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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

VIVA IEMANJÁ!

Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes 

Historicamente, o pobre sempre penou na vida. 
Também historicamente penou e sofreu à unha dos poderosos os negros. No Brasil inclusive.
Essa história de seres escravizados por outros datam de tempos imemoriais. Era o poderoso mandando e desmandando nos seus pares mais fracos. E para sofrer o que sofriam nem precisavam ser necessariamente de pele negra.
A história nos conta horrores da velha Grécia, da velha Roma, do velho mundo.
Pessoas eram trazidas à força para trabalhar no Brasil desde o século 16.
No Brasil, as pessoas em referência eram trazidas em navios “negreiros”. Muitos morriam entre África e o destino final, Brasil.
Morriam de morte matada, de fome ou desesperadas atirando-se ao mar. 
Esse era um negócio que dava muito dinheiro. 
Os africanos e africanas trazidos à força ao Brasil traziam consigo os seus costumes, a sua vivência e aqui punham em prática suas crenças de modo silencioso para não atiçar o ódio dos seus donos.
Terrível! 
A crença dos negros tinha por base os orixás.
A crença dos poderosos escravocratas, tinham grosso modo o catolicismo e suas figuras santificadas.
Entre cantos e batuques, os infortunados africanos identificavam seus orixás nas figuras dos heróis e heroínas da Igreja Católica. Assim Nossa Senhora dos Navegantes é identificada como Iemanjá.
Hoje é o dia de Nossa Senhora dos Navegantes e de Iemanjá, a rainha do mar.
A primeira comemoração à santa católica ocorreu na virada do século 19 num povoado chamado Navegantes. Virou município e é localizado em Santa Catarina.
Segundo a mais recente pesquisa do IBGE o município de Navegantes tem cerca de 85 mil habitantes.
Ia-me esquecendo: Iemanjá é cantada o tempo todo na música popular. Ouça Caymmi:


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

E A SANTA, QUEM SUMIU COM ELA?

Manoela todo mundo sabe que é um nome bonito, personagem de música espanhola.
E Manela, hein?
Manela é uma personagem que perde o pai e a mãe bem no começo da vida. Órfã é adotada por uma tia de nome Adalgisa.
Adalgisa, Dadá, é uma descendente de espanhóis com chatice de altíssimo grau. Considera-se católica, apostólica, romana. É fanática. Politicamente podemos classificá-la de nazi-facista.
Essas duas personagens fazem parte do universo feminino do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001).
Manela e Dadá movimentam-se no romance O Sumiço da Santa. A santa, aqui, é Bárbara. Nos dois sentidos.
Manela é enfiada num convento de freiras aos 15 anos para pagar pecados que nunca teve, só na imaginação da tia. Ai, ai.
Jorge Amado pega a santa Bárbara como pretexto pra desenvolver a história que tem disputa por terrenos ou terreiros. De um lado a polícia, do outro o povo representado pelo fantástico e imaginário bloco de Orixás criados em África e adotados no Brasil.
Jorge Amado dá amostras nesse livro de que de fato foi um autor de extrema importância para a literatura brasileira.
O Sumiço da Santa, cujo texto foi iniciado  nos anos de 1960, é de certo modo um documentário que tem no povo baiano o seu personagem principal.
Como quase sempre ocorre na obra amadiana, O Sumiço da Santa tem um quê de realismo. 
Jorge Amado cita entre os personagens desse livro nomes do cotidiano como Dorival Caymmi, Elisete Cardoso, Dalva de Oliveira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinan, Morais Moreira, Maria Betânia, Gal Costa. Isso na música. Fora da música: mestres Bimba, Besouro e Pastinha; Mário Cravo, Ariano Suassuna, Waly Salomão, Carybé... Entrevistei Carybé ali pelos fins dos anos 80, mas essa é outra história.
É um enredo interessantíssimo esse escolhido pelo nosso grande autor baiano.
Nesse roteiro de santo Jorge a santa sai do altar e vai caminhando pelas ruas de Salvador, subindo e descendo, até ali pelo final bater à porta do convento e de lá tirar a virgenzinha Manela.
Fim bonito! Êpa-êpa, babá!

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

DIA DE SÃO FRANCISCO

A fauna e a flora e tudo mais que respira, fala e canta estão sofrendo e morrendo no maior santuário ecológico da Terra: a Amazônia. 
Hoje, 4 de outubro, é o Dia de São Francisco.
Francisco nasceu em Assis, cidade italiana, entre os anos de 1181 e 1182. Era filho de um rico comerciante de nome Pedro. Cedo o filho de Pedro começou a gastar grana a torto e a direito. Era jovem, enfim. A vida era fácil, pomposa e tentadora.
Um dia, Francisco que no correr do tempo teve acrescentado ao próprio nome a cidade em que nasceu, assim por acaso entrou numa igreja e sabe-se lá ouviu uma voz que lhe parecia sair da boca de uma imagem de Cristo. Algo como: "Ajude a reformar essa igreja, filho".
Um tanto atordoado, Francisco levou a sério e rapidamente abandonou a vida leviana que levava e passou a ajudar financeiramente o páraco a deixar nos trinques a igreja judiada pelo tempo.
Conta a história que um dia Francisco adoeceu e logo morreu. Estava na casa dos 45 anos de idade.
Dois anos depois da morte de Franciscoa igreja representada pelo Papa Inocêncio III tornou-o santo.
São Francisco de Assis é o protetor dos animais. 
A cantora Carmélia Alves, rainha do baião, fez uma bela gravação intitulada Oração a São Francisco de Assis. E Fagner também. Ouça:

sábado, 30 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (45)

Tinhorão na redação
do Diário Carioca, em 1959
Além de criar Adão e Eva, Deus queria mais e mais gente entre outros animais povoando a Terra. E ordenou: cresçam e se multipliquem.
E aí a coisa piorou.
Hoje são mais de oito bilhões de homens e mulheres, sofrendo, matando e morrendo de tudo quanto é jeito.
A Índia, velho país asiático, encabeça a lista dos países mais populosos com 1,428 bilhão de habitantes. Fora isso, a Índia é o país que mais deuses e deusas inventa e cultua. Os números batem na casa dos trezentos milhões, sem falar das crenças muitas crenças. O hinduísmo é seguido pela maior parte da população: 80,5%.
Curiosidade 1: o mundo existe há 1,5 bilhão de anos segundo os cabeções da matéria.
Curiosidade 2: o Homo Sapiens surgiu há mais ou menos 3580 mil anos, também segundo os cabeções da matéria.
Bom, Tinhorão foi um bamba que nos legou boas histórias. Agora leia a íntegra do texto que ele publicou na revista Chuvisco, edição de setembro de 1963, n° 58:

GÊNESIS

A história da Criação ainda não está bem explicada. Talvez devido à pressa (o mundo foi feito em seis dias, apenas) muita coisa custa hoje a ser compreendida, mesmo levando em conta que é muita pretensão do Homem querer julgar a obra de Deus como o Sr. Agripino Grieco julgava a do escritor Ataulfo de Paiva. No entanto, de tanto ouvirmos dizer que os homens foram criados por Deus, por exemplo, uma coisa desde logo não se explica: por que, se o objetivo era criar os homens, o Senhor foi criar também uma mulher?
Mesmo sem entrar propriamente no mérito dos arcanos supremos, o fato é que, se o Criador pretendia apenas proporcionar uma companhia ao Adão feito de barro, Ele poderia perfeitamente já que estava com a mão na massa modelar um segundo homem. Do ponto de vista da própria história humana, estaria desde logo resolvido o mais antigo problema do homem, isto é, a mulher.
O que aconteceu, no entanto, segundo o versículo 27 do primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis, é que Deus resolveu criar o homem à sua imagem ou, segundo o texto sagrado, “à imagem de Deus o creou; macho e fêmea os creou”.
Eis aí. Como não ficar em dúvida diante de uma revelação desses, partida do próprio Moisés, e a julgar pela qual o Criador seria hermafrodita?
O fato é que, segundo o Velho Testamento, no sexto dia da Criação o Senhor tomou uma costela de Adão enquanto ele dormia (o que mostra, de uma vez por todas, ter sido a mulher criada à revelia do homem) segundo conta a Escritura — “ex ea formavit mulierem, quam deait sociam Adamo”.
“Formou com ela a mulher, a qual deu por sócia a Adão”. Foi, não há dúvida, uma estranha sociedade essa, pois dado que toda a sociedade civil implica em capital e trabalho, os descendentes da linha masculina de Adão entraram bem, uma vez que lhes coube exatamente a parte do trabalho, posto que a beleza na mulher é considerada capital.
Até hoje, aliás, ninguém explicou bem o porque da própria criação do homem. Para os materialistas que formam na bancada da Oposição do espírito entraria aí o propósito do Senhor de solucionar o impasse em que se teria encontrado no sexto dia da Criação. É que, depois de ter feito a luz, o firmamento, as águas, a terra, as árvores, a lua, as estrelas, as aves e os peixes, o Criador verificou que não havia ninguém para acreditar em Deus. Essa teria sido, pois, a verdadeira razão do Senhor ter feito o primeiro homem “ad similitudinem suam”, isto é, tão à sua semelhança, que em pouco tempo os seus descendentes sairiam criando deuses com a mesma facilidade com que Ele havia criado os homens.
Voltemos, porém, no capítulo do Gênesis, onde outras dúvidas assaltam o espírito leigo de quem lê atentamente aquelas linhas ditadas a Moisés, pelo próprio Espírito Santo. Criado o homem e a mulher colocou-os Deus no paraíso, uma região tão bem irrigada e tão fértil, que, se não tivesse desaparecido com o dilúvio ocorrido no ano do mundo de 1565, estaria hoje seguramente nas mãos de três ou quatro fazendeiros, eleitores do PSD. Isto muito embora Moisés tenha declarado que o Jardim do Éden ficava “na banda do Oriente”, o que situaria, hoje, além da Cortina de Ferro.
O certo, entretanto, é que no centro desse “horto amoenissimo” o Senhor havia colocado, entre árvores de aspecto jocundo, uma mal-intencionada macieira, cujo fruto simbolizava a ciência. Isto é, quem comesse de tal fruto veria desencadear-se, imediatamente, o torturante processo dialético dos contrários, no caso, o do bem e do mal.
E eis quando, novamente, as coisas não parecem claras no velho livro de Moisés. Pois se é verdade que Deus, conforme o versículo 26 do Gênesis, abençoou Adão e Eva dizendo-lhes “multiplicai-vos; e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”, não se pode entender bem porque exatamente dessa árvore da ciência fossem os homens proibidos de provar o fruto. E isso se explica: se a história da humanidade parece comprovar que o homem jamais teria conseguido dominar a terra e os animais sem a ajuda da ciência, como queria o Senhor que isso se desse o contrário? Além do que, outra pergunta: se o castigo pela mordida no fruto da árvore da ciência foi a mortalidade, como estaria o mundo a esta hora se Adão e Eva, imortais antes do pecado, tivessem seguido o exemplo de multiplicarem-se indefinidamente, e assim os seus descendentes, etc, etc. Eis aí um cálculo para ser resolvido segundo a Lei de Malthus.
O certo é que, por culpa da serpente ou não, Eva provou do fruto da ciência, o qual, aliás — verdade seja dita — jamais chegaria a digerir. Com grande leviandade, no entanto, ofereceu-o também a Adão, que logo à primeira mordida pôde perceber que o tal fruto da ciência não era nada mole.
Para o casal, a primeira consequência desse pecado do entendimento foi perceberem ambos, marido e mulher, que estavam completamente nus. Isso parece pequeno detalhe, mas foi graças a esse acontecimento que surgiu no mundo o primeiro alfaiate, e a Casa Dior pode orgulhar-se, depois, de possuir tantas filiais.
No primeiro momento, dizem as Escrituras que Eva correu para trás de uma figueira e Adão sumiu-se numa moita, para só reaparecerem um diante do outro acachapados sob esta primeira conclusão realmente dramática da condição humana: formavam um casal condenado a ter filhos e estavam completamente em tangas.
Ora, diz o Gênesis que, nesse momento, o Senhor Deus, “que passeava no jardim pela viração do dia”, chamou Adão: “Onde estás?”. Não vamos discutir o fato estranhável do Criador, sendo onisciente, perguntar como qualquer pessoa, "onde estás?", apenas por não ter Adão à vista. É outra a dúvida que surge neste passo da história da criação, e que nenhum exegeta, conseguiu até hoje decifrar. Segundo o diálogo travado no Jardim do Éden, vendo o Senhor a Adão, que finalmente saía meio encabulado  detrás da moita, confessando que se escondera porque estava nu, perguntou-lhe: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore que te ordenei que não comesses?”. Para Adão esse preciso momento foi chato à bessa, mas sua resposta não deixou de encerrar uma certa malícia, uma vez que com ela responsabilizava o próprio Criador por seu pecado: “A mulher que me deste por companheira, ela foi que me deu da árvore, e comi”.
Adão havia marcado um a zero. Virou-se então o Senhor para Eva, e inquirindo-a, por sua vez, deu oportunidade ao primeiro jôgo de empurra da história da humanidade: “A serpente me enganou, e eu comi”, foi a resposta de Eva.
E eis quando surge a grande dúvida. Segundo o Gênesis, chegado a esse ponto do diálogo, o Senhor Deus virou-se para a serpente e proferiu esta fulminante condenação: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida”.
Ora, como o Espírito Santo esqueceu de contar a Moisés maiores detalhes, foi assim que, até hoje, ninguém conseguiu descobrir como é que as serpentes andavam até o episódio da maçã.

domingo, 24 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (44)

Assis e Tinhorão num ano qualquer dos 80
É tudo muito simples
Mas também é complicado
Viver é um perigo
Pra quem anda descuidado
O casal do Paraíso
Pecou foi castigado...


Adão e Eva Eva e Adão viviam em paz, tranquilos, pulando, se divertindo como ninguém jamais tinha feito. Até porque não havia ninguém, à exceção do casal cá em pauta. Os dois comiam de um tudo: macaxeira, inhame, batata-doce e outros legumes; verduras e frutas de todo tipo. Só uma coisa o Criador, com seus caprichos, pediu que não comessem: uma tal de maçã.
José Ramos Tinhorão, de batismo José Ramos, foi um paulista nascido em Santos no dia 7 de fevereiro de 1928. Estudou Direito e Jornalismo. O tempo o levou a optar pelo Jornalismo. Saiu-se bem. A sua sede pelo conhecimento o levou a devorar todo tipo de livro, incluindo os que tratavam de economia e política. Descobriu Marx muito cedo e cedo virou comunista sem ativismo, pois gostava mesmo era de uma vida calma, do mar e de mulher bonita desfilando por perto. E da boa música popular da nossa terra.
Tinhorão alimentava a certeza de que Marx foi o homem mais importante do mundo. Pra não brigar, aceitava a ideia de que outro homem dividiu sua importância com Marx: Jesus, o Cristo.
Os escritos de Tinhorão seguiam a linha marxista-leninista. Era firme em tudo que dizia da boca pra fora e também nos escritos que produzia para jornais e revistas. Deixou 29 livros publicados, entre os quais um em três volumes (A Música Popular no Romance Brasileiro). Todos imprescindíveis na estante de quem queira descobrir as raízes culturais-musicais do Brasil.
Antes de publicar seus livros, Tinhorão ganhava a vida produzindo textos especiais para periódicos do Rio. Pra valer, como profissional, teve seu primeiro trabalho em Carteira chancelado pelo Diário

Carioca e depois pelo Jornal do Brasil, onde passou a assinar uma coluna sobre música popular. Conheceu grandes jornalistas e escritores como o pernambucano Nelson Rodrigues, que um dia o faria personagem de uma peça transformada em filme (1981) e minissérie (1995) da TV Globo: Engraçadinha, seus Amores e seus Pecados.
Corriam os anos de 58, 59.
Em 1963, José Ramos Tinhorão também assinava textos para revistas como Chuvisco que tinha entre seus editores o gaúcho Tarso de Castro, que na segunda parte dos anos 1970 criaria e editaria o suplemento dominical do paulistano Folha de S.Paulo.
Na revista Chuvisco, Tinhorão publicou um texto que intitulou Gênesis. Já aí mostrava a sua graça refinada com um quê de ironia. Uma das vítimas foi, ninguém mais ninguém menos, Deus. O texto começa assim:

"A história da Criação ainda não está bem explicada. Talvejz devido a pressa (o mundo foi feito em seis dias, apenas) muita coisa custa hoje a ser compreendida, mesmo levando em conta que é muita pretensão do Homem querer julgar a obra de Deus como o Sr. Agripino Grieco julgava a do escritor Ataulfo de Paiva. No entanto, de tanto ouvirmos dizer que os homens foram criados por Deus, por exemplo, uma coisa desde logo não se explica: por que, se o objetivo era criar os homens, o Senhor foi criar também uma mulher?"

Coisa de comunista, não é mesmo?
Não é certo, mas dizem os cristãos que Deus criou todos e tudo mais. Começou num domingo criando o Céu e a Terra. Depois a luz, os mares, peixes e tudo que se bole abaixo e acima de nós. Cometas, estrelas e tal. E nós. Teria dito: "Faça-se o homem". E o homem se fez. Para que nós homens não ficássemos sós, Deus com sua bondade infinita tirou uma das nossas costelas e com ela fez a mulher para nos acompanhar até o Inferno.
A história do mundo todo mundo já contou, de todas as maneiras. Incluindo a origem do primeiro pecado. E é aí que vem a história da maçã e a história da serpente.
Foi Eva que hipnotizada pela serpente decidiu dar de presente uma maçã a seu companheiro?


O cartunista Fausto vê nesse ⁶episódio o coitado Adão como culpado. Sobraria pra quem? Pra uma mulher, Eva é claro.
Enfim, o casal acaba sendo expulso do Paraíso e segue a vida trabalhando pra se sustentar. Ordem do Senhor.
Adão e Eva tiveram uma porrada de filhos, entre eles Abel e Caim.
Enquanto a prole do primeiro casal da história crescia com incestos e outras barbaridades, surgiam desavenças, ódio, ciúme, inveja, assassinato, o escambau. É o que se vê hoje, aliás.
São, no mínimo, curiosas as observações de Tinhorão no tocante à criação do homem e da mulher. Lá pras tantas, ele diz:

"...depois de ter feito a luz, o firmamento, as águas, a terra, as árvores, a lua, as estrelas, as aves e os peixes, o Criador verificou que não havia ninguém para acreditar em Deus. Essa teria sido, pois, a verdadeira razão do Senhor ter feito o primeiro homem "ad similitudinem suam", isto é, tão a sua semelhança, que em pouco tempo os seus descendentes sairiam criando deuses com a mesma facilidade com que Ele havia criado os homens".
Cá pra nós: sempre achei que Tinhorão via muito além do próprio nariz com graça e algo mais.
Quem poderia imaginar que este nosso mundinho um dia iria se complicar mais e mais com a presença do homem e da mulher?

quarta-feira, 12 de julho de 2023

DEUS, O DIABO E LULA

A simbologia do mal tem por nome Diabo.
Cresci ouvindo dos mais velhos que "Deus está em todo canto".
Pra contrariar essa fala, sempre tinha alguém a dizer que o Diabo está em todo canto. Eu me arrepiava. 
Confesso que, pelo pavor que eu tinha do Demo, eu me arrepiava todo.
Fui crescendo e sabendo que o diabo "atende" por vários nomes: Demo, Demônio, Belzebu, Capeta, Cão, Bute, Satã, Satanás, Lúcifer, Tinhoso... 
Essa história vem-me à memória após ouvir o Lula tirar onda do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que insiste em manter a taxa de juro na estratosfera. Lula chamou o cara de "Teimoso" e "Tinhoso".
Tinhoso, como se sabe, é o Diabo. 
Aliás, o Diabo personagem vivo na memória popular e em tudo quanto é mídia desde tempos d'antanho. 
No século XV foi gerado um livro tornado clássico desde então: A Divina Comédia, do italiano Dante Aliguieri (1265-1321). Esse livro tem por partes o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Nessas três partes, na primeira principalmente, o bicho pega.
O livro de Dante inspirou outros grandes autores, como Goethe (1749-1832). Desse alemão é também a obra-prima Fausto. 
O personagem Fausto, de idade alí pelos 50, é um sujeito cheio de curiosidade. Quer saber de tudo: de onde viemos, pra onde vamos e tal. Realiza seu sonho, depois de "vender" sua alma ao Diabo.
Ah! Dante é nominalmente citado por Goethe na parte chamada Carnaval, na qual desfilam deuses e demônios à moda do sambódromo carioca.
Cresci ouvindo histórias de pessoas que vendiam até a mãe para alcançar seus objetivos. 
Também cresci ouvindo histórias de pessoas que tinham "o corpo fechado". Um cara assim, como Lampião, é duro na queda. Leva tiro, leva facada, leva pedrada e não cai, não morre. E quando morre é porque o corpo já não se segura de pé.
Lampião morreu com 39 anos de idade. 
Goethe com o seu Fausto inspirou até o nosso Guimarães Rosa. E antes, Machado de Assis. 
Machado fala do Diabo a dar com pau. 
Em 1884, Machado escreveu o belíssimo conto A Igreja do Diabo. A respeito não falarei, pois prefiro que você delicie-se com a leitura:

quinta-feira, 22 de junho de 2023

TUDO PELO BEM DO MUNDO!

O Lula está apresentando, ou reapresentando o Brasil ao mundo. Há quem o critique por isso, mas quem o critica por isso precisa rever a crítica.
O governo anterior deixou o Brasil bambo, de pernas quebradas, o corpo torto.
Ontem 21 o papa Francisco recebeu, mais uma vez, o presidente Lula. Com ele, a mulher Janja. Foi um encontro demorado e rico de ideias.
É preciso que todos os governantes pensem na paz e no povo, caso contrário o mundo pode explodir.
Durante o encontro, Lula presenteou o papa com uma obra do pernambucano de Bezerros J. Borges. Título: A Sagrada Família.
 Janja, por sua vez, presenteou o pontífice com uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira da Amazônia. 
No papo com o Papa rolaram temas de importância fundamental, como a preservação do meio ambiente e a Amazônia. 
Claro que nós, brasileiros, ficamos orgulhosos com isso.
J. Borges, de batismo José Francisco Borges, é nome muito conhecido pelo trabalho que faz no campo da cultura popular. Nasceu em 1935. Suas gravuras exibidas mundo afora enriquecem também obras de autores brasileiros e estrangeiros, entre os quais Eduardo Galeano (1940-2015).
A cultura popular representa com clareza e beleza o Brasil dos brasileiros.
O papa Francisco presenteou Lula com um quadro em bronze, feito no Vaticano. Nesse quadro lê-se: "A paz é uma flor frágil".
Sobre cultura popular, ouça o que um dia  mestre Câmara Cascudo me disse:



LEIA MAIS: O VELHO QUE SABE TUDO

quarta-feira, 21 de junho de 2023

CAIM PEGA PESADO COM DEUS

Lilith era linda e fogosa, incansável na cama. Casada, o marido Noah não tinha condições de lhe dar um filho que tanto queria. Do seu jeito, fechou os olhos e deixou ela se virar. Até aí, tudo bem. Ocorre que certo dia Lilith chama ao seu palácio um rapagão amassador de barro, forte e bonito, chamado Caim. E aí, lascou!
Esse é um trecho do livro Caim, na versão fabulosa e crítica/cínica do autor português José Saramago.
Saramago era comunista e como todo comunista que se preza, ateu.
O livro começa assim: "Quando o Senhor, também conhecido como Deus...".
Nas primeiras páginas do livro é apresentada a criação do mundo incluindo os moradores do Éden: Adão e Eva.
Ao criar o mundo Deus deu voz a todos os seres, esquecendo-se, porém, do famoso casal. Ao se tocar, o Criador foi ao Paraíso para corrigir o erro empurrando goela abaixo dos dois a língua que lhes faltava. Por comer o fruto proibido da árvore do bem e do mal, foram expulsos.
A partir daí acontece o inesperado: dois dos filhos de Adão e Eva, Caim e Abel, se desentenderam e Caim findou por dar cabo a Abel.
Depois de matar Abel, Caim trava discussão pessoal com Deus. E aí começa a graça reflexiva que o livro de Saramago nos oferece.
Caim transforma-se num crítico ferrenho de Deus, enfrentando-o cara a cara, peito a peito, acusando-o até de não poupar a vida dos inocentes, como ocorreu durante a destruição de Sodoma e Gomorra.
As discussões tête-a-tête entre Deus e Caim são impagáveis. Só por isso já valeria a pena ler o livro. Mas tem mais: os momentos de sexo intensos de Caim e Lilith. Antes Caim dá prazer a duas escravas do palácio. Como se não bastasse, o esposo de Lilith, enciumado, contrata marginais para matar Caim. Não consegue e Caim finda por dar o filho que tanto queria Lilith.
E tem as cenas interessantíssimas da grande canoa, barca, arca, ou sei lá, comandada por Noé. As mulheres que embarcaram na barca ou arca são graciosamente entregues ao prazer de Caim. O argumento era repovoar o mundo após o dilúvio promovido por Deus.
Noé, ao fim, suicida-se.
Hilariante!
E mais não digo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

HOJE É O DIA DO CEGO

Todos os dias são dias importantes. Mas há determinados dias que a gente considera mais importante que os outros. Hoje, por exemplo, é o Dia do Cego.
No dia 13 de dezembro de 1912 nasceu em Exu, PE, um menino a que os pais dariam o nome de Luiz Gonzaga do Nascimento.
Luiz Gonzaga, que se tornaria o rei do baião, nasceu exatamente há 100 anos.
Já famoso e correndo o Brasil de ponta a ponta, Gonzaga sofreria dois grandes acidentes de carro. Um em Santos, SP, e outro na cidade do Rio de Janeiro. O resultado disso foi a perda do olho direito.
Num tempo já distante, uma jovem estuprada e morta por algozes. Nome: Luzia.
Hoje é o dia de Santa Luzia, a padroeira dos cegos.
Eu conheci muitos cegos e cegas na minha vida, mas em nenhum momento imaginei que eu faria parte dessa enorme legião de pessoas que não veem com os olhos.
Perdi meus olhos em 2014, em consequência de descolamento de retina. Mas a vida continua. A gente vai se equilibrando aqui e ali. E assim, desse jeito, vi ser possível ver com a memória. Já escrevi bastante a respeito. Ouça:
 
 
O tema cego/cegueira é bastante comum no nosso repertório musical.
Luiz Gonzaga, ele mesmo, gravou várias músicas falando de cego. A última ele compôs ao lado do violeiro mineiro Téo Azevedo: Padroeira da Visão.
E à Santa Luzia andei também fazendo uns versos. Ouça: 

 

LEIA MAIS: A CEGUEIRA NÃO É O FIM DEPOIS DE FICAR CEGO, ASSIS ÂNGELO LUTA PARA DIGITALIZAR ACERVO A CULTURA SOB UM NOVO OLHAR ASSIS ÂNGELO, CEGO HÁ SETE ANOS, LANÇA CORDÉIS SOBRE A PANDEMIA

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

PEDRO, O MANDACHUVA DO CÉU

O mundo é uma tragédia.
Todas as tragédias estão bem perto de nós.
Brasil, cujo o governo atual é uma tragédia, está sem rumo e embicando para o fundo. Um fundo sem fundo, fundíssimo, profundo.
Hoje 22 faz exatamente uma semana que a cidade serrana de Petrópolis, RJ, está se consumindo em dor e abandono provocados pelas chuvas e, principalmente, irresponsabilidade dos governantes.
Quase 200 pessoas, incluindo dezenas de crianças, morreram até agora. Umas afogadas e outras, soterradas.
A solidariedade às vítimas de Petrópolis é grande. Chegam doações materiais de várias partes do País. O presidente da República, numa linguagem próxima ao português, esteve lá. Como sempre, da sua bocarra, só saíram bobagens e a promessa de liberar 2 milhões de reais a título emergencial.
O presidente, como se sabe, não tem coração e só pensa em reeleger-se no cargo que caiu-lhe às mãos via mentiras e mentiras disseminadas nas chamadas redes sociais. As urnas o puseram em Brasília e lá se acha tramando descaminhos para o Brasil.
As chuvas também caem torrencialmente em Minas, Bahia, Rio Branco...
Enquanto pessoas sofrem a violência provocada pelas chuvas, muita gente transforma-se em turista da tragédia. Isso mesmo: turistas da tragédia. Quer dizer, pessoas que param seus carros para registrar as dores do povo e transmiti-las, ao vivo ou não, via Internet. Horror!
Simão Pedro foi um dos 12 apóstolos de Cristo. Nasceu no ano 10 a.C. e aos 40 anos foi escolhido pelo próprio Cristo como o primeiro papa da Igreja Católica.
Pedro, segundo a lenda, é o santo que guarda as chaves das torneiras do céu.
Se algum poder divino eu tivesse, diria: Pedro, fecha o diacho dessas torneiras!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

O INACREDITÁVEL ENCONTRO DE DEUS COM MARX


Fim de ano, festas.
Lembro das festas de fim de ano do jardim da minha infância, na Paraíba. Era bom demais. Tinha os parques de diversão, lapinha e tal. Não dá pra esquecer. Lembro dos palhaços, dos cantadores, das cantigas de natal.
Esta semana os leitores do newsletter Jornalistas&Cia foram agraciados com um texto inédito e original feito por mim.
Escrevi a fictícia história O Inacreditável Encontro de Deus com Marx ao ser provocado pelo amigo Eduardo Ribeiro. Esse texto compartilho com vocês. Depois de lê-lo, comentem: Edição Especial J&Cia

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O BRASIL ESTÁ QUEBRADO COM UMA BESTA NO COMANDO

O sujeito não tem jeito. 
O sujeito, aquele vocês sabem quem, esteve fazendo média no Santuário de Aparecida do Norte. Dia 12, ontem.
Logo cedo, na missa das 9h, o arcebispo dom Orlando Brandes disse alto e bom som, para quem quisesse ouvir: 
"Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira...".
Nunca pensei que o Brasil tivesse um dia um sujeito tão desqualificado carregando no peito a faixa de presidente da República.
Aconteceu: temos um sujeito desse, e com características de idiota nazista.
O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes.
A maioria de eleitores elegeu o sujeito aí, vocês sabem quem é, a presidente. Meu Deus!
Até hoje não consigo digerir a eleição dessa besta.
A insensibilidade e o negacionismo são as marcas desse corno, como diria o rei do baião Luiz Gonzaga. 
Mais de 600 mil brasileiros e brasileiras sucumbiram perante a força assassina do novo Coronavírus. "Uma gripezinha...", dizia vocês sabem quem.
Sim, é desabafo mesmo: o Inferno te espera, Bolsonaro!

Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente matador 
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador 

Ia-me esquecendo: o negacionista que nega até absorvente para adolescentes e adultas em risco, voltou hoje 13 a dizer asneiras. Sem máscara de proteção, o fela disse que é preciso armar o Brasil. E disse mais, mais, mais outras tantas loucuras.
Esse tal já chamou os brasileiros que nele não votaram de tudo quanto é coisa. De idiotas, inclusive. E aí, eu lembro que nos meus tempos de menino, eu reagia bravamente toda vez que alguém me xingava de fela da puta, por exemplo. Chamando pra briga, eu dizia com cara de mal defendendo a minha mãe: 
 
"Fela da puta é banana curta, teu pai é corno, tua mãe é puta!"

segunda-feira, 5 de julho de 2021

O PAPA FAZ PIPI, FAZ COCÔ E É SANTO

Todos os brasileiros são iguais perante a lei, diz a Constituição.
De acordo com a Lei Divina, todos somos iguais.
Todos, de todos os cantos, somos iguais: a gente chora, a gente ri, a gente faz pipi, faz cocô. Até o papa faz isso. O que o Papa não faz é corromper.
No Brasil, curiosamente depois da redemocratização, os presidentes se "imortalizam" por meter a mão na cumbuca. Foi assim com Collor etc.
Mas é bom que se saiba que Collor não acreditava em Deus, que falava de Deus só da boca pra fora.
Não só Collor. 
O Papa Francisco - eu também sou Chico! - crê completamente em Deus. E Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, con­for­me a nossa semelhança".
Deus, como se vê, é um ser simples. 
Atenção para o tempo do verbo fazer, expresso pelo Criador.
Pois bem, o Papa Francisco está num hospital. Motivo? 
O Papa está internado desde ontem 4, para tratar de problemas estomacais. 
É isso: somos a semelhança de Deus. E como tal, fazemos pipi, fazemos cocô e até bebemos água. Mas não basta rezar por um país melhor, é preciso que lutemos por um país melhor. E nesse país não cabe Bolsonaro. 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

SÃO JOÃO DA PANDEMIA

Santo Antônio, diz a lenda, viveu pouco e morreu solteiro. 
São João é um santo dorminhoco, diz a lenda: dorme que só!
E São Pedro?
Santo Antônio é 13 de junho, São João é 24 de junho e São Pedro é 29 de junho, junto com São Paulo.
São Paulo é um santo meio desgarrado, meio desconhecido, mas de muita importância para a religião Católica.
São Paulo tinha, de origem, o nome de Saulo.
Saulo era guerreiro de posses, inteligentíssimo.
Bom, São João é São João.
Foi São João quem batizou Jesus Cristo, nas águas do rio Jordão.
Num tempo lá atrás, bem atrás, não havia festa junina que tinha os santos citados como homenageados.
Mas há muito santo no calendário cristão.
É longa a história.
Eu cresci dançando quadrilha, comendo milho assado na fogueira e canjica e pamonhas fartas à mesa.
Lembro das bandeirinhas de São João penduradas nos cordéis, nos quintais e arraiais. 
Nestes tempos bicudos de pandemia, não dá pra trazer à prática as brincadeiras juninas de ontem.
Agora é tudo via internet, lives.
Hoje 24 tem live com Fafá de Belém, suas filhas e convidados, como Cajú e Castanha. A partir das 20h, pelo Youtube.
A história de São João eu conto no programa abaixo. Clique:

 
LEIA MAIS:

domingo, 28 de março de 2021

O BURRINHO DA HISTÓRIA

O Domingo de Ramos, data importantíssima para cristãos e ortodoxos, me lembra o burrinho pedrez da novela homônima do mineiro Guimarães Rosa, inserida no livro Sagarana (1946).
A história bíblica refere-se ao Domingo de Ramos como o dia da entrada triunfal de Jesus a Jerusalém. ler Mateus, Lucas e Marcos. Jesus entrou na cidade sob clima de festa dias antes de ser presos, torturado e pregado numa cruz, na qual morreu.
Não custa lembrar que Jesus estava montado num burrinho, enquanto as pessoas gritavam seu nome, eufóricas.
O burrinho do autor mineiro tinha por nome Sete-de-Ouros. Era velho e enxergava pouco. Pra sua má sorte, o dono da fazenda onde ele vivia, major Saulo, descobrio escondendo-se numa moita e tal.
Essa história é uma história tocante,como tocante é a história do Domingo de Ramos.
Esse domingo marca o início da Semana Santa, que finda no Domingo de Páscoa.
Na história de Rosa, o Sete-de-Ouros integra um grupo de vaqueiros que tange uma boiada de 460 cabeças.
Várias histórias permeiam essa história do mestre de Minas. Depois de muitos empecílios, de chuvas torrenciais e cheias, os vaqueiros que tange a boiada morrem afogados, menos Francolin e Badu.
Frankolin salva-se por estar montado no burrinho e Badu por estar agarrado no rabo do burrinho. Ao fim, fica a simbologia: o burrinho, com toda a idade que tinha carregava experiência e o mundo nas costas.
Sete-de-Ouros é tali-quá o titan grego Átilas. E Jesus, símbolo de esperança, continua ocupando o imaginário de cristãos e ortodoxos. 

LEIA MAIS: É TEMPO DE COMER PEIXE E REZAR. ALELUIA!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

IEMANJÁ E PANDEMIA

 
 O número de mortos provocados pela pandemia se aproxima dos 230 mil, no Brasil. No mundo, já são mais de 2 milhões de vidas perdidas a partir do novo coronavírus.
Esse mal pandêmico poderia mudar o comportamento das pessoas e do mundo, mas é muito improvável que isso não aconteça. Infelizmente.
Os embalos de sábado se multiplicam no dia a dia, no Brasil e por aí afora.
Lockdown é decretado em muitos lugares, inclusive no Brasil.
Mas grande parte das pessoas dá de ombros à questão. 
Nem todas autoridades seguem os mandamentos científicos. 
Domingo 31 o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, pegou o filhote de 15 anos e foi numa boa assistir a final da Libertadores, no Maracanã.
Torcer pelo time de preferência é coisa pessoal, de qualquer um, de um qualquer, mas o prefeito da maior cidade do país não é um comum qualquer. Deveria dar exemplo, até porque a cidade que governa é uma das que mais mortos apresentam no triste ranking da Covid-19. 
Pois bem, as festas continuam sendo realizadas a todo o vapor. 
Hoje 2 é o dia de Iemanjá. 
Iemanjá é a rainha do mar.
O dia, mesmo nestes tempos bicudos de pandemia, não será esquecido na Bahia nem nas cidades litorâneas. 
Os fiéis de Iemanjá vão estar rendendo-lhe preces. 
Iemanjá se acha em muitos folhetos de cordel e na literatura nacional. 
O baiano Jorge Amado (1912 -2001) era um adorador da Rainha do Mar. 
Iemanjá é divindade e também se acha abundantemente na música popular. Ouça: 


LEIA MAIS: https://assisangelo.blogspot.com/2017/02/iemanja-e-rainha-de-todos-os-rios-mares.html

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

HOJE É DIA DE REIS

Sabe aquela história dos Magos?
Pois é, aquela história que ultrapassa séculos é furada. No mínimo mal-contada. Aliás, não se sabe sequer quantos eram os Magos que visitaram o menino Cristo, em Belém. E se o visitaram.
Na Bíblia não há nenhuma referência específica sobre os “três” Magos. Pelos presentes ofertados é que se concluiu serem três os visitantes, que teriam saído sabe-se lá de onde para ver e adorar o menino Cristo.
Esta história não resistiria a um TCC de estudante de Jornalismo da USP ou de qualquer faculdade.
Matheus diz que Cristo nasceu em Belém. Essa afirmativa é compartilhada por Lucas.
Há entre historiadores e arqueólogos quem não aceita essa ideia.
No evangelho de Marcos aparece um cego dizendo que Cristo teria nascido em Nazaré.
A pergunta que fica é: o menino filho de Deus teria nascido em Belém, Nazaré ou na Galiléia?
No Apocalipse e no Evangelho de João há indicações de que o Menino, descendente do Rei Davi, teria nascido na Galiléia.
É tudo muito confuso.
As histórias contidas na Bíblia são ótimas, mas discutíveis como reais.
Voltemos aos Magos, em número de três.
Baltazar, Melchior e Gaspar são desde sempre chamados de Reis.
É difícil acreditar que três Reis tivessem saído de um ponto qualquer distante do seu destino para visitar um recém-nascido.
Ao chegarem em Jerusalém, os viajantes, “guiados” por uma estrela, teriam ido pedir ao Rei Herodes o endereço do lugar onde teria nascido Cristo. Logo Herodes, que dois anos depois mandou seus soldados invadirem Belém e matar todas as crianças de até 2 anos de idade.
Falta liga nessa história.
Mas há um fato indiscutível: o surgimento da Folia de Reis, inspiradas na tradição oral que existe há séculos.
São inúmeros os grupos de Folias de Reis espalhados por aí. Centenas, milhares.
As folias são grupos, também chamados de ternos, formados por 10 a 15 pessoas adultas. Esses grupos, liderados por um mestre ou embaixador, saem nas noites de dezembro cantando em direção às residências previamente escolhidas. Lá chegando, tocam, dançam e depois comem o que lhes oferecem e seguem jornadas.
Sanfona e instrumentos de percussão caracterizam os grupos, identificados por um porta-estandarte.
As folias de Reis chegaram ao Brasil nos começos do século 19, vindas de Espanha e Portugal.
O repertório musical dos foliões começou a ser registrado em discos na década de 60.
O período das folias de Reis vai de 24 de dezembro a 6 de janeiro.
Até Tim Maia gravou Folia de Reis, entre famosos e desconhecidos. Ouça:







ARTÚLIO REIS: ARTÚLIO REIS, FORRÓ E SAMBA

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

CEGUEIRA NEM CRISTO SALVA

Eu não sei se já disse aqui, mas houve um tempo na minha vida que ajudei missa. Fui coroinha.
Eu era mulecote, adolescente.
Foi no Dehon, na Capital paraibana.
Bons tempos.
Eu lia a bíblia, num determinado momento da missa. Esse momento era a Homilia.
Era legal aquilo tudo.
Eu li a bíblia várias vezes. E só não leio mais, porque fiquei cego.
A leitura da bíblia é legal, é boa, bonita. Todos os temas da vida humana lá estão. Só não tem rock. Mas tem sexo, traição e mais coisa que não presta.
Eu concordo e discordo de muita coisa que está na bíblia.
A Bíblia é traduzida em quase todas as línguas que existem, mais de 6 mil incluindo dialetos.
Tem uma passagem lá que, em português, me espanta. Esta:
"JOÃO 9:6 Então, tendo dito essas palavras, cuspiu no chão e fez barro com saliva; em seguida ungiu os olhos do cego com aquela mistura.
JOÃO 9:7 E ordenou ao homem: “Vai, lava-te no tanque de Siloé” . O cego foi, lavou-se e voltou vendo."
Não dá, né?
Uma leitora deste Blog, Shellah Avellar, mandou-me uma mensagem que trata de estudos científicos relacionados à cura da cegueira.
Cientistas de vários lugares estudam a questão, diz a mensagem.
Eu perdi a visão, em 2013, por decorrência de descolamento de retina.
Perdi a visão e perdi também muita gente que amava. Nada contra.
É da natureza ficarmos juntos aos vencedores.
Tudo é uma questão de ponto de vista, não é mesmo?

domingo, 11 de outubro de 2020

PANDEMIA AFASTA FIÉIS DAS PROCISSÕES

O Brasil é o maior país católico do mundo. E é aqui, no Brasil, que anualmente realiza-se a maior procissão católica do mundo. Tradicionalmente, ocorre nas ruas de Belém, PA.
Entre o segundo domingo de o e final de outubro cerca de dois milhões de católicos engrossam a procissão do Círio de Nazaré.
Este ano, a partir de hoje, não haverá procissão nas ruas de Belém. E as missas serão transmitidas pela Internet, sem a presença de fiéis. O motivo disso é a Pandemia da Covid-19, claro.
O Círio de Nazaré tem origem em 1793, quando um caboclo encontrou num Igarapé a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Essa imagem o caboclo levou pra casa e no dia seguinte descobriu que sumira. Logo depois ele a reencontrou no Igarapé. E de novo a imagem sumiu. E de novo foi achada no mesmo Igarapé... E aí foi criada uma Capela e nela posta a imagem, que não mais sumiu.
Nossa Senhora é conhecida no mundo todo por vários nomes, inclusive Nazaré.
Belém é a capital do Pará, que se localiza ao norte do Brasil.
Nossa Senhora de Nazaré é também chamada de Rainha da Amazônia, que continua ardendo em fogo.

SANTA APARECIDA

Amanhã Nossa Senhora é homenageada com o nome de Nossa Senhora Aparecida.
Este ano também não haverá procissão em Aparecida, tampouco missas com a presença de fiéis.


domingo, 12 de abril de 2020

UM CEGO NA RIBALTA

Pode parecer óbvio, mas o tenor italiano Andre Bocelli quando abre seu vozeirão mostra que cego também tem presença no mundo. Melhor: com o seu vozeirão, ele chama à atenção do mundo para as mazelas que a todos nos matam, como esse tal de Novo Coronavírus.
Como ser ou pessoa física Deus não existe. Cristo, sim.
Cristo nasceu e morreu negro, tendo como pais Maria e José.
No Oriente Médio não há loiro nem galego, como na Europa.
Maria teve Cristo, sem copular com José, seu marido.
Maria e José tiveram dois ou três filhos, além de Cristo.
É tudo muito complicado, na história.
A Bíblia não mostra em página nenhuma as características de Cristo.
Nem se sabe, exatamente, quando Cristo nasceu. Também não se sabe quando ele morreu. Dizem que foi numa sexta-feira. Mas nada disso tudo é comprovado, historicamente.
Cristo, pelo que se sabe, tinha lá ele uns 30 ou trinta e poucos anos quando foi traído por Judas. Houve a última ceia e houve, também, a negação de Pedro. Foi aí que o caldo começou a entornar.
Cristo foi levado à presença de Pilatos e Pilatos o encaminhou a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Diante da saraivada de perguntas de Herodes e Pilatos, Cristo ficou em silêncio.
É uma história incrível a história de Jesus Cristo.
Condenado sem acusação formal, sua vida foi trocada pela vida do bandido Barrabás. Era o povo gritando pela soltura de Barrabás. E aí, de novo, o caldo entornou.
Herodes foi aquele que matou milhares de crianças apostando que entre elas estaria o Cristo, que ameaçaria o seu poder de mando.
Essa história sabemos.
Pilatos, prefeito ou governador da Judeia, foi aquele que lavou as mãos ao perceber que o homem que estava a sua frente não tinha culpa de nada. Na sua visão, era um pobre diabo.
Pois bem, como pessoa física Deus nunca existiu. Nunca existiu, mas muita gente já matou Deus.
De acordo com a história que conhecemos, Cristo foi torturado e morto; pregado numa cruz, quando tinha 30 ou poucos anos de idade.
A história de Cristo é uma história de reflexão. Especialmente hoje, quando a Bíblia conta que ele ressuscitou três dias após morrer. E esse dia, tão lembrado, é hoje: Páscoa.
Tudo que eu disse até aqui tem haver com as lembranças do coroinha que um dia fui. Esse coroinha, hoje adulto, chorou e chorou e ainda está a soluçar com o que ouviu na web. E o que ele ouviu foi a voz divinal de Andrea Bocelli.
Bocelli cantou a esperança, o amor, a crença e rezou pela união do mundo.
Hoje faz 150 anos e um mês que o brasileiro, de Campinas, SP, Carlos Gomes estreava no Teatro Alla Scala de Milão a ópera Il Guarany.
Foi na catedral de Milão que, hoje, Andrea Bocelli se fez mais uma vez presente no mundo. Confiram: 

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