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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

NO BRASIL DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

No nosso Patropi tudo acontece com muita rapidez, num piscar de olhos. E não são notícias coisinhas não, são notícias bombásticas, cabeludas, de arrepiar. Hoje, logo cedo, ouvi no rádio a notícia dando conta da prisão do governador Pezão, do Rio de Janeiro. Com eles foram presos alguns dos seus assessores diretos. Pois é! Há coisa de dois anos, quatro governadores do Rio de Janeiro foram presos por corrupção e outros crimes: Garotinho, sua mulher Garotinha (parece que não crescem e não aprendem), Cabral e, agora, Pezão. Que nome!
Pezão passou muito tempo dando com o pé na bunda do povo, e agora deu no que deu!
Num momento qualquer da vida, Pezão ganhou uma música de Jorge Benjor. E que música:




O dia começou com Pezão e terminou com chicana, prá dizer o mínimo, no STF. 
As excelências reunidas em plenário discutiam o poder do senhor presidente da República de indultar quem bem entendesse, inclusive o senhor Eduardo Cunha e outros senhores que descaradamente meteram a mão no bolso do povo e por isso foram parar no Xilindró. Pois é!
A primeira vez que um presidente indultou bandidos foi em 1937. O bandido em tela era o sanguinário Antonio Silvino, que foi condenado a 230 anos e oito meses de cadeia. E o presidente, Getúlio Vargas. O mesmo Getúlio indultaria 8 anos depois soldados que cometeram atrocidades em nome do Brasil. Em 1954, Getúlio voltaria a indultar mais um cangaceiro: Volta Seca, condenado a 145 anos de pena. E a onda de indultos continuou até a chegada de Jango ao poder. Ele disse, em 1962, que não assinaria indulto coisa nenhuma, fosse para quem fosse. Quer dizer, ele disse o que disse há pouco o recém eleito presidente, Bolsonaro. Curiosa a justificativa de Lewandowsky: ele disse que há muitos presos na prisão e está na hora de botar alguns prá fora, escolhidos a dedo, é claro!
Outras notícias incríveis continuaram ocorrendo, depois da prisão de Pezão e antes da chicana dos juízes no STF: 70 mil metros quadrados de área do governo estavam sendo explorados por bandidos, há anos. Em São Paulo não sei quantas toneladas de cocaína e maconha foram apreendidas. No Rio mais um policial foi morto pela bandidagem etc, etc, etc.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

NINFAS E DEUSES EM CAMÕES

Ilustração especialmente feita por Fausto para o poema A Viagem à Índia


Um dia Júpiter chamou
Seus pares pra conversar
Queria deles saber
Que posição adotar
Sobre certa viagem
de um certo homem no mar

Deuses foram chegando
Decididos a escutar
Decididos a entender
O que Júpiter tinha a falar
Seria sobre a viagem 
Daquele homem no mar?

Ouviu-se um zum, zum, zum
Eram Deuses a murmurar:
Quem seria esse valente 
decidido a enfrentar
Os mau humores do tempo
E as estranhezas do mar?

Seguiram-se discussões
Concordar ou discordar?
Proteger e garantir 
ou simplesmente negar 
o apoio preciso 
ao valente homem do mar?

Júpiter no seu discurso
Não falou só por falar
Foi ele quem afirmou
Ser preciso apostar
Nos valentes portugueses
Desbravadores do mar

  O poema Os Lusíadas, o épico poético mais conhecido em língua portuguesa e noutras línguas, talvez, foi publicado em 1572 com  o aval do censor oficial da inquisição, o dominicano Bartolomeu Ferreira. Essa obra demorou pelo menos 15 anos até ser concluída pelo seu autor Luís Vaz de Camões (1524-1580). Começou a ser escrita numa prisão de Lisboa e foi concluída provavelmente noutra prisão,na Índia.         Trata do heroísmo do povo português, das conquistas marítimas dos navegantes portugueses, como Vasco da Gama (1469-1524) que descobriu um meio diferente de chegar à Índia: pelo mar. 
 Vasco da Gama foi expressão máxima da navegação portuguesa. 
 O cristianismo e o paganismo se juntam tão perfeitamente na obra de Camões que ao menos avisado pode parecer uma obra feita pós Inquisição. 
 Camões mistura o real ao irreal. 
 Camões conta a história do heroísmo português de um modo como até então ninguém tinha contado. Ele começa do meio para o começo e daí para o final. 
 Os Lusíadas é uma obra composta por dez cantos, partes ou capítulos.
 O IX Canto, como os demais cantos, é fabuloso. Li te ral men te fabuloso. É lá que se acha a Ilha dos Amores, que me levou a gerar arriscadamente o poema que abre este texto. É um canto lindo! É o canto em que o gigante Adamastor é transformado em pedra, pelo simples fato de apaixonar-se por uma Ninfa, mulher de um mágico.
 Pra desenvolver essa obra, Camões fez uso da invenção de um poeta italiano chamado Ariosto. Foi esse poeta que inventou, ainda no século 16, a nova modalidade poética chamada de Medida Nova. Essa modalidade, nova, foi levada da Itália para Portugal por outro poeta: Sá de Miranda, em 1427.
 Mil cento e duas estrofes de oito versos decassílabos formam Os Lusíadas.

Richard Burton

 Estou terminando este texto quando o craque do traço brasileiro Fausto Bergoce telefona prá dizer que gostou demais do poema A Viagem à Índia, que lhe mandara momentos antes. Disse isso e disse mais: que um britânico de nome Richard Francis Burton (1821-1890) foi o cão chupando manga. Esse cara, que nada tem a ver com o maridão da Taylor, a atriz, pintou e bordou.
 Richard Francis Burton foi tudo o que um homem poderia ser na vida, na cama e na mesa. Apreciador de bom vinho, nunca se perdeu pelo copo.
 Burton foi poeta, viajante, antropólogo, tradutor, espião britânico e, cônsul na Pérsia,  no Brasil e em outros lugares. Na China, aprendeu a língua e  os dialetos do país.Até pelo Rio São Francisco ele navegou,antes descobrir a nascente do rio Tanganica, na África.Conviveu com canibais e pigmeus. Esse cabra, dito assim, parece até que não existiu. Do árabe para o inglês ele traduziu As Mil e um Noites e poemas de Catulo, não o nosso, mas o italiano Caio Valério. Quem o mandou ao Brasil foi a rainha Vitória. A Editora Cia das Letras tem uma Biografia muito interessante sobre ele, vale a pena ler. Ah! Richard Burton aprendeu português para ler Os Lusíadas, que pouco depois traduziria. Ele amava Camões.


terça-feira, 20 de novembro de 2018

HOJE E SEMPRE É DIA DE CONSCIÊNCIA



Hoje é o dia nacional da Consciência Negra, feriado em mil e poucos municípios. Em São Paulo, inclusive.
O mês de Novembro, é historicamente, marcante no Brasil. É o mês de tragédias, grandes acontecimentos.
O primeiro grande embate entre o povo e o Exército começou no dia 7 de novembro de 1896 e terminou pouco menos de 1 anos depois, dia 5 de outubro de 1897.Falo da guerra de Canudos. Desse conflito resultou na morte  de 25 mil pessoas, incluindo homens, mulheres, crianças e o líder Conselheiro.  E resultou também no clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha, que narra esses acontecimentos tintim por tintim.
O primeiro golpe civil militar derrubou o imperador D. Pedro II e pôs no seu lugar, o marechal alagoano Deodoro da Fonseca, que antes de renunciar ao cargo de presidente fecharia o Congresso. Isso em novembro.
Ao findar a  República Velha, iniciada por Deodoro, começou a República de Getúlio Vargas, que foi de 1930 a 1945. Nesse período, Vargas instaurou o sombrio período do Estado Novo. Isso ocorreu no dia 10 de novembro de 1937.
No dia 29 de Novembro de 1967, morreu o mineiro João Guimarães Rosa, a sua morte ocorreu 3 dias depois de ter sido empossado como imortal da Academia Brasileira de Letras, ABL. Isso é ou não é uma tragédia?
No último dia 8 o STF suspendeu a proibição do Jornal O Estado de S. Paulo de publicar qualquer notícia sobre a família Sarney. Essa proibição durou exatos 3.327 dias. Censura braba!
No último dia 17 a justiça proibiu a Rede Globo de noticiar o andamento das investigações em torno do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Censura brava rolando de novo no mês de novembro no Brasil.
O Ato Institucional no.5 foi escrito 20 dias antes de ser decretado pelo general  Costa e Silva e anunciado ao País pelo ministro da justiça Gama e Silva, no dia 13 de Dezembro de 1968.
 O AI-5 foi o ato mais violento do governo militar (1964-85) e durou exatos 7.655 dias.
A guerra de Canudos motivou uma quantidade enorme de folhetos de cordel, peças de teatro, músicas, etc.
Em 2002, no livro O Clarim e a Oração (Geração Editorial) eu apresento um levantamento completo sobre Canudos na cultura popular brasileira.
A primeira música que fala de Canudos é o samba "Cabide de Molambo", de João da Baiana, lançado em dezembro de 1931 pelo cantor Patrício Teixeira (disco Odeon, no. 10.000, 883-A). A segunda, tratando do Conselheiro, é a toada "Pai João", de Almirante de Luz Peixoto, lançada por Gastão Formenti, com acompanhamento da Osquestra Victor Brasileira (Victor, no.33595-B) em dezembro de 1932.  
  
Todo esse material, incluindo folhetos, livros, discos,  se acha no acervo do Instituto Memória Brasil- IMB.



                          

domingo, 18 de novembro de 2018

VIVA OS BRASILEIROS CORTEZ E FAUSTO!


Ele nasceu 1 ano uma semana e 1 dia antes de Getúlio Vargas implantar no Brasil o regime político denominado Estado Novo.
Ele foi agricultor, garimpeiro e marinheiro cassado no ano do golpe civil militar que durou 7.665 dias ou de outra forma: 21 anos de regime de recessão que levou a prisão e a tortura de pelo menos 20 mil brasileiros e brasileiras, com perseguição e  mortes etc. Estou falando do nordestino de Currais Novos, RN, José Xavier Cortez, que o tempo transformaria num dos nomes mais conhecidos da indústria editorial do País...
Ele nasceu  bem antes de Cortez.
Diz a lenda que ele insistia para nascer antes do tempo. O seu comportamento no útero materno já indicava que ele  viria ao mundo para registrar em canetas e pincéis o comportamento das pessoas, pobres ou ricas, simples ou poderosas.Dito e feito.  Tudo isso com graça e crítica. Estou falando do paulista de Reginópolis Fausto Bergocce, nascido no mesmo dia e mês em que nasceu o nordestino supimpa José Cortez: 18 de novembro.
O traço da arte de Fausto é único, como único é o de Picasso e Millôr.
Cortez completa hoje 82 anos de vida.
Fausto, como é conhecido por aí afora, nasceu 1 mês, 3 semanas e 1 dia depois que o rei da voz Chico Alves, subia ao céu após um violento acidente automobilístico na via Dutra: 27 de Setembro. Aliás, foi nesse dia que eu nasci.
Esses 2 brasileiros são incríveis e eu sou amigo deles.
José Xavier Cortez, comeu literalmente, o pão que o Diabo amassou. Fausto, também.
Fausto nasceu no tamanho de nada, mas foi crescendo, crescendo e virou quem hoje é. Claro, para chegar onde chegou, fez bicos, caras e caretas. Não nasceu em berço de ouro, mas é ouro para o Brasil.
No primeiro aniversário de Cortez  não houve quem  lhe  cantasse parabéns, por uma razão: a canção Parabéns a Voce ainda não existia em versão brasileira. Isso só foi acontecer em Janeiro de 1951, quando Nilo Sérgio a lançou em disco Todamérica. Essa música, de autoria das irmãs norte americanas Mildred e Patrícia, ganhou versão na nossa língua de Léa Magalhães. Até Roberto Carlos, vejam vocês, a gravou.






sábado, 17 de novembro de 2018

CHORO NA CULTURA

Musicalmente o Brasil é riquíssimo e em tudo, até em pobreza.
Uma porcentagem enorme de cidades brasileiras vivem tempos que parece serem da Idade Média.
A  Idade Média.se não sabem, saibam, viveu 3 fases. A mais pior, como diria Adoniran Barbosa, foi aquela de média nada tinha. Era só loucura, violência e tudo o mais que não presta, que muita gente chama de negra, obscura, etc.
Pois bem, musicalmente e em tudo o Brasil é riquíssimo.....
Na manha de 29 de novembro de 1807, Dom João VI deixou Portugal com Napoleão no encalço. Quer dizer, Dom João naquele dia fugiu da sua terra de origem para aventurar-se no Brasil. 
Naquele tempo, o Brasil economicamente, estava numa pindaíba dos infernos. Tudo travado, como agora.
Logo após chegar ao Brasil, notadamente em Salvador, Dom João botou para quebrar, destravando as amarras econômicas da economia brasileira. Plim plim! e aí, pouco depois de estar em terras firmes, ele abriu os portos. E tudo mudou. Teve zebras, mas tudo mudou.
Musicalmente e em tudo o Brasil é riquíssimo.
O primeiro gênero musical autenticamente, digamos assim, brasileiro é o choro, o chorinho. 
O choro como expressão musical apareceu pela primeira vez numa partitura do flautista José Antonio da Silva calado, em 1870.
Essa história, a história do choro, é contada tim tim por tim tim, na nova série da TV Cultura: O Brasil Toca Choro, que a TV Cultura está levando ao ar todos os domingos a partir das 11 horas. 
Amanhã, 18, é dia de choro na TV Cultura. Antes, clique abaixo para ver o segundo capítulo da série.


A série que a TV Cultura está exibindo sobre choro, foi apresentada à imprensa no final de Outubro, num restaurante da Capital paulista. Estive lá. Antes, no começo do ano, o presidente da Fundação Padre Anchieta que administra a TV Cultura, Marcos Mendonça e eu trocamos idéias no Centro Cultural Rebouças, onde se realizava um Congresso patrocinado pelo News Letter JornalistaseCia. O papo foi choro, no bom sentido.  Abaixo, o registro. 


BOLSONARO NO CORDEL E NO REPENTE

O repente e o cordel
caminham de mãos dadas
encantando gerações
com histórias bem contadas
feitas de improviso
e também a canetadas

Umas são muito tristes
outras são engraçadas
umas são verdadeiras
outras são inventadas
pra fazer quem quiser curtir
dando boas gargalhadas (Assis Angelo)

Os poetas de bancada que escrevem a canetadas e os poetas repentistas que improvisam  versos ao som de violas, historicamente sempre estiveram presentes onde os fatos acontecem. Sempre foi assim, desde que o Cordel e o Repente sentaram praça no Brasil. Quer dizer, desde o século 19.
O paraibano Silvino Pirauá Lima era cordelista e cantador repentista. Ele e seu conterrâneo Leandro Gomes de Barros foram  pioneiros no campo da poesia popular cantada.
O Nordeste  é berço dos grandes cordelistas e repentistas. A obra destes poetas, dos artista do povo, é absolutamente fantástica. Intelectuais do naipe de Ariano Suassuna beberam e bebem ainda no poço encantado do cordel e do repente.
Os ex-presidentes Getúlio Vargas e Lula da Silva foram os mais cantados na literatura de cordel, até hoje.
A corrida eleitoral  que levou Jair Bolsonaro à cadeira de Presidente  não poderia ser ignorada  pelos poetas do povo. Até os veteranos Oliveira de Panelas e Ivanildo Vila Nova afinaram suas violas e desenvolveram um Quadrão Perguntado, que é uma das mais de 100 modalidades identificadas no Reino da Cantoria. Veja:


Caju e Castanha, pernambucanos como Ivanildo e Oliveira, bateram seus pandeiros e desenvolveram
o  tema abaixo:


Muitos poetas cordelistas, como os dois aí abaixo, recolheram-se ao silêncio e puseram no papel os cordéis que declamam:




terça-feira, 13 de novembro de 2018

VIVA JORGE ARAÚJO!


O Brasil é de uma grandeza tão grande que só assim faz-nos entender o que disse Ary Barroso no seu belo clássico: Brasil, meu Brasil brasileiro...
O Brasil é uma terra de gigantes, a parte mesmo do paulista operístico de Campinas Antonio Carlos Gomes. E hoje aqui em casa veio mais um grande, um grandíssimo artista que escolheu a fotografia como meio de fazer-se importante na história. E a história é ele: Jorge Araújo.
Ô coisa boa a gente abraçar gente que faz história.
Jorge Araújo é história, faz história. É grandão.
Eu tive a alegria de trabalhar com Jorge Araújo, repórter-fotográfico. Na Folha.Ele, eu e tantos como, Ricardo Kostcho.
O Jorge sempre esteve além do nosso tempo, além das nossas lentes, dos nossos olhos e muito além do sonho de pensar, a exemplo a mensagem na foto abaixo.
Foi bom demais receber o Jorge hoje, em casa, prá lembrar tantas histórias.
Comemos uma vaca atolada, prato gostosíssimo de Minas Gerais, praticado pela querida Ivone. Uma cachacinha na parada. E uma cachacinha tão gostosinha à mesa, o Jorge me trouxe...
Jorge Araújo conhece mais da metade do mundo todo.
Jorge Araújo comeu o pão que o diabo amassou, dizendo e apostando que a democracia é que faz bem para o povo. Jorge bateu  retrato na cara de ditador, de gente que não presta.
Jorge Araújo é demais!
Estou com saudade do Ricardo Kotscho. 
Viva Jorge, viva Ricardo!

Jorge Araújo é autor da foto da pomba da anistia, que emociona o olhar e correu o mundo todo (ao lado), mas não aprendemos ainda... Não custa ver de novo essa beleza do momento, na praça da Sé, em São Paulo, Diretas  no dia 23 de agosto.Eu estava lá.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

ALMOÇO COM MAJU, NA GLOBO

Ela é especialíssima. Pessoa, persona, gente. Gentil. Profissionalmente, profissionalíssima. Estar com ela é estar diante de um espelho. Ela diz o que a gente quer ouvir e ouve o que a gente quer dizer. E o povo, ouvinte, bate palmas. Isso no jornalismo não é fácil. Nova, bonita, do tamanho de uma deusa. 
Estou falando de Maria Júlia Coutinho, Maju. 
Maju, pessoa incrível, é aquela moça do tempo que a gente vê quase toda noite no Jornal Nacional.
Cabeça boa, pensante. 
Ela arranca da gente tudo o que quer. E mais: Maju procura dar voz aos invisíveis, pessoas que vivem à margem da sociedade por sofrerem algum tipo de deficiência. 
Quem me levou a Maju foi Ci, Cilene Soares. Jornalista que nem eu e ela.
Hoje 8, entre meio-dia e 14h, estive no seu programa na Rádio Globo: Papo de Almoço. Conosco estiveram, ao vivo, o humorista Bruno Motta, o craque em marketing de relacionamento Mauricio Patrocinio e o coach Wilson Nascimento. 
Foi interessantíssimo o encontro que tivemos no programa da Maju. Mil e um assuntos foram postos à baila. Ela cheia de graça e nós na sua onda. O tema principal foi: Vencer na vida. E eu abri assim: 

É um ideal humano
Querer vencer na vida
Mas pra vencer tem de lutar
Correr, tá na corrida
Na vida ou no jogo
Vence o ás a partida

Confiram aí nossa presença no programa Papo de Almoço:















quarta-feira, 7 de novembro de 2018

HOJE É DIA DE ARY BARROSO

No dia 7 de novembro de 1903 nascia em Ubá, Minas Gerais, o filho varão de seu João e dona Angelina, Ary Evangelista Barroso. Ary ficou orfão de pai e mãe muito cedo e foi adotado pela avó materna, Gabriela, que lhe deu as primeiras lições de música ao piano. Quando tinha 12 anos de idade já se apresentava no cinema da sua terra, recebendo pró labore pelo bom desempenho. Foi pro Rio muito novo, ainda. Lá estudou e virou o artista que todo mundo hoje conhece no Brasil e no Exterior.
A primeira composição de Ary Barroso foi o cateretê De Longe, gravada por Gastão Formenti, sob novo título e gênero, Teus Oio, canção, pela gravadora Parlophon, no final de 1929 e lançada à praça em janeiro de 1930.
O primeiro grande sucesso de Ary foi o samba Aquarela do Brasil, gravado originalmente por Chico Alves, no dia 18 de agosto de 1939 e lançada à praça dois meses depois. Dois anos depois foi a vez dessa música receber a primeira gravação internacional, feita pelo norte-americano Lee Broyde. LOgo em seguida, Aquarela integrou a trilha sonora do filme Alô Amigos, dos Estúdios Disney. Curiosidade: Só em 1945, Aquarela do Brasil foi tocada nas emissoras de rádio norte-americanas mais de 2 milhões de vezes. Ouça a gravação original:



Ary Barroso, além de compositor e instrumentista, foi locutor esportivo. Ouça um trecho de suas transmissões: 



Por vários anos o mineiro Ary Barroso apresentou programas de calouros, num dos quais (Calouros em Desfile) a "vítima" foi Luiz Gonzaga, que se transformaria num dos maiores nomes da música popular brasileira. Ouça o humorista José Vasconcelos imitando Ary diante de um calouro:




O Dia Nacional do Rádio é comemorado hoje, 07, em homenagem a Ary Evangelista Barroso. O decreto traz a assinatura do ex presidente da República Luís Inácio Lula Da Silva. Antes a data era 21 de setembro (Governo Vargas).

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

LIBERDADE EM TEMPO DE CAPITÃO

O Brasil já foi presidido por quatro marechais (Deodoro, Floriano, Hermes da Fonseca e Dutra) e cinco generais (Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo), sem contar a junta militar, formada pelos comandantes da Marinha (Augusto Rademaker), Exército (Lira Tavares) e Aeronáutica (Márcio Melo), que governou o País entre 30 de agosto e 31 de outubro de 1969.
A partir do próximo ano o Brasil será presidido pelo capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro. Não custa ficar de olho nele.
 Outros capitães se destacaram na vida nacional: o gaúcho Prestes e o carioca Lamarca, que escolheram abandonar o Exército para ingressar na militância política.
E teve, também, o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião e capitães do mato e capitães de areia, mas essa é outra história...
O período mais longo de militares dirigindo os destinos do Brasil começou em 1964 e findou em 1985. No correr desse tempo houve muitas prisões, mortes e desaparecimentos.
No dia 11 de dezembro de 1964 estreou no Rio de Janeiro a peça Opinião, de Armando Costa, Oduvaldo Viana Filho e Paulo Pontes, dirigida por Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido. No palco Zé Keti, João do Vale e Nara Leão cantavam e discutiam temas do nosso duro cotidiano. Os militares caíram de pau.
No dia 21 de abril de 1965 foi a vez de Millôr Fernandes e Flávio Rangel estrearem a peça Liberdade Liberdade, baseada em textos famosos de Brecht, Shakespeare, Gagarin, Aristóteles, Platão e até de Jesus Cristo, com músicas de Carlos Lira e Geraldo Vandré, entre outros. Essa peça ficou pouquíssimo tempo em cartaz, pois a censura também caiu de pau. No dia 15 de janeiro de 1968 José Celso Martinez dirigiu a peça Roda Viva, de Chico Buarque. O pau também cantou no palco.
No dia 2 de dezembro de 1968, integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) explodiram bombas no teatro Opinião, no Rio, pondo fim a curta temporada do show Pra Não Dizer que não Falei de Flores, do já citado Vandré.
Opinião foi o primeiro show levado ao palco contra a ditadura militar. Virou disco. Liberdade Liberdade, também. Esses discos se acham no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.

CELIA E CELMA

Há poucos dias, num sábado, as  mineiras Céia e Celma deram um verdadeiro show de conhecimento musical no programa Paiaia, da Rádio Conectados, apresentado pelo baiano Carlos Silvo, vale a pena ouvi-las de novo. E vê-las. Clique:

https://www.youtube.com/watch?v=xNrIL9B5TlI

domingo, 4 de novembro de 2018

MAR MORTO E CONTRABANDO NOS PORTOS

Mar Morto é um dos mais bonitos  romances do escritor baiano  Jorge Amado (1912-2001). Tocante.  Foi publicado em 1936 pela editora carioca José Olympio. A história transcorre no cais do porto da Bahia. Fala da vida dos marítimos, das prostitutas, dos cachaceiros, do povo. E até de contrabandistas.
A leitura de Mar Morto remeteu-me imediatamente ao atual noticiário envolvendo poderosos da nossa corroída Republica, como Temer e outros e outros.
Ouço dizer que a PF prendeu há poucos dias altos figurões do porto de Santos.
Em Mar Morto, escrito quando o autor tinha apenas 24 anos de idade, aparecem personagens árabes comos Murad e até um certo Haddad.
O romance de divide em 12 partes, tendo como pano de fundo a rainha da águas de Iemanjá, também chamada de Janaína. São muitos personagens que se movimentam nas páginas do livro. Os principais, uns 30, são Guma e Lívia.
Há partes em Mar Morto que levam o leitor a emocionar-se, como quando a mãe de Guma tenta tirá-lo da guarda do tio, o velho marítimo Francisco de muitas histórias colhidas no correr do tempo em que esteve em atividade no mar. Na ocasião Guma tinha 11 anos de idade e não sabia que a mulher que Francisco a apresentou era sua mãe, uma mulher da vida, uma mulher dama, prostituta. O final, então é de encher os olhos do mais insensível leitor.
De fato, Mar Morto é um livraço!
Na história engendrada por Amado, tem briga de morte e duelo com o mar. E traições. E uma mulher incrível, durona: Rosa Palmeirão, que andava com uma navalha na saia e um punhal entre os peitos. Pôs muito homem pra correr, de uma vez só seis. E curtiu duas dezenas de cana. E bebia cachaça como o vagabundo mais perdido. Ao fim e ao cabo, Palmeirão encontra em si a mulher que sempre foi.
Jorge Amado era incrível nos seus escritos e na vida pessoal. Foi amigo de Picasso, Yves Montand, Edith Piaf, Paul Satre, Simone de Beauvoir...Comunista, foi preso junto com Graciliano Ramos no ano do lançamento de Mar Morto. O livro trás cenas chocantes, também. Como a morte de Esmeralda, amante de Rufino e doida por Guma. E vou parar por aqui, antes, um detalhe: Dorival Caymmi inspirou-se na leitura de Mar Morto para compor È Doce Morrer no Mar e Maracangalha.
É Doce Morrer no Mar, toada,  foi gravado originalmente pelo autor em 03.10.1941 (Columbia), e não em 1935 como pensam algumas pessoas. Maracangalha foi gravada pela primeira vez  pelo autor em 13.11.1954. Essa música foi composta na capital paulista, como me disse o próprio Caymmi, em entrevista que fiz para o programa São Paulo Capital Nordeste.Confiram:


CHORINHO

Hoje, de manhã, a TV Cultura levou ao ar o primeiro dos 13 episódios da série Brasil Toca Choro. A cada Domingo será apresentado um capítulo, reprisado nas noites de terças. Ali pelo 4o. ou 5o. episódio estaremos falando sobre o choro do Rei do Baião, Luiz Gongaza. Aguardemos.