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domingo, 26 de fevereiro de 2017

CARNAVAL, SAMBA E CORDEL

Ouço no rádio e na televisão que o tempo é de Carnaval e que o povo, todo feliz, está brincando nas ruas. É verdade ou é mentira?
Ouço no rádio e na televisão notícia que diz que o Carnaval é a festa de maior liberdade popular.
Verdade ou mentira?
Ouço no rádio e na televisão repórteres e apresentadores dizendo que o Carnaval é do povo. Verdade ou mentira? 
Ouço no rádio e na televisão notícia que dá conta do aumento estrondoso de blocos na rua.
É verdade ou mentira?
Tudo mentira, à exceção, talvez da última informação.
Notas na imprensa informam que, em São Paulo, o número de blocos de carnaval nas ruas subiu cerca de 37% se comparado ao ano passado: de não sei quanto foi para 381.
No Rio, o número de blocos também aumentou. Não sei quanto.
O Cordão do Bola Preta, no Rio; o Bloco Muriçocas de Miramar em João Pessoa, PB; e o Galo da Madrugada, em Recife, PE, continuam arrastando multidões de foliões. 
Nesses grupos eu vejo autenticidade de festa popular. No mais é negócio.
Muita grana rola no Carnaval.
As escolas, mesmo com a crise, continuam brilhando.
Os temas são invariavelmente os mesmos e os destaques femininos também. 
A primeira escola de samba de que se tem notícia no Brasil foi criada em 1928, por Ismael Silva e outros bam bam bans, no Rio de Janeiro.
Em São Paulo, a primeira escola de samba foi criada em 32, por uma mulher de nome Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, que existe até hoje.
Até os anos 70, 80, muitos temas foram desenvolvidos com muita categoria e, por isso, muitos deles se tornaram clássicos.
Em 1973, a escola de samba Em Cima da Hora, do Rio, entrou na avenida cantando o enredo O Saber Poético da Literatura de Cordel. Perfeito, mas não ganhou. Clique:
 
Em 1986, também no Rio, a escola de samba de Vila Isabel encantou a multidão com o mesmo tema abordado pela Em Cima da Hora.
Em 2012, foi a vez da Acadêmicos de Salgueiro encantar o público ao trazer de volta a temática do Cordel. Eu gostei e certamente muita gente gostou também. O Nordeste é constituído por 9 Estados, sua área é de pouco mais de 1,5 milhão de km².
O Nordeste, parafraseando o mineiro Guimarães Rosa está em toda parte, no rádio, na televisão, no jornal, na revista, nas universidades, nas ruas e no coração de gregos e troianos, ou seja, no mundo inteiro, Viva o Nordeste, Viva o Cordel!
Mas o Carnaval não é mais do povo. Há muito tempo deixou de ser do povo. Virou negócio que gira bilhões de reais. É coisa prá turista e gente endinheirada. Não é mesmo?
O Rio de Janeiro recebe, nesse período, cerca de 2 milhões de turistas. Todo mundo lucra com isso, menos o povo. O povo hoje, ao contrário de anos atrás, se quiser participar do desfile das escolas, tem que pagar, claro, infelizmente.
Nas arquibancadas dos sambódromos e, principalmente, São Paulo, não é raro enxergarmos lugares vazios.
Quanto ao som, ao samba, esse é um item muito especial: o que se ouve no Rio, ouve-se em São Paulo.
Estou ouvindo Bach e Chopin...

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