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sábado, 21 de julho de 2018

A SOLIDÃO COMO OPÇÃO


É tocante, mas não absurdo, o fato de alguém optar por viver sozinho.
A notícia que ouvi há pouco, na CBN, dando conta de que um índio vive só, sem ninguém, no meio da mata, vestido de palha, monitorado por funcionários da FUNAI há 22 anos, aí sim, é um fato absurdo.
O índio sem nome, sem parente, aderente nem aldeia, pois pelos brancos dizimada, teve por todo esse tempo a sua privacidade invadida, quebrada, arrombada, sem chave, sem ferrolho. Isso, sim, é um horror!
Viver só,  é uma opção, seja onde for, e seja homem, seja mulher, embora saibamos -e a história mostra isso- que ninguém é ilha, que ninguém nasce para viver só e curtir a solidão.
A opção de viver só é, quase sempre, provocada por uma situação, por um meio, por um ambiente.
Nem uma árvore, nem um pé de coco, nasce e frutifica sozinho.
Ouvindo a notícia do índio que teve a história dos seus antepassados violentada, extinta, lembrei da violência que fazem os invasores de terras e de mentes. Invasão é conquista violenta.
O Brasil continua sendo violentado, como se vê no caso do índio de Rondônia, representante natural de todos os seus ancestrais.
Sinto pena de nós.
Na escola, eu ficava encantado com as histórias que ouvia dos professores sobre os primeiros habitantes da nossa terra. As crenças, os mitos... Quanta coisa!
O sol, a lua, a chuva, relâmpagos e trovões, deuses. O sentido disso tudo para os índios é bem maior e mais bonito do que o sentido que damos nós a essas mesmas coisas.
Os índios falam, falam, nunca deixam de falar, dialogam, contam histórias, ouvem histórias e dialogam suas questões entre si. A fala, o diálogo é coisa mágica em qualquer idioma, em qualquer dialeto e lugar.
Um ser junto com outro ser é mais forte do que um ser sozinho. Os índios, especialmente os índios mostram isso.
Vocês já leram Iracema? O romance indigenista do cearense José de Alencar?

ODISSEIA 2

Aperreado por não lembrar algumas coisas, Tinhorão achou absurdo o fato de hoje em dia ser tão difícil localizar o telefone de alguém. Lembrou que no passado recente bastava pegarmos a lista telefônica e lá procurar o nome e o número telefônico de alguém e pronto. Hoje é tudo moderno, mas atrasado e esquisito. Tinhorão não tem computador. Alguns índios têm.
Antes de despedir-se e lamentar o fato de estar esquecendo coisas, recomendou, cheio de graça: "Envelhecer é uma coisa terrível, o velho fica esperando, fica esperando o quê, fica esperando morrer, agora, se fica esperando morrer por que não morre de uma vez? Vou dar um conselho a vocês mais jovens: antes de envelhecer, morram!" 
Aos 90 anos de idade, Tinhorão optou por viver com mulher e 9 gatos. Isso me fez lembrar uma das últimas entrevistas do pernambucano Nelson Rodrigues, em que ele pede que os jovens envelheçam, confiram:




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