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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (74)

Confesso que achei meio esquisito, pois ainda não me acostumei a certas coisas. Digo isso porque nem bem cheguei à casa e logo fui cercado pelos amigos que atropeladamente perguntavam o que havia ocorrido comigo. Pedi calma. Contei que fizera uma viagem de última hora à Grécia. Deu tudo certo, não fosse a irresponsabilidade que me levou a esticar as pernas até Israel. Eu jurara a mim mesmo que na primeira oportunidade iria pagar pecados de amigos no Muro das Lamentações. Eu nem acabara de dizer isso, justificando minha ausência na casa, os amigos caíram na risada.

"Desculpa, chefe", disse se levantando o brutamontes Lampa, acrescentando: "Desculpa de novo, mas eu não consigo imaginar o chefe ajoelhado rezando num muro e pedindo a Deus que apague os pecados dos amigos!".

Dessa vez fui eu que não aguentei e caí na gargalhada. Outros me acompanharam. 

Zilidoro pediu a palavra e antes mesmo que todos cedessem o aparte pedido, foi logo dizendo que Lampa estava enganado. Explicou: "Lá no Muro pecador não se ajoelha pra rezar". 

"Lampa é uma besta!", falou em voz alta Barrica. Bil, seu irmão, disse que Lampa é uma besta mesmo. E nem acabara de dizer isso, Lampa deu um pulo do tamborete ameaçando: "Se repetir eu te sangro!".

Barrica repetiu.

Lampa, suando e babando feito um bicho, partiu pra cima dos irmãos Barrica e Biu. 

Tumulto feito, Lampa foi imediatamente imobilizado. E desarmado. 

A turma do chega disso, que somos todos nós, evitou que algo grave pudesse acontecer.

Ânimos acalmados, pedi que Barrica e Biu se desculpassem apertando a mão de Lampa. 

Com cara de poucos amigos, Lampa apertou a mão dos irmãos cuspindo de lado. E resmungando disse: "Na próxima não vou apertar a mão de feladaputa nenhum".

Bom pessoal, recomecei. Faltei a várias reuniões porque fiquei preso em Israel. 

Zoião, Zé, Jão e Mané se levantaram e curiosos perguntaram em uníssono: "Seu Assis, o Sr. viu a guerra?".

Não só vi, eu disse, escapei dela no primeiro avião que pude.

E todos bateram palmas.

Encerrando, Zilidoro abriu a boca pra dizer que "Estamos no fim do mundo!".

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