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domingo, 28 de julho de 2019

MARIA BONITA É CRIAÇÃO DE JORNALISTAS


Lampião e Maria Bonita, mais nove outros cangaceiros, foram surpreendidos na região denominada Grota do Angico, SE, no começo da manhã do dia 28 de julho de 1938. O bando do Rei do Cangaço foi destroçado naquela ocasião. Só sobrou história pra contar. Eu mesmo entrevistei alguns cangaceiros, como Sila, no programa São Paulo Capital Nordeste, transmitido pela rádio Capital (AM 1.040). Também entrevistei Dona Mocinha, irmã de Lampião, que disse ser ele uma criatura maravilhosa, simples, natural, incapaz de fazer mal fosse a quem fosse. Um trecho, clic: https://www.youtube.com/watch?v=ioS3GpIa7Kc.
Uma coisa que poucos sabem: o apelido Maria Bonita dado a Maria Gomes de Oliveira (1910-1938) foi uma iniciativa de jornalistas da editoria de Polícia do jornal carioca Diário da Noite. A informação é do historiador Frederico Pernambucano de Mello.  A inspiração foi o romance do baiano Afrânio Peixoto (1876-1947). Esse livro (acima) teve a sua primeira edição publicada em 1914.
A Maria Bonita de Peixoto é uma personagem simplesmente fantástica. Ela é filha de Isabel e André. Tem um irmão, Lucas. Com seis anos de idade já despertava a atenção dos marmanjos. Com 11, 13 anos, apegou-se a Luís, um moleque da sua idade filho de uma fazendeira, Mariana, muito rigorosa. Luís tinha um irmão que tentou estuprar Maria. E a partir daí o romance cresce, ganha contornos inimagináveis. Encurtando: Lucas defende a irmã com unhas e dentes, e tiros. O que faz o pai, também. O pai é preso e a mãe morre de desgosto. A essa altura, Maria é posta pra fora da terra onde morava com o irmão e pais. Essa terra era de Mariana. Maria casa-se com o canoeiro João, que mata Luís por assédio à Maria. E Maria, que fica só com o filho de 4 anos.
Os jornalistas que deram o apelido a Maria de Lampião, antes por todos chamada de Maria de Déa encontraram nas fotos do sírio-libanês Benjamin Abrahão uma relação próxima à personagem de Afrânio Peixoto, que foi médico, legista, historiador e mais um monte de coisas. Que história! Mas é bom que fique claro: Maria Bonita morreu por excesso de beleza.
A personagem de Peixoto desencadeou uma tragédia por sua beleza espontânea, como Helena filha de Zeus que acabou por provocar a lendária Guerra de Tróia.
 No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acham várias obras de Afrânio Peixoto, como Maria Bonita revisado  pelo autor em 1944. No acervo também se acham músicas sobre o cangaço.

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