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domingo, 18 de dezembro de 2011

DIA DE MORTE ONTEM NO BRASIL, DE BAILE HOJE NO JAPÃO

Ontem o dia foi de morte, pois partiram para longe, numa viagem sem fim, o ator que sabia tudo de teatro no Brasil, Sérgio Britto; o carnavalesco que sabia tudo de carnaval no Brasil, Joãozinho Trinta; e uma das cantoras que cantavam a vida como poucas na nossa língua, Cesária Évora.
De certa forma, hoje também o dia foi de morte: o “Peixe” morreu afogado, suicidado. E todo mundo viu essa tragédia a partir das 8h30, horário de Brasília. Foi um baile, um chamamento à morte como o fazem as sereias.
Mas poderia ter sido pior o suicídio para quem viu. Por essa ótica, o resultado de 4 x 0 bastou.
Por que isso?
Porque ao invés de jogar, a equipe do Santos estranhamente optou por reverenciar o time de Messi.
Apenas isso, e por isso perdeu o título que poderia ter disputado pau a pau, de campeão de Mundial de Clubes.
Bom, fica para o Corinthians ano que vem.

DO BAÚ
Procurando nos meus arquivos um registro fotográfico de entrevista que fiz há anos com os craques paulistanos da nossa literatura Marcos Rey e Lourenço Diaféria, para o programa Gente e Coisas do Nordeste que apresentei na extinta Rádio Atual, achei uma foto (acima) em que me revejo magro e metido a besta ao lado do querido amigo Paulo Vanzolini, e mais à frente, todo de branco da paz, incluindo o sorriso, o poeta brasileiro nascido no Egito Peter Alouche, autor de uma das mais belas letras sobre a cidade de São Paulo, que republico abaixo.
Antes, um doce para quem adivinhar o nome dos outros personagens que aparecem na foto.

Vim de terras bem longínquas
Abrigar-me no teu calor;
Fugi da fome de solos áridos
Fugi de guerras de almas secas;
Vim da Sicília, vim do Japão,
Sou português, sou catalão,
Sou libanês, perdi meu chão,
Não tenho pátria, sou judeu errante,
Vim procurar paz, lar e pão.
Sou branco, sou negro, sou oriental,
Sou nordestino do sertão
Deixei a casa onde eu nasci,
Ah! Que saudades do Cariri!
Vim descobrir minha esperança
Ao te pedir chão e trabalho;
Com muita lágrima e suor,
Fui perseguir teu futuro,
Edifiquei tua riqueza,
Tornei-te forte e poderosa,
A mais altiva da nação.
São Paulo, São Paulo de todos nós
Ao te ver de braços abertos,
Te adotei no coração.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

LUIZ GONZAGA NÃO MORREU

Caso ainda estivesse entre nós de corpo e alma, o que seria muito bom, Luiz Gonzaga rei do baião estaria completando hoje 99 anos de idade.
A sua extensa obra já gerou quase uma trintena de livros e centenas de folhetos de cordel e músicas  umas 500 em sua homenagem, compostas e gravadas pelos mais importantes artistas do País, como Chico Buarque.
A propósito, vocês já ouviram o novo disco do Chico?.
Ouçam também a última edição do programa Vira e Mexe, apresentado por Paulo Rosa na Rádio USP.
Gonzaga não morreu.
Exemplo disso é o belo poema elaborados aos moldes dos cordelistas que está sendo lançado agora pelo pernambucano de Araripina Cacá Lopes, Vida e Obra de Gonzagão - O Mais Completo Cordel Ilustrado Sobre Luiz Gonzaga (capa ao lado), para o qual escrevi o texto de contracapa que segue abaixo:
O mundo do repentismo, isto é, da improvisação poética ao som de violas, é recheado de modalidades, ao contrário, por assim dizer, do mundo do cordelismo, que é basicamente habitado por sextilhas, setilhas e décimas. Desse mundo, porém, grandes nomes se sobressaíram e se eternizaram no Brasil a partir dos últimos anos do século 19, como Silvino Pirauá, Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, João Melchíades, Firmino Teixeira do Amaral, Francisco das Chagas Batista, José Camelo Rezende e o mais biografado deles: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, que alcançou o tempo da televisão e da internet.
Depois desses, muitos outros têm surgido espontaneamente ou através de concursos como os realizados em São Paulo em 2002 e 2003, que trouxeram à tona nomes em gestação, pouco conhecidos, mas de grande talento, como Pedro Costa, Rouxinol do Rinaré e Varneci do Nascimento.
Esses concursos renderam 410 mil folhetos, que foram distribuídos gratuitamente na rede estadual de ensino.
Da nova geração, há muitos outros nomes já firmados no mercado, como os irmãos Klévisson e Arievaldo Viana, Allan Sales, Moreira de Acopiara, Cícero Pedro de Assis e Marco Haurélio, além dos profissionais que fazem cordel e música ao mesmo tempo, como Chico Salles, Costa Senna e Cacá Lopes.
Cacá passou cerca de dez anos gerando as quase 400 estrofes deste livro, que recomendo a todos que gostam de leitura versificada, feita com categoria e sensibilidade.
Vida e Obra de Gonzagão, O Mais Completo Cordel Sobre Luiz Gonzaga é diferente dos outros que contam a história do Rei do Baião por ser todo escrito em estrofes de seis versos.
Até agora, ninguém havia se dedicado a desenvolver tal façanha.
Por isso, mas não só por isso, o autor está de parabéns.
À leitura!

PS- O livro está sendo lançado pela Ensinamento Editora. Contato: poeta@cacalopes.com.br

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BONI, JORGE MELLO E MÁRIO LAGO


Fila interminável ontem à noite na Livraria Cultura, ali na Paulista.
O assunto era Boni, que estava autografando livro sobre a sua história – e da Globo.
Encontrei um monte de amigos e conhecidos.
Lá estavam Júlio Medaglia, Solano Ribeiro, Tarcísio Meira, Lima Duarte, Marília Gabriela e tantos.
Como a fila não terminava nunca, só aumentava, dei meia volta e cá estou, desde então.
Eu queria saber de Boni que fim levou o tape do Festival da Canção que registrou o alvoroço provocado por Geraldo Vandré (foto) na madrugada de 29 de setembro de 1968, no ginásio do Maracanãzinho, ao ficar em 2º lugar na disputa com Sabiá, de Chico e Tom.
O que eu queria saber, o amigo Darlan Ferreira também queria. E sem meias palavras, perguntou. Rindo, Boni disse que também tem curiosidade de saber o paradeiro do tape.
Ao saber disso, Vandré, que deseja também ver o tape, ficou pasmo, sem acreditar.
A busca continua.

JORGE MELLO
Outro dia eu trouxe de Paris um CD com várias músicas de autores brasileiros, e de intérpretes. Entre os quais, o piauiense de Piripiri Jorge Mello. Ele achou curioso e não deu muita bola, pois dissse que havia no Rio um artista homônimo. Hoje, porém, por acaso pôs o disco para ouvir e, surpresa! Era ele mesmo cnatando, só que a música Se Acaso Você Chegasse, de Felisberto Martins e Lupicinio Rodrigues, estava com título diferente: Se Caso Você Não Chegasse, assim mesmo. Pois, coisas da vida.

MÁRIO LAGO
No evento comemorativo aos 100 anos de Mário Lago, realizado no dia 26 do mês passado, no Rio, uma pessoa querida da família do ator foi vítima da emoção, desmaiou e morreu. Pois é, coisas da vida.

domingo, 4 de dezembro de 2011

CORINTHIANS, PENTACAMPEONATO
Hoje 4, 12 de 11
Uma data inesquecível
Que existiu para provar
Que o Timão é imbatível
Jogando contra quem for
Jogará de modo incrível

E hoje no Pacaembu
Desembaraçado e pimpão
Respeitou o adversário
Faturou mais um jogão
Que dedicou ao Dr. Sócrates
Grande mestre da emoção

Torcedores estão felizes
Por vibrar com o Timão
A equipe do grande Parque
Que vive na contramão
Provocando rebuliço
Na mente e no coração

Mas Coringa é Coringa
Aqui e em todo lugar
Por ser ele o time que é
Um motivo pra se amar
A torcida fica feliz
Sem ter o que reclamar

O DR. SÓCRATES FOI JOGAR NO CÉU


O Dr. Sócrates cansou desta vidinha besta, pegou o chapéu e partiu. Antes, deu ao povo alegria e provocou polêmica de todo tipo.
Ora, ora, onde já se viu um jogador de futebol ter cabeça pra pensar, e acima de tudo de modo próprio e sem ninguém mandar, hein?
Pois isso ele fez, e fez com a categoria que lhe foi peculiar no correr de meio século.
Ele foi o artífice da idéia que gerou a Democracia corintiana, lembra?
Também brigou pelas eleições Diretas, subindo em palanques e dizendo o que pensava.
Ciente dos diretos e deveres do cidadão, Sócrates era um ser e tanto!
Algumas vezes nos encontramos para prosas em torno de música, futebol e literatura.
Isso mesmo, literatura.
Ele gostava dedilhar violão, cantar, ler e escrever.
Chegou a gravar um LP (capa, acima) interpretando músicas que lhe marcaram a vida.
Ele levava a vida numa boa, sem traumas ou dramas.
Era resolvido.
Uma vez me surpreendeu declamando poesias suas e do português Fernando Pessoa.
Guardo comigo algumas dessas declamações que gravei em fita-cassete, e também alguns textos poéticos de sua lavra, escritos à própria mão.
Cheguei a publicar algo a respeito em jornais e revistas.
No D. O. Leitura, por exemplo, extinto suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de São Paulo, dei até capa desenhada pela pena brilhante de Ionaldo Cavalcanti, com quem ele deverá se encontrar daqui a pouco prum porre, no céu.
Eu estou triste com sua partida, logo hoje quando o Corinthians se sagrará pentacampeão do Brasileirão.
Vários artistas cantaram Sócrates.
A letra abaixo, Sócrates Brasileiro, de Zé Wisnik, coube a Ná Ozzette gravar em 1988.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Deu um pique filosófico ao nosso futebol
O sol caiu sobre a grama e se partiu
Em cacos de cristais
As cores vestiram os nomes
E fez-se a luta entre os homens
Até os apitos finais
(Disseram os deuses imortais)
A história não esquece que a bola
Se negou, mas chorou nosso gol
E vai se lembrar para sempre
Da beleza que nada derrotou
Mas quem será que diz que venceu
No país em que o ouro se ganhou e perdeu
(Derreteu)
O futebol é a quadratura do circo
É o biscoito fino que fabrico
É o pão e o rito o gozo o grito o gol
Salve aquele que desempenhou
E entre a anemia a esperança
A loteria e o leite das crianças se jogou
Com destino e elegância dançarino pensador
Sócio da filosofia da cerveja e do suor
Ao tocar de calcanhar o nosso fraco a nossa dor
Viu um lance no vazio herói civilizador
(O Doutor).

sábado, 3 de dezembro de 2011

LEITE MATOU CARLOS PARANÁ, HÁ 41 ANOS

Eu não conheci o compositor paranaense Luiz Carlos Paraná, morto no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo num dia e mês como os de hoje, 3 de dezembro, há 41 anos.
Quem sempre me falou a seu respeito, e muito bem, foi o autor de Ronda e Volta por Cima Paulo Vanzolini, seu amigo e parceiro no Jogral dos movimentados anos de 1960 e 70.
O Jogral, que teve endereço ali na Galeria Metrópole, no centro de Sampa, marcou época.
Lá Vanzolini chegava a fazer vezes de garçom e, entre uma prosa e outra, bebericava, sem culpa, com um ou outro frequentador.
Também ora ou outra arriscava cantar, contar causos e declamar antes de se "apresentar" à seleta platéia no melhor estilo dos cantadores repentistas do Nordeste, em sextilha:

Eu sou Paulo Vanzolin
Animal de muita fama
Que tanto corre no seco
Como na varge de lama
Mas quando o marido chega
Corre pra baixo da cama

O Jogral foi um lugar one se podia beber e ouvir música de qualidade.
Era frequentado por intelectuais e artistas do naipe de Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Ismael Silva e o bom Manezinho da Flata, sobrinho de Pixinguinha. .
Lá Paraná também cantava, tocava e servia a todos com sorrisos de paz e alegria.
Ele era o dono do ambente, como Paulo.
A obra de Paraná é pequena no tamanho, mas não no requinte e grandeza.
De Paulo, Paraná gravou alguma coisa como Capoeira do Arnaldo.
De Paraná muitos gravaram, entre os quais Adauto Santos, Cascatinha e Inhana e Roberto Carlos, que defendeu Maria Carnaval e Cinzas no III Festival de MPB em outubro de 1967, classificando-a em 5° lugar, para insatisfação de muitos.
Naquele tempo e naquele templo, tudo era festa.
Luiz Carlos Paraná nasceu em 1932 e morreu, de cirrose, em 1970, sem nunca ter ingerido uma gota sequer de álcool.
Só leite, pode?
Por isso, acho que leite faz mal.
O Paulo também, que foi radical e parou de compor desde o fim de Paraná, embora contnui tomando umas e outras em sua homenagem.
Inezita, que dizem andar meio adoentada nos seus 86 anos, concorda também.
Outro dia, ela me disse que vai trocar de médico.
A razão, explicou:
- Ele está com a idéia de me tirar do paladar o gostinho do bom vinho.
E caiu na risada.
Ah! Esses médicos de hoje!

RESTAURANTE ENVENENA SÓCRATES


Pena: mais uma vez Sócrates (na foto aí ao lado comigo, nos tempos de democracia corintiana) volta ao hospital Einstein para tratamento. Foi quinta à noite, em estado grave. E mais grave: vítima de intoxicação após almoço num restaurante de São Paulo, ao lado da mulher, Kátia, e de um amigo.
A mulher e o amigo também passaram mal, segundo Juca Kfouri no seu blog posto há pouco no ar.
Outros absurdos, como esse do envenenamento do cidadão Sócrates num restaurante de Sampa, leio no espaço livre da Internet.
Dizem que ele está com problemas de saúde porque bebe etc. e tal.
Ora, pro inferno tais falas!
Cada um cuida de si como acha, pode e deve.
A Sócrates o que é de Sócrates, inclusive o direito de viver - e morrer - como quer.
Que restaurante é esse, hein, Juca?

MÁRIO LAGO
Atendendo a convite do agitador cultural da Benedito Calixto, Edson Lima, falei ontem à noite na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima sobre outro grande brasileiro: Mário Lago, jornalista, advogado, ator, poeta, escritor, o escambal. Mário foi um cidadão que acreditou enormemente na vida e no ser humano. Queria um Brasil melhor e viver 100 anos. Ele deixou nas suas ações a beleza de viver, ao participar de tudo que indicasse o caminho do bem-estar coletivo, independentemente de raça, cor e religião. Em todos os momentos ele procurava dar cor à vida, até na prisão por onde várias vezes passou acusado de ser comunista. Sim, Mário Lago foi um dos maiores revolucionáros brasileiros do século XX. Deixou saudades e uma extensa e bela obra. Viva Mário!   

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O BRASILEIRO QUE ACOMPANHOU GARDEL, EM PARIS


Já estamos às vésperas de novo ano e até agora ninguém se deu à tarefa de sequer lembrar os dez anos do desaparecimento do mais importante sanfoneiro-compositor do Brasil, o mineiro de Uberaba Antenógenes Silva.
Professor informal de Luiz Gonzaga nos tempos de vaca magra, Antenógenes construiu ao longo de seus de 70 anos de carreira, oficialmente iniciada com a gravação de dois discos de 78 RPM, em 1929, uma das mais completas e belas discografias da música brasileira.
Seus primeiros dois discos traziam o choro Gostei de tua Caída e a valsa Norma; o maxixe Saudade de Uberaba e a valsa Feliz de quem Ama, de sua autoria e gravadas num mesmo dia: 4 de novembro.
As gravações de Antenógenes em discos de 78 RPM somam exatos 150, duas dezenas e pouco mais do que conseguiu gravar o Rei do Baião, que curiosamente iniciou a carreira com dois discos gravados num dia - 14 de março -, na mesma gravadora de Antenógenes, a Victor, em 1941.
Cerca de cinco anos antes de partir, no dia 9 de março de 2001, Antenógenes me deu entrevista na qual revelou, com emoção, ter sido o único sul-americano a se apresentar com o rei do tango Carlos Gardel, em Paris, na condição de acordeonista.
Não custa lembrar que nos fins dos anos de 1950, Antenógenes, depois de ganhar o 1º lugar num festival de música internacional, na Alemanha, foi considerado o mais importante acordeonista do mundo.
Antes disso, ele participou de filmes e gravou em discos de Katherine Dunhan e da portuguesinha Carmen Miranda, nos Estados Unidos e Europa.
Acho que foi nessa mesma entrevista que ele contou ter sido afinador de sanfonas de Luiz Gonzaga, quando Gonzaga já era chamado de rei do baião.
A obra de Antenógenes bem que merece bons lugares nas lojas de discos, não é mesmo?

AUDÁLIO DANTAS
- Logo mais às 20 horas, o tranqüilo e sempre craque do jornalismo Audálio Dantas (acima, sem chapéu), nordestino bom da cepa, filho e guerreiro do reino encantado de Tanque D´Arca, no coração das Alagoas, se apresentará no auditório do Itaú Cultural para contar um pouco da sua longa história. Dessa maneira, ele atende a pauta do programa Jogo de Ideias, Série Repórter, da TV Itaú. Entrada franca. Vamos lá?

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