Seguir o blog

terça-feira, 23 de novembro de 2021

IMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IV

Vários jornais foram empastelados no Rio, entre essas além da República, Liberdade e Gazeta da Tarde. Esses dois pertenciam ao conde Afonso Celso (1860-1938), que escreveria pouco depois o livro Por que me Ufano de Meu País? (1900).
O texto desse livro é uma ode às belezas do Brasil. Mais: retrata a pureza nacionalista do autor. Chega aos píncaros do nacionalismo com a cor da ingenuidade.
Depois do fim da censura prévia, o governo de Deodoro criou formas para combater o que se chamou de excesso jornalístico.
Não havia a censura prévia explícita, mas havia renhida perseguição a jornais e jornalistas que não seguiam as normas. Essas normas, em resumo, tinham a ver com os “contra” e os “a favor”.
Não era brincadeira o que acontecia no fim do Império.
Rigorosamente falando haviam os Republicanos e os Monarquistas.
A República estava começando e quem estava com a República, estava ganhando.
Uma curiosidade: Quintino Bocaiúva foi o primeiro e o único jornalista a virar General de Brigada (honorário).
Outra: Em 1893, o sergipano Quintino de Lacerda, botou pra quebrar e virou o primeiro e único Major (honorário) do Exército Brasileiro.
Esse Quintino nasceu em 1839, mesmo ano do nascimento do escritor Machado de Assis e morreu em 1898. Mais: depois de comprar a própria alforria, foi eleito o primeiro vereador negro do Brasil pela cidade de Santos, SP. Não assumiu.
Dentre todos os jornalistas da época, talvez o mais combativo tenha sido o baiano Cipriano Barata.
Barata formou-se em medicina em Portugal. O jornalismo, porém, foi a profissão que assumiu para justificar a sua passagem por cá.
Barata foi preso muitas vezes e jamais rendeu-se às ameaças dos poderosos do seu tempo.
Foi fundador do jornal Sentinella da Liberdade, que ganhou leitores, admiradores e seguidores em várias partes do País. Escrevia até na cadeia e da cadeia em Pernambuco, Bahia e outras províncias, conseguia publicar o seu Sentinella.
Em 1823, escreveu:
Toda e qualquer sociedade, onde houver imprensa livre, está em liberdade; que esse povo vive feliz e deve ter alimento, alegria, segurança e fortuna; se, pelo contrário, aquela sociedade ou o povo, que tiver imprensa cortada pela censura prévia, presa e sem liberdade, seja abaixo de que pretexto for, é escravo, que pouco a pouco há de ser desgraçado até se reduzir ao mais brutal cativeiro.

 

***

Esse texto foi originalmente escrito para o Newsletter Jornalistas & Cia. Já os conhece? Confira: Jornalistas&Cia, especial Perfil Racial da Imprensa Brasileira

Confira também o portal do IMB, Instituto Memória Brasil!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POSTAGENS MAIS VISTAS