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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

VIOLÊNCIA E FERIADO NUM PAÍS SEM PIB

São centenas os feriados que há Brasil afora. Há quem diga, "Graças a Deus".
Os países mundo afora que alcançam PIB que satisfaz à população não têm tantos feriados como nós os temos, não é mesmo?
Pois bem, amanhã é dia feriado, da proclamação da República, questionável.
O marechal alagoano Deodoro da Fonseca estava dormindo, de pijamas, quando um grupo de militares o tirou da cama. Isso em 1889, no Rio.
Amanhã é dia feriado, em lembrança ou homenagem à proclamação da República. Numa boa? Não houve proclamação nenhuma, de República tampouco.
À época vivíamos sob à batuta do imperador Pedro, um cara que tinha visão além dos olhos. Tipo Mauá.
Deodoro chegou à primeira presidência do Brasil republicano sem saber direito como e o que iria fazer.
Vivíamos terríveis tempos. Tempos de cangaço, de Antonio Silvino,Padre Cícero, Conselheiro...
Há no nosso país feriado demais. Para um país crescer é preciso que seu povo trabalhe. Trabalhar dignifica.
Mas o trabalho leva aonde? Trabalhar deveria ser divertimento.
Uma vez, no programa São Paulo Capital Nordeste, que eu apresentava na Rádio Capital, perguntei ao bom baiano Dorival Caymmi se ele era preguiçoso como mundo e meio o considerava. Ele deu uma risada dizendo: "não, eu gosto da vida, e se não sou mais presente em discos e shows é porque não me convidam."
Meu amigo, minha amiga, você sabe que a origem do termo "trabalho" tem a ver com sofrimento?
Adão caiu na lábia de Eva e hoje, por isso, todos trabalhamos à exaustão.
Cris Alves, uma amiga, passa por mim depressa dizendo que o Brasil é um dos países que mais desrespeitam as mulheres. Pois é, é grande o número de feminicídio no país...
E vejam vocês, eu queria falar sobre cultura popular. Estatísticas indicam que é nos feriados que ocorrem grandes desavenças e mortes.
No Brasil, um país em paz, há cerca de sessenta mil homicídios/ano. Terrível, não é?
Falarei sobre cultura popular depois.
Amanhã é feriado.
E estou doido prá voltar ao rádio, prá falar de Brasil e de brasileiros.


LULA E O GRANDE SERTÃO:VEREDAS


Outro dia ouvi o Lula dizer que "as zelite" fizeram " um quase pacto diabólico".
Essa fala fez-me lembrar do tempo da ditadura militar instaurada no Brasil em 64 e finda em 85. Naquele tempo, tudo de ruim que acontecia ao País era debitado à imprensa.
Quem daquele tempo não se lembra do então ministro da justiça Armando Falcão, cearense de pouca fala e pouco tudo? Quando perguntado sobre qualquer coisa por um jornalista, ele respondia, peremptoriamente: Nada a declarar. Aqui. ao lado, o cartunista cheio de graça Fausto emenda: e isso também era válido para quando perguntado sobre seu Imposto de Renda...
A fala do Lula fez-me lembrar também o pacto com o Demo feito por Riobaldo, o personagem narrador de  "Grande Sertão: Veredas", do Rosa. Por que?
Riobaldo não acreditava no demônio, daí o quase pacto que ele fez com ele. Prá Riobaldo "o demônio não precisa existir para haver". Mais ou menos isso.
O "quase" pacto que Riobaldo fez com o Demo foi diferente do pacto que Hermógenes fez com o chefe dos infernos, para se garantir como o todo poderoso da jagunçagem.
O Lula é incrível!
Grande Sertão: Veredas surgiu no mercado em maio de 1956, há exatos sessenta anos, portanto. Foi um estouro, algo extraordinário no mercado editorial. O livro, com mais de seiscentas páginas, trouxe à literatura brasileira, uma linguagem totalmente nova. A história tem um narrador como principal personagem. São muitos os personagens que há nessa obra e tudo ocorre nos sertões de Minas e Bahia, um pouco de Goiás É fabuloso! Deus e o Diabo são personagens secundários, como Lula hoje está se tornando no Brasil.
Pôxa vida, não soube eu de nenhum evento comemorativo relacionado aos sessenta anos da obra prima que é essa de João Guimarães Rosa.
O livro começa com uma palavra inexistente em qualquer língua: Nonada. E a respeito escrevi:

Nonada não é nada
Nas veredas do Sertão
Nonada é apenas
Começo de confusão
Prá macho que nasce frouxo
pedindo a padre perdão

Nonada não é nada
É um sim, talvez um não
É Hermógenes morrendo
No meio dum furacão
É Joca Ramiro vingado
Com muito sangue no chão

Nonada não é nada
É bendito, é oração
É padre puxando reza
Na frente de procissão
Convencendo o pecador
A fazer bem ao seu irmão

Nonada não é nada
Nem é tiro de canhão
É começo de conversa
De gente forte do Sertão
Inventada por um cabra
De nome chamado João


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