Seguir o blog

Mostrando postagens com marcador SÉRIES. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SÉRIES. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 13 de junho de 2022

VIVA A LÍNGUA PORTUGUESA! (4, FINAL)

São nove os países que falam a língua portuguesa. Língua difícil e bela.
No nosso alfabeto há 26 letras, incluindo o K, W e Y.
Em 1953, o compositor pernambucano Rosil Cavalcanti compôs o coco Sebastiana, gravado por Jackson do Pandeiro. Essa obra, o autor cita o nosso abecedário, incluindo a letra Y, que chama “ipsilone”. Assim:

Convidei a comadre sebastiana
Pra cantar e xaxar na paraíba
Ela veio com uma dança diferente
E pulava que só uma guariba
E gritava a, e, I, o, u, ipslone


Atualmente o português é formado por cerca de 600 mil palavras ou expressões, das quais 150 mil são identificadas como técnicas.
Mais de 260 milhões de pessoas falam a língua que fez de Camões o poeta mais famoso de Portugal.
Por cá, nossa terra, grandes poetas burilaram e continuam burilando o belo idioma. Um desses foi Olavo Bilac. É dele o poema A Última Flor do Lácio.
Mais recentemente, o jornalista e poeta paraibano José Nêumanne gerou o belíssimo poema A Seara de Saramago. Confira:
 
 
José Saramago foi um grande escritor português, cujo centenário de nascimento deverá ser amplamente comemorado ainda este ano de 2022.
No dia 10 de junho comemora-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
A 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que deverá se realizar entre os dias 2 e 10 de julho no Expo Center Norte, será dedicada a Portugal.

Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora.

domingo, 12 de junho de 2022

VIVA A LÍNGUA PORTUGUESA! (3)

A gramática do padre
Fernão de Oliveira
No Brasil o também padre Antonio da Costa Duarte repetiu a iniciativa de Fernão de Oliveira, publicando em 1829 o Compêndio da Gramática Portuguesa.
O português ganhou forma clara e bela com a publicação de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Essa obra foi pela primeira vez publicada em março de 1572.
Os Lusíadas, no Brasil, chegou a ser objeto de estudo na rede escolar.
Não dá, porém, para ignorar outras obras igualmente representativas da língua como o Diccionario dos Synonymos Poetico e de Epithetos da Lingua Portugueza, de J.I. Roquete e José da Fonseca, lançado em Lisboa na dobradura de tempos distantes.
Num dos primeiros verbetes desse dicionário lê-se o quão difícil era ainda mais a nossa língua:
Abstracto, abstruso.
Uma coisa abstracta é difícil de entender, porque dista muito das ideias sensíveis e comuns. Uma coisa abstrusa é difícil de compreender, porque depende de um encadeamento de raciocínios…

O mais famoso dicionário da língua portuguesa até hoje citado nos compêndios afora, lançado no século 19, foi o do lisboeta Francisco Caldas Aulete (1826-1878).
Muitos brasileiros continuam atentos à evolução da língua portuguesa.
Até hoje o português por cinco reformas em Portugal. A primeira em 1911, quando Portugal virou

República. A segunda, em 1920. A terceira, em 1931. A quarta, em 1945. E a quinta em 1963.
No Brasil, o português passou por duas reformas: em 1943 e 1971.
Em 1948, a Academia Brasileira de Letras, ABL, levou a público o resultado da reforma de 1943. Título: Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
Em 1997 o poeta, romancista, tradutor e jornalista cearense Gerardo Mello Mourão publicou a obra prima Invenção do Mar. Na forma, seguiu os caminhos trilhados por Camões.
Invenção do Mar foi dedicado ao artista popular pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Pra Mourão, o primeiro escritor brasileiro indicado ao prêmio nobel de literatura, Gonzaga representou com fidelidade o povo brasileiro, notadamente o nordestino.
Gerardo Mello Mourão dizia que Luiz Gonzaga fora uma espécie de Homero.
É fantástica a obra de Mourão.
É de Luiz Gonzaga (e Zé Dantas) a beleza musical intitulado ABC do Sertão:

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, i o ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê

A, bê, cê, dê
Fê, guê, lê, mê
Nê, pê, quê, rê
Tê, vê e zê

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, i o ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê

A, bê, cê, dê
Fê, guê, lê, mê
Nê, pê, quê, rê
Tê, vê e zê

Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, i o ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê

A, bê, cê, dê
Fê, guê, lê, mê
Nê, pê, quê, rê
Tê, vê e zê

sábado, 11 de junho de 2022

VIVA A LÍNGUA PORTUGUESA! (2)

Geograficamente, o Brasil está muito bem localizado. Além do mais, a nossa proximidade (e parentesco) com o índio e o negro africano possibilitaram uma salutar mistura de culturas. Como se não bastasse, ainda há o fator colonizador.
No passado, fomos invadidos pela Espanha, Inglaterra e Holanda, depois de Portugal. O chafurdo foi grande. Em tempos mais recentes, especialmente depois da Primeira Guerra, os norte-americanos passaram a nos mandar bobagens e bobagens, que fomos ora deglutindo, ora armazenando para um possível aproveitamento.
Por acolher muito bem os visitantes de todos os recantos, o Brasil passou a assimilar comportamentos e expressões bastante interessantes. De Portugal herdamos a língua e boa parte da cultura, como a cantoria e o cordel. Da França, Itália, Alemanha, Inglaterra e Japão temos assimilado costumes e hábitos alimentares. Entre outras coisas, a África, por exemplo, nos deu a receita da feijoada. Hoje, até as cozinhas árabes e chinesas já nos são familiares. Isso nos levou a formar uma identidade sem similar, embora ainda sejamos uma nação relativamente nova.
Bom, o português que hoje falamos é completamente diferente do português falado em Portugal. Inclusive o sotaque. Por isso, acho que já é hora de se discutir com seriedade o fala do nosso povo, o nosso falar, como fez João Ribeiro em 1933, ao lançar o livro A Língua Nacional. Treze anos antes, Amadeu Amaral entrara no assunto ao publicar O Dialeto Caipira, rico e interessantíssimo estudo feito à luz da ciência, que em edição posterior ganharia maior brilho com notas assinadas por Paulo Duarte (em 1944, um dos livros de Duarte, Língua Brasileira, editado em Lisboa, foi proibido em todo o território português, por obra e mando do Estado Novo de lá).
O tema é tão estimulante que já em 1853 surgia, em Portugal, o primeiro Dicionário Brasileiro, de Braz da Costa Rubim, com o propósito de ensinar (ou esclarecer) aos portugueses o português então falado no Brasil. Trinta anos depois, o filósofo Leite de Vasconcelos também publicava uma obra abordando o mesmo assunto, intitulada Dialeto Brasileiro, em que reconhecia as rápidas transformações por que passava a língua portuguesa no Brasil. Em 1940, foi a vez de o estudioso Edgard Sanches tentar provar com a+b a existência de uma língua genuinamente brasileira, num livro que deu o título de A Língua Brasileira.
Está na hora, pois, de retomar o debate. Enfim, o brasileiro fala brasileiro ou português?
Antes, muito antes do Descobrimento, a língua que se falava por aqui era a língua geral, isto é, o guarani, mas em 1727 Portugal decidiu proibir o uso dessa língua, por entender que o português estava se descaracterizando, donde conclui-se que os absurdos não tem idade nem época para se concretizarem.
Curiosidade: até o século XVIII, falava-se no Brasil duas vezes mais o guarani que o português. Isso é história, está nos compêndios.
Antes de Portugal virar o país que é, não havia a língua portuguesa. A propósito Portugal era apenas um condado fincado na Península Ibérica. Estava ali pertinho da Espanha.
À época, e estamos falando do tempo antigo, os romanos imperavam na região.
O Império Romano dominou a região onde se acha hoje Portugal durante séculos.
Houve muita briga lá na Península.
Como os romanos, os árabes também botaram pra quebrar.
O idioma falado pelos romanos era o Latim.
Havia o latim culto e o latim inculto, o popular, o vulgar.
Foi do latim vulgar que o idioma português surgiu.
Na verdade, outras línguas e dialetos também tiveram influência na formação da dessa língua. A principal influência, diga-se de passagem, foi o galego-português.
Àquela altura Portugal já tinha vida própria.
Importante lembrar que um dos reis que mais força deram à língua portuguesa foi Dom Dinis I, o sexto rei de Portugal, que viveu entre 1261 e 1325.
Dom Dinis, que reinou entre 1279 e 1325, era chegado às artes populares. Dizem que tocava até viola ou coisa parecida. Seus súditos o chamavam de Rei Trovador.
Um dia Dom Dinis se achava no porto observando a movimentação de embarcações. Estranhou ao não identificar nenhuma embarcação com a chancela ou bandeira do seu país. Quis saber a razão, perguntando a um de seus conselheiros. A resposta foi mais ou menos esta: “Não temos madeira especial para construir embarcações”.
Ao deixar o porto, dom Dinis já tomara a decisão de iniciar a plantação de árvores apropriadas para construir navios e tal. Dez anos passados, Portugal já tinha o mar e rios cheios de embarcações.
Outra de dom Dinis: insatisfeito por ouvir seu povo falar em latim enviesado, decidiu oficializar o português corrente.
Tempos depois, mais precisamente em 1536, surgia a primeira gramática ensinando como falar a língua adotada por dom Dinis. O autor dessa façanha foi o padre Fernão de Oliveira (1507-1581).

sexta-feira, 10 de junho de 2022

VIVA A LÍNGUA PORTUGUESA! (1)

O mar inventou o Brasil
E os portugueses, o mar
Tal façanha só foi feita
Pra que se pudesse contar
Que o poeta rei Dinis
Chegou longe sem nadar

Nadar mesmo não sabia
Mas sabia inventar
Foi ele quem inventou
De por seu povo no mar
Balançando sobre as ondas
Foi o mundo conquistar

Tinha já uns trinta anos
Era bom e coisa e tal
Não gostava do latim
Tão falado em Portugal
Depressa ele pensou
Numa língua mais legal

Essa "língua mais legal"
Era a língua portuguesa
Cultivada com esmero
Como flor da realeza
Portugal lhe deu a forma
O tom, graça e beleza

No mundo há muita gente
Falando em japonês
Falando grego e russo
Alemão, turco e chinês
Mas na vida coisa boa
E falar em português


O Brasil é formado por um enorme agrupamento de outros Brasis: 26 Estados e 1 Distrito Federal. O resultado disso é um país absurdamente fantástico, de dimensões continentais, com 8.622.996 quilômetros quadrados, área equivalente a pelo menos 17 Espanhas, 28 Itálias, 206 Suíças, 251 Holandas, 279 Bélgicas e 797 Cubas, ou algo — ainda territorialmente falando — como quase uma China ou Estados Unidos da América, ou duas Índias Inteiras.
Diante disso, um desavisado qualquer pode, ou poderia, concluir que o nosso Patropi é uma espécie de torre de Babel. Mas não é. Aqui todos se entendem, pelo menos linguisticamente. A língua é uma só: o português, embora à essa altura — quatrocentos e tantos anos depois da descoberta — eu ache que melhor seria, sem xenofobia, se pudéssemos chamá-la de brasileira, de língua brasileira.
Mesmo sem outras línguas (ou dialetos), o Brasil carrega no bojo uma peculiaridade especialíssima: o sotaque.
O sotaque da língua de um povo não substitui um dialeto, é claro, pois a língua é a fala de um povo, de uma nação, O sotaque é o canto de uma língua.
Em cada canto ou região do Brasil podem se fazer descobertas verdadeiramente incríveis: para tanto, basta um pouco mais de atenção.
Na Paraíba ou em Pernambuco as palavras têm um sentido bastante diferente do sentido a elas dado no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Nesses lugares, as palavras são carregadas de um quê que não existe em regiões como o Rio Grande do Sul ou Brasília, por exemplo. No Rio, jerimum é abóbora e aipim é macaxeira, pode?
Na Bahia, mais precisamente na capital Salvador, as palavras parecem nascer das ondas do mar, do sol posto num fim de tarde, dos balouçantes coqueirais, do sorriso e do requebro dos quadris das rainhas negras encontradas em cada praça ou esquina; da música, do trinar dos passarinhos, dos tocadores de berimbaus, das danças, dos terreiros de umbanda, das pretas baianas vendedoras de acarajés vindas de mãe África transbordantemente carregadas de carinho, graça e sensualismo.
O falar dos nortistas é um, o dos nordestinos é outro, o dos sulistas etc. Em cada região do Brasil há uma linguagem própria, popularíssima. Sem contar o uso da gíria, que se renova no dia a dia das grandes cidades…

Os paulistas carregam no r, assim: porrrta, porrrteira, aberrrtura, porrrr aí.
No Nordeste, a tônica forte é a vogal, com o som escandalosamente aberto. Pronuncia-se: p(óóó)rta, p(óóó)rteira, ab(ééé)rtura etc. etc. Nessa região, formada por nove Estados — incluindo o Maranhão, terra dos Ribamares —, há muitas outras peculiaridades no linguajar. A consoante v, por exemplo, lá é quase sempre trocada e pronunciada com o r dobrado: cerreja (cerveja), carralo (cavalo), raquinha (vaquinha) etc. E em alguns casos, as palavras chegam a ser totalmente descaracterizadas, como velho, pronunciada como réi. Noutros, o r simplesmente desaparece, como, aliás, o m. Ex.: cab(r)a, viage (viagem), marge (margem), virge (virgem).
Os verbos, nalguns tempos, como no gerúndio, também apresentam mudanças. Ex.: ino (indo), andano (andando),fugino (fugindo). Quer dizer, nesses casos, o d vai para a cucuia, como para a cucuia também vai o tratamento você, humilhantemente reduzido para a forma cê ou ocê, assim pronunciado em quase todo o território nacional.O nordestino fala apressadamente, Por isso, talvez, muitas letras abandonem as palavras, como nos exemplos citados. Curiosidade: quando isoladamente, o e costuma ganhar o som de i (em São Paulo, ê). Pode? Pode, pois este é o Brasil-brasileiro cantado em prosa e verso numa só língua, mas com sotaques diversos nos seus 26 Estados.

domingo, 10 de abril de 2022

DE COMO O ASSASSINATO DE UM JORNALISTA PROVOCOU A QUEDA DE UM REI (4)

Autógrafo de Líbero Badaró

Litografia de Líbero Badaró
Curiosidade: o jornalista Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) foi o sétimo presidente da ABI, por duas vezes consecutivas: 1926 a 1929 e 1930 a 1932. E depois mais uma vez: em 1978 até 2000.
Herbert Moses, que substituiu Lima Sobrinho, em 1933, permaneceu à frente da ABI até 1964. Nesse período, recebeu todas as benesses do poder vigente. Em contrapartida, fez do presidente Getúlio Vargas sócio benemérito da ABI. Uma vergonha para muitos jornalistas.
Isso é história.
Ah! Emiliano Fagundes Varella viria a ser o pai do poeta fluminense Fagundes Varella, autor do poema O Exilado:

… O exilado está só por toda a parte!

Passei tristonho dos salões no meio,
atravessei as turbulentas praças
curvado ao peso de uma sina escura;
as turbas contemplaram-me sorrindo
mas ninguém divisou a dor sem termos
que as fibras de meu peito espedaçava.
O exilado está só por toda a parte!

Quando, à tardinha, dos floridos vales
eu via o fumo se elevar tardio
por entre o colmo de tranqüilo albergue,
murmurava a chorar: -Feliz aquele
que à luz amiga do fogão doméstico,
rodeado dos seus, à noite, senta-se.
O exilado está só por toda a parte!...


Em homenagem ao fundador do jornal O Observador Constitucional, escrevi Hino a Badaró. Este:

Líbero!
Líbero!
Oh! Líbero

O teu nome virou marca
Da Imprensa, da verdade
E da luta de quem luta
Pela paz e liberdade!

Como jornalista lutaste
Desassombradamente
Defendendo nossa Pátria
Nossa terra, nossa gente

Mas isso teve um preço
Que pagaste com a vida
A bala que te matou
Deixou a terra ferida

Com firmeza declaraste
Antes de virar saudade
Que morria um liberal
Mas jamais a liberdade

Líbero!
Líbero!
Oh! Líbero

O teu nome virou marca
Da Imprensa, da verdade
E da luta de quem luta
Pela paz e liberdade!


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 9 de abril de 2022

DE COMO O ASSASSINATO DE UM JORNALISTA PROVOCOU A QUEDA DE UM REI (3)

Litografia de Badaró
Os restos de Giovanni Battista Libero Badaró, trasladados da Igreja do Carmo, acham-se no cemitério paulistano da Consolação. No dia do traslado, em 1889, foi distribuído a quem esteve presente uma litografia retratando o perfil de Badaró.
Não custa lembrar que foi Badaró o primeiro jornalista a ser assassinado por defender suas idéias no jornal que fundou, indo de encontro aos interesses de poderosos de plantão.
Foi também Badaró o primeiro jornalista a falar de Liberdade de Imprensa. Exemplo:

Muitos já disserão e muitos repetirão: que a liberdade de imprensa era a alma de qualquer governo fundado sobre direitos e não sobre força: mas também muitos não o entenderam ou fizeram mostra de não entender e continuárão a vociferar, que tudo se não devia dizer, que ninguem se devia metter nos negocios do governo, que os empregados bons e máos, se devião respeitar por causa da bôa ordem e do socego, e mil outras cousas tão mesquinhas como estas, que descobrem o fraco d’estes taes e confirmam admiravelmente o ditado “que o peior surdo é aquelle que não quer ouvir”...
(…) De todas as garantias que o pacto social concede aos cidadãos, parece-nos, que a liberdade inteira de publicar os seus pensamentos (salvo responder pelos abusos) seja aquella a quem menos se deve atacar; por isso que em certa maneira é o guarda de todas as outras. Um governo que queira o bem dos povos, já temos indicado quanto precisava d’esta liberdade, principalmente em um paiz aonde tudo ha de se fazer ou modificar, e aonde as leis para serem efficazes, devem ser não sómente bôas, mas tambem conformes ao voto geral. É por isso, que a liberdade de imprensa torna-se a melhor garantia do governo, quando as suas operações não são escondidas e tenebrosas, pois que tendo sido discutidas, examinadas pela nação e adoptadas aquellas que mais com o voto d’ella se conformão, ella tem um interesse particular de sustentar a sua obra e de repellir qualquer ataque que se tencionasse fazer-lhe. Mas pelo contrario quando tudo se faz ás escondidas, quando o cidadão ignora o motivo e a utilidade das medidas do governo, quando vê os inconvenientes sem vêr as vantagens, então se entregará ás desconfianças, ás maquinações, deixando-se facilmente seduzir pelos hypocritas, que, vociferando continuamente as vantagens do povo, querem sómente pescar nas aguas turvas…

A morte de Libero Badaró foi uma morte anunciada, como se vê.
O dia 7 de abril é o Dia do Jornalista.
Esse dia é, também, o dia em que foi fundada a Associação Brasileira de Imprensa, em 1908.
O fundador dessa Associação foi o jornalista Gustavo de Lacerda (1854-1909). Socialista, negro e pobre. E assim morreu num 4 de setembro.
Lacerda criou a ABI, inicialmente chamada de Associação da Imprensa dos Estados Unidos do Brasil, com o propósito de dar garantias trabalhistas a seus associados.
A data de criação da ABI tem nada a ver, ou se tem é muito pouco, com Libero Badaró. Não custa lembrar, porém, que foi no dia 7 de abril de 1831 que o Imperador Pedro I, chamado de O Rei Soldado, abdicou da coroa a favor do filho, Pedro II.
A renúncia à coroa de Pedro I tem a ver com a repercussão extraordinária da morte de Giovanni Battista Libero Badaró.
Badaró era a favor do liberalismo e contra o obscurantismo de Pedro I.
A rua Nova de São José ganhou nova denominação no dia 24 de agosto de 1916. Desde então é rua Libero Badaró, que liga o Mosteiro de São Bento ao Largo de São Francisco, SP.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

DE COMO O ASSASSINATO DE UM JORNALISTA PROVOCOU A QUEDA DE UM REI (2)

Clique na imagem para ler o texto

Túmulo de Líbero Badaró, no
Cemitério da Consolação
De fato, constatou-se depois que Badaró tinha razão. Mas só um dos criminosos, de nome Henrique Stock foi preso e levado a julgamento. Primeiro na província de São Paulo, depois no Rio de Janeiro, onde foi absolvido.
Todos os caminhos, até aqui conhecidos, levam a um mandante do crime: Cândido Ladislau Japiassú, ouvidor geral da província de São Paulo e inimigo nº 1 de Badaró.
Badaró virou inimigo de Japiassú quando passou a chamá-lo de ignorante e inimigo do povo. E “um caligolazinha”.
Japiassú, por sua vez, via em Badaró um inimigo que precisava ser aniquilado, o mais rápido possível.
No leito de morte, o fundador do jornal O Observador Constitucional disse mais de uma vez, para quem quisesse ouvir, que o mandante do crime de que fora vítima era Japiassú. E disse mais, convicto do seu fim: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.
Essa última fala de Badaró se acha reproduzida na matéria que começa na 1ª e termina na 2ª página do jornal que fundara, edição de 26 de novembro de 1830 (acima).
Curiosidade: na 1ª edição de O Observador Constitucional, lançado no dia 23 de outubro de 1829, Badaró já dizia que “não devia vegetar no Brasil a planta do despotismo”, mostrando com clareza o seu perfil de homem livre.
Depois, na edição de 17 de setembro 1830 ele diz, prevendo o seu fim:

(…) altamente declaramos que não temos o menor medo de ameaças. Aconteça o que acontecer, a nossa vereda está marcada e não nos desviamos dela: não há força no mundo que nos possa fazer dobrar, senão a da razão, da justiça e da lei. Estamos em face do Brasil e para servi-lo daremos por bem empregada a vida. A opinião pública está bem fixa a respeito de certa gente; qualquer atentado lhe será imputado, e ficarão com um crime a mais, sem que isso acabe com os públicos escritores…

E tinha razão.
Em sessão especial da Câmara de Vereadores da Capital da província de São Paulo, realizada no dia 20 de dezembro de 1830, o nome do ouvidor Japiassú voltou à baila:

(...) Os membros desta Câmara asseveram que o Ouvidor denunciado é o autor desse crime, porque estão tão certos disso, assim como estão da sua existência. Deixando pois chicanas, e desdenhando a censura de pretendidos apáticos que exigem a frieza do gelo em todas as peças oficiais, a Câmara muito pelo contrário, sendo como é composta de cidadãos, que ou nasceram debaixo do ameno clima paulistano, ou a ele ligaram sua existência, clama vingança e invoca o Brasil inteiro contra o malvado que veiu ludibriar sua pátria, assassinar seus concidadãos, e fez quanto pôde para torná-la o teatro da guerra civil, da carnagem, e da assolação

Usando de foro privilegiado a que tinha direito, o ouvidor Candido Ladislau Japiassú escapou ileso das acusações. Sequer foi a julgamento.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (10)

São Paulo, poema de Paulo Vanzolini

Nesta minha cidade de São Paulo, 
Neste meu berço, nesta minha arena, 
Eu sou, na noite, uma espécie de poeta das menores e mais fáceis 
Que sai sem rumo e volta sem destino 
Traçando o chão por força do costume e não faltando no braço ao dia a dia. 
Na noite entrante, nas peludas asas da morcega madrugada 
Sobrevoo meu chão, num giro míope, cada vez mais certo 
Na segurança de encontrar sem pressa minha minúcia, meu detalhe, meu flagrante 
O ponto fino de contato e entendimento que é reforço de umbigo e de semente 
Que me marca sem dúvida e que me dá certeza da noite e da manhã de mim. 
Neste meu berço, nesta minha arena, neste meu chão, 
 Nesta minha cidade de São Paulo
 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
Praça da Sé, forró de Durval Souto

A Praça da Sé 
É a praça do povo 
Todo domingo 
É um domingo novo
 
É comedor de gilete
Engulindo fogo 
Cobra venenosa 
Serve de remédio 
Mas a vida dessa gente 
Não se resume num prédio 
Sanfoneiro perdido tocando forró 
Bilheteiro vendendo a idade da avó 

São tantas as esperanças 
Que a vida se trai São tantas as esperanças 
Que a vida é maior 
Pra quem veio com a ilusão de ser engenheiro 
De repente olha a caixa eu sou biscateiro 
Mas meu orgulho de raça 
Olha a sorte que eu tive
 Estou é fazendo um curso de detetive 
Vou escrever para minha mãe 

Que sou importante 
Mas aqui peguei peso como um elefante 
Não vejo a hora de regressar 
Pois tomei consciência vou pro meu lugar 

A Praça da Sé 
 É a praça do povo 
Todo domingo 
É um domingo novo
 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
A Briosa Colônia Nordestina em São Paulo, mote decassílabo Sebastião Marinho e Andorinha

Zona Sul, zona Norte, Leste, Oeste 
Do Tucuruvi a Jabaquara 
Guaianazes a Lapa, Vila Iara 
Em qualquer direção São Paulo investe
A chegada do povo do Nordeste 
Transformou a metrópole da bandeira 
A maior do Brasil e a primeira 
De toda a América Latina 
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira

Osasco, Guarulhos, Arujá, 
Carapicuíba, Itapevi 
São Bernardo, Poá, Barueri,
Santo André, Diadema e Mauá
Cubatão, Bertioga a Guarujá 
Toda Santos, a região praieira 
Da serra do mar na Cantateira 
A grande São Paulo nos fascina 
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira

Paulistano da gema come angu 
Vatapá e jabá com gerimum 
Casquinha e pirão de guaiamum 
Xerém tapioca e bijou 
Buchada pirão de aratu 
E sarapatel com macaxeira
Bobó de galinha capoeira 
Carne seca e moqueca de corvina 
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira

São milhões e milhões de paulistanos 
Divididos em filhos cearenses 
Piauenses, maranhenses 
Pernambucanos, alagoanos 
Potiguares, baianos 
Sergipanos e paraibanos de primeira 
E a megalópole brasileira 
Galopante para o mundo descortina
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira

São Paulo já tem aboiador 
Forrozeiro nos clubes e shows nas praças
Restaurantes e bares têm cachaças 
Pratos típicos do nosso interior 
Cordelista, coquista, embolador 
Mês inteiro.no parque, praça, feira 
Cantador repentista e rezadeira 
Mamulengo e forró em toda esquina 
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira

Do Nordeste em São Paulo tem pedreiro
Faxineiros, políticos, cientistas 
Empresários, juristas, jornalistas 
Militares, artistas, engenheiros 
Zeladores, vigias, cozinheiros
Obstetras, doméstica e enfermeira 
Professores de química e capoeira 
Português, matemática e medicina.
A briosa colônia nordestina 
Fez São Paulo crescer dessa maneira
 
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, poema de Téo Azevedo

Faculdade de Direito 
Do largo de São Francisco 
Lhe decanto com a viola 
Canção que eu gravei num disco 
Eu relembro seu passado 
No dia onze de agosto 
Quando você foi criada 
Deu São Paulo um fino gosto 
Convento de São Francisco 
Sua oficial morada 
E no estilo barroco 
Você foi edificada 
Lembro de José Arouche 
Seu primeiro diretor 
E na arte do Direito 
Você é mestre e doutor 
Falo de Ademar Brotero 
Que foi o primeiro lente 
E lá no curral dos bichos 
Se encontrava muita gente
O nemine discrepante 
Era o grau de bacharel 
Os Gerais ficou marcado 
Nesse ponto tão fiel 
Manuel Dias Toledo 
O tempo não esqueceu 
E capelo, recebeu 
E o Teixeira de Freitas 
Também foi o seu filho
Leis civis com muito brilho 
No edifício de taipa 
Que foi o velho convento 
Franciscanos, jesuítas 
Do direito um lenimento 
Repúblicas de estudantes 
De todo lugar do mundo 
O Ensaio Filosófico 
E o Ateneu profundo 
Da nossa independência 
E também abolição 
Seu papel foi importante 
Para o bem dessa nação 
O Julio Frank e a Bucha 
Acadêmicos das Arcadas 
Encontros Misteriosos 
Iam até nas madrugadas
Eu lembro filhos ilustres 
O querido Rui Barbosa 
E também Joaquim Nabuco 
Castro Alves verso e prosa 
O Álvares de Azevedo 
E o Fagundes Varela 
Maria Augusta Saraiva
Uma mulher muito bela 
Viva Monteiro Lobato 
Viva Oswald de Andrade 
E o Menotti Del Picchia 
O Paulo Eiró, que saudade 
Salve Olavo Bilac 
E o José de Alencar 
Pois são tantos vultos juntos 
Que não dá para contar 
Viva o Centro Acadêmico
De idade tem cem anos 
Dia onze de agosto 
A pindura tá nos planos
Salve o território livre 
Piqui, piqui e meia hora
No direito de ir e vir 
É que o rá-tchim-bum chora
 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 
São Paulo Antigo, moda campeira
Caetano Erba/Cacique

Lendo um livro de um velho amigo 
Meu São Paulo antigo pude rever 
Histórias concretas, gravuras pintadas 
Muito bem narradas no meu entender
 No Beco dos Barbas, caminho dos homens
Que hoje seu nome é “porto geral” 
Tamanduateí, caminho dos barcos
 Foi o grande marco na era imperial. 

Quem viveu nos Campos Guaré 
Que hoje, então, é o bairro da Luz 
Não são fantasias que faz o poeta
 São coisas concretas que a história traduz 
A igreja da Sé com suas torres quadradas
 Uma obra arrojada no estilo imperial 
Mil e novecentos, pois foi demolida 
Para ser erguida a nova catedral. 

Tanque no zuniga hoje é o Paissandu
 Ladeira do Açú, hoje é a São João 
E no Martinelli mudou-se bastante 
Esquina importante no Café Brandão. 
Lá no Ouvidor, seu nome era assim 
Largo do Capim no tempo que foi 
Lugar que passavam gente da roça 
Charretes, carroças e carros de boi. 

Seresta se ouvia pela noite adentro 
Nas ruas do centro à luz do lampião 
Nasceu outro centro do lado de lá 
Viaduto do Chá fez a ligação 
Saudade ficou do velho bondinho
 E novo caminho aqui se implantou 
Os trilhos montados subterrâneo 
E o paulistano já tem o metrô.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (9)

São Paulo em verso e música

São Paulo de Todos Nós
, canção Téo Azevedo/Peter Alouche

Vim de terras bem longínquas 
Abrigar-me no teu calor 
Fugi da fome de solos áridos 
Fugi de guerras de almas secas 
Vim da Sicília, vim do Japão 
Sou português, sou catalão 
Sou libanês, perdi meu chão 
Não tenho pátria, sou judeu errante 

Vim procurar paz, lar e pão
Sou branco, sou negro, sou oriental 
Sou nordestino do sertão 
Deixei a casa onde eu nasci 
Ah! Que saudades do Cariri! 
Vim descobrir minha esperança 
Ao te pedir chão e trabalho 
Com muita lágrima e suor 
Fui perseguir teu futuro 
Edifiquei tua riqueza 
Tornei-te forte e poderosa 
A mais altiva da nação. 
São Paulo, São Paulo de todos nós
Ao te ver de braços abertos 
Te adotei no coração.
 

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Viagem por São Paulo, rap Costa Senna

Já passei em Parelheiros 
Perto de Embu-Guaçu, 
Fui a Itapecerica 
De lá pulei pro Embu. 
Não me lembro qual o dia 
Me aproximei de Cotia 
Vi a Regis Bittencourt. 

Cruzei Carapicuíba 
E toda Barueri, 
Santana do Parnaíba 
Lá que parei pra dormir; 
Cajamar, Parque 
Anhanguera 
Não lembro que data era 
Mas sei que passei ali. 

Caieiras, Mairiporã, 
Guarulhos e Arujá; 
Lá em Itaquaquecetuba 
Tive o prazer de pisar. 
Em uma noite sem luz 
Passei em “Mogi das Cruz” 
Onde pretendo voltar. 

Suzano penetrei nela 
Pela estrada do morro, 
Quando entrei em Cubatão
Fui mordido por cachorro. 
Não parei naquela terra, 
No Rio Grande da Serra 
Que me prestaram socorro. 

São Caetano do Sul, 
São Mateus e Santo André; 
Em São Bernardo do Campo 
Me aplaudiram de pé. 
Não sei se cometo engano 
Tem outro São Caetano 
Mas eu não sei onde é. 

No São Miguel Paulista 
Já fui me apresentar 
E no Itaim Paulista,
Bem pertinho de Poá, 
Ferraz de Vasconcelos 
Onde um dos Vasconcelos 
Me convidou pra almoçar.

Por toda a São Paulo o poeta já passou.
Por toda a São Paulo o poeta já passou.
A Cidade Tiradentes, 
A Terceira Divisão, 
As zonas da Zona Leste 
Despertam meu coração, 
Ali o grito do povo 
Morre mas nasce de novo 
Em busca de solução. 

Vila Matilde, Itaquera, 
Guaianazes, Mauá, 
Vila Prudente ou Formosa, 
Ipiranga vou citar. 

Não sei se foi verdadeiro
Mas sei que Pedro Primeiro 
Soltou seu grito no ar. 
Conheço Ribeirão Pires, 
Mooca e Tatuapé, 
Vila Guilherme ou Maria,
Nome da santa mulher, 
Cangaíba, Belenzinho, 
Deus me olha com carinho 
Pois sou um homem de fé.

Fiz discurso em Sapopemba,
Militei em Diadema. 
O poeta popular 
Protesta contra o sistema 
E mesmo estando cansado,
Lá no Parque do Estado, 
Pichei um grande poema

Por toda a São Paulo o poeta já passou

De Jabaquara à Saúde 
Três estações de metrô. 
Onde fica Indianópolis? 
Me responda por favor 
A festa da primavera 
Transforma o Ibirapuera 
No mais perfeito esplendor. 

Após a Vila Mariana 
Já é Aclimação,
Cambuci e Liberdade
Que no Brasil é Japão; 
Digo perante a vocês 
Que o povo japonês 
Merece a nossa atenção.

A paranoia da Sé 
Com a louca agitação, 
Depois a Santa Efigênia
E a Avenida São João; 
Preciso dar um suspiro 
Que rima com Bom Retiro 
E segue a composição... 

Jaçanã, Tucuruvi, 
Brasil Grande, 
Cachoeirinha, 
Espero que a Casa Verde 
Já esteja madurinha; 
A Freguesia do Ó 
Santana friso melhor 
Porque conheço todinha.

Osasco, Jabaquara,
Pirituba, Jaraguá,
Do Limão à Barra Funda 
Cruzei lugar por lugar, 
Me sentiria feliz 
Se encontrasse em Perdiz 
Um lugar pra eu morar

Adoro a Santa Cecília, 
Curto a Consolação, 
Bixiga, Bela Vista 
É minha grande paixão.
Linda Vila Madalena, 
Mesmo não sendo pequena, 
Te levo em meu coração. 

Cidade Universitária 
Faz divisa com Pinheiros, 
Ali amei uma mina 
Corpo lindo por inteiro,
Me amou depois partiu
Talvez porque descobriu 
Que eu não tinha dinheiro. 

Ermelino Matarazzo, 
Jardim América, Brás,
Pari, Cerqueira Cesar,
Cruzei via marginais; 
É preciso andar com mapa 
O Paraíso e a Lapa 
Não posso deixar pra trás.

 Santo Amaro, Campo Limpo,
Andei de carro e a pé, 
Grajaú, Parque Cocaia, Eliana, São José,
Conheço todo lugar, 
Já fui até me banhar 
Na Ilha do Bororé. 

Pelo Taboão da Serra 
Não lembro quando passei, 
Na Capela do Socorro 
Na sexta-treze rezei.
No domingo de manhã 
Na feira do Butantã 
Ali me apresentei. 

Pantanal, Capão Redondo, 
Granja Viana, Carrão, 
Heliópolis, Imirim,
Brooklin e Jardim Japão. 
São Paulo é com prazer 
Que ofereço a você 
Toda a minha inspiração. 

De Cubatão a Perus, 
Embu-Guaçu, Jaraguá;
Dessa tão Grande São Paulo 
Já terminei de falar.
Se alguma coisa faltou, 
Não sou um computador, 
Sou poeta popular. 

Se alguma coisa faltou,
Não sou um computado 
Sou poeta popular.
 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

SÃO PAULO EM PROSA, VERSO E MÚSICA (8)

 Olhares sobre São Paulo
Assis Ângelo pediu a alguns de seus “considerados” que enviassem depoimentos sobre São Paulo. 

Eles estão reproduzidos a seguir:

São Paulo em notas e versos

A presença e a contribuição de Assis Ângelo na cultura nacional estão consagradas na sua vasta obra de pesquisador e de artista. O seu esforço em reunir cerca de três mil músicas e composições de alguma forma relacionadas com a cidade de São Paulo constitui um reconhecimento à altura da metrópole fundada pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta e que se tornou símbolo e síntese da grandeza do Brasil. A alma nordestina e a brasilidade de Assis Ângelo ganharam asas e inspiração em São Paulo, e o apreço pela cidade mobilizou o pesquisador na busca das demonstrações de carinho e amor de tantos quantos músicos e compositores tomados pela mesma paixão. Assis Ângelo deve a São Paulo o acolhimento generoso que recebeu, e São Paulo deverá para sempre ao ilustre paraibano de João Pessoa o acervo musical de merecidas homenagens.

Aldo Rebelo − Jornalista e escritor

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Encantos de São Paulo

Uma cidade tão grande e diversa e produtiva quanto São Paulo haveria de ser inspiração para farta produção de música diversa e, muitas vezes, grande. A Pauliceia e muitos de seus bairros e logradouros − a Praça da Sé, a Avenida Paulista, o aeroporto de Congonhas, o estádio do Pacaembu, a Mooca, a Pompeia − têm inspirado tantas obras musicais quanto as atrações cariocas, excelentes cartões de visita para passeio e lazer, ao passo − passo bem paulistanamente ligeiro − que os encantos de Sampa refletem esforço, trabalho, luta pela vida, até o prazer é conquistado. Este que vos escreve precisou aprender a entender a cidade onde nasceu para vir a gostar dela. Vivi dos 12 aos 22 anos no interior paulista, sempre reclamando da poluição, agitação e neurose da “capitár”. Mas, uma vez de volta, em dois anos me assumi de vez como paulistano. E, como compositor, já escrevi algumas dezenas de canções, quase sempre bem-humoradas, sobre a terra onde a garoa é mais garoa.

Aqui vai uma de bom humor lírico: 

Ayrton Mugnaini Jr. – compositor

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

I Love that Dirty Water

Em 1991, como correspondente de The Financial Times, fui convidado para fazer parte de um grupo minúsculo de jornalistas, quase todos brasileiros, que se encontraria com o governador Luiz Antonio Fleury Filho. O governador anunciou um empréstimo então recorde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a despoluição do Rio Tietê. Fiz uma matéria relativamente extensa para aquele grande jornal inglês. Tanto dinheiro para um projeto ambiental era inédito. Depois, Fleury prometeu beber água do rio no ano 2005. Nada disso. Em 2007, em parceria com a TV PUC São Paulo, recorri quase todo o rio, desde a fonte (onde, sim, eu bebi um copo de água) até lá longe, no interior, onde o rio finalmente voltava a desfrutar a vida. Acompanhei uma peça de teatro flutuante dento da cidade de São Paulo, uma iniciativa que simbolizava a importância cultural do rio para a metrópole. Ao pousar em Guarulhos no final do ano, vindo de Paris, para minha primeira visita desde o começo da pandemia, vi a triste realidade: milhões de dólares e duas décadas depois, o rio continuava morto. 

O título acima vem da música de mesmo nome pelo conjunto The Standells, gravada em 1966:

 

Os roqueiros cantavam o Rio Charles, de Boston. Naquela época, quem caía no rio da cidade de Boston era encaminhado para o hospital. Hoje você pode nadar no Rio Charles. Até quando esperar para a volta do Tietê? 

Bill Hinchberger – jornalista norte-americano

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Um pulo em São Paulo

O sonho de quase todo garoto do interior do Brasil é ir para cidade grande. Para um garoto do sertão baiano, o destino, no sonho desse garoto, é São Paulo. Comigo não foi diferente. No Paiaiá, povoado do município de Nova Soure (BA), vivi até os meus 21 anos de idade. Mas desde a infância São Paulo já passeava na minha imaginação. Um dia dou um pulo em São Paulo, pensava, ao ver muita gente chegar de férias e com um novo visual. No dia 10 de janeiro de 1999 desembarquei no Terminal Rodoviário do Tietê. Do espanto inicial, por contemplar o vaivém dos carros, o pra lá e pra cá de um monte de gente apressada que parece não encontrar seu destino, há uma relação de amor e muito afeto. São Paulo é minha segunda casa. Depois do meu Paiaiá, é a cidade que mais amo. A cidade onde aprendi o pouco que sei; cidade que continua a me ensinar. Obrigado, São Paulo!

Carlos Sílvio Ramos – radialista (Paiaiá na Conectados)

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Vim-me embora pra São Paulo

 Vim-me embora pra São Paulo. Aqui não sou amigo do rei. Aqui não tenho a mulher que eu quero nem a cama que escolherei. Vim-me embora pra São Paulo. Lá, no sertão baiano de Nova Soure, eu não era infeliz. Aqui a inexistência é uma desventura de tal modo pertinente que Getulio Vargas, do Sul, rei e falso dirigente, vem a ser contraindicado até para a sogra que já tive. E como não farei academia, não andarei de motobói, não montarei em viatura braba da Rota, não subirei em arranha-céus, não tomarei banhos de enchente? E, quando não estiver cansado, levanto na beira do rio Tietê, mando chamar os bueiros de esgoto pra me desmentirem as histórias que, no tempo de eu adulto, a Turma da Mônica jamais iria me contar. Vim-me embora pra São Paulo. Em São Paulo, não tem tudo. É outra esculhambação. Não tem um processo seguro de impedir o assalto e qualquer violação. Não tem mais bondinho elétrico, não tem mais madrugadas à vontade. Não tem mais acompanhantes vestidas para a gente azarar. E quando eu estiver alegre, mas alegre de ter um infarto na poluição, quando na garoa da manhã me der vontade de viver, aqui não sou amigo do rei, não terei a mulher que eu quero nem a cama que escolherei. Assim mesmo e apesar de tudo, vimme embora pra São Paulo.

Darlan Zurc − historiador

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Por que estou em São Paulo

 Só podia ser uma cidade com nome de um santo – São Paulo – a que me acolheu, depois de longos anos de batalha nesta minha vida. São Paulo, você vem me dando tanta alegria e profissionalismo que não me vejo saindo daqui pra morar em outro lugar! Aqui, eu consolidei minha carreira de músico, cantor e compositor; conheci pessoas; conquistei espaços para criar e implantar muitos projetos educacionais e culturais! Aqui, eu criei meus filhos, minha família e fiz grandes amigos... e me criei como cidadão! Eu até fiz músicas pra São Paulo!... Uma, São Paulo, Esquina do Mundo, com o jornalista e escritor Assis Ângelo, e a outra, Cruzando a Pauliceia, com o músico Fubá! Além, claro, de tocar e cantar, em shows com Tom Zé, duas grandes músicas feitas para a cidade, que são: Augusta, Angélica e Consolação e São São Paulo. Agora, SÃO PAULO, continue me acolhendo e me ensinando a ser uma pessoa cada vez melhor! Obrigado, São Paulo!!!

Jarbas Mariz – músico, cantor e compositor

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Valsa Paulistana

 No ano de 2005 foi criado na cidade de Salzburg, na Áustria, o Instituto Karajan, na casa onde nasceu o maestro. Nesse Instituto estão armazenados todos os dados e documentos da vida e carreira do maior maestro da segunda metade do século XX em todo o mundo. O Instituto é um centro cultural que promove hoje os mais diversos eventos e atividades culturais. Quando ele foi inaugurado, em 2005, um grupo de instrumentistas da Filarmônica de Berlim − orquestra que ele regeu por mais de três décadas − foi convidado para participar da festa de inauguração, já que a orquestra inteira não caberia na casa. Esse grupo de instrumentos de sopro pediu-me que escrevesse uma peça bem brasileira para animar a festa de inauguração. Pois bem. Enviei a eles a mais brasileira das músicas, uma valsa. Uma Valsa Paulistana. Os alemães morreram de rir. Como uma valsa “bem brasileira” para a “terra da valsa”?
Mas, a nossa valsa não tem nada a ver com as valsas vienenses, dançantes, festivas. Nossa valsa, de estilo paulistano, é sentimental, lenta, chorosa... Bem. A Valsa Paulistana foi executada, com enorme sucesso, e gravada pelo Quinteto de Sopros da Filarmônica de Berlim, selo BIS 952. O CD chama-se Summer Music. Essa valsa para quinteto de sopros foi acrescentada a uma suíte de nome Belle Époque in Süd-Amerika, juntamente com um tango e um choro. A partitura completa dessa suíte encontra-se gratuitamente no site Musica Brasilis. 

Júlio Medaglia − maestro

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Memórias de São Paulo

Cheguei em São Paulo num frio domingo de março de 1978. Eu conhecia a capital paulista dos postais que mostravam uma cidade com muitos prédios, uma linda praça, a República, e a Avenida Paulista, com seus arranha-céus futuristas. Ao descer do ônibus, em Cumbica, bairro de Guarulhos, então com ruas de terra e grandes muros, típicos de uma região industrial, me decepcionei profundamente: “Como São Paulo é feia”, pensei. Somente meses depois passaria a conhecer, de fato, a cidade, como office-boy de uma agência de turismo sediada na Praça da República. Me apaixonei perdidamente, como era de se esperar. São Paulo, a mais cosmopolita das cidades brasileiras, me ofereceu uma profissão, de jornalista e professor, uma boa condição de vida, uma filha, a querida Júlia, e o gosto pela história, adquirida no tempo em que trabalhei cuidando da estante da área em uma livraria, e na condição de repórter de dois jornais, Estadão e Diário Popular, em que escarafunchei essa cidade de alto a baixo. Enfrentei, claro, muitas dificuldades, típicas de um forasteiro tentando se estabilizar − no caso, de um pernambucano do sertão, em plena metrópole −, mas sempre deu certo. Enfim, fico contente em saber que, depois de 42 anos, conquistei a tão sonhada “cidadania” paulistana e estou, a cada dia, mais apaixonado por esta grande cidade. Abraços a todos e todas conterrâneos. 

Moacir Assunção – jornalista 

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

São Paulo de todos nós

 Realmente, São Paulo é do mundo todo. Nas pesquisas, São Paulo é a quarta maior cidade do mundo em população, mas em se tratando de espaço, cidadania, trabalho, liberdade, paz e amor, para mim ela é a maior do mundo. Porque, além do trabalho, ela tem de tudo que um ser humano precisa para viver ou sobreviver. Para isso basta que lhe seja um cidadão que respeita o direito de ir e vir, que vive e deixa os outros viverem. Sou mineiro de Alto Belo, distrito de Bocaiúva, no norte do estado. Fui para São Paulo em 1969, e por lá estou até hoje. Rodei o Brasil todo. Estive em Portugal, mas São Paulo nunca saiu do meu coração. Tudo que tem pelo mundo afora você acha em São Paulo. Pra viver em São Paulo basta saber navegar, não importa se é rico ou se é pobre. Fiz mais de 30 músicas em homenagem a essa gigante de cimento e continuarei até o fim dos meus tempos exaltando os paulistas e os paulistanos. A minha carreira artística eu devo muito a essa cidade fantástica e sua gente. A minha eterna homenagem a São Paulo. 

Téo Azevedo – músico, cantor e compositor

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Bilhete paulistano para Assis Ângelo 

No início da carreira, algumas dificuldades me levaram a fazer o que eu chamava de “reportagem cantada”. Primeiro foi em Irará, com as pessoas e casos de lá. Depois, em Salvador, com seus personagens históricos, monumentos que são muito vivos etc. Quando cheguei em São Paulo, eu, que componho sobre meu entorno, fiquei sem saber a que me referir nos primeiros dias. O que me salvou foi que na rua 7 de Abril entrei para ver um filme chamado São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person. Mudou completamente o meu jeito de ver a cidade e seus problemas. Comecei a escrever as canções que fizeram meu primeiro disco, chamado Tom Zé – Grande Liquidação. Ou seja, continuei, como era e é meu costume, a fazer canção sobre o que está à minha volta. Essa “liquidação” tematiza a explosão da venda a crédito, que anteriormente era uma maldição para o comércio. Circulava até um dito: “Fiado, cinco letras que choram”. Mas o fiado passou a ser uma insistência. No dia 21 de abril de 1968, quando acordei e cheguei à porta de casa, estava fazendo muito frio. Frio mesmo, que hoje não faz mais.
Eu estava na Rua Conselheiro Brotero e me dirigi para a Alameda Barros. No meio do quarteirão havia uma banca de revistas e nela, uma grande manchete: Prostitutas invadem o centro da cidade. Em vez de tremer frio, comecei a tremer de emoção. E naquele instante me ocorreu toda a forma da canção São São Paulo, Meu Amor. Quando você encontrava uma pessoa ela quase imediatamente começava a falar mal e a enumerar os defeitos de São Paulo. Achando que assim se identificava, mostrando que estava “por dentro”. Reuni esses “defeitos” e discuti-os no refrão. Tá bom, Assis Ângelo, pode chamar tudo isso que falei de “paixão por São Paulo”. 

Tom Zé – músico, cantor e compositor

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Bairros de São Paulo em cordel

A Editora Nova Alexandria de São Paulo desafiou há uns dez anos o poeta, cordelista e cantador Cacá Lopes a escrever a história dos bairros da cidade em cordel, para publicar no site da empresa com o título Bairros de São Paulo em Cordel. 
Cacá aceitou o desafio e escreveu de oito a dez estrofes em sextilhas sobre uns 30 bairros, tendo publicado três em gráfica: as histórias de Guaianases, Itaquera e São Miguel Paulista. Os folhetos sobre a Freguesia do Ó e Francisco Morato estão no prelo. Também já publicou cordéis sobre as cidades de Cajamar e Louveira, no interior paulista, distribuídos nas escolas e bibliotecas da região.
Em outra obra poética, o cordel Palavras de Origem Tupi Guarani, que publicou em parceria com Josué Gonçalves, pela Editora Cordel, do mestre Kydelmir Dantas, Cacá Lopes cita em versos os seguintes locais e bairros de Sampa: Anhangabaú, Aricanduva, Cambuci, Arujá, Anhanguera, Ibirapuera, Iguatemi, Butantã, Jaçanã, Guarapiranga, Sumaré, Canindé, Morumbi, Mooca, Itapecerica, Tremembé, Ipiranga e Jabaquara, entre outros.

Cacá Lopes, músico e cordelista

Viajando na história 
Fui de aluno a professor, 
Sobre alguns bairros paulistas 
Que pesquisei com ardor, 
E agora neste Cordel 
Repasso para o leitor.



Brás

O migrante é povo forte
Busca o sonho, é capaz,
Foi assim que muita gente
Deixou tudo para trás,
E veio para São Paulo
Para trabalhar no Brás

Esse distrito que está
Bem na Região central,
À leste do centro histórico
De São Paulo capital,
Nas terras de José Brás
Que se tornou imortal.



Santo Amaro

No universo dos versos
Cada verso eu encaro,
Laço, teço, ouso, busco
Meço, rimo, nunca paro,
Chego, canto a Zona Sul
Começo por Santo Amaro

Aldeia de Jeribatiba
Tantas vezes visitada,
Por José de Anchieta
Firme na sua jornada,
Sobre a criação da vila
Após ser catequizada



São Miguel Paulista

Mais um bairro de São Paulo
Acrescento em minha lista,
Ao descrevê-lo em cordel
À memória se avista.
Minha homenagem em versos
Para São Miguel Paulista

Feche os olhos, imagine
Como tudo começou,
De’um aldeamento indígena
A vilinha se formou,
Narro poeticamente
Quem o lugar desbravou.


Cidade Tiradentes

A Cidade Tiradentes
No fundão da capital,
Um conjunto periférico
E monofuncional,
Tipo bairro dormitório
De proporção sem igual.

Na América Latina
É tido como o maior
Complexo habitacional
Com conjuntos ao redor,
Do bairro que a cada dia
Em “infra” fica melhor.


Capão Redondo

Capão é uma porção
De mato quase isolado,
No meio de um grande campo,
Já o bairro retratado,
Do tupi – mato redondo
Vem o seu significado.

O nome Capão Redondo
Foi dado por moradores,
Os primeiros habitantes
Fortes colonizadores,
Também praticavam caças
E eram bons pescadores.



Itaquera

Itaquera – Zona Leste
Seu povo quero saudar!
Trago um canto diferente
E quero lhe ofertar,
Um Cordel com sua história
À memória do Lugar

Itaquera é pedra dura
Vem do Tupi Guarani,
Dizem que Tomé de Souza
Um dia passou aqui,
Pela estrada de Santos
Próxima do Iguatemi.



Paraisópolis

Povo de Paraisópolis
Estou chegando pra rimar,
A história desse bairro
Na cultura popular,
Convido você leitor!
Para no tempo voltar.

O processo começou
Lá na década de cinquenta.
A colônia japonesa
Toma posse e logo tenta,
Transformar as suas chácaras
De grileiro não se isenta

POSTAGENS MAIS VISTAS