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domingo, 6 de dezembro de 2020

...VIVER NÃO É PRECISO


Outro dia eu andei provocando vocês, enquanto fazia ginástica numa esteiria.
Faço sempre isso na esteira ou bicicleta ergométrica. O propósito natural é levar as pessoas com algum tipo de deficiência, física ou visual, no meu caso visual, a sair dos cantos das paredes e dizerem pra si e para o mundo que existem.
Muita gente pensa que foi o poeta português Fernando Pessoa quem soltou a expressão poética "Navegar é preciso/viver não é preciso".
Não, não foi Pessoa.
Pessoa, que se multiplicava nos seus personagens, disse e escreveu muita coisa bonita, mas a referida expressão não é dele. Clique: RICARDO REIS, SARAMAGO E SAÚDE!
O General Romano Pompeo foi figura idolatrada no seu tempo. Foi ele quem travou incríveis batalhas e ganhou todas, ou quase todas. Viveu no tempo em que Cristo ainda não existia. Tinha 57 anos quando morreu.
Por esse mesmo tempo, dava dor de cabeça aos poderoso de Roma o Gladiador Spartaco.
Plutarco era grego e louco por Matemática e Filosofia. Gostava também imensamente de história. À ele aliás se deve muita coisa ou quase tudo que se sabe nos dias atuais sobre a antiguidade, que nasceu em 45/46 da Era Cristã e morreu quando tinha 74 anos.
Você meu amigo, minha amiga, já ouviu falar em Francesco Petrarca?
Petrarca foi o cara que deu forma definitiva ao Soneto tal e qual hoje o conhecemos. Isso foi feito no correr do século 14, na Itália ou França, pois embora tenha nascido na Itália, Petrarca passou bom tempo habitando o solo Francês.
Soneto é uma modalidade poética constituída por dois quartetos e dois tercetos decassilábicos. No total, 14 versos. Shakespeare já fazia isso, mas de modo diferente. Esse é assunto pra outro papo, caramba!
E Fernando Pessoa, hein?
A valentia, objetividade e estratégias militares de Pompeo o fizeram tão respeitado que do governo recebeu carta branca pra fazer o que quisesse. A época (70 a.C), a Pompeo foi dado comando de milhares e milhares de soldados e marinheiros. Roma sofria com grandes perdas e o povo passava fome. E ainda tinha as revoltas dos escravos... E Spartaco como uma grande pedra no sapato dos romanos.
Incumbido de levar víveres à Roma, da Cecília e de outras regiões, Pompeo sentindo seus comandados esmorecidos teria dito, alto e bom som, no idioma lá deles latim: "Navigare necesse; vivere non est necesse".
Isso serviu de incentivo à marujada, que findou por obedecer ao comando de Pompeo.
Essa história é contada na biografia de Pompeo escrita por Plutarco.
Séculos depois, aparece Petrarca traduzindo a expressão de Pompeo em italiano.
E a frase continuou ganhando espaço em todas as partes do mundo.

Em Portugal, na virada do século 19, Fernando Pessoa recapitula a história dos grandes navegadores da sua terra num texto incluído no Livro do Desassossego (capa ao lado) sem, porém, indicar ser a famosa frase de sua autoria. Os leitores que atribuíram a autoria a Pessoa.
O General Pompeo morreu esfaqueado por egípcios depois que foi vencido por Júlio César. Degolado, o corpo foi queimado e as cinzas entregues à família. Ele foi traído, como traído também seria César.
Traído aquele tempo também foi Spartaco, o líder da maior revolta de escravos da velha Roma. O corpo do guerreiro jamais foi encontrado.
O mundo vivia em guerra, igualzinho como hoje. Só um detalhe difere aquele tempo deste atual: a televisão, o sexo com camisinha, a vacina e a Fórmula 1.
Ah! Sim, ia-me esquecendo: em 1969 o baiano Caetano Veloso compôs e lançou, ele mesmo, o Fado, os Argonautas. Uma belezoca! Ouça:

 

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