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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

DE CHICO PRA CHICO

Ouvi outro dia notícia que dava conta de que o compositor Chico Buarque fora provocado por um grupo de desocupados que o encontrou à saída de um restaurante, no Rio de Janeiro. Foi uma provocação lamentável, despropositada. Foi uma provocação de ignorantes radicais. Entre eles, havia até quem nem soubesse quem era Chico. Chico é uma reserva moral neste País de tanta imoralidade, falcatruas, roubos etc.

Chico, como tantos brasileiros, contribuiu enormemente para a democracia que hoje vivemos. Desconhecer isso é desconhecer tudo o que há de melhor no Brasil.

A agressão verbal ao autor de Construção deveu-se ao fato de ele ser considerado petista.

A democracia permite debates entre contrários, independentemente de raça, cor etc. Aliás, no filme documentário Chico – Artista Brasileiro, atualmente em cartaz nas boas casas do ramo, há muitas falas sobre combate à ditadura militar, liberdade, democracia, anistia. Vale a pena vê-lo. E fica aqui o meu protesto contra os boçais.


O mundo tá cheio de Chico
É Chico que vai e Chico que vem
Todo mundo quer ser Chico
Você quer ser Chico também?

Todo Chico é Francisco
Todo Francisco é Chico
Neste mundo de mentiras
E de muito fuxico

Mas é muito bom ser Chico
Tem Chico papa, Chico santo
Tem Chico aqui e acolá
Tem Chico em todo canto

Tem Chico no Pará, Piauí
Em Nova York e Belém
E até na Conchinchina
Se brincar tem Chico também

Ah!, toda mulher quer um Chico
Pra fazer judiação
Um Chico logo disse:
Eu, hein? Mulher com Chico não.


CHICO – ARTISTA BRASILEIRO

Clique: Ouvi outro dia notícia que dava conta de que o compositor Chico Buarque fora provocado por um grupo de desocupados que o encontrou à saída de um restaurante, no Rio de Janeiro. Foi uma provocação lamentável, despropositada. Foi uma provocação de ignorantes radicais. Entre eles, havia até quem nem soubesse quem era Chico. Chico é uma reserva moral neste País de tanta imoralidade, falcatruas, roubos etc.

Chico, como tantos brasileiros, contribuiu enormemente para a democracia que hoje vivemos. Desconhecer isso é desconhecer tudo o que há de melhor no Brasil.

A agressão verbal ao autor de Construção deveu-se ao fato de ele ser considerado petista.

A democracia permite debates entre contrários, independentemente de raça, cor etc. Aliás, no filme documentário Chico – Artista Brasileiro, atualmente em cartaz nas boas casas do ramo, há muitas falas sobre combate à ditadura militar, liberdade, democracia, anistia. Vale a pena vê-lo. E fica aqui o meu protesto contra os boçais.


O mundo tá cheio de Chico
É Chico que vai e Chico que vem
Todo mundo quer ser Chico
Você quer ser Chico também?

Todo Chico é Francisco
Todo Francisco é Chico
Neste mundo de mentiras
E de muito fuxico

Mas é muito bom ser Chico
Tem Chico papa, Chico santo
Tem Chico aqui e acolá
Tem Chico em todo canto

Tem Chico no Pará, Piauí
Em Nova York e Belém
E até na Conchinchina
Se brincar tem Chico também

Ah!, toda mulher quer um Chico
Pra fazer judiação
Um Chico logo disse:
Eu, hein? Mulher com Chico não.


CHICO – ARTISTA BRASILEIRO

Clique:  
















segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

AINDA É NATAL...

Recebi belíssimos presentes de amigos muito queridos.
Recebi pamonhas, maçãs, panetones, pães de grãos, mel, uma cachaça, um uísque e um perfume. Senti-me - que Deus me perdoe - que nem o Cristo bebê na manjedoura recebendo relíquias dos Reis Magos.
Faltaram-me cartas escritas de próprio punho como antes do advento internet.
O desábito de escrever e enviar cartas é algo muito grave. Você, amigo, já pensou em Getúlio Vargas se matando sem deixar uma carta escrita de próprio punho justificando à nação o seu tresloucado gesto que a nós todos enlutou?
Você, amigo, já pensou em Jânio Quadros renunciando à presidência da República sem deixar uma carta escrita de próprio punho explicando o inexplicável ao abandonar o chapéu?
Pois é, cartas revelam a alma de quem a escreve.
Não dá para simplesmente se matar diante de uma câmera. Isso é ridículo, como ridículo também seria Jânio, por exemplo, anunciar a sua renúncia pelo rádio ou televisão. Faltaria algo. É claro.
Carta é documento.
Continuo sentindo falta de cartas.
Estou tergiversando...
Estudei em colégio de padre e para o bem da Igreja não segui o que meus parentes queriam...
Não gosto do Natal...

A essência do Natal
Tem a ver com liberdade
E direitos humanos;
Tem a ver com igualdade,
Paz, respeito, partilha,
Amor e fraternidade

Mas cadê tudo isso?
O homem perdeu a razão?
O homem está perdido?
O homem tem salvação?
Pelos pecados cometidos
Sem nenhuma explicação?

Mas, enfim, é natal; e o último dia do ano está se aproximando...
Não se porquê, e não sei mesmo, mas o texto deste blog seria hoje ocupado com reminiscências de uma das mais belas leituras que tive na adolescência. Falo do livro Vidas Secas, do Graciliano; pois ouvindo Luiz Gonzaga cantar a cantiga que ele fez pra Raimundo Jacó, lembrei da cachorra Baleia...
Baleia é a cachorra heroína de Vidas Secas.  



sábado, 26 de dezembro de 2015

CARÊNCIA NATALINA

É Natal, dizem que é Natal.
Por minhas lembranças, o período é de Natal mesmo.
É dezembro, é Natal.
Nos meus tempos lá de trás, me disseram que o Deus Menino nasceu num dezembro.
Pelas minhas contas, hoje, o Menino Deus já tem mais de dois mil anos. Disseram-me ainda que Ele
nascera para o bem e morrera pelos maus.
Pois bem, no tempo do Menino Deus ainda não havia a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), portanto as pessoas ainda não se comunicavam por carta. Aliás, as pessoas continuam a não usar a carta como meio de comunicação. Agora, os meios resumem-se à internet.
Os Correios servem para o envio de pacotes, de encomendas, muitos até com surpresas desagradáveis, como cobras dentro deles. Isso já aconteceu mais de uma vez. Um horror!
A última vez que eu soube que alguém se comunicara por carta deu uma zebra danada. O remetente foi Temer e o destinatário, uma destinatária: Dilma. E como se sabe, deu no que deu: a destinatária está emburrada até agora.
O caso fez-me lembrar a canção Mensagem, de Aldo Cabral e Cícero Nunes, gravada em 1945 por Isaurinha Garcia e por ela mesma regravada dez anos depois, pela Victor. A música começa assim: "Quando o carteiro chegou/ E o meu nome gritou/ Com uma carta na mão..."

Mas eu estava falando do Natal. E não faz muito tempo as pessoas ainda tinham por hábito mandar cartas e telegramas, para amigos, parentes e aderentes...
Faz tempo, muito tempo, que não recebo uma carta escrita de próprio punho. Sinto falta disso. Guardo ainda comigo muitas cartas, de amigos, parentes, aderentes, ouvintes e leitores. Mas, danado, faz muito tempo que não recebo uma carta escrita de próprio punho.
Mas eu estava falando do Natal.
Desvirtuaram o Natal.
O Natal virou comércio e, grosso modo, confraternização de falsidade. Leiam isto:

É difícil, mas eu vou dizer:
Eu não gosto do Natal
Mas poderia gostar
Se não fosse tão banal
Se não fugisse como foge
Da essência original

Mas eu não gosto do Natal porque não recebo cartas, telegramas, afagos escritos de próprio punho; pois no tocante a cheiros e abraços, ah!, esses são verdadeiros. Como ontem ocorreu na casa da dona Val, em Santo André, para onde fomos levados por minha filha Clarissa e seu companheiro de vida, Daniel.

VANDRÉ NA PARAÍBA

O amigo Vitor Nuzzi, autor da excelente biografia Geraldo Vandré - Uma canção Interrompida (Kuarup), manda ao blog o link abaixo.



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

FOGO DESTRÓI O MUSEU DA NOSSA LÍNGUA


                                                                   O verão, como sabemos, é uma estação árida seca e quente que mata gente e bichos. Lembremos o nordeste, que arde em chamas há quatro anos sem que o poder público dê a mínima. Hoje é o primeiro dia desta estação. Ela chegou no começo da madrugada, trazendo a triste noticia de que o fogo, depôs de lamber,  engoliu o Museu Da Língua Portuguesa e a exposição sobre mestre Luís da Câmara Cascudo ( ouça abaixo trecho de entrevista que fiz com ele sobre cultura popular)
O incêndio engoliu também o meu coração. Estou triste.
O Museu da língua portuguesa foi inaugurado em março de 2006, em espaço cedido á fundação Roberto Marinho para a construção do museu. O incêndio anoiteceu meu coração.
O incêndio pode ter sido provocado por um curto circuito. Manutenção? Pelo radio fiquei sabendo que o museu jamais fora vistoriado pelos bombeiros.
Há uns dois meses estive em prosa com o diretor do museu, Carlos Sartini. O assunto tratado na ocasião foi uma ocupação artística que lá pretendemos fazer no próximo ano.
No Brasil há mais de 3 mil museus, uns funcionando e outros, não.
No último fim de semana o Brasil ganhou mais um, no Rio de Janeiro, mais um Museu o do Amanhã, construído com verda da fundação Roberto Marinho. Um dos mais modernos e importantes do mundo.
Tomara, doravante, que o fogo que destruiu o museu da língua portuguesa não ultrapasse mais as fronteiras do inferno.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

MILAGRE DO PADRE CÍCERO

Ontem falei do baiano Assis Valente, autor do clássico natalino Boas Festas. Essa é a mais bela música do gênero, que trás um tal de Papai Noel como exemplo de bondade. Nas origens, até poderia ser como tal reconhecido ou entendido. Nos dias atuais, o personagem, na origem Claus, não faz sentido: o sistema criticado e explicado por Marx.
Digo isso e lembro com tristeza, o caso daquele “Papai Noel” que, há cerca de dois meses sequestrou o piloto e seu helicóptero o campo de Marte.
Mas, na verdade, nem é sobre isso que quero aqui falar.
Eu quero falar hoje de um personagem muito importante dos brasileiros mais simples, do Nordeste.
No último dia 13 o Papa Francisco mandou uma carta à Diocese do Crato (CE) em que pede perdão ao padre Cícero Romão Batista, pelo fato da Igreja não tê-lo reconhecido como partícipe do “milagre da hóstia”.
Em 1881, durante celebração de uma missa, o padre Ciço espantou os fiés no momento em que pôs uma hóstia na boca de uma beata, que se transformou em sangue. A história é conhecida.
O padre Cícero Romão Batista é santo para os nordestinos desde então.

Ontem, mais de cem mil romeiros foram ao Crato (CE), clamar pelo reconhecimento do Ciço como santo oficial da Igreja Católica. 

domingo, 20 de dezembro de 2015

UM NATAL DIFERENTE

Este é um dos piores dezembros que já vivi, até porque já não vejo com a luz dos meus próprios olhos. Fiquei cego, como muitos de vocês devem saber. Mas não é isso que me faz lamentar este dezembro. Lamento este dezembro, e  de tabela o Natal que se aproxima, pelo fato de estarmos vivendo crise de tudo quanto é lado; inclusive, crise de falta de vergonha de políticos, empresários e banqueiros.
Na Câmara, o seu presidente é uma vergonha.
No Senado, o seu presidente é outra vergonha.
Estamos cercados de crises por todos os lados: crise política, crise econômica, crise moral...
Em 1954, em agosto o mês do folclore, Getúlio enfiou um tiro no próprio peito. A sua morte deveu-se a acusação de que vivia nadando em lama até o pescoço.
Quatro anos depois, um José também se matou. Esse José, que a sensibilidade brasileira conhece por Assis Valente, engoliu veneno e morreu numa praça do Rio de Janeiro. É desse José a obra-prima Boas Festas, lançada em disco de 78 rpm, pelo argentino naturalizado Carlos Galhardo, no final de 33.
Ouça:   

No começo deste milênio, o egípcio naturalizado Peter Alouche escreveu, no formato de folheto de cordel, uma pérola inspirada no Filho de Deus, Cristo. Essa pérola, Encontro no Metrô, foi gravada em CD pelos cantadores repentistas, Sebastião Marinho e Andorinha.
Ouça:

Assis Valente matou-se na 2ª tentativa. Ao lado do corpo, foi encontrado um bilhete com estas palavras: “vou parar de escrever pois estou chorando de saudades de todos e de tudo”.

É vasta a obra do valente Assis e devo dizer que, pessoalmente, tenho o maior respeito pelos seres que se matam.

sábado, 19 de dezembro de 2015

COM OS OLHOS DA MEMÓRIA

Olá a tod@s!

Que tal conferir a matéria de André Cananéa, pelo Jornal da Paraíba, e refletir acerca da importância do acervo do Memória Brasil para o conhecimento e reconhecimento da cultura popular para os brasileiros?

COM OS OLHOS DA MAMÓRIA

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

MOCINHA DE PASSIRA EM NOVO CD


MUSAS DA CANTORIA

O novo CD da única poeta repentista que vive dessa arte no Brasil, mocinha de Passira, acaba de chegar á praça .É um disco maravilhoso, produzido pelo mais fértil produtor musical do nosso país, Téu Azevedo. O disco, Musas Da Cantoria, tem a participação da mais nova poeta repentista do Brasil, a paraibana Luzivan Matias. Eu tenho a alegria de assinar o texto do encarte, este.. 


É raro, raríssimo, um disco de mulheres repentistas.
É raro, raríssimo, chegar às nossas mãos um disco excepcional de mulheres repentistas.
E é raro, raríssimo, um produtor reunir num disco só a mais antiga e a mais nova repentistas brasileiras: Mocinha de Passira e Luzivan Matias.
Este disco, MUSAS DA CANTORIA, é uma excepcionalidade no mundo da cantoria. Melhor dizendo, é um disco histórico por reunir, além desses dois grandes talentos, um repertório incrível, que começa com a sextilha Eu Queria um Mundo Assim e termina com a canção Gosto de Viver.
Pois é, este é um CD formado por um repertório desafiante que nos alegra a mente e a alma, por sua qualidade literária/musical e positividade existencial.
MUSAS DA CANTORIA nos traz dez faixas.
Além da sextilha e da canção, que abrem e fecham o disco, temos o prazer de ouvir nas vozes privilegiadas de Mocinha de Passira e Luzivan Matias Martelo, Gemedeira, Rojão Pernambucano, Mourão de Perguntas e Respostas e até motes de sete sílabas.
Sem dúvida, este é um disco de fato excepcional. Pois, como se não bastasse, o produtor Téo Azevedo ainda inventa de inventar uma coisa incrível: ele coloca uma rabeca, um violão de seis cordas e uma viola caipira.
Mocinha começou a cantar ao tom de viola e de modo poético improvisado ainda nos tempos de menina, na sua terra Passira, PE.
O resultado é fantástico.
A paraibana Luzivan Matias também começou a cantar nos seus tempos de menina.
Mocinha, de batismo Maria Alexandrina da Silva, nascida no dia 14 de novembro de 1948, é a decana do repentismo brasileiro e a única a viver exclusivamente da profissão que abraçou na sua terra; a sua parceira Luzivan, nascida em 1971, é a mais nova. Ambas se somam no tirocíneo e beleza poética e violeira.
E não vou mais falar dessas Musas do mundo da Cantoria. Descubram o porquê.
Meu abraço, carinho e respeito para Téo Azevedo - que dispensa apresentações - também, obviamente para Mocinha e Luzivan.
Viva o Brasil das repentistas!


domingo, 6 de dezembro de 2015

ESTAMOS APRENDENDO COM O ANO DE 2015

Eu disse que o Brasil está quebrado, se desmilinguindo e tal.
Eu também poderia dizer que este 2015 foi um horror. Foi por que já acabou. Mas vejamos a situação por outro ângulo: mesmo quebrado, desmilinguido, o Brasil deste ano tira uma lição que jamais seus filhos, nós brasileiros, jamais esquecerá.
Quem de sã consciência poderia imaginar que um dia políticos e até um banqueiro de grande porte iriam pra trás das grades! Pois é, isso aconteceu e certamente continuará acontecendo, pois a polícia federal, com as bençãos do poder judiciário, está fazendo o que nunca antes fizera: o trabalho que lhe cabe, que é de investigar e prender...
Além dos presidentes da câmara e do senado, Cunha e Renan respectivamente, outros 40 parlamentares estão na mira da polícia e da justiça.
Em 2006, aprovou-se uma lei de transparência dos três poderes para o público comum. Já é alguma coisa, pois isso não existia desde sempre, ao contrário da Suécia e da Colômbia. Lei idêntica existe na Suécia desde 1776 e na Colômbia, vejam vocês, desde a lei que "libertou" os escravos negros no Brasil, ou seja, 1888.
O que tem tudo a ver com isso?
A transparência faz bem a saúde do povo.
Estamos aprendendo muito com 2015, saia ou não Dilma da Presidência por força de um Capítulo da constituição em vigor que trata de impeachment.
E o povo voltará às ruas exigindo a sua saída?
Na semana que findou, os estudantes da rede pública do estado de São Paulo aprenderam uma lição que jamais esquecerão: sozinhos somos nada, juntos somos tudo. E não à toa, por isso mesmo, o governador Geraldo Alckmin viu-se encurralado na decisão de "reorganizar" o ensino do Estado. E voltou atrás.
Aguardemos os próximos capítulos que envolvem São Paulo e o governo federal.
O povo irá ou não irá às ruas?
Opinar faz bem, vocês não acham?
O PSDB continua em cima do muro e o PMDB na moita.
Viva o Brasil, até porque o Brasil é nosso!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

VIVA SÉRGIO RICARDO!

O paulista de Marília Sérgio Ricardo é um dos mais ativos e criativos compositores e instrumentistas desse País despedaçado.

Sérgio começou a carreira artística no Rio de Janeiro tocando piano em uma boate, em substituição aquele cara que viria ser conhecido mundo afora como Tom Jobim.
Além de compositor, cantor e instrumentista, Sérgio também é cineasta e pintor dos melhores. Ele tem um balaio de discos incríveis, um deles é Esse Mundo é Meu, lançado há exatos 50 anos. Esse disco tem músicas do maestro gaúcho Lindolfo Gaya, que tive a alegria de conhecer através do querido Taiguara.


Sérgio eu o conheci há um monte de anos atrás. Clique:

NOVO IMPEACHMENT?

Eu sou do século passado, tudo bem, mas jamais pude imaginar que assistiria entristecido a dois pedidos de impedimento contra presidentes da nossa judiada e corroída República. O primeiro impedimento ocorreu em Dezembro de 1992. O alvo foi o Collor. O segundo impedimento, contra Dilma...

A abertura para os trâmites do segundo impedimento normais e legais feitos à letra da Constituição vigente acaba de se dar por iniciativa do indivíduo Eduardo Cunha, que durante os últimos dois meses andou tramoiando com o Partido dos Trabalhadores representado por Rui Falcão e outras eminências.

Isso tudo é muito triste, mas o fato é que o Brasil está quebrado.
Por personalidade, Dilma é uma pessoa de difícil trato. É daquele tipo de pessoa que se apresenta acima do Bem e do Mal. Pra ela, é como se o povo não existisse, embora seja o povo o responsável por sua colocação e recolocação na cadeira mais importante do país: a Presidencial.

Ficou-me à mente a imagem da última eleição: Dilma cumprimentando Lula e representantes dos partidos de base, esquecendo-se de agradecer aos eleitores.

E lembro-me de uma de suas falas à imprensa pouco antes de reeleger-se: “podemos fazer o diabo quanto é hora de eleição”.

Meu Deus, o Brasil está quebrado. Não se fala em outra coisa que não seja corrupção. De todos os tamanhos e em todas as áreas.

O fogo está a mais de mês devorando matas em Minas, Tocantins e Mato Grosso do Sul, sem falar da Seca que há 4 anos consome a alma do Sertão Nordestino.

Por que não leio a respeito dessa catástrofe ambiental?  E por falar em ambiental, e a tragédia provocada pelo mar de lama em Mariana, hein?
MaIs de 200 famílias continuam sem ter onde morar, vítimas da irresponsabilidade das mineradoras que exploram o lugar. E irresponsabilidade é o que motivou o pedido de impedimento contra Dilma. Ontem mesmo ela foi à televisão para fazer comparação do seu currículo e do currículo do Cunha. A isso se diz "por os pés pelas mãos" ou "o sujo falando do mal lavado". A propósito Dilma poderia ser mais humilde...


Sim, o Brasil está quebrado, se desmilinguindo, mas o “crime não vencerá a Justiça”, disse outro dia a ministra Carmen Lucia, do STF. Clique:


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

DE SILVINO PIRAUÁ A OUTROS CABRAS BONS DE VERSOS


Foi não foi, eu me lembro do conterrâneo Silvino Pirauá. Ele transitava com imensa facilidade entre o poeta de bancada e o poeta repentista, aquele que guiado por Deus, consegue nos encantar com extrema facilidade. Pois bem, Silvino eu considero um artista injustiçado. Por que? Simples: Ele e sua arte foram esquecidos atrás da porta. Mas, claro, essa é apenas a minha opinião. Klévisson Viana, por exemplo, que é do ramo, discorda completamente disso que digo. Sua justificativa: “Silvino não é tão lembrado quando os seus contemporâneos Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista porque sua produção se restringiu a poucos títulos, apesar da altíssima qualidade da sua obra.”
Na verdade, esse injustificável esquecimento do gigante da poesia popular deve-se a nos todos e em ultimo caso às bancas oficiais, como o MINC – Ministério da Cultura, por exemplo.
Segundo o pesquisador Sebastião Nunes Batista, filho de Francisco das Chagas Batista, Silvino Pirauá de Lima nasceu e 1848, no município de Patos, estado da Paraíba, e faleceu em Bezerros, Pernambuco, em 1913. Cantador, glosador e poeta popular, foi discípulo de Romano do Teixeira. Escreveu, entre outras estórias: História do capitão do navio, As três moças que quiseram casar com um só moço e Verdadeira peleja de Francisco Romano com Inácio da Catingueira.
Abaixo, uma mostra do gênio desse paraibano arretado:


E TUDO VEM A SER NADA
Autor: Silvino Pirauá de Lima

Tanta riqueza inserida
Por tanta gente orgulhosa
Se julgando poderosa
No curto espaço da vida
Oh! que idéia perdida
Oh! que mente tão errada
Dessa gente que enlevada
Nessa fingida grandeza
Junta montões de riqueza
E tudo vem a ser nada

Vemos um rico pomposo
Afetando gravidade
Ali só reina bondade
Nesse mortal orgulhoso
Quer se fazer caprichoso
Vive de venta inchada
Sua cara empantufada
Só apresenta denodos
Tem esses inchaços todos
E tudo vem a ser nada

Trabalha o homem, peleja
Mesmo a ponto de morrer
É somente para ter
Que ele se esmoreja
Às vezes chove troveja
E ele nessa enredada
Alguns se põem na estrada
À lama, ao sol ao chuveiro
Ajuntam muito dinheiro
E tudo vem a ser nada

Temos palácios pomposos
Dos grandes imperadores
Ministros e senadores
E mais vultos majestosos
Temos papas virtuosos
De uma vida regrada
Temos também a espada
De soberbos generais
Comandantes, marechais
E tudo vem a ser nada

Honra, grandeza, brazões
Entusiasmos, bondades
São completas vaidades
São perfeitas ilusões
Argumentos, discussões
Algazarra, palavrada
Sinagoga, caçoada
Murmúrios, tricas, censura
Muito tem a criatura
E tudo vem a ser nada

Vai tudo numa carreira
Envelhece a mocidade
A avareza e a vaidade
E quer queira ou não queira
Tudo se torna em poeira
Cá nesta vida cansada
É uma lei promulgada
Que vem pela mão divina
O dever assim destina
E tudo vem a ser nada

Formosuras e ilusões
Passatempos e prazeres
Mandatos, altos poderes
De distintos figurões
Cantilenas de salões
E festa engalanada
Virgem donzela enfeitada
No goso de namorar
Mancebos a flautear
E tudo vem a ser nada

Lascivas, depravações
Na imoral petulância
São enlevos da infância
São infames corrupções
São fingidas seduções
Que faz a dama enfeitada
Influi-se a rapaziada
Velhos também de permeio
E vivem nesse paleio
E tudo vem a ser nada

Bailes, teatros, festins
Comédia, drama, assembléia
Clube, liceu, epopéia
Todos aguardam seus fins
Flores, relvas e jardins
Festas com grande zuada
Oiteiro e campinada
Frondam copam e florescem
Brilha, luzem, resplandecem
E tudo vem a ser nada

O homem se julga honrado
Repleto de garantia
De brasões e fidalguia
É ele considerado
Mas quanto está enganado
Nesta ilusória pousada
Cá nesta breve morada
Não vemos nada imortal
Temos um ponto final
E tudo vem a ser nada

Tudo quanto se divisa
Neste cruento torrão
As árvores, a criação
Tudo enfim se finaliza
Até mesmo a própria brisa
Soprando a terra escarpada
Com força descompassada
Se transformando em tufão
Deita pau rola no chão
E tudo vem a ser nada

Infindo só temos Deus
Senhor de toda grandeza
Dos céus e da natureza
De todos os mundos seus
Do Brasil, dos Europeus
Da terra toda englobada
Até mesmo da manada
Que vemos no arrebol
Nuvem, lua estrela e sol
Tudo mais vem a ser nada

FIM

Cá do meu lado, Klévisson lembra a linhagem de alguns poetas populares do Nordeste como Ugulino Nunes da Costa, José Camelo de Melo Rezende e Joaquim Batista de Sena. E ao lembrar desses nomes, recordo agora com tristeza do passamento recente do amigo jornalista e apologista da poesia Moacir Japiassu. Viva Japi!!! Os últimos meses têm sido de grandes perdas para o universo da poesia popular, partiram, como Japi, João Paraibano e Silvio Granjeiro.



DE MARIANA A CARLOS GOMES

Vocês viram o que ouvi
Tiros na esperança
Mar de Lama em Mariana
E Mar de Sangue na França?

Vocês viram o que eu vi
Os mortos de Mariana
Pedindo Justiça e Paz
E uma vida mais humana?



A Europa e Estados Unidos da América do Norte estão se juntando para dar um basta na organização terrorista denominada Estado Islâmico, que de Estado não tem nada e nada tem com o Islã e Islamismo.

Em nome de Deus e em línguas diversas tem se cometido os mais pavorosos crimes.

O Papa Francisco acaba de lembrar disso na África, onde esteve pregando a paz em nome de Deus.

Deus existe, lembra o empresário Elie Horn em belíssima entrevista na mais recente edição da Revista Época Negócios. Do ramo da construção civil, o empresário está doando cerca de 60% da sua fortuna estimada em bilhões.
Leia:


E pensar que os empresários que controlam Samarco estão fazendo desaparecer todo o dinheiro da empresa, que só no ano passado teve um lucro avaliado em 2,4 bilhoes de reais.

Vocês viram o que eu vi
Os mortos de Mariana
Pedindo Justiça e Paz
E uma vida mais humana?


Neste mês de Dezembro há no calendário 03 grandes datas de nascimento: Luiz Gonzaga (dia 13), Rosil Cavalcanti (dia 20) e Jesus Cristo (dia 25). São datas para ser lembradas e comemoradas em todo o país e mundo afora.

Sobre o rei do baião, tenho interrompido um livro que ainda espero poder concluir: Luiz Gonzaga, o divisor de águas da música popular brasileira.

Sobre Rosil, há um belíssimo livro correndo solto na praça: Para Dançar e Xaxar na Paraíba de Rômulo Nóbrega e José Batista Alves. Há poucos dias, o diário Correio Braziliense publicou texto a respeito da obra. Leia:


Quarta passada fui levado por uma amiga a assistir a ópera de viés popular O Homem dos Crocodilos, de Arrigo Barnabé e libreto do argentino Alberto Muñoz. É um texto longo que chega a cansar. Natural, faz parte das coisas do Arrigo. Tudo bem que somos um País sem tradição operística e por ser o que somos, contraditoriamente, é do Brasil o autor considerado o maior compositor operístico das Américas. Antonio Carlos Gomes, sobre quem, aliás publiquei o livro pela editora Companhia Nacional (1987), O Brasileiro Carlos Gomes. No próximo ano, poderemos comemorar os 80 anos de nascimento do grande artista que foi o primeiro a levar o nome do nosso país ao mundo. Ele estreou a sua primeira ópera, O Guarani, em Milão. Caruso, foi o primeiro tenor a gravar a ária da famosa ópera.

E por falar em Carlos Gomes, lembro do maestro Eleazar de Carvalho. Eleazar era doido por Gomes de quem chegou a gravar um disco inteiro com obras do autor campineiro. 


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