaba de ser selecionado para o curso de Regência pela Unicamp. Só havia duas vagas. Alexandre tem 18 anos e uma brilhante carreira à frente. Viva os Longobardi! Ah! Ia me equecendo: sempre é tempo de acompanhar Nireuda na sua página:

http://nireuda.blogspot.com/


MULHERES CORDELISTAS

Foi não foi falo sobre xilogravura, cantoria e cordel. Cliquem:
https://assisangelo.blogspot.com/2017/02/mulheres-de-ontem-e-de-hoje-na.html

https://assisangelo.blogspot.com/2017/03/a-mulher-na-literatura-de-cordel.html

https://assisangelo.blogspot.com/2017/02/o-machismo-no-cordel-e-no-repente.html


domingo, 24 de fevereiro de 2019

VIVA BIBI FERREIRA!






A multitudo Bibi Ferreira não morreu. Bibi nasceu e encantou-se, foi pra longe, foi pro céu, sem sair do nosso coração e mente. 
Legal ouvir, ver e ler tanta coisa sobre Bibi, pequena, baixinha, invocada e um vozeirão daqueles de assustar o coração do tenor mais forte e sensível.
Bibi, todo mundo disse, virou artistas antes de virar gente: tinha uns 20 dias quando o pai e a mãe a puseram num palco, substituindo uma boneca.
Todo mundo falou isso e aquilo da Bibi Ferreira, atriz, diretora, cantora, etc. e tal.
Atenção, anotem: como cantora, Bibi começou a gravar discos no começo da segunda parte te 1941, pela extinta Columbia. Coincidentemente, foi nesse  ano  que o pernambucano Luiz Gonzaga e o Gaúcho Nelson Gonçalves iniciavam suas carreiras na extinta Victor.
As primeiras composições gravadas por Bibi, de duas autoria, foram as toadas Fitinha Encarnada e Lá longe, na minha terra.
Mas ela só voltaria a gravar discos em 1953, com acompanhamento da orquestra de Osvaldo Borba.
Pois é, no rigor dos termos Bibi fez-se grande também como compositora e cantora.
No acervo no Instituto Memória Brasil, IMB, há, se não tudo, quase tudo, a obra musical da filha de Procópio Ferreira (1898-1979). Curiosidade: Bibi lancou-se em disco (78 RPM) dez anos antes de Inezita Barroso. As duas primeiras gravações de Inezita, pela extinta Sinter, foram Funeral d"um Rei Nagô e Curupira. Nessa gravação ela acompanha-se ao violão. No caso da Bibi quem a acompanha é o mestre do violão Dilermando Reis ( 1916-1977). Dilermado foi professor de violão do ex-presidente da República , Juscelino Kubitschek (1902-1976).






quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A MARCHA DA MACUMBA

Cena 1: Jair Bolsonaro reunido com seus ministros. Ele fala grosso, fala alto. Todos ouvem o presidente, silenciosamente. Ele dá ordens, grita, dá socos na mesa.
Cena 2: telefone, ao seu lado, toca. É a secretária anunciando que o filho Carlos está chegando. 
Cena 3: O menino entra às pressas. O pai rapidamente dá um pulo da cadeira e, de pé, bate continência ao filho. O filho traz sobre a camisa uma faixa verde e amarela, igualzinha a que usa o pai Jair.
Segunda passada 18, o presidente da República demitiu seu amigo e confidente Gustavo Bebiano do cargo de Secretário Geral da Presidência. A demissão foi provocada por desejo pessoal do caçula dentre os varões Bolsonaro.
A demissão de Bebiano acendeu uma luzinha vermelha no Planalto. A pergunta que se ouve em todo canto é: como pode o filho do presidente ter tanta força ao ponto de levar o pai a tomar decisões tão importantes para a vida nacional, como essa de demitir o ministro da SGP? Mas o tempo é de carnaval, e no carnaval vale tudo, até cenas esquisitas, bizarras, como as imaginadas na abertura deste texto. Detalhe: em entrevista dada à Jovem Pan, o Ministro demitido disse que o Presidente foi "evenenado" por seu filho. Disse também que o Presidente foi alvo  "de macumba psicológica".
E as velhas marchinhas estão de volta.
Fiz isto aí, para desopilar: 

A Marcha da Macumba

Tem batuque na macumba
Safadeza, o escambal 
O filhinho do papai
Dá-se bem, não se dá mal
Ele bota pra quebrar
No país do Carnaval

Ele chora com chupeta 
Ele é fenomenal
O filhinho do papai
Dá-se bem, não se dá mal
Ele bota pra quebrar
No planalto Central










segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

BOECHAT FOI DO CARALHO!

Hoje faz uma semana que Ricardo Boechat foi para um lugar que ele não acreditava existir: o céu.
Boechat dizia-se ateu. E mais ou menos comunista. Mesmo incompleta está ai uma mentira.
Boechat era um anarquista inserido no mundo capitalista, que sabia perfeitamente como lidar com as diversas tendências políticas e sexuais.
Além de ateu, ele declarava-se um tarado. Moderado, claro.
Boechat não tinha o menor pudor de dizer aos microfones da Band FM que gostava de ver filme pornô. E falava isso com todas as letras, naturalmente.
Boechat era uma figura...
Acho que foi ainda num dia deste ano que eu o ouvi a falar sobre hemorroidas. E foi muito engraçado. Ele contou detalhes até onde se lembrava da cirurgia. Achei legal.
Boechat quebrava rótulos, mitos e tabus. Falava língua simples, a do povo, por isso tanto carinho, respeito e admiração por ele.
Ricardo Boechat foi um cara do caralho. Ele contou histórias do dia a dia de modo o mais natural. Ele fez do microfone o instrumento mais potente de que um comunicador pode fazer. Nisso ele era bom demais. O cartunista Fausto, que embarca amanhã ao Paraguai, sacou isso em traços. Ai está:

UMA VEZ FLAMENGO, FLAMENGO ATÉ MORRER!

Hoje segunda, 18, faz dez dias da tragédia incendiária que vitimou mortalmente o sonho de dez jovens, no Rio. Dos três que ficaram gravemente feridos, dois receberam alta hospitalar e um continua internedo: Jhonata Ventura, de 14 ou 15 anos.
O Rio de Janeiro é uma tragédia, por si só.
O Brasil é uma tragédia. Os poderosos são uma tragédia. Até quando suportaremos tanta tragédia?
Como sobreviver às tragédias?
As tragédias acontecem de modo previsível, aqui no Brasil. Especialmente aqui, no Brasil.
As últimas grandes tragédias ocorreram em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Em Minas, a Vale do Rio Doce assassinou trabalhadores das localidades de Mariana e Brumadinho. A primeira, já está praticamente esquecida. A segunda está indo para o esquecimento, também.
Pois é, há pouco veio aquela enxurrada que matou não sei quantas pessoas no Rio de Janeiro e o caso do Ninho do Urubu. Que nome, hein?
O Ninho do Urubu é o local em que jovens treinavam sonhos para alcançar o estrelato no mundo do futebol. Nessa “brincadeira”, morreram 10 futuros jogadores do Flamengo. Eram futebolistas em formação.
Bom, o Flamengo é um dos times mais antigos do Brasil. Tem mais de 100 anos de existência. E é o mais rico dentre todos os times de futebol do País.
Em 1920 um dos atletas do Flamengo e também jornalista, Paulo Magalhães (1900-1972) compôs o hino oficial do time que defendia: Hino Rubro-negro, gravado em disco pela primeira vez em 1932, pelo cantor Castro Barbosa (1909-1975). Em 1945, Lamartine Babo compôs a marcha Hino ao Flamengo, gravado originalmente por Gilberto Alves (1915-1992).
No céu não tem time de futebol, mas certamente foi pra lá que os meninos assassinados pelos descaso dos diretores do Flamengo foram.
O Flamengo é o time de maior torcida do país, o segundo é o Corinthians.
Grandes nomes das artes e da literatura torciam fervorosamente pelo time de Zico: Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Ary Barroso.
Diz a lenda que uma vez perguntado porque torcia pelo Flamengo o autor do clássico Grande Sertão: veredas, respondeu dizendo, emblematicamente: “Os homens inteligentes torcem pelo Flamengo”.
Uma vez, também, Walt Disney ofereceu mundos e fundos ao compositor Ary Barroso. Ele queria que o autor de Aquarela do Brasil fosse trabalhar nos Estudos Disney, nos EUA. Conversa vai, conversa vem, Ary perguntou: “Nos Estados Unidos tem Flamengo?”. E como nos Estados Unidos não tinha e não tem Flamengo, Ary não foi trabalhar nos Estúdios Disney.
Não á toa, a marcha de Lamartine contém os versos: “Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”. Foi por esse time que os meninos do Ninho do Urubu morreram.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há todas as músicas enaltecendo o Flamengo gravadas em discos de 78 rotações, compactos e LPs.
Ai na foto, duas matrizes com Flamengo interpretado por Jacob do Bandolim e Flamengo em Marcha, do Spots contendo spots veiculados nas emissoras de rádio no ano de 1962, quando o Rubro-negro carioca desenvolveu uma grande campanha para construção do seu centro de treinamento, na Gávea.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

JUSTIÇA, UM TREM SEM TRILHOS

A Justiça é uma mulher vilipendiada. Sofre todos os dias, de todas as formas, em todo canto.
Agora mesmo, neste momento, ouço no rádio a notícia de que a Justiça foi desrespeitada, agredida.
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que as novas tarifas de ônibus da cidade fossem diminuídas em 30 centavos, de R$ 4,30 para R$4,00.
Essa, uma coisa.
Outra: o super ministro do STF, Gilmar Mendes, exige que investigações a respeito da fortuna que mantém guardada parem.
Essas investigações, apurações, estavam sendo feitas por especialistas da Receita Federal.
Não, a justiça não é cega.
Todos aqueles que gostam da verdade, da inteligência, que se emocionam com a sensibilidade histórica de personagens de todos os tempos, que fizeram história, que marcaram hão de se lembrar que o filósofo grego, Sócrates, que nasceu 4 séculos antes de Cristo e morreu 80 e poucos anos depois, não deixou nada escrito. Porém, sempre há um porém, como dizia Plínio Marcos (1935-1999), na vida de Sócrates houve Platão. E foi Platão quem trouxe à luz Sócrates. Sem Platão não haveria Sócrates.
No primeiro dos dez livros de A República de Platão, Sócrates e seu irmão Glaucos são interceptados por um jovem escravo de Polimarcos, dizendo que seu amo o quer na sua casa. 
Polimarcos é um personagem de A República. Sócrates e seu irmão estavam vindo de uma procissão em louvor a uma deusa do seu tempo. 
E Sócrates e seu irmão lá vão à casa de Polimarcos, onde amigos mútuos e o pai de Polimarcos o esperavam. E ali trava-se um diálogo muito bonito entre Sócrates e o pai de Polimarcos sobre velhice.
O primeiro dos dez livros de A República trata de coisas incríveis sobre o cotidiano universal, desde aqueles tempos.
Como sabem todos aqueles que gostam de Sócrates, Sócrates adorava perguntar e foi perguntando que ele entrou para a história. E aí vão as indagações sobre vida e sobre tudo, justiça.
O que é justiça?
Qual a importância de um homem justo na sociedade?
Sócrates chega a questionar sobre cegueira. "É possível ver sem os olhos?".
Por ter tanto interesse na vida e na justiça e em tudo que nos cerca, Sócrates foi condenado pelos poderosos da sua época e morto pela sentença que lhe deram. Crime: educar os jovens do seu tempo.
O tal Gilmar, do STF, precisa ler e aprender com Sócrates.
O STF é uma casa de marimbondos.
Por que morreu no nascedouro a CPI da Toga?
Meu amigo, minha amiga, um dia o Brasil há de ser de gente.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

TRABUCO E METRALHADORA, NA BAND

Aos 66 anos de idade, morreu Leporace.
Aos 66 anos de idade, morreu Boechat.
Meu amigo, minha amiga, você sabe quem foi Vicente Leporace?
Vicente Leporace foi ator compositor e o primeiro mais popular radialista de São paulo, com atuação na Band AM.
O programa de Leporace tinha por nome O Trabuco, apresentado nas manhãs de segunda a sábado. Era popularíssimo. A voz de Vicente era fortíssima, clara. Ele era objetivíssimo. Ia prá cima dos poderosos com a sua voz de trabuco e coragem de Titã. Foi processado várias vezes pelos poderosos que se sentiam por ele agredidos.
Ricardo Boechat, por acidente nascido na Argentina (Leporace era mineiro), e criou-se em Niterói tornando-se uma grande voz do rádio há poucos anos. Precisamente a partir do programa que apresentava na Band News FM.
O programa de Leporace durou 16 anos ininterruptos. O de Boechat, 13.
Eu adorava ouvir o programa de Leporace.
Eu adorava ouvir o programa de Boechat.
A última vez que o programa de Vicente Leporace foi ao ar foi num sábado, 15 de abril de 1978.
A última vez que o programa de Boechat foi ao ar foi ontem, segunda 11.
Boechat era verdadeira metralhadora giratória no ar. Ele não tinha papas na língua, como Leporace.
Estou torcendo para que chegue logo o mês de setembro. Nesse mês completarei 67 anos de idade.
E para ativar corações e mentes, ouçam aí o Leporace pela última vez apresentando seu programa O Trabuco:



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

VIVA MPB, TINHORÃO E CUÍCA!

Sócrates, Cefálos, Pireu, Polimarcos,
Vandré tem um medo danado da morte, Tinhorão acha graça dela e ainda tira sarro, brinca sacaneia, e faz o mesmo com a velhice, declarando: "Ser velho é uma merda!"
No Livro 1 de A República de Platão Sócrates está deixando a cidade junto com o irmão, Glaucón, quando é interceptado por um escravo que diz querer o seu amo, Polimarcos, que fique. Em resumo: Sócrates atende o pedido de Polimarcos e vai a sua casa, onde encontra o pai do Cefálos, seu amigo, Cefálos passa a falar sobre a velhice e diz não ter saudade dos tempos da juventude. Ele enaltece a idade, a velhice. É um diálogo e tanto.

Tinhorão é um barato. Esse cara nasceu em Santos e foi batizado com o nome de José Ramos, simplesmente. Meninote, ali pelos 9 anos, foi morar com os pais no Rio de Janeiro. Cresceu, estudou e fez os cursos de Direito e Jornalismo. Nos fins da década de 1950, começou a destacar-se nacionalmente. Nos anos 60 e 70 passou a despertar a atenção de todo mundo. De Tom Robin inclusive, que o esculhambava. E também de Taiguara, Caetano e outros medalhões da chamada MPB que chiavam ao ler seus textos. Mas ele tem passado intacto pelo tempo, pelo menos aparentemente. Agora nesse 7 de fevereiro, Tinhorão está completando 91 anos de idade. Eitah! Não quer festa, não quer badalação nenhuma a sua volta. “Esse, pra mim, sempre foi um dia como outro qualquer”.
No correr da vida profissional, José Ramos Tinhorão publicou mais de 30 livros e tornou-se o mais importante estudioso da nossa história musical e de costumes. Talvez escreva ainda um livro sobre a licenciosidade na poética brasileira, incluindo cordéis. Eu e o amigo Rômulo Nóbrega estamos enchendo-lhe a paciência nesse sentido. “Se isso acontecer, será o último”, diz com uma risadinha sacana o velho de guerra Tinhorão.
Elis Regina (1945-1982) gravou música tirando sarro de Tinhorão, ouça: https://www.youtube.com/watch?v=WdcJqMsuYHU, o mesmo fez, mais recentemente a Filarmônica de Pasárgada, ouça: https://www.youtube.com/watch?time_continue=55&v=cwi4WIj6mkw.
Quem também apaga velas e come bolinho neste mês, à guisa de aniversário, é o sambista paulistano Osvaldinho da Cuíca (ai na foto). Ele nasceu no dia 12 de fevereiro de 1940.
Osvaldinho ganhou o apelido Cuíca por causa do instrumento que escolheu para tocar a vida. Ele tem grande admiração por Tinhorão. Tanto que a sua trajetória musical sofreu desvio por influência de Tinhorão.
Gregos e troianos tascaram o pau e, paralelamente, homenagearam e continuam homenageando Tinhorão. Para a história não ficar desequilibrada compus um batuque pra o Cuíca. Este:

Em São Paulo tem batuque
Digo e provo, sim senhor!
E muita gente bonita,
Demonstrando seu valor

Osvaldinho da Cuíca
Do pandeiro e do tambor
É um grande ritmista
Do batuque, professor!

Mas pra ele tanto faz
O pandeiro ou o tambor
Importante no batuque
É o que vem da sua cor

O batuque vem de longe
Vem da alma, vem da dor
Vem dos olhos, vem das mãos
E dos pés do dançador

Todo mundo bate palmas
Pra quem é batucador
Quem batuca também dança
Ao som livre do tambor

Osvaldinho da Cuíca
Também é batucador
Ele toca ele encanta
Abraçado a bom tambor

Osvaldinho da Cuíca
Do batuque é professor...



Este texto foi publicado no newsletter Jornalistas e Cia. Abra:

MORRE UM NOME NASCE UM MITO

Pra morrer basta estar vivo, segundo dito popular, mas precisava ser agora? Justamente com Boechat?
Ricardo Boechat, ouço no rádio, acaba de trocar a terra pelo céu, de onde veio.
Eu não privei da sua amizade, não trabalhamos juntos, mas o respeitava muito como todo o Brasil, aliás.
Diariamente eu ouvia as críticas e ponderações de Boechat na Band FM, logo cedo. Ele era uma espécie de metralhadora giratória. E acertava, quase sempre, o alvo. O alvo eram os bandidos de colarinho branco, os políticos, empresários sacanas. Quando errava o alvo, justificava-se. E como o mais humilde dos humildes seres da terra, não pensava duas vezes para corrigir-se, pedir desculpas em público etc. Só por isso, mas não só por isso, tinha o meu respeito e a minha admiração.
Éramos nascidos no mesmo ano: 1952. Portanto Boechat despediu-se deste mundinho de josta aos 66 anos de idade.
Ricardo Boechat nasceu por acaso na embaixada brasileira, em Buenos Aires. O seu pai era diplomata, justifica-se.
Boechat começou a carreira no Diário de Notícias, RJ, nos anos de 1970, colaborando na coluna de Ibrahim Sued (1924-1995), depois passou por um monte de jornais e tv, e escreveu livros como Copacabana Palace - Um hotel e sua história. Esse livro foi publicado em 1998. Curiosidade: Um dia a rainha do baião, Carmélia Alves (1925-2012) perguntou-me se eu não lhe poderia apresentar Boechat. Perguntei a razão: "Ele é maravilhoso, quero casar com ele". Carmélia foi crooner do Copacana Palace e destaque no livro de Boechat.
Boechat nunca soube disso, certamente.
Boechat não era comunista nem anarquista, era um democrata, uma pessoa que torcia para o Brasil andar nos trilhos. Dizia-se ateu, mas depois de ver com seus próprios olhos a beleza do Rio de Janeiro do alto do Cristo Redentor disse, nos microfones da Band: "Acho que a partir de agora passo a acreditar em Deus". Ele era contra o voto obrigatório.
Puta que pariu! Com tanto cabra safado espalhado por ai, por quê Boechat foi o escolhido, hoje, de Deus? Vai ver está faltando opinião por lá...
Hoje cedo, antes de dar uns pulos na academia de ginástica ouvi Boechat pela ultima vez falando que tinha de falar, criticamente claro, sobre o descaso dos poderosos de plantão diante das catástrofes e tragédias previstas como a de Mariana e Brumadinho. E não esqueceu de dizer que Brumadinho está, aos poucos, deixando as primeiras páginas dos jornais e revistas. E tascou o pau, como tinha de tascar, no incêndio previsível no chamado ninho do urubu. O assunto que vitimou os jovens flamenguistas rendeu este post:

https://www.facebook.com/radiobandnewsfm/videos/homenagem-aos-jogadores-do-flamengo/807769076242102/



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

LAMPIÃO, FURIBA E MINISTRO MAL EDUCADO

O cara é colombiano, foi adotado pelo Brasil, virou cidadão, virou ministro da Educação e passa, agora, a esculhambar com os brasileiros. Esse cara é Ricardo Vélez Rodríguez. Fala mal e mal a nossa língua, mais claramente fala que nós, brasileiros, somos canibais e costumamos surrupiar o que há nos hotéis estrangeiros e nos vôos internacionais. Mal educado e mal informado, disse em entrevista à Revista Veja desta semana, que o cantor e compositor pop Cazuza disse que "liberdade é passar a mão no guarda".
Pois é, por que foram buscar um estrangeiro prá dirigir os rumos da educação brasileira? Grave, grave...
Hoje 6 de fevereiro completam-se exatos 50 anos que as cabeças de Lampião, Maria Bonita e de mais 9 cangaceiros, expostos no Museu Nina Rodrigues da Bahia, foram liberadas por lei para finalmente serem sepultadas. Foram sepultadas no Cemitério da Baixa dos Lázaros, de Salvador, BA.
Até aqui falo da desgraça que é esse ministro da Educação.
Até aqui falo da tétrica exposição dos restos de Lampião e Maria Bonita no Museu baiano.
Agora falo com tristeza sentimental do sétimo dia de desaparecimento de um dos mais sensíveis e bem humorados poetas repentistas brasileiros. Falo de João Batista Bernardo, que o mestre dos trocadilhos repentinos Pinto do Monteiro apelidou para sempre João Furiba.
João Furiba nasceu em 1931, em Pernambuco, e foi-se embora no último dia do primeiro mês do ano. Deste ano. O passamento aconteceu no Hospital Municipal de Cajazeiras, no Sertão paraibano. Eu conheci de perto João Furiba.
Furiba era baixinho, magrinho e cheio de vida. Ria à toa. Brincava com todo mundo. Ele era o que o poeta Carlos Drummond de Andrade chamava de Gauche.
João Furiba deixa um espaço aberto no mundo da cantoria. Deixa, também, uns quarenta filhos espalhados por aí e uma tristeza indomável no peito dos poetas repentistas que ficam. Ele fez bem ao Brasil como Louro Branco, Otacílio Batista e tantos e tantos. Aqui ele com Valdir Teles:





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

AS MINAS DE MINAS SÃO UMA BOMBA


Desde sempre, o Brasil tem sido uma tragédia. Melhor: tragédias previstas, anunciadas.
A história do Brasil é recheada de grandes tragédias ambientais, inclusive. Minas Gerais, especialmente, tem se mostrado uma bomba relógio.
Em 2003, barragem estourou e fez enormes estragos em Cataguases, MG. Também em Minas, em 2007, foi a vez de a população de Miraí sofrer as consequências do estouro de outra barragem que espalhou pelo menos 2 milhões de metros cúbicos de rejeitos. E o que fez o governo? E os horrores que a população de Mariana enfrentou em 2015, hein? Agora é o que se vê em Brumadinho: um horror dos horrores, descaso, impunidade e irresponsabilidade de quem poderia dar exemplo e não dá.
A Vale do Rio Doce continua faturando e muito com a exploração de minérios. E dos mineiros.
Somente em 2018, essa gigante mineradora faturou 17,6 bilhões de dólares. Já os trabalhadores, nada.
Em 1984, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicou no jornal Cometa Itabirano o poeminha abaixo:

I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

Drummond foi um dos mais brilhantes e sensíveis poetas da vida brasileira. Nunca recebeu o Nobel de literatura, embora por merecimento tenha sido indicado mais de uma vez. Eu o entrevistei duas vezes (Folhetim, FSP), antes de ele completar 80 anos de idade. Era uma figura doce, dulcíssima. Perguntei-lhe uma vez se havia gravado poemas seus em disco. Ele riu e disse que sim, em 1958. E outros mais como se vê ai na foto.
Todas as gravações de Drummond se encontram no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, inclusive o primeiro disco da série iniciada pelos produtores Irineu Garcia e Carlos Ribeiro em que aparece os três primeiros poemas gravados na voz do próprio Drummond. Esse disco, de dez polegadas, foi dividido com o poeta pernambucano Manoel Bandeira (1886-1968).

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