Não é raro, mas é curioso: um paraibano nascer em Minas Gerais, crescer e
correr mundo como se tal fato não houvesse ocorrido.
Esse é exatamente o
caso do cantor, compositor e instrumentista Jarbas Mariz. “Eu nasci num lugar
chamado Aimorés, em Minas, mas com poucos meses de vida fui levado para a
Paraíba. Meus pais são sertanejos, mas eu me criei em João Pessoa”, diz rindo
o inquieto artista que há mais de 30 anos acompanha mundo afora o músico
baiano Tom Zé. “A primeira vez que nos encontramos, eu e Tom, foi na Funarte,
em Sampa. Foi uma ótima conversa e logo estava ele a me dirigir num palco”,
relembra o artista.
Além da curiosidade de ter nascido no interior de
Minas, Jarbas conta que há várias outras curiosidades na sua vida: “Comecei
tocando coisas da jovem guarda, até definir o que eu de fato queria”.
A
trajetória artística de Jarbas Mariz começa a ganhar força no começo dos anos
de 1970, quando Lula Côrtes (1949-2011) e Zé Ramalho bateram a sua porta. “A
partir daí, o papo fluiu fácil e logo viramos amigos”, é Jarbas falando.
Não
demorou e logo os dois passaram a ensaiar, com outros músicos, o repertório
para um álbum duplo sob o título de
Paêbirú.
Desse
disco participaram vários artistas iniciantes à época, como Alceu Valença,
Geraldo Azevedo e Zé da Flauta. Curiosidade: uma enchente carregou Capibaribe
abaixo mais de 1.000 cópias de Paêbirú. Sobraram uns 300. Hoje, cada exemplar
desse disco está cotado no mercado pela bagatela de 10.000 reais.
A
respeito, até um documentário já foi feito. Título:
Nas paredes da pedra encantada, por Cristiano Bastos e Leonardo Bonfim
O tempo foi passando e uma
banda foi criada para acompanhar Tom Zé por aí afora. Quer dizer, no Brasil e
Exterior.
Iniciavam-se os anos de 1990.
Um ano antes, Tom havia conhecido na Bahia
o músico norte-americano David Byrne.
Byrne, ex-líder do grupo Talking
Heads, criara um selo musical (Luaka Bop) e nele o encaixaram. “E a partir
daí, começamos a fazer shows e preparar músicas para o primeiro disco
internacional de Tom Zé”, é Jarbas de novo falando.
O primeiro disco
internacional de Tom,
The Hips of Tradition, foi lançado em 1992.
Jornais de várias partes do mundo o aplaudiram,
enaltecendo a qualidade do artista e dos músicos que o acompanharam.
A
partir daí, a agenda de Tom Zé e de Jarbas, por consequência, cresceu que nem
bolo fermentado.
“Nesses 31 anos que estamos juntos, eu e Tom, já nos
apresentamos na Argentina, Chile, Canadá, Estados Unidos e muitos países da
Europa, como Itália, França, Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Suíça,
Holanda e Inglaterra e por último no Japão em 2019”, recapitula Jarbas
Mariz.
Por todo canto que esses dois vão com banda e tudo, e muita
criatividade, recebem cobertura da imprensa. Viraram fregueses do
The New York Times, por exemplo.
Na banda que acompanha Tom Zé, Jarbas canta e toca viola
de 12 cordas, percussão e bandolim.
Pra bandolim, ele criou uma afinação
especial. “Afinação muito própria, personalíssima”, revela orgulhoso e um tom
de satisfação.
Com Tom, Jarbas gravou 15 CDs, 6 DVDs e 2 filmes:
Fabricando Tom Zé e
Tom Zé, Astronauta Libertado.
Nas últimas 3 décadas, pouco antes até, Jarbas Mariz dividiu o palco
com Jackson do Pandeiro, com quem fez 32 shows; Cátia de França, Pedro Osmar,
Quinteto Violado, Paulo Diniz, Anastácia, João do Vale, Alceu Valença,
Orquestra Jovem Tom Jobim, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Bocato, Oswaldinho do
Acordeon, Elba Ramalho e até o grupo paulistano Demônios da Garoa.
Fora a
participação nos palcos, Jarbas já teve músicas gravadas por Marinês, Gilberto
Gil, Chico César, Lula Côrtes, M4J, Renato Lellis, Fúba, Marco Mendes e Eliane
Camargo. Agora mesmo, ele está pondo ponto final no seu 8º disco de carreira.
Título: Jarbas Mariz, com participações de Chico César, Zé Ramalho e Crônica
Mendes.
Seus discos anteriores são Transas do Futuro, Bom Shankar
Bolenath, Vamos lá pra Casa, Forró do Gogó ao Mocotó, Num lugar de La Mancha,
Do Cariri pro Japão e Pare Olhe Escute.
Esses discos se encontram em
todas as plataformas digitais.
Jarbas Mariz está na estrada há 50 anos,
30 dos quais ao lado da companheira Ângela Tamaso. “Ângela cuida de tudo que
faço, sem ela não haveria agenda nem nada”, conclui numa risada esse mineiro
da Paraíba.
INFORME-SE MAIS, CLICANDO: JARBAS MARIZ NA CONECTADOS • HIROSHIMA, MEU AMOR • CORRIDA PARA O NADA
Bela biografia Jarbas, Paraibano arretado e dedicado em seus trabalhos um, um parceiro maravilhoso.
ResponderExcluirVocê batalhou e merece muito mais.
Abraço parceiro.
Essa biografia foi muito boa, relatou muitas coisas de sua vida pessoal e artística. Grande batalhador da música regional, música que nós enobrece, por sermos nordestinos . Parabéns mano querido pelo seu trabalho. Grande bjo.
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