A Intrusa de Júlia Lopes de Almeida tem um fim feliz, como se viu.
Fim diferente tem Helena, personagem homônima de um dos primeiros romances de Machado de Assis.
A história começa com a morte repentina do Conselheiro Vale, viúvo e irmão de Úrsula.
Úrsula é uma virgem irredutível beirando os sessenta. Durona e respeitável. Mora com o sobrinho, Estácio.
Tudo se passa entre 1850 e 1851.
O Conselheiro deixou boa fortuna e apenas um filho.
No testamento deixado pelo finado havia uma cláusula obrigando os herdeiros a compartilhar os bens com uma adolescente cujo nome era Helena, que vivia estudando num convento.
O Conselheiro declarava-se no testamento como pai da menina e que os herdeiros se viam obrigados a acolhê-la como tal.
A notícia caiu como uma tempestade, deixando Úrsula transtornada.
Um dia, Helena chega. É linda, discreta e muito inteligente.
Estácio fica atarantado. Seu coração parece querer saltar pela boca. Encurtando: Estácio apaixona-se perdidamente por Helena.
Incesto à vista?
O Conselheiro tinha como um dos seus grandes amigos o médico Camargo.
Camargo era um cara muito influente na sociedade do seu tempo. Era ambicioso e queria porque queria que sua filha única Eugênia se casasse com Estácio. Chegaram a noivar.
Num determinado dia, bate a porta de Estácio o amigo Mendonça.
Mendonça depressa apaixona-se por Helena.
E paro por aqui deixando perguntas.
Quem casa com quem?
Quem herda o quê?
E quem é Salvador, personagem que só agora cito?
Na obra do bruxo do Cosme Velho tudo tem significado, nas entrelinhas ou não.
Esse romance, o terceiro de Machado, foi publicado originalmente na forma de folhetim entre agosto e setembro de 1876, no jornal O Globo. Na origem o título era Helena do Vale. Em outubro desse mesmo ano, o livro foi publicado com o título simplesmente de Helena.
Dica aos navegantes: o aqui referido jornal O Globo foi fundado por Quintino Bocaiuva e durou até o ano de 1883. Era do Rio.