São nove os países que falam a língua portuguesa. Língua difícil e bela.
No nosso alfabeto há 26 letras, incluindo o K, W e Y. Em 1953, o compositor pernambucano Rosil Cavalcanti compôs o coco Sebastiana, gravado por Jackson do Pandeiro. Essa obra, o autor cita o nosso abecedário, incluindo a letra Y, que chama “ipsilone”. Assim:
Convidei a comadre sebastiana Pra cantar e xaxar na paraíba Ela veio com uma dança diferente E pulava que só uma guariba E gritava a, e, I, o, u, ipslone
Atualmente o português é formado por cerca de 600 mil palavras ou expressões, das quais 150 mil são identificadas como técnicas. Mais de 260 milhões de pessoas falam a língua que fez de Camões o poeta mais famoso de Portugal. Por cá, nossa terra, grandes poetas burilaram e continuam burilando o belo idioma. Um desses foi Olavo Bilac. É dele o poema A Última Flor do Lácio. Mais recentemente, o jornalista e poeta paraibano José Nêumanne gerou o belíssimo poema A Seara de Saramago. Confira:
José Saramago foi um grande escritor português, cujo centenário de nascimento deverá ser amplamente comemorado ainda este ano de 2022. No dia 10 de junho comemora-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que deverá se realizar entre os dias 2 e 10 de julho no Expo Center Norte, será dedicada a Portugal.
No Brasil o também padre Antonio da Costa Duarte repetiu a iniciativa de Fernão de Oliveira, publicando em 1829 o Compêndio da Gramática Portuguesa. O português ganhou forma clara e bela com a publicação de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Essa obra foi pela primeira vez publicada em março de 1572. Os Lusíadas, no Brasil, chegou a ser objeto de estudo na rede escolar. Não dá, porém, para ignorar outras obras igualmente representativas da língua como o Diccionario dos Synonymos Poetico e de Epithetos da Lingua Portugueza, de J.I. Roquete e José da Fonseca, lançado em Lisboa na dobradura de tempos distantes. Num dos primeiros verbetes desse dicionário lê-se o quão difícil era ainda mais a nossa língua:
Abstracto, abstruso. Uma coisa abstracta é difícil de entender, porque dista muito das ideias sensíveis e comuns. Uma coisa abstrusa é difícil de compreender, porque depende de um encadeamento de raciocínios…
O mais famoso dicionário da língua portuguesa até hoje citado nos compêndios afora, lançado no século 19, foi o do lisboeta Francisco Caldas Aulete (1826-1878). Muitos brasileiros continuam atentos à evolução da língua portuguesa. Até hoje o português por cinco reformas em Portugal. A primeira em 1911, quando Portugal virou
República. A segunda, em 1920. A terceira, em 1931. A quarta, em 1945. E a quinta em 1963. No Brasil, o português passou por duas reformas: em 1943 e 1971. Em 1948, a Academia Brasileira de Letras, ABL, levou a público o resultado da reforma de 1943. Título: Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Em 1997 o poeta, romancista, tradutor e jornalista cearense Gerardo Mello Mourão publicou a obra prima Invenção do Mar. Na forma, seguiu os caminhos trilhados por Camões. Invenção do Mar foi dedicado ao artista popular pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Pra Mourão, o primeiro escritor brasileiro indicado ao prêmio nobel de literatura, Gonzaga representou com fidelidade o povo brasileiro, notadamente o nordestino. Gerardo Mello Mourão dizia que Luiz Gonzaga fora uma espécie de Homero. É fantástica a obra de Mourão. É de Luiz Gonzaga (e Zé Dantas) a beleza musical intitulado ABC do Sertão:
Lá no meu sertão pros caboclo lê Têm que aprender um outro ABC O jota é ji, o éle é lê O ésse é si, mas o érre Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê O ésse é si, mas o érre Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone O eme é mê, i o ene é nê O efe é fê, o gê chama-se guê Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
A, bê, cê, dê Fê, guê, lê, mê Nê, pê, quê, rê Tê, vê e zê
Lá no meu sertão pros caboclo lê Têm que aprender outro ABC O jota é ji, o éle é lê O ésse é si, mas o érre Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê O ésse é si, mas o érre Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone O eme é mê, i o ene é nê O efe é fê, o gê chama-se guê Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
A, bê, cê, dê Fê, guê, lê, mê Nê, pê, quê, rê Tê, vê e zê
Até o ypsilon lá é pissilone O eme é mê, i o ene é nê O efe é fê, o gê chama-se guê Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
A, bê, cê, dê Fê, guê, lê, mê Nê, pê, quê, rê Tê, vê e zê
Geograficamente, o Brasil está muito bem localizado. Além do mais, a nossa proximidade (e parentesco) com o índio e o negro africano possibilitaram uma salutar mistura de culturas. Como se não bastasse, ainda há o fator colonizador. No passado, fomos invadidos pela Espanha, Inglaterra e Holanda, depois de Portugal. O chafurdo foi grande. Em tempos mais recentes, especialmente depois da Primeira Guerra, os norte-americanos passaram a nos mandar bobagens e bobagens, que fomos ora deglutindo, ora armazenando para um possível aproveitamento. Por acolher muito bem os visitantes de todos os recantos, o Brasil passou a assimilar comportamentos e expressões bastante interessantes. De Portugal herdamos a língua e boa parte da cultura, como a cantoria e o cordel. Da França, Itália, Alemanha, Inglaterra e Japão temos assimilado costumes e hábitos alimentares. Entre outras coisas, a África, por exemplo, nos deu a receita da feijoada. Hoje, até as cozinhas árabes e chinesas já nos são familiares. Isso nos levou a formar uma identidade sem similar, embora ainda sejamos uma nação relativamente nova. Bom, o português que hoje falamos é completamente diferente do português falado em Portugal. Inclusive o sotaque. Por isso, acho que já é hora de se discutir com seriedade o fala do nosso povo, o nosso falar, como fez João Ribeiro em 1933, ao lançar o livro A Língua Nacional. Treze anos antes, Amadeu Amaral entrara no assunto ao publicar O Dialeto Caipira, rico e interessantíssimo estudo feito à luz da ciência, que em edição posterior ganharia maior brilho com notas assinadas por Paulo Duarte (em 1944, um dos livros de Duarte, Língua Brasileira, editado em Lisboa, foi proibido em todo o território português, por obra e mando do Estado Novo de lá). O tema é tão estimulante que já em 1853 surgia, em Portugal, o primeiro Dicionário Brasileiro, de Braz da Costa Rubim, com o propósito de ensinar (ou esclarecer) aos portugueses o português então falado no Brasil. Trinta anos depois, o filósofo Leite de Vasconcelos também publicava uma obra abordando o mesmo assunto, intitulada Dialeto Brasileiro, em que reconhecia as rápidas transformações por que passava a língua portuguesa no Brasil. Em 1940, foi a vez de o estudioso Edgard Sanches tentar provar com a+b a existência de uma língua genuinamente brasileira, num livro que deu o título de A Língua Brasileira. Está na hora, pois, de retomar o debate. Enfim, o brasileiro fala brasileiro ou português? Antes, muito antes do Descobrimento, a língua que se falava por aqui era a língua geral, isto é, o guarani, mas em 1727 Portugal decidiu proibir o uso dessa língua, por entender que o português estava se descaracterizando, donde conclui-se que os absurdos não tem idade nem época para se concretizarem. Curiosidade: até o século XVIII, falava-se no Brasil duas vezes mais o guarani que o português. Isso é história, está nos compêndios. Antes de Portugal virar o país que é, não havia a língua portuguesa. A propósito Portugal era apenas um condado fincado na Península Ibérica. Estava ali pertinho da Espanha. À época, e estamos falando do tempo antigo, os romanos imperavam na região.
O Império Romano dominou a região onde se acha hoje Portugal durante séculos. Houve muita briga lá na Península. Como os romanos, os árabes também botaram pra quebrar. O idioma falado pelos romanos era o Latim. Havia o latim culto e o latim inculto, o popular, o vulgar. Foi do latim vulgar que o idioma português surgiu. Na verdade, outras línguas e dialetos também tiveram influência na formação da dessa língua. A principal influência, diga-se de passagem, foi o galego-português. Àquela altura Portugal já tinha vida própria. Importante lembrar que um dos reis que mais força deram à língua portuguesa foi Dom Dinis I, o sexto rei de Portugal, que viveu entre 1261 e 1325. Dom Dinis, que reinou entre 1279 e 1325, era chegado às artes populares. Dizem que tocava até viola ou coisa parecida. Seus súditos o chamavam de Rei Trovador. Um dia Dom Dinis se achava no porto observando a movimentação de embarcações. Estranhou ao não identificar nenhuma embarcação com a chancela ou bandeira do seu país. Quis saber a razão, perguntando a um de seus conselheiros. A resposta foi mais ou menos esta: “Não temos madeira especial para construir embarcações”. Ao deixar o porto, dom Dinis já tomara a decisão de iniciar a plantação de árvores apropriadas para construir navios e tal. Dez anos passados, Portugal já tinha o mar e rios cheios de embarcações. Outra de dom Dinis: insatisfeito por ouvir seu povo falar em latim enviesado, decidiu oficializar o português corrente. Tempos depois, mais precisamente em 1536, surgia a primeira gramática ensinando como falar a língua adotada por dom Dinis. O autor dessa façanha foi o padre Fernão de Oliveira (1507-1581).
O mar inventou o Brasil E os portugueses, o mar Tal façanha só foi feita Pra que se pudesse contar Que o poeta rei Dinis Chegou longe sem nadar
Nadar mesmo não sabia Mas sabia inventar Foi ele quem inventou De por seu povo no mar Balançando sobre as ondas Foi o mundo conquistar
Tinha já uns trinta anos Era bom e coisa e tal Não gostava do latim Tão falado em Portugal Depressa ele pensou Numa língua mais legal
Essa "língua mais legal" Era a língua portuguesa Cultivada com esmero Como flor da realeza Portugal lhe deu a forma O tom, graça e beleza
No mundo há muita gente Falando em japonês Falando grego e russo Alemão, turco e chinês Mas na vida coisa boa E falar em português
O Brasil é formado por um enorme agrupamento de outros Brasis: 26 Estados e 1 Distrito Federal. O resultado disso é um país absurdamente fantástico, de dimensões continentais, com 8.622.996 quilômetros quadrados, área equivalente a pelo menos 17 Espanhas, 28 Itálias, 206 Suíças, 251 Holandas, 279 Bélgicas e 797 Cubas, ou algo — ainda territorialmente falando — como quase uma China ou Estados Unidos da América, ou duas Índias Inteiras. Diante disso, um desavisado qualquer pode, ou poderia, concluir que o nosso Patropi é uma espécie de torre de Babel. Mas não é. Aqui todos se entendem, pelo menos linguisticamente. A língua é uma só: o português, embora à essa altura — quatrocentos e tantos anos depois da descoberta — eu ache que melhor seria, sem xenofobia, se pudéssemos chamá-la de brasileira, de língua brasileira. Mesmo sem outras línguas (ou dialetos), o Brasil carrega no bojo uma peculiaridade especialíssima: o sotaque. O sotaque da língua de um povo não substitui um dialeto, é claro, pois a língua é a fala de um povo, de uma nação, O sotaque é o canto de uma língua. Em cada canto ou região do Brasil podem se fazer descobertas verdadeiramente incríveis: para tanto, basta um pouco mais de atenção. Na Paraíba ou em Pernambuco as palavras têm um sentido bastante diferente do sentido a elas dado no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Nesses lugares, as palavras são carregadas de um quê que não existe em regiões como o Rio Grande do Sul ou Brasília, por exemplo. No Rio, jerimum é abóbora e aipim é macaxeira, pode? Na Bahia, mais precisamente na capital Salvador, as palavras parecem nascer das ondas do mar, do sol posto num fim de tarde, dos balouçantes coqueirais, do sorriso e do requebro dos quadris das rainhas negras encontradas em cada praça ou esquina; da música, do trinar dos passarinhos, dos tocadores de berimbaus, das danças, dos terreiros de umbanda, das pretas baianas vendedoras de acarajés vindas de mãe África transbordantemente carregadas de carinho, graça e sensualismo. O falar dos nortistas é um, o dos nordestinos é outro, o dos sulistas etc. Em cada região do Brasil há uma linguagem própria, popularíssima. Sem contar o uso da gíria, que se renova no dia a dia das grandes cidades…
Os paulistas carregam no r, assim: porrrta, porrrteira, aberrrtura, porrrr aí. No Nordeste, a tônica forte é a vogal, com o som escandalosamente aberto. Pronuncia-se: p(óóó)rta, p(óóó)rteira, ab(ééé)rtura etc. etc. Nessa região, formada por nove Estados — incluindo o Maranhão, terra dos Ribamares —, há muitas outras peculiaridades no linguajar. A consoante v, por exemplo, lá é quase sempre trocada e pronunciada com o r dobrado: cerreja (cerveja), carralo (cavalo), raquinha (vaquinha) etc. E em alguns casos, as palavras chegam a ser totalmente descaracterizadas, como velho, pronunciada como réi. Noutros, o r simplesmente desaparece, como, aliás, o m. Ex.: cab(r)a, viage (viagem), marge (margem), virge (virgem). Os verbos, nalguns tempos, como no gerúndio, também apresentam mudanças. Ex.: ino (indo), andano (andando),fugino (fugindo). Quer dizer, nesses casos, o d vai para a cucuia, como para a cucuia também vai o tratamento você, humilhantemente reduzido para a forma cê ou ocê, assim pronunciado em quase todo o território nacional.O nordestino fala apressadamente, Por isso, talvez, muitas letras abandonem as palavras, como nos exemplos citados. Curiosidade: quando isoladamente, o e costuma ganhar o som de i (em São Paulo, ê). Pode? Pode, pois este é o Brasil-brasileiro cantado em prosa e verso numa só língua, mas com sotaques diversos nos seus 26 Estados.
Curiosidade: o jornalista Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) foi o sétimo presidente da ABI, por duas vezes consecutivas: 1926 a 1929 e 1930 a 1932. E depois mais uma vez: em 1978 até 2000. Herbert Moses, que substituiu Lima Sobrinho, em 1933, permaneceu à frente da ABI até 1964. Nesse período, recebeu todas as benesses do poder vigente. Em contrapartida, fez do presidente Getúlio Vargas sócio benemérito da ABI. Uma vergonha para muitos jornalistas. Isso é história. Ah! Emiliano Fagundes Varella viria a ser o pai do poeta fluminense Fagundes Varella, autor do poema O Exilado:
… O exilado está só por toda a parte!
Passei tristonho dos salões no meio, atravessei as turbulentas praças curvado ao peso de uma sina escura; as turbas contemplaram-me sorrindo mas ninguém divisou a dor sem termos que as fibras de meu peito espedaçava. O exilado está só por toda a parte!
Quando, à tardinha, dos floridos vales eu via o fumo se elevar tardio por entre o colmo de tranqüilo albergue, murmurava a chorar: -Feliz aquele que à luz amiga do fogão doméstico, rodeado dos seus, à noite, senta-se. O exilado está só por toda a parte!...
Em homenagem ao fundador do jornal O Observador Constitucional, escrevi Hino a Badaró. Este:
Líbero! Líbero! Oh! Líbero
O teu nome virou marca Da Imprensa, da verdade E da luta de quem luta Pela paz e liberdade!
Como jornalista lutaste Desassombradamente Defendendo nossa Pátria Nossa terra, nossa gente
Mas isso teve um preço Que pagaste com a vida A bala que te matou Deixou a terra ferida
Com firmeza declaraste Antes de virar saudade Que morria um liberal Mas jamais a liberdade
Líbero! Líbero! Oh! Líbero
O teu nome virou marca Da Imprensa, da verdade E da luta de quem luta Pela paz e liberdade!
Os restos de Giovanni Battista Libero Badaró, trasladados da Igreja do Carmo, acham-se no cemitério paulistano da Consolação. No dia do traslado, em 1889, foi distribuído a quem esteve presente uma litografia retratando o perfil de Badaró. Não custa lembrar que foi Badaró o primeiro jornalista a ser assassinado por defender suas idéias no jornal que fundou, indo de encontro aos interesses de poderosos de plantão. Foi também Badaró o primeiro jornalista a falar de Liberdade de Imprensa. Exemplo:
Muitos já disserão e muitos repetirão: que a liberdade de imprensa era a alma de qualquer governo fundado sobre direitos e não sobre força: mas também muitos não o entenderam ou fizeram mostra de não entender e continuárão a vociferar, que tudo se não devia dizer, que ninguem se devia metter nos negocios do governo, que os empregados bons e máos, se devião respeitar por causa da bôa ordem e do socego, e mil outras cousas tão mesquinhas como estas, que descobrem o fraco d’estes taes e confirmam admiravelmente o ditado “que o peior surdo é aquelle que não quer ouvir”... (…) De todas as garantias que o pacto social concede aos cidadãos, parece-nos, que a liberdade inteira de publicar os seus pensamentos (salvo responder pelos abusos) seja aquella a quem menos se deve atacar; por isso que em certa maneira é o guarda de todas as outras. Um governo que queira o bem dos povos, já temos indicado quanto precisava d’esta liberdade, principalmente em um paiz aonde tudo ha de se fazer ou modificar, e aonde as leis para serem efficazes, devem ser não sómente bôas, mas tambem conformes ao voto geral. É por isso, que a liberdade de imprensa torna-se a melhor garantia do governo, quando as suas operações não são escondidas e tenebrosas, pois que tendo sido discutidas, examinadas pela nação e adoptadas aquellas que mais com o voto d’ella se conformão, ella tem um interesse particular de sustentar a sua obra e de repellir qualquer ataque que se tencionasse fazer-lhe. Mas pelo contrario quando tudo se faz ás escondidas, quando o cidadão ignora o motivo e a utilidade das medidas do governo, quando vê os inconvenientes sem vêr as vantagens, então se entregará ás desconfianças, ás maquinações, deixando-se facilmente seduzir pelos hypocritas, que, vociferando continuamente as vantagens do povo, querem sómente pescar nas aguas turvas…
A morte de Libero Badaró foi uma morte anunciada, como se vê.
O dia 7 de abril é o Dia do Jornalista. Esse dia é, também, o dia em que foi fundada a Associação Brasileira de Imprensa, em 1908. O fundador dessa Associação foi o jornalista Gustavo de Lacerda (1854-1909). Socialista, negro e pobre. E assim morreu num 4 de setembro. Lacerda criou a ABI, inicialmente chamada de Associação da Imprensa dos Estados Unidos do Brasil, com o propósito de dar garantias trabalhistas a seus associados. A data de criação da ABI tem nada a ver, ou se tem é muito pouco, com Libero Badaró. Não custa lembrar, porém, que foi no dia 7 de abril de 1831 que o Imperador Pedro I, chamado de O Rei Soldado, abdicou da coroa a favor do filho, Pedro II. A renúncia à coroa de Pedro I tem a ver com a repercussão extraordinária da morte de Giovanni Battista Libero Badaró. Badaró era a favor do liberalismo e contra o obscurantismo de Pedro I. A rua Nova de São José ganhou nova denominação no dia 24 de agosto de 1916. Desde então é rua Libero Badaró, que liga o Mosteiro de São Bento ao Largo de São Francisco, SP.
Túmulo de Líbero Badaró, no Cemitério da Consolação
De fato, constatou-se depois que Badaró tinha razão. Mas só um dos criminosos, de nome Henrique Stock foi preso e levado a julgamento. Primeiro na província de São Paulo, depois no Rio de Janeiro, onde foi absolvido. Todos os caminhos, até aqui conhecidos, levam a um mandante do crime: Cândido Ladislau Japiassú, ouvidor geral da província de São Paulo e inimigo nº 1 de Badaró. Badaró virou inimigo de Japiassú quando passou a chamá-lo de ignorante e inimigo do povo. E “um caligolazinha”. Japiassú, por sua vez, via em Badaró um inimigo que precisava ser aniquilado, o mais rápido possível. No leito de morte, o fundador do jornal O Observador Constitucional disse mais de uma vez, para quem quisesse ouvir, que o mandante do crime de que fora vítima era Japiassú. E disse mais, convicto do seu fim: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”. Essa última fala de Badaró se acha reproduzida na matéria que começa na 1ª e termina na 2ª página do jornal que fundara, edição de 26 de novembro de 1830 (acima). Curiosidade: na 1ª edição de O Observador Constitucional, lançado no dia 23 de outubro de 1829, Badaró já dizia que “não devia vegetar no Brasil a planta do despotismo”, mostrando com clareza o seu perfil de homem livre. Depois, na edição de 17 de setembro 1830 ele diz, prevendo o seu fim:
(…) altamente declaramos que não temos o menor medo de ameaças. Aconteça o que acontecer, a nossa vereda está marcada e não nos desviamos dela: não há força no mundo que nos possa fazer dobrar, senão a da razão, da justiça e da lei. Estamos em face do Brasil e para servi-lo daremos por bem empregada a vida. A opinião pública está bem fixa a respeito de certa gente; qualquer atentado lhe será imputado, e ficarão com um crime a mais, sem que isso acabe com os públicos escritores…
E tinha razão. Em sessão especial da Câmara de Vereadores da Capital da província de São Paulo, realizada no dia 20 de dezembro de 1830, o nome do ouvidor Japiassú voltou à baila:
(...) Os membros desta Câmara asseveram que o Ouvidor denunciado é o autor desse crime, porque estão tão certos disso, assim como estão da sua existência. Deixando pois chicanas, e desdenhando a censura de pretendidos apáticos que exigem a frieza do gelo em todas as peças oficiais, a Câmara muito pelo contrário, sendo como é composta de cidadãos, que ou nasceram debaixo do ameno clima paulistano, ou a ele ligaram sua existência, clama vingança e invoca o Brasil inteiro contra o malvado que veiu ludibriar sua pátria, assassinar seus concidadãos, e fez quanto pôde para torná-la o teatro da guerra civil, da carnagem, e da assolação
Usando de foro privilegiado a que tinha direito, o ouvidor Candido Ladislau Japiassú escapou ileso das acusações. Sequer foi a julgamento.
Olhares sobre São Paulo Assis Ângelo pediu a alguns de seus “considerados” que enviassem
depoimentos sobre São Paulo.
Eles estão reproduzidos a seguir:
São Paulo em notas e versos
A presença e a contribuição de Assis Ângelo na cultura nacional estão
consagradas na sua vasta obra de pesquisador e de artista. O seu esforço em
reunir cerca de três mil músicas e composições de alguma forma relacionadas
com a cidade de São Paulo constitui um reconhecimento à altura da metrópole
fundada pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta e que se tornou
símbolo e síntese da grandeza do Brasil. A alma nordestina e a brasilidade de
Assis Ângelo ganharam asas e inspiração em São Paulo, e o apreço pela cidade
mobilizou o pesquisador na busca das demonstrações de carinho e amor de tantos
quantos músicos e compositores tomados pela mesma paixão. Assis Ângelo deve a
São Paulo o acolhimento generoso que recebeu, e São Paulo deverá para sempre
ao ilustre paraibano de João Pessoa o acervo musical de merecidas homenagens.
Uma cidade tão grande e diversa e produtiva quanto São Paulo haveria de ser
inspiração para farta produção de música diversa e, muitas vezes, grande. A
Pauliceia e muitos de seus bairros e logradouros − a Praça da Sé, a Avenida
Paulista, o aeroporto de Congonhas, o estádio do Pacaembu, a Mooca, a Pompeia
− têm inspirado tantas obras musicais quanto as atrações cariocas, excelentes
cartões de visita para passeio e lazer, ao passo − passo bem paulistanamente
ligeiro − que os encantos de Sampa refletem esforço, trabalho, luta pela vida,
até o prazer é conquistado. Este que vos escreve precisou aprender a entender
a cidade onde nasceu para vir a gostar dela. Vivi dos 12 aos 22 anos no
interior paulista, sempre reclamando da poluição, agitação e neurose da
“capitár”. Mas, uma vez de volta, em dois anos me assumi de vez como
paulistano. E, como compositor, já escrevi algumas dezenas de canções, quase
sempre bem-humoradas, sobre a terra onde a garoa é mais garoa.
Em 1991, como correspondente de The Financial Times, fui convidado para fazer
parte de um grupo minúsculo de jornalistas, quase todos brasileiros, que se
encontraria com o governador Luiz Antonio Fleury Filho. O governador anunciou
um empréstimo então recorde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
para a despoluição do Rio Tietê. Fiz uma matéria relativamente extensa para
aquele grande jornal inglês. Tanto dinheiro para um projeto ambiental era
inédito. Depois, Fleury prometeu beber água do rio no ano 2005. Nada disso. Em
2007, em parceria com a TV PUC São Paulo, recorri quase todo o rio, desde a
fonte (onde, sim, eu bebi um copo de água) até lá longe, no interior, onde o
rio finalmente voltava a desfrutar a vida. Acompanhei uma peça de teatro
flutuante dento da cidade de São Paulo, uma iniciativa que simbolizava a
importância cultural do rio para a metrópole. Ao pousar em Guarulhos no final
do ano, vindo de Paris, para minha primeira visita desde o começo da pandemia,
vi a triste realidade: milhões de dólares e duas décadas depois, o rio
continuava morto.
O título acima vem da música de mesmo nome pelo conjunto The Standells,
gravada em 1966:
Os roqueiros cantavam o Rio Charles, de Boston. Naquela época, quem caía no
rio da cidade de Boston era encaminhado para o hospital. Hoje você pode nadar
no Rio Charles. Até quando esperar para a volta do Tietê?
O sonho de quase todo garoto do interior do Brasil é ir para cidade grande.
Para um garoto do sertão baiano, o destino, no sonho desse garoto, é São
Paulo. Comigo não foi diferente. No Paiaiá, povoado do município de Nova Soure
(BA), vivi até os meus 21 anos de idade. Mas desde a infância São Paulo já
passeava na minha imaginação. Um dia dou um pulo em São Paulo, pensava, ao ver
muita gente chegar de férias e com um novo visual. No dia 10 de janeiro de
1999 desembarquei no Terminal Rodoviário do Tietê. Do espanto inicial, por
contemplar o vaivém dos carros, o pra lá e pra cá de um monte de gente
apressada que parece não encontrar seu destino, há uma relação de amor e muito
afeto. São Paulo é minha segunda casa. Depois do meu Paiaiá, é a cidade que
mais amo. A cidade onde aprendi o pouco que sei; cidade que continua a me
ensinar. Obrigado, São Paulo!
Vim-me embora pra São Paulo. Aqui não sou amigo do rei. Aqui não tenho a
mulher que eu quero nem a cama que escolherei. Vim-me embora pra São Paulo.
Lá, no sertão baiano de Nova Soure, eu não era infeliz. Aqui a inexistência é
uma desventura de tal modo pertinente que Getulio Vargas, do Sul, rei e falso
dirigente, vem a ser contraindicado até para a sogra que já tive. E como não
farei academia, não andarei de motobói, não montarei em viatura braba da Rota,
não subirei em arranha-céus, não tomarei banhos de enchente? E, quando não
estiver cansado, levanto na beira do rio Tietê, mando chamar os bueiros de
esgoto pra me desmentirem as histórias que, no tempo de eu adulto, a Turma da
Mônica jamais iria me contar. Vim-me embora pra São Paulo. Em São Paulo, não
tem tudo. É outra esculhambação. Não tem um processo seguro de impedir o
assalto e qualquer violação. Não tem mais bondinho elétrico, não tem mais
madrugadas à vontade. Não tem mais acompanhantes vestidas para a gente azarar.
E quando eu estiver alegre, mas alegre de ter um infarto na poluição, quando
na garoa da manhã me der vontade de viver, aqui não sou amigo do rei, não
terei a mulher que eu quero nem a cama que escolherei. Assim mesmo e apesar de
tudo, vimme embora pra São Paulo.
Só podia ser uma cidade com nome de um santo – São Paulo – a que me
acolheu, depois de longos anos de batalha nesta minha vida. São Paulo, você
vem me dando tanta alegria e profissionalismo que não me vejo saindo daqui pra
morar em outro lugar! Aqui, eu consolidei minha carreira de músico, cantor e
compositor; conheci pessoas; conquistei espaços para criar e implantar muitos
projetos educacionais e culturais! Aqui, eu criei meus filhos, minha família e
fiz grandes amigos... e me criei como cidadão! Eu até fiz músicas pra São
Paulo!... Uma, São Paulo, Esquina do Mundo, com o jornalista e escritor Assis
Ângelo, e a outra, Cruzando a Pauliceia, com o músico Fubá! Além, claro, de
tocar e cantar, em shows com Tom Zé, duas grandes músicas feitas para a
cidade, que são: Augusta, Angélica e Consolação e São São Paulo. Agora, SÃO
PAULO, continue me acolhendo e me ensinando a ser uma pessoa cada vez melhor!
Obrigado, São Paulo!!!
No ano de 2005 foi criado na cidade de Salzburg, na Áustria, o Instituto
Karajan, na casa onde nasceu o maestro. Nesse Instituto estão armazenados
todos os dados e documentos da vida e carreira do maior maestro da segunda
metade do século XX em todo o mundo. O Instituto é um centro cultural que
promove hoje os mais diversos eventos e atividades culturais. Quando ele foi
inaugurado, em 2005, um grupo de instrumentistas da Filarmônica de Berlim −
orquestra que ele regeu por mais de três décadas − foi convidado para
participar da festa de inauguração, já que a orquestra inteira não caberia na
casa. Esse grupo de instrumentos de sopro pediu-me que escrevesse uma peça bem
brasileira para animar a festa de inauguração. Pois bem. Enviei a eles a mais
brasileira das músicas, uma valsa. Uma Valsa Paulistana. Os alemães morreram
de rir. Como uma valsa “bem brasileira” para a “terra da valsa”? Mas, a
nossa valsa não tem nada a ver com as valsas vienenses, dançantes, festivas.
Nossa valsa, de estilo paulistano, é sentimental, lenta, chorosa... Bem. A
Valsa Paulistana foi executada, com enorme sucesso, e gravada pelo Quinteto de
Sopros da Filarmônica de Berlim, selo BIS 952. O CD chama-se Summer Music.
Essa valsa para quinteto de sopros foi acrescentada a uma suíte de nome Belle
Époque in Süd-Amerika, juntamente com um tango e um choro. A partitura
completa dessa suíte encontra-se gratuitamente no site Musica Brasilis.
Cheguei em São Paulo num frio domingo de março de 1978. Eu conhecia a
capital paulista dos postais que mostravam uma cidade com muitos prédios, uma
linda praça, a República, e a Avenida Paulista, com seus arranha-céus
futuristas. Ao descer do ônibus, em Cumbica, bairro de Guarulhos, então com
ruas de terra e grandes muros, típicos de uma região industrial, me
decepcionei profundamente: “Como São Paulo é feia”, pensei. Somente meses
depois passaria a conhecer, de fato, a cidade, como office-boy de uma agência
de turismo sediada na Praça da República. Me apaixonei perdidamente, como era
de se esperar. São Paulo, a mais cosmopolita das cidades brasileiras, me
ofereceu uma profissão, de jornalista e professor, uma boa condição de vida,
uma filha, a querida Júlia, e o gosto pela história, adquirida no tempo em que
trabalhei cuidando da estante da área em uma livraria, e na condição de
repórter de dois jornais, Estadão e Diário Popular, em que escarafunchei essa
cidade de alto a baixo. Enfrentei, claro, muitas dificuldades, típicas de um
forasteiro tentando se estabilizar − no caso, de um pernambucano do sertão, em
plena metrópole −, mas sempre deu certo. Enfim, fico contente em saber que,
depois de 42 anos, conquistei a tão sonhada “cidadania” paulistana e estou, a
cada dia, mais apaixonado por esta grande cidade. Abraços a todos e todas
conterrâneos.
Realmente, São Paulo é do mundo todo. Nas pesquisas, São Paulo é a
quarta maior cidade do mundo em população, mas em se tratando de espaço,
cidadania, trabalho, liberdade, paz e amor, para mim ela é a maior do mundo.
Porque, além do trabalho, ela tem de tudo que um ser humano precisa para viver
ou sobreviver. Para isso basta que lhe seja um cidadão que respeita o direito
de ir e vir, que vive e deixa os outros viverem. Sou mineiro de Alto Belo,
distrito de Bocaiúva, no norte do estado. Fui para São Paulo em 1969, e por lá
estou até hoje. Rodei o Brasil todo. Estive em Portugal, mas São Paulo nunca
saiu do meu coração. Tudo que tem pelo mundo afora você acha em São Paulo. Pra
viver em São Paulo basta saber navegar, não importa se é rico ou se é pobre.
Fiz mais de 30 músicas em homenagem a essa gigante de cimento e continuarei
até o fim dos meus tempos exaltando os paulistas e os paulistanos. A minha
carreira artística eu devo muito a essa cidade fantástica e sua gente. A minha
eterna homenagem a São Paulo.
No início da carreira, algumas dificuldades me levaram a fazer o que eu
chamava de “reportagem cantada”. Primeiro foi em Irará, com as pessoas e casos
de lá. Depois, em Salvador, com seus personagens históricos, monumentos que
são muito vivos etc. Quando cheguei em São Paulo, eu, que componho sobre meu
entorno, fiquei sem saber a que me referir nos primeiros dias. O que me salvou
foi que na rua 7 de Abril entrei para ver um filme chamado São Paulo S/A, de
Luís Sérgio Person. Mudou completamente o meu jeito de ver a cidade e seus
problemas. Comecei a escrever as canções que fizeram meu primeiro disco,
chamado Tom Zé – Grande Liquidação. Ou seja, continuei, como era e é meu
costume, a fazer canção sobre o que está à minha volta. Essa “liquidação”
tematiza a explosão da venda a crédito, que anteriormente era uma maldição
para o comércio. Circulava até um dito: “Fiado, cinco letras que choram”. Mas
o fiado passou a ser uma insistência. No dia 21 de abril de 1968, quando
acordei e cheguei à porta de casa, estava fazendo muito frio. Frio mesmo, que
hoje não faz mais. Eu estava na Rua Conselheiro Brotero e me dirigi para
a Alameda Barros. No meio do quarteirão havia uma banca de revistas e nela,
uma grande manchete: Prostitutas invadem o centro da cidade. Em vez de tremer
frio, comecei a tremer de emoção. E naquele instante me ocorreu toda a forma
da canção São São Paulo, Meu Amor. Quando você encontrava uma pessoa ela quase
imediatamente começava a falar mal e a enumerar os defeitos de São Paulo.
Achando que assim se identificava, mostrando que estava “por dentro”. Reuni
esses “defeitos” e discuti-os no refrão. Tá bom, Assis Ângelo, pode chamar
tudo isso que falei de “paixão por São Paulo”.
A Editora Nova Alexandria de São Paulo desafiou há uns dez anos o poeta,
cordelista e cantador Cacá Lopes a escrever a história dos bairros da cidade
em cordel, para publicar no site da empresa com o título Bairros de São Paulo
em Cordel.
Cacá aceitou o desafio e escreveu de oito a dez estrofes em sextilhas sobre
uns 30 bairros, tendo publicado três em gráfica: as histórias de Guaianases,
Itaquera e São Miguel Paulista. Os folhetos sobre a Freguesia do Ó e Francisco
Morato estão no prelo. Também já publicou cordéis sobre as cidades de Cajamar
e Louveira, no interior paulista, distribuídos nas escolas e bibliotecas da
região.
Em outra obra poética, o cordel Palavras de Origem Tupi Guarani, que publicou
em parceria com Josué Gonçalves, pela Editora Cordel, do mestre Kydelmir
Dantas, Cacá Lopes cita em versos os seguintes locais e bairros de Sampa:
Anhangabaú, Aricanduva, Cambuci, Arujá, Anhanguera, Ibirapuera, Iguatemi,
Butantã, Jaçanã, Guarapiranga, Sumaré, Canindé, Morumbi, Mooca, Itapecerica,
Tremembé, Ipiranga e Jabaquara, entre outros.
Cacá Lopes, músico e cordelista
Viajando na história
Fui de aluno a professor,
Sobre alguns bairros paulistas
Que pesquisei com ardor,
E agora neste Cordel
Repasso para o leitor.
Brás
O migrante é povo forte Busca o sonho, é capaz, Foi
assim que muita gente Deixou tudo para trás, E veio para São
Paulo Para trabalhar no Brás
Esse distrito que está Bem na Região central, À leste do
centro histórico De São Paulo capital, Nas terras de José Brás
Que se tornou imortal.
Santo Amaro No universo dos versos Cada verso eu encaro, Laço,
teço, ouso, busco Meço, rimo, nunca paro, Chego, canto a Zona Sul
Começo por Santo Amaro
Aldeia de Jeribatiba Tantas
vezes visitada, Por José de Anchieta Firme na sua jornada,
Sobre a criação da vila Após ser catequizada
São Miguel Paulista
Mais um bairro de São Paulo Acrescento em minha lista,
Ao descrevê-lo em cordel
À memória se avista.
Minha homenagem em versos Para São Miguel Paulista
Feche os
olhos, imagine Como tudo começou, De’um aldeamento indígena
A vilinha se formou, Narro poeticamente Quem o lugar
desbravou.
Cidade Tiradentes
A Cidade Tiradentes No fundão da capital, Um conjunto
periférico
E monofuncional, Tipo bairro dormitório De proporção sem igual.
Na
América Latina É tido como o maior Complexo habitacional Com
conjuntos ao redor, Do bairro que a cada dia Em “infra” fica
melhor.
Capão Redondo
Capão é uma porção De mato quase isolado, No meio de
um grande campo, Já o bairro retratado, Do tupi – mato redondo
Vem o seu significado.
O nome Capão Redondo Foi dado por
moradores, Os primeiros habitantes Fortes colonizadores,
Também praticavam caças E eram bons pescadores.
Itaquera
Itaquera – Zona Leste Seu povo quero saudar! Trago um canto
diferente E quero lhe ofertar, Um Cordel com sua história À
memória do Lugar
Itaquera é pedra dura Vem do Tupi Guarani,
Dizem que Tomé de Souza Um dia passou aqui, Pela estrada de
Santos Próxima do Iguatemi.
Paraisópolis
Povo de Paraisópolis Estou chegando pra rimar, A história
desse bairro Na cultura popular, Convido você leitor! Para
no tempo voltar.
O processo começou
Lá na década de cinquenta. A colônia japonesa Toma posse e logo
tenta, Transformar as suas chácaras De grileiro não se isenta