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sábado, 11 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (1)

Foto de Leandro Gomes de Barros
recuperada por Klévisson Viana

O Brasil, sabemos, é um país novo. Riquíssimo. De tudo tem muito: ouro, prata, pérolas e muita miséria, além das safadezas que borbulham nas esquinas, palácios e bordéis.
Por ser um país novo, tudo ainda é novo.
No correr da nossa história, houve todo tipo de violência e desgraça.
O indígena, o negro e a mulher, grosso modo falando, sempre foram vistos como um seres menores ou de segunda classe pelos poderosos de plantão.
Na literatura nacional e também na música aparecem personagens judiadas e até mortas de todas as maneiras. Num livro do cearense José de Alencar, por exemplo, há casos horrorosos.
No romance regionalista Til, de Alencar; e no Dona Guidinha do Poço, livro naturalista de Manoel de Oliveira Paiva, há casos terríveis findados em feminicídio.
Til foi publicado em 1872 e Dona Guidinha, embora também escrito no século 19, foi publicado 60 anos depois da morte do autor. No enredo desse livro, curiosidade: é a esposa que manda matar o marido.
Pois é, a nossa literatura ainda é nova. Tem só uns 200 anos.
A nossa literatura popular ainda é mais nova do que a chamada literatura erudita ou moderna.
Os primeiros folhetos de cordel, que se encaixam perfeitamente no campo da literatura popular, começaram a ser publicados no Brasil poucos anos antes da chegada do século 20.
O primeiro e nosso principal cordelista, como são chamados os autores de folheto de cordel, foi o paraibano de Pombal Leandro Gomes de Barros.
Leandro escreveu seu primeiro folheto em 1889. Título: A Mulher Roubada, que só seria publicado em 1907.
O romancista Ariano Suassuna dizia que tomara conhecimento de um folheto de cordel circulando nos sertões da Paraíba já em 1836. Título: Romance da Pedra do Reino, de autor desconhecido.
Orígenes Lessa, também escritor dos bons, anotou: o primeiro folheto de cordel, também de autor desconhecido, publicado no Brasil foi em 1865, sob o título O Testamento que faz um macaco, especificando suas gentilezas, gaiatices, sagacidade, etc.
Em agosto de 2001 o Sesc, unidade Pompéia, apresentou uma grande exposição com debate e tudo mais intitulada 100 Anos de Cordel, cuja a curadoria coube ao jornalista Audálio Dantas.
Não se sabe até hoje quantos folhetos Leandro escreveu e publicou, mas às centenas com títulos clássicos como O Cachorro dos Mortos.
O cachorro dos mortos trata de um tríplice homicídio provocado pelo fato de uma das vítimas, Angelita, não ceder aos desejos de um pretendente. Atualíssimo.

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