Ontem o dia foi de morte, pois partiram para longe, numa viagem sem fim, o ator que sabia tudo de teatro no Brasil, Sérgio Britto; o carnavalesco que sabia tudo de carnaval no Brasil, Joãozinho Trinta; e uma das cantoras que cantavam a vida como poucas na nossa língua, Cesária Évora.
De certa forma, hoje também o dia foi de morte: o “Peixe” morreu afogado, suicidado. E todo mundo viu essa tragédia a partir das 8h30, horário de Brasília. Foi um baile, um chamamento à morte como o fazem as sereias.
Mas poderia ter sido pior o suicídio para quem viu. Por essa ótica, o resultado de 4 x 0 bastou.
Por que isso?
Porque ao invés de jogar, a equipe do Santos estranhamente optou por reverenciar o time de Messi.
Apenas isso, e por isso perdeu o título que poderia ter disputado pau a pau, de campeão de Mundial de Clubes.
Bom, fica para o Corinthians ano que vem.
DO BAÚ
Procurando nos meus arquivos um registro fotográfico de entrevista que fiz há anos com os craques paulistanos da nossa literatura Marcos Rey e Lourenço Diaféria, para o programa Gente e Coisas do Nordeste que apresentei na extinta Rádio Atual, achei uma foto (acima) em que me revejo magro e metido a besta ao lado do querido amigo Paulo Vanzolini, e mais à frente, todo de branco da paz, incluindo o sorriso, o poeta brasileiro nascido no Egito Peter Alouche, autor de uma das mais belas letras sobre a cidade de São Paulo, que republico abaixo.
Antes, um doce para quem adivinhar o nome dos outros personagens que aparecem na foto.
Vim de terras bem longínquas
Abrigar-me no teu calor;
Fugi da fome de solos áridos
Fugi de guerras de almas secas;
Vim da Sicília, vim do Japão,
Sou português, sou catalão,
Sou libanês, perdi meu chão,
Não tenho pátria, sou judeu errante,
Vim procurar paz, lar e pão.
Sou branco, sou negro, sou oriental,
Sou nordestino do sertão
Deixei a casa onde eu nasci,
Ah! Que saudades do Cariri!
Vim descobrir minha esperança
Ao te pedir chão e trabalho;
Com muita lágrima e suor,
Fui perseguir teu futuro,
Edifiquei tua riqueza,
Tornei-te forte e poderosa,
A mais altiva da nação.
São Paulo, São Paulo de todos nós
Ao te ver de braços abertos,
Te adotei no coração.
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