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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DIA DE CÃO

Trânsito travado e eu dentro de um táxi em São Paulo, cidade selvagem que há anos escolhi para viver – e trabalhar - de livre e espontânea vontade até o tempo que me for possível.
Travada e com trilha sonora ensurdecedora, recheada de gritaria, xingamento e buzinação de timbres diversos.
Aparentemente tranquilo, do alto de sua experiência o taxista com uma risadinha de lado, cínica, diz que no Brasil é tudo assim mesmo, dotô.
Aquela fala tranquila que diz ser nordestina ao incauto pode parecer estar se referindo ao ano chinês, de cabra verde de madeira, que esta se iniciando. Mas, não, é isso a que o motorista se refere.
A sua observação me remete à máxima segundo a qual o ano brasileiro (de cachorro louco?), todo ano brasileiro, começa mesmo depois do Carnaval.
Tudo aqui começa depois do Carnaval. Mas não imediatamente após, pois por ai, se se aguçar bem os ouvidos, é possível ouvir lá longe o gemido ou miado exausto de um tamborim ou cuíca roncando na hora de sua morte, amém.
Pra mim, o dia de hoje foi um dia sem fim.


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