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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

FAVELA: CHEGA DE BALA!

Enquanto ontem 4 praticamente eu me estatelava em ação de ginástica, o treinador Anderson sugeria que eu dissesse alguma coisa sobre favela para que registrasse num pequeno vídeo. Aliás, como sempre costuma fazer. Perguntei a razão disso. E ele:
- Ora, porque hoje é o Dia da Favela. 
Tema sugerido, falei pouco. Agora, vamos lá.
O 4 de novembro é considerado o Dia da Favela porque nesse dia e mês de 1900 foi registrado oficialmente,  no Rio de Janeiro, o surgimento da primeira favela no País. Nome: Providência, também chamada Favela do Morro ou Morro da Favela. 
A população desse morro, por extensão favela, aumentou rapidamente com a chegada dos homens que foram massacrar os miseráveis seguidores do ermitão Conselheiro em Canudos, sertão da Bahia. 
A propósito, não custa dizer que Canudos foi uma grande favela. 
Antes de a Providência se tornar o primeiro registro histórico de favela, outros morros já havia Brasil afora. 
Foi no Morro do Livramento que nasceu o mais querido bruxo do Brasil: Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908).
Antes do surgimento das favelas, hoje totalizadas pelo IBGE em 12.348 unidades, já proliferavam país afora os chamados cortiços. 
Tem até um romance intitulado O Cortiço (1890), escrito pelo maranhense Aluísio Azevedo, que trata do dia a dia das famílias pobres, para não dizer paupérrimas, que habitavam coletivamente essas moradias.
Bom, o Morro do Livramento continua onde sempre esteve: entre o Morro da Conceição e o Morro da Providência. 
O Morro da Conceição é considerado o berço do Rio de Janeiro, ocupado desde o século 16.
Em São Paulo a primeira favela surgiu na  zona norte, Palmas do Tremembé. Ano: 1934. Depois surgiram as favelas da Vila Prudente, do Canindé e do Vergueiro.
Faz tempo que essas favelas deixaram de existir. 
A Favelar do Canindé ficou famosa depois de o jornalista Audálio Dantas topar ocasionalmente com Maria Carolina de Jesus (1914-1977). 
Carolina de Jesus ganharia notoriedade com o livro Quarto de Despejo (1960).
Muita gente boa que ficou famosa, nasceu ou morou em favela. Os exemplos são muitos, como os compositores Ismael Silva, Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Zé Keti, Madame Satã, Ângela Maria, Elza Soares, Dicró, Zeca Pagodinho, Sérgio Ricardo...
O cantor e compositor Sérgio Ricardo (1932-2020) viveu por um longo tempo na Favela do Vidigal.
Miguel Nunes Vidigal foi quem deu nome à favela, regularizada depois de muito tempo pelos advogados Bento Rubião (1928-1985) e Sobral Pinto (1893-1991).
Bento Rubião ficou conhecido como o Advogado das Favelas e seu colega Sobral Pinto, o Homem da Justiça. 
Durante praticamente todo o século 20 as favelas brasileiras, especialmente as do Rio e São Paulo, foram cantadas em prosa e verso.
Voltarei ao assunto. 
Ah! Sim: entendo perfeitamente que não é a polícia subindo morro e matando gente que se vai resolver o problema da ocupação das favelas pelos bandidos. Até porque os bandidos que a polícia aniquila são bandidos pés de chinelo, pois os grandões estão dando ordens a partir das suas mansões ou dos presídios que viraram, grosso modo, escritórios do crime. É de lá que saem ordens para matar. Isso é feito, basicamente, através de aparelhos celulares. 

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