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sábado, 10 de junho de 2023

A BOSSA NOVA MORREU, NO BRASIL

Contando nos dedos: 31, 41, 51... Eu nasci em 1952... 61... Jânio Quadros na parada como representante da República... 71... Ditadura militar, sete anos antes... 81, 91, 2001, 2011, 2021...
Se vivo estivesse entre nós o baiano João Gilberto estaria completando 91 anos de idade. É isso mesmo?
Pois é, não tem como dizer o contrário: o baiano de Juazeiro João Gilberto, com a sua pancadinha leve ao violão e sua voz suave e afinada, foi quem criou um nome gênero musical brasileiro, mesmo com uma célula do jazz norte-americano.
Ouso aqui dizer que esse João foi tão importante quanto o pernambucano de Exu Luiz Gonzaga, que para o mundo ficaria conhecido como o Rei do Baião.
O novo ritmo criado por João Gilberto chamou-se Bossa Nova. O mundo inteiro conhece esse gênero, esse ritmo, essa pancada sonora inventada pelo baiano João.
A primeira gravação de Garota de Ipanema, carro chefe do movimento bossa-novista, foi gravada no Brasil no dia 26 de março de 1963, lançada em julho num disco de 78 rpm pela gravadora Odeon. O intérprete, de quem privei amizade, foi o carioca Pery Ribeiro. Pery era filho da deusa da nossa música Dalva de Oliveira e do cínico Herivelton Martins, porém sem dúvida um grande letrista e melodista da nossa música popular. É dele, por exemplo, a canção Ave Maria no Morro. Essa canção foi gravada em muitas línguas.
Em muitas línguas, quase todas, foi também gravada Garota de Ipanema.
A primeira versão em inglês de Garota de Ipanema coube à baiana de Salvador Astrud Gilberto. Essa gravação Astrud fez no dia 12 de março de 1963, num estúdio de Nova Iorque lançada no ano seguinte, num single, sem créditos à intérprete. Não houve contrato na ocasião. Da parte dela, de Astrud, por ingenuidade ou amadorismo.
Astrud foi mulher de papel passado de João Gilberto, mas João a traiu e a deixou com uma criança pra criar.
Não custa lembrar que João inspirou quase todo mundo no Brasil, como Luiz Gonzaga.
Seis meses depois da gravação de Garota de Ipanema por Pery Ribeiro, foi a vez do grupo Tamba Trio fazer a gravação dessa música. Pela gravadora Philips (ao lado).
No começo da carreira, João brigou com muita gente. Até com Geraldo Vandré. Mas o tempo passou e a amizade entre os dois voltou.
O primeiro LP de Vandré tem a marca bossa-novista. Não é mesmo, maestro Júlio Medaglia?
Dizem que a Bossa Nova morreu, eu também acho. No Brasil.
A cantora inglesa Amy Winehouse (1983-2011) gravou Bossa Nova, claro! Você não sabia, meu amigo?
Winehouse gravou Garota de Ipanema, pouco antes de partir não sei pra onde. Confira:


HOJE 10 DE JUNHO, É O DIA DE CAMÔES

O dia 10 de junho é o Dia de Camões, poeta português que legou ao mundo a obra-prima Os Lusíadas. A respeito dele e do livro andei proseando na Biblioteca Mário de Andrade, cá em Sampa. Foi sábado 3/6. Particularmente, gostei. Contei isso ao amigo Geraldo, que perguntou porque eu não lhe avisei dessa palestra. É isso.
Quem não compareceu à Biblioteca Mário de Andrade, pra me ver e ouvir falar sobre o legado português para o Brasil, e para o mundo, ainda é hora de ver e ouvir o que lá falei. Clique: 

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (23)

 O carioca Dicró, de batismo Carlos Roberto de Oliveira (1946-2012), também deitou e rolou cantando em duplo sentido. Olha a Rima e Cama de Pau Duro. Como muitos, também brincou com a sogra. Humor puro e cheio de graça.
Na batida do samba estilizado tem o grupo Só pra Contrariar, que interpreta A Barata, de Alexandre Pires, gravado no seu primeiro LP (1993), que vendeu cerca de meio milhão de cópias. Putaria só, só. Nessa linha é também o sertanojo A Garagem da Vizinha, da dupla Sandro e Gustavo, que diz: “Lá na rua onde eu moro/ Conheci uma vizinha/ Separada do marido/ E tá morando sozinha/ Além dela ser bonita/ É um poço de bondade/ Vendo meu carro na chuva/ Ofereceu sua garagem…”.
E, claro, não dá pra esquecer das baixarias do grupo É o Tchan!
Além das letras picantes, É o Tchan marcou pela coreografia extremamente sensual. Era o caso de até fazer crianças saírem da frente dos aparelhos de TV. Coisa de "boquinha na garrafa" e tal.
O cantor Alípio Martins, paraense, também marcou época interpretando coisas de duplo sentido, falando de cornos e gays.
Rolando Boldrin tem uma parceria muito bonita com o bom baiano Tom Zé, A Moda do Fim do Mundo. Nessa moda, os dois falam da necessidade de recomeçar o mundo como tudo começou: um macho transando com uma fêmea. Pois, pois.

O bem humorado cantor de forró Manhoso saiu da miséria depois de gravar várias músicas de fundo malicioso, entre as quais Umbu Azedo e O Tico-Tico.
Na primeira, ele canta: "Menina eu nunca vi umbu ser tão azedo/ Menina eu nunca vi umbu ser tão azedo/ Zezinho eu nunca vi umbu ser tão azedo/ porque eu nunca vi umbu ser tão azedo…" . E na segunda: "Tico mia na sala, Tico mia no chão/ Tico mia na cozinha, encostado no fogão/ Tico mia no tapete, Tico mia no sofá/ Tico mia na cama, toda hora, sem parar…".
O apelido Manhoso, nome verdadeiro de Edson Correia da Fonseca (1935-2023), foi dado pelo apresentador de programa de TV Flávio Cavalcanti (1923-1986).

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