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segunda-feira, 23 de abril de 2012

AV. PAULISTA, UMA OBRA-PRIMA DE LUIZ GÊ

Sob qualquer aspecto, de argumento, roteiro ou traço, é uma obra-prima a história em quadrinhos Av. Paulista (ao lado, reprodução da capa) do craque do ramo Luiz Gê, que acaba de chegar à praça em brochura de 88 páginas coloridas, impressa pela Geográfica em couché reflex da Suzano, no formato 21x27 e chancelada pela editora especializada, a Quadrinhos na Cia.
A obra abre com um texto assinado pelo autor sobre suas lembranças dos tempos de menino na capital de São Paulo, onde nasceu e se profissionalizou primeiro como arquiteto formado pela USP.
O cenário de suas memórias expressas na obra, para melhor compreensão do leitor, é a Paulista velha de guerra há muito símbolo e cartão postal da Paulicéia de que falava o poeta, romancista e estudioso da nossa cultura Mário de Andrade.
Gê recorda passagens interessantes nas suas idas e vindas à escola, depois à faculdade.
Conta do início de sua carreira como estudante e quadrinista, das dificuldades de publicar suas primeiras histórias, das revistas que ajudou a criar, como a Balão; da sua passagem pela Folha como cartunista e de outros momentos valiosos que sua memória guardou ora como coadjuvante, ora como personagem de destaque na vida paulistana.
A São Paulo tão cantada e decantada é relíquia que há muito ele registra em quadrinhos.
Outros contaram de formas diversas, até pela via da música, a história da cidade e também da avenida, cuja extensão é de quase três quilômetros, em linha reta.
Só com seu nome como título, há uma dezena.
E outras com variações, como Canção da Avenida Paulista, de Mário Albanese e Geraldo Vidigal, gravada por Inezita Barroso e Agnaldo Rayol em 1991.
Por fim, Gê conta como se deu a iniciativa de roteirizar e desenhar Av. Paulista que há duas décadas ganhou as páginas de uma edição especial da Revista Goodyear, hoje sem dúvida raro exemplar de colecionador.
Gê remete o leitor desde pouco antes de a famosa avenida ser inagurada no dia 5 de dezembro de 1891, quando ainda era servida por uma linha de bonde e sua iluminação era mais do que precária.
Para contar essa história, o artista mergulhou fundo em pesquisas históricas e iconográficas.
Teve acesso a documentos importantes e visitou ambientes de acesso restrito ao público, além de entrevistar síndicos da região e outras pessoas.
E assim surgiu a Av. Paulista, uma mistura do real com a ficção.
A própria vida é uma mistura disso.
Só que o olhar e o talento de Luiz Gê captam isso tudo de maneira perfeita e muito rapidamente.
Os textos muito bem escritos que entremeiam a história são detalhes preciosos à parte.
Gê traz às páginas o que o olho comum aparentemente não ver.
Mas mais do que falar dele é ler as suas histórias, a começar por Av. Paulista.
Boa leitura a todos.
Viva Gê!
A propósito, o amigo aí já foi ver a exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada no Sesc Santana. Então, vá. Valerá a apena, garanto. Uma amostra, num clique:

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