
Uma coisa que poucos sabem: o apelido Maria Bonita dado a
Maria Gomes de Oliveira (1910-1938) foi uma iniciativa de jornalistas da
editoria de Polícia do jornal carioca Diário da Noite. A informação é do
historiador Frederico Pernambucano de Mello. A inspiração foi o romance do baiano Afrânio
Peixoto (1876-1947). Esse livro (acima) teve a sua primeira edição publicada em
1914.
A Maria Bonita de Peixoto é uma personagem simplesmente
fantástica. Ela é filha de Isabel e André. Tem um irmão, Lucas. Com seis anos
de idade já despertava a atenção dos marmanjos. Com 11, 13 anos, apegou-se a
Luís, um moleque da sua idade filho de uma fazendeira, Mariana, muito rigorosa.
Luís tinha um irmão que tentou estuprar Maria. E a partir daí o romance cresce,
ganha contornos inimagináveis. Encurtando: Lucas defende a irmã com unhas e
dentes, e tiros. O que faz o pai, também. O pai é preso e a mãe morre de
desgosto. A essa altura, Maria é posta pra fora da terra onde morava com o
irmão e pais. Essa terra era de Mariana. Maria casa-se com o canoeiro João, que
mata Luís por assédio à Maria. E Maria, que fica só com o filho de 4 anos.
Os jornalistas que deram o apelido a Maria de Lampião, antes
por todos chamada de Maria de Déa encontraram nas fotos do sírio-libanês
Benjamin Abrahão uma relação próxima à personagem de Afrânio Peixoto, que foi
médico, legista, historiador e mais um monte de coisas. Que história! Mas é bom
que fique claro: Maria Bonita morreu por excesso de beleza.
A personagem de Peixoto desencadeou uma tragédia por sua
beleza espontânea, como Helena filha de Zeus que acabou por provocar a lendária
Guerra de Tróia.