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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

IPHAN, REPENTE E CORDEL

A antropóloga carioca Ana Carolina marcou ontem um belo tento, ao reunir cerca de 60 artistas populares, muitos deles, de rua. Essa reunião ocorreu num prédio da Funarte, na capital paulista.
Fazia tempo que eu não me reunia com tantos artistas verdadeiramente populares e criativos, como Peneira & Sonhador, Ed Boy, Luiz Wilson, Cacá Lopes, Costa Sena, Sebastião Marinho, Moreira de Acopiara, Zé Francisco –decano dos repentistas em São Paulo– Téo Azevedo, Marco Haurélio, Zé Américo.
Também compareceram à reunião, que teve por finalidade o tombamento da literatura de cordel e da poética repentista pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Cristina Abreu e Malu, do CTN e produtoras da área cultural, como Telma Queiroz. Cristina foi bastante questionada sobre o fato de o CTN não dar a atenção devida a artistas populares. “As portas do CTN estão abertas”, ela disse.
Representantes do IPHAN abriram o encontro explicando o interesse de inscrever o cordel e o repente na tábua de expressões da cultura popular brasileira, como noutras ocasiões foi feito com o samba de roda, o frevo, o círio de Nazaré e a roda de capoeira.
O que acho disso?
O governo quando nada faz, faz de modo incompleto iniciativas que poderiam ficar definitivamente marcadas para a história. Caso claro é o que se pretende fazer com o cordel e o repente. Pra valer, mesmo, essa iniciativa poderia ser enriquecida com uma publicação que registrasse em verbetes dados referentes aos artistas. Um mapeamento rigoroso enriqueceria mais ainda o tombamento do cordel e do repente como expressões autênticas da cultura popular brasileira. Mais: concursos de cordel e de repente, de alcance nacional, patenteariam essa iniciativa, pois tombar por tombar, não adianta.
Entre 2001 e 2003, com apoio do Metrô e da CPTM, realizamos dois concursos de literatura de cordel em São Paulo. O resultado disso foram 410 mil folhetos distribuídos gratuitamente às bibliotecas da rede pública de São Paulo. Antes, em 1997, presidimos a mesa julgadora do 1º Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas, considerado até hoje o mais importante do gênero em todos os tempos. A finalíssima foi realizada no Memorial da América Latina. Cerca de uma centena de duplas de profissionais do repente, de todo o Nordeste, participou desse festival.

O IPHAN foi criado no governo Vargas, em 1937. O seu 1º presidente foi o advogado mineiro Rodrigo Melo Franco de Andrade. No Conselho da instituição se achava o paulista Mário de Andrade, desaparecido no dia 25 de fevereiro de 1945.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

VOCÊ JÁ MATOU SEU MOSQUITO?

Aristóteles deveria ficar muito bravo se soubesse que sua teoria sobre governo e democracia sucumbiu ou está sucumbindo em países de nuestra América. Na Bolívia, Morales ameaça se perpetuar no poder como Maduro na Venezuela.
Mas não é só desse lado que governantes insistem em fazer do poder a sua moradia. Isso está acontecendo na Rússia e mais num monte de lugar.
O Brasil está quebrado. O rombo beira os três trilhões de reais. É o que dizem os governadores dos estados da Federação.
Aristóteles, aquele “da causa e efeito”, entendia que política era pra ser desenvolvida por quem se dedicasse às causas do povo. Ele sabia da importância do Estado. Sabia também que o povo, qualquer povo, precisava de alguém que o orientasse, que o governasse. Mas para isso, entendia o pensador, que para governar um povo, o governante teria de ser alguém pelo povo escolhido e acima de qualquer suspeita.
E aí vieram os reis, e muitos deles se tornaram déspotas.
Aristóteles não deixou de lado a aristocracia. E sempre no mesmo raciocínio, ele entendia que justeza e justiça deveriam caminhar juntas.
Depois de Aristóteles, seguidor dedicado dos ensinamentos de Platão, surgiu em Atenas um cidadão que passou à história pelo nome de Diógenes.
Diz a lenda que Diógenes era cego e aprontava como ninguém. Dizia-se que ele saía, em plena luz do dia, com uma lanterna acesa e à procura de um homem honesto.
Vocês já pensaram o “sufoco” que passaria Diógenes no Brasil? Quantos honestos ele acharia, hein?
Eu fiz isto:

Procurar um ser honesto
Em plena luz do dia
Com uma lanterna acesa
Como Diógenes fazia
É coisa só pra quem sabe
O que é cidadania

Cidadania se faz
É com democracia
Educação e cultura
E um quê de filosofia
Sem esses “ingredientes”
Não se faz cidadania

Platão, Sócrates e todos os gregos, filósofos ou não, tem a ver com povo e democracia. Povo, com democracia ou sem democracia, existe em qualquer lugar do mundo. Até na Suíça. E onde há povo há, em tese, cultura popular. Mas pelo andar do andor, povo é “detalhe” que a globalização e suas consequências estão pondo à beira da vala do inferno.
Outro dia uma francesa, muito simpática, me veio fazer umas perguntas sobre literatura de cordel e lhe respondi o que tinha de responder. Aproveitei para lhe perguntar sobre o povo e a cultura popular franceses. Ela engasgou-se e a socorri, brincando. Na França já não tem cultura popular, não é mesmo?
E assim vai o mundo, e com ele vou entendendo que a cultura popular é “a digital de um povo”.
E pensar que eu ia falar hoje sobre a força tarefa das nossas três forças armadas imbuídas no mesmo objetivo: combater o mosquito da dengue.

ESTADO NOVO
Eu não poderia esquecer que no dia 22 de fevereiro de 1945, o diário carioca Correio da Manhã publicava ampla e bombástica entrevista com o paraibano José Américo de Almeida, autor pioneiro do romance regional (A Bagaceira). A entrevista, assinada pelo capeta Carlos Lacerda, pôs fim ao Estado Novo, inventado pelo “pai dos pobres” Getúlio Vargas. Getúlio, como se sabe, foi aquele que deu um tiro no próprio peito depois de Lacerda receber um tiro no pé.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Política e Música

Promiscuo e deletério é o ambiente criado ontem no Congresso Nacional. Esse ambiente criado através de uma emenda constitucional permite, desde hoje o pula pula de cabritos de um partido para outro. Esse pula pula ou vai-e-vem da esculhambação se estenderá até o próximo dia 19. Em suma: qualquer político com cargo eletivo poderá mudar de partido sem problema nenhum, sem perder o cargo inclusive.
Quando eu digo que é esculhambação, é porque é esculhambação.
Político pode tudo. Não estamos vendo aí o que os Presidentes da Câmara e do Senado fazem para se manter no poder? Os corruptos proliferam desde sempre nas sociedades antigas, modernas e modernosas como a nossa.
No século XIX, quando o Príncipe Regente aportou na Bahia da Guanabara – hoje totalmente poluída, trouxe uma casta constituída de, pelo menos, quinze mil asseclas. E todos mamando nas tetas do tesouro público, como hoje.
Naquele tempo, o Brasil de ouro e outros mineiros era riquíssimo, mas politicamente já éramos pobres, como hoje. As dívidas cresceram, cresceram, cresceram e o país estourou por não suportar a sangria do qual foi vítima. E o Regente Príncipe que virou Rei arrumou as malas, as Naus, raspou o que tinha nos cofres do insipiente Banco do Brasil e partiu.
O que quero dizer com isso tudo? O que está obvio nas letras escritas até aqui. Algum paralelo com a situação vivida ora neste Brasil 2016?
Pois é, mas enquanto há esperança, há vida e vice-versa.
Bons e belos exemplos nos chegam de muitas partes, via esta maquininha de fazer doido.
Do interior do Crato, Ceará, vem notícia dando conta de que um garoto de dez anos inventou de brincar com a obra lúdica do reio do baião, Luiz Gonzaga
Essa é uma história maravilhosa. 


BALLET STAGIUM

Dentro das comemorações dos seus 45 anos de história, o Ballet Stagium mergulha na obra e vida do pernambucano estilizador do baião e de outros gêneros musicais, Luiz Gonzaga, contada com o auxílio do grupo musical Quinteto Violado.  A história  de Gonzaga será permeada por passagens e personagens do folclore nordestino. De hoje até o próximo dia 28 de fevereiro de 2016, na CAIXA Cultural São Paulo, Praça da Sé, 111, Centro, Metrô Sé.


E para lembrar Luiz Gonzaga acompanhe trecho de uma apresentação que fiz em toda a Rede Sesc.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

DIA DO REPÓRTER

Em 1500, Dom Manuel I era Rei de Portugal. Dom Manuel, que nasceu em 1469 e morreu em 1521, foi substituído por Dom João III (1502/1557).
Por essa época, Portugal era um país temido e respeitado mundo afora.
Dom João III foi substituído por Dom Sebastião, que tombou num pega pra capar contra os mouros em Marrocos. Isso em 1578. Dois anos depois, assumiu o trono de Portugal, o Rei Felipe II da Espanha. É quando começa o declínio do pequeno Portugal. Claro, a essa altura muito ouro e muito tudo Portugal já havia recebido do Brasil, sua mais rica colônia. Não podemos esquecer que as riquezas contidas em terras brasileiras, foram minuciosamente contadas em carta pelo “repórter” Pero Vaz de Caminha.
Hoje, no Brasil, é o Dia do Repórter.
Hoje, no Brasil, começou o ano político e, de modo geral, o ano prático de 2016. Na Câmara e no Senado, há tudo quanto é tipo de pauta. Tem pauta pra derrubar o Presidente da Câmara, o Presidente do Senado, a Presidente da República. E tem, claro, pauta em prol do bem do Brasil. Mas o Congresso, como sabemos, é que nem bunda ou cabeça de criança: não se sabe nunca, de fato, o que sai de lá... Que Cunha e Renan deveriam estar vendo o sol quadrado, disso não tenho dúvida.
Portugal começa a cair em declínio quando entra em pauta a corrupção. Nunca tão poucos roubaram tanto como no reinado do Príncipe Regente Dom João VI. Isso, lá em Portugal mesmo. E só pra refrescar a memória de alguns esquecidos: corrido da sua terra, Dom João VI reinou no Brasil durante 13 anos e quando daqui saiu, levou tudo o que pode levar de volta pra sua terra.
A corrupção no Brasil é algo enraizado.
O Banco do Brasil foi criado por Dom João VI e faliu duas décadas depois, em 1829. Depois foi recriado e continua servindo de pasto para roedores da República.
Hoje, no Brasil, é o Dia do Repórter.
Cerca de 48 horas depois de aportar no Brasil, trazendo de 10 a 15 mil portugueses que serviam à Corte, em 40 navios, Dom João VI governou com três ministérios: Negócios Estrangeiros de Guerra, Negócios do Reino e Negócios da Marinha e Ultramar. Ele, com esses poucos ministérios fez muito, mas também roubou muito. Deixou o Brasil falido. Todos viviam às custas do erário público.  
Caminha foi o primeiro repórter; o segundo foi o Cônego Luiz Gonçalves dos Santos, o Padre Perereca.
Padre Perereca escrevia muito bem e suas crônicas ele as deixou impressas em dois volumes. Nelas, ele narrou o dia a dia da Corte Portuguesa no Brasil. São pérolas.
Hoje, no Brasil, é o Dia do Repórter. Mas será que os repórteres hoje narram tudo o que deveriam narrar nos periódicos e nas outras mídias?

A Gazeta do Rio de Janeiro foi criada em 1808 por Dom João... Pouco antes, em Londres, o jornalista Hipólito José da Costa criava o seu Correio Braziliense. Detalhe: Hipólito negociava a dinheiro da época seus editoriais com Dom João VI. 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O POEMA DOS OLHOS

Eu sempre gostei de poesia. O primeiro livro de poemas que li tinha como autor o meu conterrâneo Augusto dos Anjos. Eu devia ter ali uns 12 ou 13 anos. Apaixonei-me por essa forma de expressão. E aí li, li, li e continuo cada vez mais encantado com a poesia. Cheguei até a gravar em disco poemas de autores vários, com Zé Ramalho, Elba Ramalho, Jackson Antunes, entre outros amigos.
A Canção do Exílio, que todo mundo sabe de quem é - de Gonçalves Dias - é um poema que me marcou profundamente. No hino nacional, ele está lá. Um pedaço, pelo menos.
Eu gosto de poesia e às vezes até me arrisco a fazer...


O VERBO E O TRAÇO COM TINHORÃO E FAUSTO

A conversa sexta 12 em casa com Tinhorão, para quem sempre abro as portas todas as quartas e sextas com alegria e respeito, girou sobre assuntos vários. Começamos falando sobre Portugal, fado, Dom João VI e guerras napoleônicas. E de repente, adentra o ambiente o cartunista paulista Fausto.
Fausto é meu amigo dos tempos da Folha, Folhetim e da Última Hora do meu querido Oswaldo Mendes, que é jornalista, compositor, ator, diretor de teatro e o escambau.
Fausto é um menino do meu tempo, cheio de prosa; cheio de graça e traço...
E quando o Fausto chegou, a conversa ficou mais rica. E aí falamos sobre os Cruzados ingleses que puseram pra correr, em 1147, os mouros de Portugal. Os caras eram folgados... De cara, Tinhorão arrematou: “os ingleses são sacanas e mostraram isso ao logo do tempo explorando Portugal”.
O danado é que o diacho do Tinhorão se preparou pra falar e escrever sobre História, o que tem feito com extrema ousadia e categoria.
Na fuga planejada da família Real para o Brasil, a Inglaterra teve importância fundamental, inclusive escoltando a esquadra que trouxe ao Brasil cerca de 13 mil portugueses da Corte portuguesa. 
Parceiro é parceiro. 
E a parceria com Portugal, firmada com os ingleses lá atrás, foi cumprida.
Sem a parceria com os ingleses, duas coisas poderiam ter acontecido: ou o medroso e bonachão D. João VI cairia ou ficaria de pé diante da tropa de Napoleão. Mas prevaleceu a covardia do Imperador, que poderia ter vencido Napoleão e permanecido no seu reino.
E falamos, falamos, falamos...
Na conversa entraram Gutemberg, criador dos tipos móveis que revolucionariam a imprensa, em 1492; Lutero, Da Vinci, Michelangelo, Copérnico, Galileu, que pagou pecados não cometidos.
Na nossa conversa entraram muitos temas, como sempre.
Conversar é muito bom.
Teve uma hora que o Fausto perguntou algo que não me lembro, mas que tinha a ver com Nelson Rodrigues.
Tinhorão é personagem da história rodriguiana Bonitinha mas Ordinária.
E quando dei por mim, o Fausto estava desenhando a minha cegueira.
E conversamos sobre música, naturalmente, poesia, jornalismo, religião e até sobre o mosquito Aedes Aegypti; mosquitinho, que chamou à "luta" nossas soldadas e soldados das nossas três forças: Exército, Marinha e Aeronáutica.
Pois é, quem diria, hein?! Um mosquitinho com carinha de besta, vindo da África de 1947, fazer um estrago desse?
Poxa, nos anos 80 eu trabalhava na TV Globo e, naquela época, o mosquito já aperrava todo mundo. As pautas sobre ele davam ibope. O ibope continua e a nossa irresponsabilidade também.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Cordel e Currículo Escolar

Em fevereiro de 1808, Dom João VI e sua família se achavam em terras brasileiras. Fugidos, em decorrência de ameaça de invasão a Portugal por Napoleão, o que se efetivou em dezembro daquele ano.
Dom João permaneceu por cá durante treze anos, voltando a sua terra após a morte de Napoleão, em 1821.
Neste 2016, faz exatamente duzentos anos que João VI foi coroado rei do Brasil.
Por que lembro isso?
Antes de mais nada,  porque fevereiro é quase sempre o mês do carnaval. Mas o carnaval no Brasil antecede a presença da família real na nossa terra.
Em pesquisa que desenvolvi na Biblioteca Pública do Porto, em Portugal, descobri que o Entrudo chegou ao Brasil nos começos do século XVIII. O Entrudo é a forma mais primitiva do que viria a se chamar carnaval.
Em 1808, Portugal era na sua decadência um país completamente dependente das riquezas do Brasil. Era muito lixo, lixo de todo tipo atirado nas ruas, nas calçadas. Daí, talvez, a “inspiração” ou origem do Entrudo por lá trazido pra cá. Os “foliões” praticantes do Entrudo atiravam sujeira, incluindo excrementos nas pessoas.
Em 1840, a coisa começa a mudar nas ruas do Rio de Janeiro, sede da corte. Grandes bailes eram feitos nos palácios e nos sítios ou fazendas da aristocracia. O primeiro baile de carnaval, por exemplo, data desse tempo. Os cordões e blocos vêm em seguida. O Entrudo permaneceria por mais algum tempo. Isso é história.
Por falar nisso, o governo está anunciando drásticas mudanças no currículo escolar. Drásticas mesmo. Os luminares da República estão excluindo desse currículo os autores portugueses, por exemplo. Estão excluindo a história clássica. Nada da Grécia, nada de Roma, nada de Portugal.
Se criminosamente for efetivado esse currículo, nossas futuras gerações deixarão de saber quem foram Eça de Queiroz, Camões, Pessoa, Antero de Quental, Branquinho da Fonseca, Camilo Castelo Branco, só para citar alguns. Ficarão também sem saber nada de nada sobre a Desgarrada, que aqui transformamos em poesia de repente, de improviso; e Literatura de Cordel...
Há alguns anos, eu disse em entrevista ao Jornal The Guardian, de Londres, da importância da Literatura de Cordel na Europa e no Brasil. Claro, citei Camões, os decassílabos de Camões, maravilhosos! Aqui mesmo no Brasil temos grandes cordelistas como os paraibanos Silvino Piraua e Leandro Gomes de Barros.
Essa história de mudar o currículo escolar é muito séria. Não se pode mudar um currículo desse porte de uma hora para outra. Parece que se faz isso tudo a calada da noite, propositalmente. Por que se faz isso? Não se pode por num currículo escolar a ideologia de um partido político, isso é crime.
No Brasil de hoje ainda há mais de 12% de analfabetos completos e algo em torno de 25% de analfabetos funcionais.
Para onde vamos?
Dom João VI veio para o Brasil e voltou para a sua terra, onde morreu.
A herança portuguesa no campo cultural é rica, muito rica.
O que será do brasileirinho que está chegando?
Ai, de nós!
Assim, em 2006 proferi palestra de encerramento de um seminário no Congresso Nacional. Na ocasião, propus que a música voltasse ao currículo escolar. A proposta foi aceita e virou lei, uns dois anos depois, mas essa lei até hoje não foi devidamente aprovada. Fui procurar saber e lá em Brasília me disseram que não há pessoal capacitado para a matéria.
É o fim do mundo, ou do Brasil.

Amanhã, nos Sambódromos do Rio e de São Paulo tem mais desfiles de Carnaval.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PATATIVA, LUIZ GONZAGA, JOSÉ CORTEZ, GLOBO E CARNAVAL


Nesta terça-feira gorda, acordei, não sei por que, pensando no poeta do Assaré, o Patativa.

Patativa não compôs nada sobre o Carnaval, mas o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, sim. Gonzaga, por exemplo, compôs com Humberto Teixeira a marcha “Meu Brotinho”, sucesso na voz de Francisco Carlos, que ficou conhecido como El Broto.

No último dia 1º, permaneci durante hora e meia falando sobre Carnaval e outras coisas no estúdio da CBN, cá em Sampa. Foram muitas as pessoas do Brasil e do exterior que entraram no site da emissora fazendo perguntas. Da França teve alguém que perguntou sobre a relação da literatura de cordel com o Carnaval. Relação direta, nenhuma. Mas essa é outra história. De qualquer modo, clique: http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-noite-total/2016/02/01/HISTORIA-DO-BRASIL-E-DO-CARNAVAL-E-MUITO-MAIOR-DO-QUE-O-PUBLICO-CONHECE.htm

Meu amigo Vitor Nuzzi acaba de abrir meus e-mails e, de supetão, damos de cara com uma mensagem de um velho amigo meu, lá da Paraíba: Alarico Correa Neto. Que, se dependesse dele e de outro amigo, Evandro Nóbrega, eu nem estaria em São Paulo, pois ambos, junto com Jurandy Moura, fizeram de um tudo há 40 anos para que eu, da terrinha querida – João Pessoa –, dela não saísse.

A mensagem de Alarico trouxe no anexo um vídeo de uma garotinha chamada Laís Amaro, 10 anos, cantando e se acompanhando à sanfona que nem gente grande. Sim, a Laís, já grande no talento, é incrível. Laís é do sertão paraibano, Cajazeiras. Ouçam-na:



Mas eu disse que acordei pensando no meu querido Patativa, sobre quem, aliás, escrevi o livro “O Poeta do Povo – Vida e Obra de Patativa do Assaré”. Eu andei gravando algumas coisas do velho Patativa, como “Maria Gulora”, acompanhado pelo talento do mineiro Téo Azevedo.

Pois bem. A pequena Laís interpreta à sanfona o baião imortal do também imortal Gonzaga (e Humberto Teixeira) “Qui nem Jiló”. Essa música foi originalmente gravada no dia 5 de janeiro de 1950 no estúdio da extinta Victor, no Rio de Janeiro.

Patativa nasceu no dia 5 de março de 1909. Patativa começou a fazer poesia aos 8 anos de idade, quando ouviu alguém declamando um folheto de Leandro Gomes de Barros, que desde então virou seu ídolo. Leandro(1865-1918) morreu um dia antes de Patativa completar 9 anos.

Enquanto eu pensava no Patativa, e, de tabela, Luiz Gonzaga, o telefone toca: é o amigo José Cortez, da Cortez Editora, nos convidando, a mim e a Ana Maria, minha filha, para almoçar num restaurante recém-inaugurado, no bairro paulistano do Pacaembu (Rua Traipu, 91, telefones 4306-2078/2082, www.baiaocozinhanordestina.com.br). No restaurante Baião comemos um belíssimo baião de dois. Não por coincidência, foi a composição primeira que marcou a vida de Luiz Gonzaga; e “Baião de Dois” é música de Gonzaga (e Humberto) que hoje faz parte dos clássicos da música popular brasileira.

Eu gostei do que comi. E a cervejinha estava também muito boa. Poxa, esse Cortez é do balacobaco! Como todo mundo sabe,  o mineiro Juscelino Kubitscheck ficou famoso como “pé de valsa”, e Cortez já entrou também para a história como um “pé do forró”. O cabra dança que nem uma carrapeta num salão de forró! E mais, muito mais importante, José Cortez é um apaixonado pelo Brasil mais profundo; o Brasil pé no chão, o Brasil povo, o Brasil gente, o Brasil que pensa, o Brasil que chora, o Brasil que lê. José Cortez é daqueles brasileiros que a gente sente orgulho de tê-lo como amigo, de tê-lo nas proximidades, de saber que nele há um cais, há uma âncora. Viva José Cortez!



Ah, eu ia esquecendo. No restaurante Baião há música ao vivo, e hoje lá estava Fernandinho do Acordeon, cantando e tocando com seus músicos um repertório muito bonito, baseado em Luiz Gonzaga.

Em 1964, só para arrematar essa história, não custa lembrar que Luiz Gonzaga lançou, de autoria de Patativa, a obra-prima popular “A Triste Partida”, espécie de hino do povo nordestino.



ESCOLA DE SAMBA

No texto anterior, aí de baixo, eu falo do fim das escolas de samba. Elas agonizam, essa é a verdade. Eu afirmei e reafirmo que no dia em que a TV Globo decidir não mais transmitir os desfiles do Rio e de São Paulo as escolas darão o seu último suspiro e cairão que nem um Pierrô traído pela Colombina. E tudo acabará em cinzas, isto é: em compacto.

Quer ver? Ontem mesmo, que nem um babaca, fiquei diante da telinha de fazer doido, como diria Stanislaw, esperando o início da transmissão dos desfiles do Rio. Mas cadê? A Globo engoliu a transmissão da escola que abriu a segunda noite na Sapucaí: Vila Isabel. Pobre Noel, de bela memória e obra inesquecível. Aqui em São Paulo, acaba de sair o resultado deste 2016. A vencedora foi a escola Império de Casa Verde, com samba-enredo que trata dos mistérios da vida. 

Do primeiro grupo, caíram as escolas Pérola Negra e X-9 Paulistana. Aliás, na X-9 tive a experiência de desfilar em 2010 (abaixo). O tema abordado na ocasião foi a língua portuguesa.


O cantor Roberto Leal, Álvaro Alves de Faria, Celso de Alencar, Luiz Roberto Gudes... 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

AS ESCOLAS DE SAMBA ESTÃO NO FIM

Nenhuma escola de samba do Rio de Janeiro ou de São Paulo abordou como temática o mosquito da dengue, que é também da zika e do chikungunya. É o mosquito da moda que ora inferniza o Brasil e boa parte do mundo. Só em Ribeirão preto, quase mil casos foram registrados; desses, cento e quarenta foram confirmados como zika em grávidas. É epidemia o que estamos vivendo.
Nos Estados Unidos da América do Norte foram registrados um caso de zika em grávida e cinquenta suspeitos. Obama, o homem lá deles, acaba de pedir que o Congresso libere um bilhão e oitocentos milhões de dólares para matar no nascedouro o mosquito Aedes.
Enquanto isso cá na nossa terrinha, Dona Dilma não libera nada e nem pede ao Congresso que libere grana para combater o bom combate contra o mosquito. Ela fez o seguinte: marcou reunião com Ministros para discutir a questão no próximo sábado. Nesse dia homens e mulheres das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) deverão sair às ruas para dar tapas no mosquito. Quem diria...
As principais escolas de samba que invadem os sambódromos não abordaram a temática da roubalheira generalizada que ora assola este País achado há quinhentos e poucos anos pelo navegador português Pedro Álvares Cabral e celerados autorizados por Don Manuel a acompanhá-lo na aventura que deu no que deu. Peraí, eu disse que nenhuma escola desfilou com a temática de roubalheira. Minto. Uma saiu, sim: a Mocidade Independente de Padre Miguel que levou à Sapucaí o idealista Don Quixote, de Cervantes, que ficou chocado com a onda tsunâmica de corrupção que presenciou.
Aliás, essa coisa de escola de samba já deu tudo que tinha de dar. Primeiro por que o povo já não participa delas. Escola de samba é para elite e turistas. E para a televisão, especialmente a Globo. Se a Globo decidir que não vai mais transmitir os desfiles das escolas do Rio e de São Paulo, elas acabam.
E isso não vai durar muito. Você sabe, amigo, quanto o Ibope registrou de audiência ontem para a Globo no horário em que transmitia o desfile carioca? Anote aí: 9%. E sabe o que eu acho?

Ano que vem a Globo não vai transmitir o desfile.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

TINHORÃO, 88. É CARNAVAL!

O cantor Roberto Luna e seu colega Roberto Seresteiro (foto: Aline Pereyra)

Neste Carnaval, a população de Recife vai às ruas em mais de 700 blocos. Só o Galo da Madrugada, que está homenageando o japonês da PF e o juiz Sérgio Moro, arrastará cerca de 2 milhões de foliões.
No Rio de Janeiro, o povo e abastados foliarão em mais de 500 blocos. Só o Cordão do Bola Preta, que ontem deu zica (quer dizer, o pau cantou), levou às ruas mais de um milhão de bolapretenses.
Em São Paulo, com grana da Prefeitura, a folia em blocos vem registrando algumas centenas de milhares de gente do povo em movimento. Nesta ex Terra da Garoa há coisas engraçadas, hilárias, fantásticas, que deixariam o inspirado pintor Salvador Dali, com suas ideias excêntricas, parecendo meras obviedades. Hoje, no pino do meio-dia, um cara com barbas enormes, de saltos altos, peruca de longos cachos se espalhando pelos ombros e trajando um vestido transparente, sacava com ar angelical uns trocados num caixa eletrônico no bairro de Santa Cecília. Era como se fosse uma figura desgarrada de um desses blocos em moda.
Coisas de Carnaval.
Em Brasília, a eterna Ilha da Fantasia, o bloco Baby Doll de Nylon arrastou ontem 65 mil “virgens”. Foi notada a ausência da Dilma.
O causo é o seguinte: o povo criou as Escolas de Samba que os cartolas assumiram. Sem opção, o povo está dando o troco, criando e recriando cordões e blocos afora.
É Carnaval. Nessa época muita gente boa nasceu: Inezita Barroso, Osvaldinho da Cuíca e Tinhorão, de batismo José Ramos.
José Ramos Tinhorão nasceu no dia 7 de fevereiro de 1928, na cidade paulista de Santos. Seus 88 anos foram motivo, ontem, para que os grupos Terreiro de Mauá e Terra Brasileira comparecessem à Vila Buarque –no centro paulistano- para tocar o genuíno samba brasileiro. Tinhorão era uma alegria só, contrastando com a imagem de sisudo que lhe fazem. Com amigos ele tomou umas e aceitou todos os votos de parabéns, antes e depois de cortar e dividir o bolo, decorado com uma caricatura sua. Entre os amigos, Pelão, Barão do Pandeiro e Roberto Luna, a grande voz do bolero que por muito tempo encantou muita gente e continua encantando...
É Carnaval!

Luna e Tinhorão se cumprimentam, às vistas do Assis... (foto: Magali)
                              

BATICUMBUM
A mesmice das escolas de samba, incluindo enredo e parangolés, repetiu-se em São Paulo e certamente se repetirá hoje e amanhã no Rio de Janeiro. Os desfiles, desde há muito, servem basicamente para estrelas de meia tigela brilharem por instantes. Andy Warhol já falou disso, dos quinze minutos de fama de abestados. Nessa última noite, no sambódromo paulistano, uma candidata ao estrelato repentino, arrancou as vestes, mínimas, para gáudio dos fotógrafos e cinegrafistas. Mas, como num passe de mágica, uns fortões da escola em que ela desfilava (Unidos do Peruche), entraram em ação, retirando-a da pista. Numa boa? O objetivo ela alcançou.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O Brasil do Carnaval

O meu bloco é legal.
É melhor do que o teu.
No meu bloco tem o Japa
Grampeando o Zé Dirceu.

O Japa e Sérgio Mouro
Estão nas ruas, em ação
Caçando cabra safado
Que roubaram a Nação

O Brasil está doente. A doença é grave, o paciente geme. O paciente está atordoado e, aparentemente, abandonado.
O Brasil está doente, geme e o agridem de todas as formas.
Skindô!
Em algumas regiões do Brasil, o carnaval começou em janeiro. Janeiro do ano passado. Na Bahia, por exemplo, os baianos dançam, dançam e dançam  sem se cansar. Quanta alegria! Será mesmo alegria o que os foliões que dançam o ano inteiro sentem?
O Brasil está doente, o Brasil está sendo ludibriado.
Na avenida, as escolas de samba se preparam para apresentar seus enredos e baticumbuns com passistas radiantes enfeitiçando e despertando a gula dos foliões. É um bonito espetáculo.
Sem dúvida, é bonito o espetáculo que normalmente as escolas apresentam na avenida. De repente, personagens históricos do mundo todo ressurgem como num passo de mágica, do nada.  Cabral, por exemplo, e Tiradentes, Calabar, Nassau e Chica da Silva já apareceram  dessa forma com suas particularidades aos olhos de todo mundo. Agora mesmo quem vai aparecer é o Dom Quixote em mágica dos carnavalescos da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Confira:





Se eu gosto dos carnavais de hoje? Se eu gosto ou não gosto, essa não é a questão. A questão é o carnaval de hoje, com muito luxo e dinheiro, é feito para os olhos e prazer dos turistas. Nessa,  o povo está de fora. E lembrar que a escola – incluindo a expressão – foi criada pelo povo, doi. A primeira escola chamou-se Deixa Falar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

SURPRESAS COM TINHORÃO E FAUSTO

Hoje faz um mês e dois dias que entrou em vigor uma lei que inclui os excluídos, como eu que fiquei cego.
Os excluídos no Brasil são muitos e poucos os que lutam para trazer à tona os que estão fora do social.
Os excluídos da vida real são muitos.
Mas não é exatamente sobre esse assunto que ora quero falar.
Pois é, hoje foi uma tarde maravilhosa.
Recebi muitos telefonemas me parabenizando pela entrevista de hora e meia, ao vivo,  que dei a jornalista Tania Morales, no programa que ela comanda: CBN Noite Total.
A entrevista ainda pode ser acessada no site da CBN www.cbn.com.br   Até eu gostei.
Inesperadamente, no meio da tarde, chegou um dos meus queridos amigos que eu não via e nem falava há muito tempo: Fausto.
Fausto, tudo mundo sabe, é um dos mais informados, criativos e originais cartunistas que o Brasil já deu. Eu o conheço há uns 40 anos.
E começamos a falar sobre tanta coisa que nem eu mais lembrava.
 Falamos sobre música, política, economia, futebol, jornalismo, poesia, romance e até de Roberta Close que muitos homens desejaram antes de descobrir que ela era ele.
O Fausto é engraçado, como todos os humoristas normalmente o são.
E Falamos e lembramos ainda de nomes que conosco conviveram no tempo em que jornal se fazia com jornalista.
Lembramos Luís Gê, Angeli, Jota ( Jotinha ), Ptchó,  Ziraldo, Jaguar, Sérgio Porto (Stalislaw Ponte Preta ), Barão de Itararé e Oswaldo Mendes.
Quanta lembrança!
E muita coisa triste também foi lembrada nessa conversa de rememorização com Fausto, como a morte planejada do criador do personagem o Amigo da Onça ( Péricles) e tanta gente  igualmente tão importante para a cultura brasileira: Torquato Neto, Marcus Pereira, Assis Valente...

E de repente chegou a nossa conversa o mais importante historiador do Brasil: José Ramos Tinhorão, um santista que desenvolveu a carreira profissional na imprensa carioca e que no próximo domingo 7 completará 88 anos de brasilidade. E entre uma cachacinha e outra falamos até de Câmara Cascudo e Edson Carneiro.
E a conversa seguiu.
Você já leu o belo e instigante romance Fausto, do alemão Goethe?
Pois é, histórias com gente que sabe de histórias só acrescenta à história.
Falamos de África, Portugal, Espanha, Holanda...
Achei engraçado Tinhorão fazer referencias à teorias a ver com a construção das pirâmides egípcias e dos Moais da Ilha de Páscoa.
Em março Tinhorão lança mais um livro, dessa vez destruindo o mito Rei do Gongo.
Ninguém perde por esperar.

Rômulo Nóbrega
O paraibano Rômulo está gravando para disponibilizar para cegos o livro Pra Dançar e XaXar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti, que ele escreveu em parceria com José Batista Alves. Estou aguardando com ansiedade esse presente. O livro de Rômulo e José é o promeiro sobre Rosil, um pernambucano nascido há 100 anos Rosil é o autor da obra-prima Tropeiros da Borborema, que Luíz Gonzaga gravou.




 Hoje faz um mês e dois dias que entrou em vigor uma lei que inclui os excluídos, como eu que fiquei cego.
Os excluídos no Brasil são muitos e poucos os que lutam para trazer à tona os que estão fora do social.
Os excluídos da vida real são muitos.
Mas não é exatamente sobre esse assunto que ora quero falar.
Pois é, hoje foi uma tarde maravilhosa.
Recebi muitos telefonemas me parabenizando pela entrevista de hora e meia, ao vivo,  que dei a jornalista Tania Morales, no programa que ela comanda: CBN Noite Total.
A entrevista ainda pode ser acessada no site da CBN www.cbn.com.br   Até eu gostei.
Inesperadamente, no meio da tarde, chegou um dos meus queridos amigos que eu não via e nem falava há muito tempo: Fausto.
Fausto, tudo mundo sabe, é um dos mais informados, criativos e originais cartunistas que o Brasil já deu. Eu o conheço há uns 40 anos.
E começamos a falar sobre tanta coisa que nem eu mais lembrava.
 Falamos sobre música, política, economia, futebol, jornalismo, poesia, romance e até de Roberta Close que muitos homens desejaram antes de descobrir que ela era ele.
O Fausto é engraçado, como todos os humoristas normalmente o são.
E Falamos e lembramos ainda de nomes que conosco conviveram no tempo em que jornal se fazia com jornalista.
Lembramos Luís Gê, Angeli, Jota ( Jotinha ), Ptchó,  Ziraldo, Jaguar, Sérgio Porto (Stalislaw Ponte Preta ), Barão de Itararé e Oswaldo Mendes.
Quanta lembrança!
E muita coisa triste também foi lembrada nessa conversa de rememorização com Fausto, como a morte planejada do criador do personagem o Amigo da Onça ( Péricles) e tanta gente  igualmente tão importante para a cultura brasileira: Torquato Neto, Marcus Pereira, Assis Valente...

E de repente chegou a nossa conversa o mais importante historiador do Brasil: José Ramos Tinhorão, um santista que desenvolveu a carreira profissional na imprensa carioca e que no próximo domingo 7 completará 88 anos de brasilidade. E entre uma cachacinha e outra falamos até de Câmara Cascudo e Edson Carneiro.
E a conversa seguiu.
Você já leu o belo e instigante romance Fausto, do alemão Goethe?
Pois é, histórias com gente que sabe de histórias só acrescenta à história.
Falamos de África, Portugal, Espanha, Holanda...
Achei engraçado Tinhorão fazer referencias à teorias a ver com a construção das pirâmides egípcias e dos Moais da Ilha de Páscoa.
Em março Tinhorão lança mais um livro, dessa vez destruindo o mito Rei do Gongo.
Ninguém perde por esperar.

Rômulo Nóbrega
O paraibano Rômulo está gravando para disponibilizar para cegos o livro Pra Dançar e XaXar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti, que ele escreveu em parceria com José Batista Alves. Estou aguardando com ansiedade esse presente. O livro de Rômulo e José é o promeiro sobre Rosil, um pernambucano nascido há 100 anos Rosil é o autor da obra-prima Tropeiros da Borborema, que Luíz Gonzaga gravou.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

FOGO APAGA A MEMORIA DA CULTURA POPULAR

1, 2, 3 e 4.
Pois é, o fogo invadiu a Cinemateca pela 4º. Foi hoje, no começo da manhã. Naturalmente, parte da memoria do cinema nacional foi para o vinagre. Ainda não se sabe  a causa do incêndio e nem os rolos de filmes, fotos, jornais, revistas e maquinas que as labaredas engoliram. Mais com certeza houve prejuízo, e não dos pequenos.
Tudo isso poderia ser evitado, mais não foi. Como também não foi evitado o incêndio que devorou recentemente o museu da língua portuguesa, na Luz.
Os incêndios no Brasil são fogo. Desculpem-me o trocadilho, mas não dá para ficar quieto diante dás gestões irresponsáveis tão comuns entre nós.
Qual será o próximo alvo do fogo?
Ano passado, o fogo visitou e destruiu totalmente o teatro do Memorial da América Latina,
Que até agora não foi refeito. A justificativa é: não a verba. Enquanto isso, a memoria da cultura brasileira vai se extinguindo pela irresponsabilidade humana.
Não basta construir espaços memorias: é preciso fazer manutenção, e de tudo isso é o custo mais barato...
E o MASP em? Boa parte da historia da pintura do mundo se acha lá, e se o fogo resolver dar um pulinho lá na calada da noite, hein.
Não podemos esquecer, jamais, que o brioso corpo de bombeiros e sempre chamado depois que o fogo da às caras.  
O instituto memoria Brasil guarda no seu acervo mais de 150 mil itens referentes à cultura popular brasileira, entre esses itens, se acha um depoimento exclusivo do nosso mais importante folclorista, Camara Cascudo (abaixo). Esse acervo despertou interesse do Ministro da cultura, Juca Ferreira. O interesse foi expresso no sentido de preservação. Mais até agora...

Você conhece o instituto memoria Brasil?  http://www.institutomemoriabrasil.org.br


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