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domingo, 27 de julho de 2014

A MORTE DOS RIOS

É muito triste ver um rio seco, um açude seco, uma cacimba seca e bois e cabritos magros soltos, sem pasto.
Quem não está acostumado e vê, chora.
Eu já vi muitos rios secos, açudes secos e cacimbas sem um pingo d´água; e também vi muita gente e bichos secos, sem tem o que comer.
Lembram-se daquele poema do Bandeira em que ele se surpreende ao ver alguém catando lixo e comendo lixo feito um cão, gato, rato, sem ser cão, gato nem rato, mas um homem?
Pois é, outro dia mesmo eu vi, com esses olhos que a terra há de comer (Augusto dos Anjos), um fiozinho d´água do Tetê, em Tietê, escorrendo timidamente pelas beiras e uns peixinhos pulando agoniados e outros boiando empanzinados por veneno industrial, mortos.
A cena umedeceu meus olhos e me levou aos versos de Maringá (Olegário Mariano e Joubert de Carvalho), na parte que diz:

...Antigamente
Uma alegria sem igual
Dominava aquela gente
da cidade de Pombal

Mas veio a seca
Toda chuva foi embora
Só restando então a água
Do caboclo quando chora...

Esses versos foram inspirados numa história que tem como personagem uma linda Maria, Maria do Ingá, vítima entre milhares da seca de 1932 que assolou o Nordeste inteiro, deixando para trás um rastro de dor, tristeza e morte.
Ingá é o nome de um município paraibano distante da capital cerca de 100 quilômetros e significa, ironicamente, na expressão de origem tupi-guarani “cheio d´água”.
A música de Carvalho e Mariano também faz referência a Pombal, no sertão da Paraíba e, territorialmente, a maior do Estado.

Tietê é uma cidade encantadora, localizada a 121 quilômetros da capital de São Paulo, berço de alguns dos mais importantes e representativos compositores brasileiros, como Marcelo Tupinambá, Cornélio Pires – também produtor pioneiro de discos independentes no nosso País -, Capitão Furtado (aí à esquerda, na reprodução da capa de um CD produzido pelo Instituto Memória Brasil, IMB) e Itamar Assumpção.
O rio Tietê deu nome a cidade em que esses artistas nasceram.
O Tietê, que nasce em Salesópolis e desemboca no rio Paraná, está morrendo; como também morrendo está o rio Piracicaba, que fica na mesorregião de Tietê.  
O que há em comum entre Pombal e Tietê?
Simples, o ano de fundação: 1842.
A canção Maringá, que nasceu de uma situação especial para agradar o paraibano José Américo de Almeida, ministro da Viação e Obras Públicas (1932-1934) do governo Getúlio Vargas, virou nome de cidade no Paraná, em 1947.
Tudo liga tudo, não é mesmo?


ROGÉRIO MOURÃO
O Brasil acaba de perder mais uma pessoa importante: o astrônomo Rogério de Freitas Mourão que, como Malba Tahan ajudou brincando a popularizar a matemática, fez as estrelas e os mistérios do céu ficarem mais simples e mais pertos de nós. Eu o acompanhava lendo os seus escritos primorosos no Jornal do Brasil. Pois é, e a cada perda dessas o nosso país fica meno. Ele partiu sexta, aos 79 anos de idade, deixado publicados 98 livros e mais de hum mil artigos publicados desde 1953, o primeiro deles na revista Ciência Popular.

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