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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

TINÉ E A ARGENTINA: UMA HISTÓRIA DE AMOR

Tiné, Flávia e Teodoro, numa visita à
Casa Rosada
O jornalista pernambucano Flávio Tiné (85) é daqueles que a gente guarda com carinho e respeito na caixa do peito.
Conheço Tiné há muito tempo, desde quando trabalhei na TV Globo. À época ele era o bam-bam-bam da assessoria de imprensa do complexo HC, Hospital das Clínicas.
Figura incrível é o Tiné.
Foi não foi, Flávio Tiné dá o ar da sua graça cá em casa. Ele sempre me possibilita bons momentos.
Flávio Tiné acaba de voltar de um giro pela Argentina. Esteve acompanhado da filha Flávia, do filho Paulo e do neto Teodoro. Do povo argentino, ele próprio quem fala: "Encontrei um povo alegre e tranquilo, sem a neurose de que se fala. Uma gente educada, alegre, cumpridora de suas obrigações sociais, de vestes despojadas. Apesar da crise financeira, não demonstravam preocupação e lotavam os restaurantes, com mesas e cadeiras nas calçadas. Fui muito bem tratado em todas as oportunidades que ousei falar o Portunhol. No mínimo, era tratado com amável sorriso".
Eu estive na Argentina há alguns anos, ainda quando meus olhos viam cores, gente e tudo o mais. Gostei muito de Buenos Aires e de outras localidades. Fui muito bem recebido pela direção da Biblioteca Nacional. Tiné disse que também adorou Buenos Aires e até tomou um vinhozinho lá deles, diga-se de passagem.
Além de visitar Buenos Aires Flávio Tiné visitou Santa Fé, La Plata e San Isidro. Ele, sobre La Plata: "A 56 km de Buenos Aires, La Plata tem uma característica singular: ruas planejadas e numeradas, que se iniciam numa praça e são cortadas por diagonais. Adorei. Na praça principal, Moreno, em homenagem a Mariano Moreno, encontra-se a Catedral de um lado e a prefeitura, de outro. Na praça, estátuas de figuras históricas".
A visita de Tiné à Argentina durou 8 dias e por esse período pagou sua estadia num hotel a quantia de apenas 1 mil reais. 
A inflação na Argentina está beirando à estratosfera.
O filho de Tiné, Paulo, se acha na Argentina ministrando um curso na Universidade de Santa Fé, com todas as mordomias possíveis. "Adorei a Argentina. Pretendo retornar a esse país o mais breve possível. A Argentina é um país lindo!".
Pedi a Tiné que me encaminhasse fotos dando conta da sua presença no país vizinho.

Paulo, Tiné, Flávia e Teodoro numa visita às beiras do Rio Paraná

JOSÉ NÊUMANNE HOMENAGEIA BOLDRIN NUM POEMA

Assis e José Nêumanne, numa noite de autógrafos

José Nêumanne Pinto é paraibano da terra de Erundina, Uiraúna, cidade localizada a 476km da capital João Pessoa. Fica ali no Alto Sertão. Zé Nêumanne, como os amigos o chamam, é jornalista dos bons e poeta excepcional. Tem vários livros. Em 1999 eu e Zé Ramalho gravamos num CD (capa ao lado) um poema dele: Desafio de Viola Repentina e Guitarra Cética (ouvir abaixo).
O próximo livro de José Nêumanne, Antes de Atravessar (Ibis Libris), trará um poema muito bonito que ele fez em homenagem ao amigo cantor, compositor e ator Rolando Boldrin. Não deu tempo para o homenageado ouvir o poema do Zé, Mas os leitores deste Blog têm agora essa oportunidade. Foi o autor que nos mandou:

SR. BRASIL, PRAZER E PENA
O Brasil é isso aí mesmo, Fernando Henrique Cardoso para João Moreira Salles

O Brasil é isso aí:
munganga de sagüi,
muqueca de siri,
delícia de abacaxi
e licor de pequi.
O Brasil é isso mesmo:
um índio a esmo,
um negro forro,
tutu com torresmo.
O Brasil é isso:
um enguiço,
chouriço,
espinho de ouriço,
ex-voto e feitiço,
uma flor em pleno viço.
Tem bê de bola,
bunda rebola,
bê de Boldrin,
banzo de branco,
ordem no tranco
e progresso pra banco,
muleta de manco.
Erre de rói couro,
a rota do ouro,
erre de Rolando
e Rolando Lero,
de rato e rei,
duplo em errei.
Parece que acabou
e nem sequer começou.
A de Alagoas e Alagados,
A de açude,
vício e virtude.
Esse só de sol e sal,
de safo e sacana,
mas sobretudo de sacripanta
mesmo esse de santa.
Esse de sonho
bom ou medonho.
I de inocente,
como parece a nossa gente,
de ilusão e injúria,
de ignara incúria
e ingênua luxúria,
nosso importuno infortúnio.
Ele de lenga-lenga,
leve e molenga,
também de lama,
um lindo drama.
Ele de lado,
o lado bê da fama.
Ele de Lampião,
lutas e loas
no mar do sertão.
Ele de ladrão,
pelo menos algum há.
Ele de louco,
cada um tem um pouco.
Ele de luz,
Axé, Jesus.
Sr. Brasil, prazer e pena,
ele é fugaz,
ela é pequena.
Torno ao degredo,
nunca fui sério.
Morro de medo,
vivo um mistério.
Levo um segredo
pro cemitério.
Sr Brasil, pena e prazer:
a pena é capital,
e o prazer, mortal.

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