Seguir o blog

sábado, 28 de janeiro de 2023

A ARAPUAN E A HISTÓRIA DO RÁDIO NA PARAÍBA

Sob a direção geral de Otinaldo Lourenço, o Rádio Arapuan constituiu, durante o consulado militar, instrumento da mais autêntica resistência democrática.
É claro que esta deve ser considerada em termos. A certa altura, a emissora sabia que não poderia conceder passo em falso. Na reabertura, o próprio Governo advertira:
— Vocês tomem cuidado para evitar novo fechamento!
(Do livro A Arapuan e o Rádio Paraibano; pág. 103)

O documentarista Vladimir Carvalho
A história do rádio é pra ser lembrada sempre. Tudo começa na virada do século 19 para o 20, a partir de experiências científicas do padre gaúcho Roberto Landell de Moura.
A luta do padre foi titânica. Lutou, lutou e morreu na praia, triste e decepcionado pela indiferença dos homens poderosos de seu tempo, que poderiam ter reconhecido seus estudos científicos que apontavam o rádio como sua grande descoberta.
O louvor da invenção do rádio coube ao italiano Guglielmo Marconi.
No Brasil o rádio deu seus primeiros sinais de vida, oficialmente falando, no dia 7 de setembro de 1922. O presidente da República era o paraibano Epitácio Pessoa, cujo governo e o País comemoravam o 1° centenário do falacioso "grito do Ipiranga".
Para efeitos históricos, a primeira emissora de rádio a entrar no ar com um esboço de programação própria foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, no dia 20 de abril de 1923.
Em 1936 a Rádio Sociedade, que tinha à frente o cientista Roquette Pinto, seria doada ao governo Vargas e ganharia o nome de Rádio MEC.
A partir dos anos 30, o rádio começava a se espalhar pelo território nacional.
Enoque Pelágio
A primeira emissora de rádio na Paraíba chamou-se Rádio Clube da Paraíba. Essa rádio passaria a se chamar Tabajara, em 1937. Oficial, do governo do Estado. Existe até hoje e foi lá, nela, que o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré quebrou seu longo silêncio na terrinha deixando-se entrevistar. Ao vivo. Isso em 2 de abril de 2018. E foi lá também que Jackson do Pandeiro nasceu para o Brasil.
No dia 16 de agosto de 1950 os paraibanos foram presenteados com a inauguração da Rádio Arapuan.
O novo livro do historiador José Octávio de Arruda Mello trata do que bem diz o título: A Arapuan e o rádio paraibano (Uma Biografia Dual).
Desde o título, passando pelo preâmbulo e dados finais, José Octávio mostra a importância de Otinaldo Lourenço, seu irmão, na radiodifusão paraibana. E à página 69, escreve:
Foi com Otinaldo Lourenço, na direção artística do Rádio Arapuan, em 1959, que teve início a mais ampla renovação do rádio paraibano.
Começou na Tabajara, na área de esportes, e na Arapuan mostrou seu talento por completo. Foi inovador tanto na redação, reportagem e direção.
Não é demais afirmar que Otinaldo inovou na forma de transmitir notícias. Isso em áreas diversas. Esportiva, por exemplo. Formou ao lado de nomes importantes da imprensa local como Ivan Bezerra, Bernardo Filho e Vladimir Carvalho.
Pra quem não liga o nome à pessoa, necessário se faz dizer que o Vladimir aqui citado é o famoso e mais importante documentarista cinematográfico do Brasil, autor da pérola O País de São Saruê, baseada no folheto de cordel de Manoel Camilo (1905-1987).
O País de São Saruê foi um dos primeiros filmes nacionais censurados pela ditadura militar.
A Rádio Arapuan levava a seus ouvintes programas dos mais diversos: Dramas e Comédias da Cidade, por exemplo, com o repórter policial Enoque Pelágio (1934-1987) e Antena Política, com Otinaldo e seu irmão José.
Otinaldo Lourenço e José Octávio entrevistaram expressivos nomes da política brasileira, como Ulisses Guimarães, Abelardo Jurema, ex-ministro da Justiça e o general Costa e Silva que na ocasião, em 1967, soltou a gracinha: "Jornalista sem gravador é como soldado sem fuzil".
A religião também não ficou de fora da grade da emissora.
Otinaldo entrevista o general Costa e Silva
Aos sábados e domingos os ouvintes podiam ouvir representantes das igrejas católica e evangélica. Até representantes da umbanda tinham espaço na velha Arapuan.
Sem dúvida, afirmo com todas as letras que a Rádio Arapuan marcou época.
A Arapuan foi a primeira emissora do Brasil a dar em primeira mão a notícia do assassinato do presidente chileno Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973. Furo!
O jornal Furo… Essa é outra história.
Otinaldo era natural de Surubim, PE, nascido em 1934. Foi, além de radialista, bacharel em Direito e professor da Universidade Federal da Paraíba, como o irmão José. Morreu no dia 13 de fevereiro de 2021, quando se comemora o dia mundial do rádio, criado pela UNESCO em novembro de 2011. Em abril de 2022 foi lançado um livro póstumo: A Revolução do Rádio na Paraíba e Anotações Autobiográficas.

Foto e reproduções Flor Maria e Anna da Hora

SÃO PAULO 469 ANOS

Nesse dia 25 de janeiro os paulistanos comemoram com ênfase o 469º aniversário de fundação. São Paulo é a cidade mais cantada do mundo em músicas de todos os gêneros: forró, baião, xote, xaxado, samba, rock, choro e tudo o mais. Eu mesmo cheguei a compor música em homenagem à Sampa. Jarbas Mariz e eu compusemos São Paulo Esquina do Mundo. Compus e interpretei Declaração de Amor a São Paulo. Sobre essa cidade, que tão bem me acolheu em 1976, já escrevi muita coisa e até uma exposição/ocupação fiz em 2012 intitulada Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, na unidade Sesc Santana/SP. Para o Newsletter Jornalistas&Cia escrevi o texto abaixo. Leia: SÃO PAULO EM MÚSICA, PROSA E VERSO

POSTAGENS MAIS VISTAS