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domingo, 8 de setembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (128)

No Brasil de Guimarães Rosa, Paulo Dantas (1922-2007), Limeira e Manoel Camilo dos Santos (1905-1987) houve e continua havendo espaços para o fantástico. 

Camilo, como Limeira, deixou além de saudade uma obra muito bonita.

A Viagem a São Saruê por exemplo, país inventado por Camilo, começa assim:


…Eu que desde pequenino

sempre ouvia falar

nesse tal São Saruê

destinei-me a viajar

com ordem do pensamento

fui conhecer o lugar.


Iniciei a viagem

as quatro da madrugada

tomei o carro da brisa

passei pela alvorada

junto do quebrar da barra

eu vi a aurora abismada…


E lá pras tantas, segue dizendo o poeta:


…Lá os tijolos das casas

são de cristal e marfim

as portas barras de prata

fechaduras de “rubim”

as telhas folhas de ouro

e o piso de sitim.


Lá eu vi rios de leite

barreiras de carne assada

lagoas de mel de abelha

atoleiros de coalhada

açudes de vinho do porto

montes de carne guisada…


Na terra de São Saruê há de um tudo. Lá ninguém passa fome, porque lá tudo tem e tudo dá sem sequer precisar plantar. É tudo frouxo e legal. 

Quase no fim dessa história, diz o cordelista sobre amor e felicidade:


Tudo lá é festa e harmonia 

amor, paz, benquerer, felicidade 

descanso, sossego e amizade 

prazer, tranquilidade e alegria;... 


Pois é, amigos e amigas, esse cara, Camilo, deixou um monte de coisas bonitas.

Eu o entrevistei e publiquei nossa conversa no extinto diário paulistano Jornal da Tarde.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

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