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sábado, 14 de maio de 2022

O RÁDIO CHEGOU PARA FICAR (1)

Quando surgiu a televisão no Brasil, em setembro de 1950, muita gente disse que o rádio ia se acabar. Não se acabou.
O rádio não se acabou e dificilmente se acabará, pois a sua importância no cotidiano é extremamente relevante e fácil o seu acesso.
Até pela Internet, por computador fixo ou celular, qualquer pessoa pode acessar qualquer emissora de rádio do Brasil ou de qualquer outro país. Num simples toque e em segundos a magia estará feita.
No Brasil a voz humana foi transmitida pela primeira vez à distância por uma geringonça instalada no morro do Corcovado, alcançando receptores em Niterói, Petrópolis e São Paulo, no começo dos anos de 1920.
A primeira emissora chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Essa rádio, fundada no dia 20 de abril de 1923, tinha à frente Roquette-Pinto e durou até 1936.O estatuto da Rádio Sociedade não incluía noticiário político e religioso. Também excluía propaganda comercial.
Mas o rádio, já no seu começo, despertou a curiosidade e interesse político e financeiro de muita gente. E foi aí que, frustrado nos seus propósitos, Roquette-Pinto acabaria doando a emissora ao governo de Getúlio. Corria o ano de 1936. Foi então que surgiu a Rádio MEC.
A rádio do Ministério da Educação e Cultura, antes da educação e saúde, está ininterruptamente no ar até hoje enfrentando todo tipo de dificuldade. Até o fechamento, como já foi aventado em fevereiro deste ano de 2022.
A programação da Rádio MEC leva ao ar o ideal de Roquette-Pinto. Até um festival de música erudita é anualmente realizado. Em 2021, o vencedor desse festival foi o professor de música Jorge Ribbas.
Além da rádio MEC as emissoras mais antigas ainda em atividade são: Rádio Gaúcha (1927), Rádio Record (1928), Rádio São Paulo (1934), Rádio Tupi (1935), Rádio Cultura (1936), Rádio Nacional (1936), Rádio Bandeirantes (1937), Rádio Jovem Pan (1944), Rádio Capital.
A rádio Capital de 1948, no Rio, foi transformada numa instituição religiosa como tantas e tantas.
A rádio Capital de São Paulo foi fundada em 1978. Da sua programação participei apresentando o programa São Paulo Capital Nordeste, durante cerca de 6 anos. Pelo programa, São Paulo Capital Nordeste, passaram centenas e centenas de artistas, entre os quais Antônio Barros, Billy Blanco, Dominguinhos, Jarbas Mariz, Tom Zé, Fagner, Inezita Barroso, Mário Zan, Téo Azevedo, Jair Rodrigues e Genival Lacerda, meu primeiro convidado.
Ao jornal Hora do Povo, edição de 24/25 de abril de 1999, o jornalista e historiador José Ramos Tinhorão afirmou:
Vejo o programa do Assis quase como um acidente, um negócio completamente fora da realidade, pois é um programa brasileiro, e uma coisa brasileira no Brasil é uma coisa muito difícil. O brasileiro hoje é um cidadão segunda classe dentro de seu próprio país. Acredito que dentre em breve vamos ter que usar a ‘carteira 19’, documento que é feito para estrangeiro e, talvez andar com passaporte no bolso. De repente você tem uma oportunidade, como no programa de hoje, onde aconteceu aquela coisa assombrosa: o Fagner cantando da Bahia e o Gereba acompanhando-o ao violão, no estúdio. Isso não estava programado: foi uma coisa totalmente improvisada. Essas coisas altamente criativas, que se realizam de forma plena, só podem acontecer em condições como esta, num programa ao vivo e cheio de vida, condições que normalmente são repetidas por um sistema que privilegia um produto acabado. É uma coisa milagrosa a existência desse programa . Vamos torcer para que o ‘subdesenvolvimento’ criativo consiga romper com essa barreira durante mais algum tempo.
A fala de Tinhorão é uma referência ao programa especial de 1º aniversário quando Fagner, de Salvador (BA), entrou cantando por telefone uma canção que acabara de gravar. Mas que dali esquecia-se da letra e do estúdio seu parceiro Gereba lembrava, acompanhando-o no violão.

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