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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

CASCUDO PEGA A ESPANHOLA (5)

O mês de agosto é o mês do folclore.
No dia 22 de agosto de 1846 o cidadão John Thoms (1805-1846) teve publicada uma carta no jornal ou revista, não sei bem, de nome Athenaeum. Nessa publicação, Thoms criou a palavra folk lore.
Folk, povo.
Lore, ciência.
Aí estava criada a palavra folclore.
Folclore é cultura popular, grosso modo traduzindo do original.
Câmara Cascudo detestava essa palavra. “Não me acho folclorista, não sei bem o que é isso; eu sou historiador”.
Cascudo deixou publicados cerca de 150 livros, 39 dos quais tratando exclusivamente de folclore.
O dia 22 de agosto é considerado o Dia Internacional do Folclore.
Cascudo nasceu num município de natal, RN.
Natal tem, hoje, pouco mais de 800mil habitantes.
Mestre cascudo é o brasileiro mais querido do Rio Grande do Norte.
O rio grande do norte tem uma população de pouco mais de 13 milhões de habitantes.
Juntando tudo isso, Luís da Câmara Cascudo (1897-1986), é a somatória do Brasil.
Folclore é cultura popular.
Cultura popular é cidadania.
Os mais observadores poderão perguntar: o que é que isso tem a ver com a gripe espanhola?
A primeira e única vez que o nome de mestre cascudo aparece como portador da espanhola foi numa notinha perdida no jornal Diário de Pernambuco, o mais antigo em circulação na América do Sul.
Desde 1918 até os dias atuais, o País passou por 3 ou 4 pandemias.
A Covid-19 tem atrapalhado o Brasil e, naturalmente, natal e o estado do rio grande do norte.
Luís da Câmara Cascudo dedicou a vida estudando o comportamento do povo. Ouça o que ele diz aí quando lhe peço uma definição sobre cultura popular. Clique:


VICTOR SIMÓN NA CHINA DE MAO TSÉ-TUNG


Victor Simón nasceu em 1º de agosto de 1936, em Macaé (RJ). Estudou, mas cedo abandonou os estudos, que nem o paulista Adoniran Barbosa. E ganhou o mundo com a sua música. Uma delas, Bom Dia Café, chegou ao ouvido do líder chinês Mao Tsé-Tung (1893-1976).
Pois é, nestes tempos bicudos de novo coronavírus vindo da China não custa lembrar que um brasileiro andou por lá, pela terra dos velhos imperadores da Ásia mais antiga.
Victor acompanhou os primeiros momentos da Revolução Cultural chinesa promovida pelo já citado Mao, em 1966. E pra provar isso ele um dia me deu um monte de recortes de jornais chineses noticiando sua presença por lá.
Simples: ele me disse que foi convidado pra se apresentar por lá. Eu tinha boas conversas com Victor, que morreu em 2005. Morreu pobre, abandonado, sem tostão no bolso. Como pude, estive junto dele até o fim.
Algumas de suas músicas ganharam versões estrangeiras, como O Vagabundo, dos anos de 1930. Ouça-a: https://youtu.be/Znwa5fgbvqI
Victor morreu sonhando que um dia voltaria a fazer sucesso como antigamente. Não deu.
Tão importante como Victor foi Adoniran.
Adoniran nasceu nem 6 de agosto de 1910 e morreu em 23 de novembro de 1982.
Victor andou frequentando o programa São Paulo Capital Nordeste, que apresentei há mais de seis anos pela Rádio Capital, AM 1040.
Adoniran não participou do meu programa na Capital, mas tomamos um uísque aqui outro acolá, nos bares paulistanos.
Viva Victor Simón!
Viva Adoniran Barbosa!
Saiba mais:
Quer mais sobre Adoniran? Leia o livro Pascalingundum.
As obras de Victor e Adoniran estão no acervo do Instituto Memória Brasil (IMB).

BRASIL DE MUITOS POVOS (1)

As guerras, as explosões no oriente médio, por exemplo, levam-me a concluir o seguinte: o Brasil é um país do tamanho do mundo.
São 26 estados mais o Distrito Federal, Brasília.
Juntando tudo dá quase nove milhões de quilômetros quadrados.
Essa beleza toda está dividida em cinco regiões: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que já somos mais de 200 milhões de seres especiais habitando tão bela terra.
O Nordeste, região da qual sou oriundo, tem para apresentar ao mundo nove Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Os portugueses primeiro chegaram à Bahia, e de Salvador, fizeram a capital do País.
Todos tem uma história incrível.
Meu amigo, minha amiga, você sabe a origem da palavra que dá nome à capital pernambucana? 
"Arrecife" vêm do árabe ar-rasîf.
Arrecife, na nossa língua, são rochedos existentes sob as águas do mar. Mais ou menos isso. 
De arrecife para Recife, foi um passo.
E Pernambuco, hein?
Anote aí: "mparanã mbuka". Óbvio, não?!
Ah, sim: isso na Língua Geral, o tupi que o Marquês de Pombal (1699 -1782) achou de acabar, numa canetada só. 
Andei falando sobre árabes, sobre a presença árabe no nosso País.
À propósito, o estudioso da cultura popular, Luís da Câmara Cascudo, escreveu e publicou um livro muito legal. Interessantíssimo, intitulado Mouros, Franceses e Judeus (1984).
Nesse livro Cascudo fala dos mouros na Espanha e Portugal, especialmente na Península Ibérica.
Nessa península, os mouros permaneceram mais de 700 anos. Eram fortes, decididos, pau pra toda obra. Sobre eles há referências em quase todo o mundo.
Você já ouviu a expressão "Fulano trabalha que nem um mouro"?
Pois, é.
Os franceses também tiveram forte presença no Brasil. Saíram corridos pelos índios e portugueses, é bem verdade.
Quanto aos judeus...
Os judeus de pernambuco, como não tinham muito o que fazer, pegaram uma canoa e foram fundar Nova York.
O Rio Grande do Norte é um dos estados mais bonitos do País. E a sua capital, Natal, parece um reino encantado. Aliás, é lá que se acha o Forte dos Reis Magos.
Em julho de 1939 o francês Antoine de Saint-Exupéry esteve por lá e se encantou com a árvore baobá, de origem africana. Essa árvore está no seu livro fantástico, O Pequeno Príncipe.
O mundo está no Brasil, o mundo é o Brasil.
Pra registro: um dia mestre Cascudo levou-me à janela de sua casa e apontando em direção ao mar, disse, que se fossemos em linha reta, chegaríamos à Africa.
Somos resultado de grandes misturas, num caldeirão só.
Ouçam o Fagner e os instrumentos que o acompanham, depois digam o que acharam.







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