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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

FURO: UMA PRÁTICA SALUTAR DO BOM JORNALISMO

O atual presidente da República botou o Brasil de pernas pro ar, isto é: de bunda pro mundo, que ri tirando sarro da gente. Pena.
Enquanto isso, pesquisas de opinião indicam que os poderes Legislativo e Judiciário estão em baixa.
O ocupante da cadeira mais disputada do País, aquele, continua com o propósito irresponsável de destruir tudo. As instituições, inclusive.
O presidente mente, mente e mente.
O exército de milicianos a serviço do presidente tem se incumbido de assassinar a verdade, via internet. Todo dia, sistematicamente.
As chamadas fake news são uma praga óbvia.
As fake news corroem os pilares da Democracia. Fato.
Mesmo com todas as dificuldades possíveis, jornais e jornalistas continuam firmes no propósito de bem informar o público leitor.
São muitos os furos de reportagem que a Imprensa tem feio nos últimos dois anos e meio.
A Imprensa não desiste.
Os jornais Folha, Estadão, Globo e Valor Econômico têm trazido à tona verdades escondidas as sete chaves nos gabinetes palacianos.
Talvez nem todos os jornalistas em início de carreira saibam direito o que é um furo jornalístico. Compreensível.
No jornalismo há notícia, notícia de primeira mão, reportagem e reportagem especial.
Notícia é um fato noticiado em poucas linhas.
Notícia de primeira mão é a notícia exclusiva, digamos assim.
Reportagem é o detalhamento de uma notícia.
Reportagem especial é uma reportagem escrita de modo detalhado. Extraído de um fato histórico, por exemplo.
Furo?
Bom, um furo jornalístico é aquele que o repórter dá com exclusividade, detalhadamente.
Não à toa, bons repórteres são geralmente bons furões. Fotógrafos, inclusive, como Gil Passarelli (1917-1999), Milton Soares e Jorge Araújo. De textos, os repórteres: José Hamilton Ribeiro, Caco Barcellos, Ricardo Kotscho, Marcos Sá Correa, Valmir Salaro, Fabiana Moraes, Daniela Arbex, Patrícia Campos Mello…
Patrícia, da Folha, foi recentemente vítima daquele a quem chamo de Cramunhão. E aqui nem vou lembrar da história, pois demais lamentável. Baixaria.
A rádio CBN, a Globo News e a TV Globo também têm apresentado grandes furos, muitos deles oriundos do Ministério da Saúde. Um cancro.
Furo de reportagem é furo de reportagem, existe desde quando a Imprensa ganhou forma e passou a conquistar leitores e ouvintes/telespectadores.
João do Rio, criador da reportagem como tal conhecemos, foi o primeiro a dar furos em jornais do Rio, RJ.
O Repórter Esso, que teve em Heron Domingues (1924-1974) a sua marca, deu belos furos no que podemos chamar de jornalismo radiofônico. A renúncia de Getúlio, por exemplo, no dia 29 de agosto de 1945:

O Repórter Esso, que tinha como slogan “Testemunha Ocular da História”, estreou no Brasil há 80 anos: 28 de agosto de 1941, na Rádio Nacional.
Esse programa já existia nos EUA desde 1935.
Para melhor ilustrar essa história, peço licença à quem me acompanha neste espaço para dizer que também assinei belos furos.

No final dos anos de 1970, escrevi longa e detalhada reportagem sobre o Esquadrão da Morte. Entrevistei os assassinos Fleury, Fininho, Ze Guarda e Correinha.
Essa reportagem era pra ser publicada na Folha, mas o editor Bóris Casoy não fez o que deveria fazer: publicá-la.
Em decorrência disso, essa reportagem terminou ganhando capa do semanário Pasquim e mais 6 páginas internas, ilustrada por Nássara e outros bambas do cartum brasileiro.
Choveram ameaças de morte, mas cá estou a contar o que fiz.
No dia 13 de setembro de 1987, o Estadão deu em manchete de primeira página entrevista que fiz com o porta-voz da presidência da República. À época Frota Neto. Entre outras coisas, Neto contou-me que o deputado presidente da Câmara Ulysses Guimarães (1916-1992) não deixava o presidente Sarney governar. A consequência disso foi a queda do porta-voz.
Em 1983, dei “segundo clichê” seguido de reportagem completa sobre um duplo linchamento ocorrido numa região de Ribeirão Pires, SP. Repercutiu no Brasil e no Exterior.
No campo de variedades, não custa lembrar, a primeira entrevista que o cantor e compositor Geraldo Vandré me deu depois de mais de 5 anos fora do Brasil.
Essa entrevista foi publicada no extinto Folhetim, da Folha de S.Paulo.
E dei muitos outros furos, não só na Folha e no Estadão, jornais em que ocupei cargo de chefe de reportagem da editoria de política.
Muitos furos de reportagem chegaram às telas de cinema, como Todos os Homens do Presidente.
Esse filme, de 1976, foi baseado nas reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein, do The Washington Post.
O furo de Woodward e Bernstein levou à renúncia do presidente dos EUA, Richard Nixon.
O resto é história.
Fica o registro.

LEIA TAMBÉM: JORGE RIBBAS VENCE FESTIVAL DE MÚSICA ERUDITA

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

CARINHOSO CORAÇÃO

Hoje 29 é o Dia do Coração.
Isso mesmo, Dia do Coração!
Não sei há quanto tempo existe esse dia dedicado ao coração, mas foi criado para que nos lembremos dele. Do coração.
Mais de um mil pessoas morrem todos os dias de ataque cardíaco. Isso no Brasil. Fora do Brasil chega anualmente a muitos milhões.
Como a lua, o coração é tema de música desde sempre.
Há belíssimas canções que têm o coração como tema e lema.
Em 1936, o compositor João de Barro compôs letra para a melodia de Pixinguinha. Título: Carinhoso.
Carinhoso é, junto com Asa Branca, a música mais gravada em disco do Brasil.
Há também muitas versões de Carinhoso noutras línguas. 
No filme Nancy Goes To Rio, que no Brasil ganhou o título de Romance Carioca, Carinhoso aparece como trilha sonora, juntamente ao banhão Ca-Room Pa Pa (Baião. Gonzaga/Teixeira). Mas prefiro Paulinho da Viola cantando com Marisa Monte este belo clássico da nossa música. Ouça:

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

JORGE RIBBAS VENCE FESTIVAL DE MÚSICA ERUDITA

Feliz da vida, o amigo e parceiro musical Jorge Ribbas diz que tem uma boníssima notícia pra mim, em primeira mão: "Acabo de conquistar o 1º lugar do Festival de Música Erudita da Rádio MEC"
Feliz também estou com a notícia.
A música vencedora foi Pentagonia.
Tenho já várias músicas compostas com Jorge Ribbas. Entre elas Viva Rosil, Presidente Sem-noção e Forró pra Anastácia. Ouça:

sábado, 25 de setembro de 2021

JOSÉ NÊUMANNE, POETA E JORNALISTA. DOS BONS


O paraibano de Uiraúna José Nêumanne Pinto é dos mais atualizados jornalistas da imprensa brasileira. Comentarista politico, dele nada escapa. Nêumanne começou a careira na Paraíba, mas foi no eixo Rio-São Paulo que ele deslanchou.

Nêumanne foi repórter especial da Folha, editou do Jornal do Brasil e da Editoria de Política do Estadão.

Trabalhei com ele no Estadão, chefiando a reportagem.

Mas José Nêumanne Pinto não é só jornalista. É mais. Muito mais.


Poeta de sensibilidade incomum, José Nêumanne chegou a gravar até um CD (CPC-Umes, 2007), com arranjo do maestro Marcus Vinícius.

Poemas de Nêumanne foram musicados e gravados por artistas do naipe de Téo Azevedo e Zé Ramalho.

Eu mesmo gravei um poema de Nêumanne, intitulado  Desafio da Viola Repentina e Guitarra Cética. Essa gravação abre o repertório do CD Assis Ângelo interpreta poetas brasileiros.

Ouvir Nêumanne é um privilégio. Quem o ouve como atenção só tem a aprender. Que o diga o radialista baiano Carlos Sílvio.

Ontem 24 José Nêumanne deu uma belíssima entrevista ao programa Paiaiá na Conectados, apresentado por Sílvio. 

Confira:



LEIA MAIS:




sexta-feira, 24 de setembro de 2021

SEVERO É AGORA ESTRELA NO CÉU

 

No ano de 2012 o Sesc Santana, SP, abriu espaço para que eu pudesse apresentar uma exposição/ocupação sobre músicas que falam da Capital paulista. Mais de 3mil títulos, resultado de uma pesquisa que fiz no decorrer de mais de 20 anos. Na ocasião, estiveram comigo muita gente bacana: Inezita Barroso, Altamiro Carrilho, Paulo Vanzolini e tantos e tantos. Entre esses tantos e tantos: Antônio Severo, Joel dos Santos, Ana Maria e eu.
Foi uma exposição muito bonita, visitada por milhares de pessoas no decorrer de 2 a 3 meses.
Severo nos deixou na madrugada de hoje 24. 
Em junho deste ano escrevi um texto lembrando a trajetória do jornalista João do Rio. Foi texto originalmente publicado no Newsletter Jornalistas&Cia. Neste texto, que também saiu no folheto de cordel (ao lado), faço uma singela homenagem ao querido Severo.
Fica o registro. 
Sobre a exposição, clique: 

ADEUS CORTEZ, ADEUS SEVERO

José Xavier Cortez e Paulo Freire
O mundo continua girando, girando e dele gente caindo e subindo. Aos trancos.
Gente querida tem partido sem se quer dizer adeus. Rapidamente. Fechando os olhos e pronto.
No começo da madrugada de hoje 24, ali pela 1h30, partiu para a Eternidade José Antônio Severo. Gaúcho. Amigo querido. Jornalista.
Ali pelas 5 horas de hoje 24 foi juntar-se às estrelas outra pessoa querida: José Xavier Cortez.
Guardo de Severo e Cortez gratíssimas lembranças, boas risadas.
E é assim, estou me sentindo só. Cada dia mais.
Primeiro foram meus irmãos ainda crianças. Depois a minha mãe e o meu pai.
E assim seguimos, voltando de onde viemos: o Cosmos?
A última vez que falei com Severo, pessoalmente, foi dia 16 de julho passado. Cá em casa.
A última vez que falei com Cortez, por telefone, foi na tarde de domingo 19 passado. Falamos um monte de coisas, como sempre falávamos. Naquela tarde, falamos e falamos sobre o educador Paulo Freire. Confira:

Claro que é política a proposta de alfabetização contida no livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.
O que é que há em comum entre o pernambucano Paulo Freire e o baiano Anísio Teixeira?
Freire nasceu em 1921 e Teixeira, 21 anos antes. Ambos formaram-se primeiramente em Direito e só depois tornaram-se educadores.
Teixeira foi o primeiro educador a detectar falhas e necessidades na alfabetização de jovens e adultos, no nosso País.
Como Teixeira, Freire abandonou a profissão de advogado para continuar no direito de ensinar para aprender junto aos analfabetos seus alunos.
Em 1963, Paulo Freire pôs em prática um método revolucionário de alfabetização no município de Angicos, no Rio Grande do Norte, RN.
Naquele ano, conseguiu ensinar as primeiras letras a mais de 300 trabalhadores da construção civil, que não conseguiam distinguir um “O” de uma roda. Foi quando os empregadores se arrepiaram, recusando-se a pagar até os direitos trabalhistas.
Foi esse o “pulo do gato” de Freire ao imaginar e desenvolver o método que leva o seu nome no Brasil e mundo afora.
Em 1964, Anísio Teixeira foi exilado pelos poderosos de plantão.
Em 1964, Paulo Freire foi exilado pelos poderosos de plantão.
Os poderosos de plantão são personagens que atuam em movimento contrário ao avanço da sociedade moderna, sempre à espreita.
Um povo analfabeto é um povo cego sem luz, sem graça, sem futuro, que precisa de muleta para existir.
Um povo analfabeto e sem futuro é presa fácil de quaisquer poderosos de plantão, ditadores, prepotentes, obscurantistas.
Uma pessoa alfabetizada reconhece com facilidade o mundo em que vive e nele se movimenta com a graça de quem ama a vida.
Uma vez o paulista Monteiro Lobato (1882-1948) disse que “quem ler mais, sabe mais”.
Uma vez, há muito tempo, o grego Sócrates à beira da morte teria dito: “Só sei que nada sei”.
No livro A Importância do Ato de Ler, agora na 52ª edição (Cortez Editora), Paulo Freire diz à pág. 66: “Na verdade, para que a afirmação ‘quem sabe ensina a quem não sabe’ se recupere de seu caráter autoritário, é preciso que quem sabe saiba sobretudo que ninguém sabe tudo e que ninguém tudo ignora. O educador, como quem sabe, precisa reconhecer, primeiro, nos educandos em processo de saber mais, os sujeitos, com ele, deste processo e não pacientes acomodados; segundo, reconhecer que o conhecimento não é um dado aí, algo imobilizado, concluído, terminado, a ser transferido por quem o adquiriu a quem não o possui”.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 11 milhões de analfabetos completos. Fora isso, é incontável o número de analfabetos funcionais. Esses são aqueles que aprenderam o bê-á-bá mecanicamente, sem raciocinar, na base da decoreba.
O método Paulo Freire é importante, muito importante, por identificar esse caminho errado. Ou seja, não basta decorar o bê-á-bá, é preciso interpretar o bê-á-bá.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirma Freire na palestra que proferiu no Congresso Brasileiro de Leitura, realizado no dia 12 de novembro de 1981, em Campinas (SP).
O analfabeto é analfabeto por não saber ler nem escrever, mas não é analfabeto no mundo real em que vive. Pois nesse mundo, o seu mundo, ele distingue facilmente os códigos que o rodeiam. Portanto, nesse caso, o bê-á-bá pouco acrescenta ao sujeito em questão.
Sabe aquela história de o caipira ou o matuto falar errado?
“A primeira vez que mantive contato com Paulo Freire, foi por telefone. Ele se achava na Suíça ou na Suécia, não lembro bem. Propus-lhe editar seu livro Pedagogia do Oprimido. Mas ele respondeu que já tinha editora, a Paz e Terra”, lembrou o potiguar José Xavier Cortez. “Isso foi pouco antes de ele voltar do exílio”, acrescentou.
No decorrer do tempo, Cortez e Paulo Freire tornaram-se amigos. “Antes de A Importância do Ato de Ler publiquei Educação e Atualidade Brasileira, Pedagogia: Diálogo e Conflito e Paulo Freire: Uma Bibliografia”, relembra Cortez.
Enquanto publicava livros pela Cortez, Paulo Freire publicava artigos na revista Educação e Sociedade. Essa revista era resultado de uma parceria entre a editora Cortez e a Unicamp.
É possível que os textos de Freire publicados na revista virem livro.
A gratidão que o educador pernambucano tinha pelo editor potiguar fica explícita nesta declaração: “Se o país tiver sensibilidade, reconhecimento, amor e o sentimento do agradecimento corajoso e leal, Cortez vai virar nome de instituição no País todo. Tenho Cortez como editor e também como amigo”.
Cortez já virou nome de escola: Escola Estadual José Xavier Cortez, no extremo sul da Capital paulista.
Anísio Teixeira envolveu-se com a educação desde muito cedo.
Em 1931, já figura de destaque no campo da Educação, Anísio assinou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.Corria o governo Vargas. O ministro era Capanema e seu chefe de gabinete, Carlos Drummond.
Esse manifesto, assinado por 26 educadores e intelectuais como Cecília Meirelles, não agradou o governo Vargas. O tempo passou e muita água correu sob a ponte.
O resto é história.
Anísio Spínola Teixeira nasceu no ano de 1900 e morreu em março de 1971, isto é: há 50 anos.
Paulo Reglus Neves Freire morreu em 1997 e nasceu no dia 19 de setembro de 1921, ou seja: há 100 anos.
A educação deve muito a esses dois brasileiros. 
O cantor e compositor paraibano Chico César compôs e cantou, no ritmo de aboio, isso aqui:


LEIA MAIS:  

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

PAULO FREIRE EM CORDEL


Hoje milhares de sites
analisam seu legado
é ele o brasileiro
no mundo mais laureado
seus prêmios internacionais
são os referenciais
pra um mundo mais educado 

Esta semana de setembro começou com boa parte do mundo enaltecendo o talento e a contribuição do pernambucano de Recife Paulo Freire no campo da educação. 
Domingo 19 passado comemoraram-se os 100 anos de nascimento do autor de Pedagogia do Oprimido, escrito no Chile e publicado primeiramente na Espanha e EUA, nos fins dos tumultuados anos de 1960. Esse livro somente seria publicado no Brasil, pela Paz e Terra, em 1974.
Sobre Paulo Freire e o seu revolucionário método de ensino existem inúmeros folhetos de cordel e livros escritos no Brasil e no Exterior. 
Dentre os folhetos de cordel destaque para Tributo a Paulo Freire, Cordel ao Educador Paulo Freire, Paulo Freire em Cordel, Paulo Freire, O menino à sombra da mangueira e o mundo; A História de Paulo Freire e Paulo Freire Mestre dos Mestres.
Um desses folhetos, de 8 páginas, foi escrito e publicado pelo cearense Costa Senna (acima). Leia: PAULO FREIRE NA LITERATURA DE CORDEL
Senna é compositor, instrumentista e cantor.
Dentre as músicas de Costa Senna destaque para Viagem no Alfabeto. Ouça:
 

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

PRESIDENTE DE MENTIRA

A cena correu mundo: Bolsonaro e seus asseclas comendo numa rua de Nova York. Pizza. Na rua porque ele e os seus foram impedidos por lei de comer nos restaurantes da cidade. 
O motivo que gerou essa cena foi simples: o tal não estava vacinado contra o novo Coronavírus.
Triste, muito triste, saber que o mundo todo tira sarro do Brasil. De nós, que trabalhamos e pagamos impostos regiamente.
Charge por João Montanaro
Triste, muito triste, o Brasil ter o presidente que tem. Um presidente maluco, tresloucado, que está levando o nosso país à galhofa.
O mundo ri do Brasil, tira sarro do Brasil, enquanto o desemprego come solta.
São mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras desempregados.
Na ONU, o presidente mente. E mente muito. Mente com cara de pau, deslavada.
Triste, muito triste, um país tão grande e bonito ter um presidente deste tipo; do tipo Bolsonaro, boçal, Boçalnero, Sem noção.
Esse Boçalnero mente como se estivesse falando verdades.
Mentiu o tempo todo nos 12 minutos que ocupou na tribuna, na ONU. Seu público: milicianos.
Bolsonaro é feito de mentira.
Entre os membros da comitiva do presidente à ONU, estava o ministro da saúde. 
O ministro Marcelo-não-sei-o-quê protagonizou cena particular que à todos nos horrorizou, ao estirar obscenamente o dedo a brasileiros que chamavam Bolsonaro de "assassino" e "genocida".
Esse ministro da Saúde é o mesmo que há poucos dias determinou a suspensão de vacinas contra o novo Coronavírus no braço dos adolescentes.
Esse aí é o mesmo que se sente bem pendurado no saco do presidente. Que vergonha! 
Ao tentar voltar ao Brasil, Marcelo-num-sei-o-quê foi flagrado com o vírus no corpo. Resultado: está em quarentena num quarto de hotel em Nova York.
Enquanto isso, só nos resta lamentar. 

domingo, 19 de setembro de 2021

TICO TICO NO FUBÁ, 90 ANOS

Não dá pra esquecer: em 1931 foi gravado, pela primeira vez o chorinho Tico Tico no Fubá, do paulista de Passa Quatro, Zequinha de Abreu.

Essa gravação despertou, primeiramente, a atenção da portuguesinha naturalizada Carmem Miranda. E depois dela, o mundo todo tomou conhecimento de Tico Tico no Fubá, que era pra ser chamado de Tico Tico no Farelo.

A Colbaz, cujo nome tem a ver com a extinta gravadora Colúmbia, tinha como líder, o maestro e arranjador Gaó, Odmar Amaral Gurgel(1909-1992).

Zequinha, de batismo José Gomes de Abreu foi um artista que ganhou projeção mundial depois que partiu para a eternidade.

A cidade paulista Santa Rita do Passa Quatro é uma das 12 estâncias climáticas do Estado, localizada a cerca de 250 quilômetros da capital. Foi lá que nasceu no dia 19 de setembro de 1880 o compositor e pianista José Gomes de Abreu, o Zequinha de Abreu, que ganhou notoriedade mundial com o choro Tico-Tico no Fubá, de sua autoria, gravado pela primeira vez no começo de 1931 pela Orquestra Colbaz e, depois, por centenas de intérpretes nacionais e estrangeiros, de Carmen Miranda ao maestro Roberto Inglez (aí ao lado, na reprodução do selo do disco original feito em Londres), Ethel Smith, Alberto Semprini, Georges Henry e, mais recentemente, por uma malaia, JIt San, de seis anos de idade que o interpreta de modo incrível num instrumento chamado Electone. Clique:

http://www.youtube.com/watch?v=X-b7n0_3Ca0
Clique também para curtir Carmen Miranda:
Tico-Tico no Fubá, que era para se chamar Tico-Tico no Farelo, foi apresentado com letra, de Eurico Barreiros, pela primeira vez pela cantora Ademilde Fonseca (à direita, na reprodução do selo do disco), em setembro de 1942.
Zequinha de Abreu, cuja mãe o queria padre e o pai, médico, morreu no dia 22 de janeiro de 1935. 
Boa parte do mundo aplaude a obra de Zequinha.

sábado, 18 de setembro de 2021

HÁ 40 ANOS MORRIA O AUTOR DE BOI NA CAJARANA

Hoje 18 estão se completando exatos 40 anos do desaparecimento do pernambucano de Recife, Marcos Cavalcanti de Albuquerque, o Venâncio da famosa dupla com Corumba.

Venâncio nasceu em 07 de outubro de 1909 e logo cedo decidiu que seria artista.

Tinha 19 anos de idade quando conheceu Manoel José do Espírito Santo, que se tornaria conhecido como Corumba.

Venâncio e Corumba compuseram muitas músicas, entre elas alguns clássicos como os baiões Boi na Cajarana (1952) e "Último pau-de-arara"(1956).

No correr do tempo, Venâncio separou-se de Corumba depois de 40 anos de parceria, em 1968.

Os dois seguiram desenvolvendo atividades relacionadas à música. 

Em 1970, Venâncio criou a ARPOFOB (Associação de Repentistas, Poetas e Folcloristas do Brasil).

O baião Boi na Cajarana, de tanto sucesso que fez, terminou por virar mote no chamado mundo da cantoria.

"O Venâncio me inspirou a fundar a UCRAN – União dos Cantadores, Repentistas e Apologista nordestinos, que reúne profissionais da área residente em São Paulo", diz o profissional da viola repentista Sebastião Marinho.




JORNALISMO/JORNALISTAS

Apesar dos riscos naturais, o jornalismo continua sendo importante na vida de qualquer sociedade.
O jornalismo está em todo canto. Está onde o fato está.
Ontem, completaram-se oito anos do encantamento do jornalista Lourenço Diaféria.
. O texto continua repercutindo. Bom. Os coleguinhas Simão Zygband e Selma Nunes, compartilharam o nosso blog com seus leitores.

Enquanto isso Carlos Sílvio continua impossível, em batepapos, imperdíveis. Os dois últimos entrevistados dele foram a angolana Neusa e Silva  e o paulistano Rivaldo Chinem.
Neusa, ex-aluna do norte-americano Bill Hinchberger falou e falou bastante sobre jornalismo investigativo. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=Bqr-Wp5kEsY&t=625s .Rivaldo lembrou algumas passagens do tempo de repórter diário e revelou que um dia seu amigo Tim Lopes contara-lhe que andava com medo das reportagens que estava fazendo. https://www.youtube.com/watch?v=ItgPkG9GP74

O BRASIL É UM BARQUINHO DE PAPEL NO MAR

 
O Brasí é um barquim
Deslizano pelo má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá

Nesse eterno vai-vem
Muita gente cai no má
Muita gente vai pro céu
Sem saber que trem tem lá

Desse jeito o Brasí vai
Se balançano no má
Pareceno u’a donzela
Convidano pra dançá

Esse barco já levô
Muita gente além do má
Já levô Audáio Dantá
Valdi Tele e Jão Bá

Barquero desse barco
Castro Alve foi pro má
Levano o bão Bandeira
Pra um dedo prosiá

Gente de todo tipo
Nesse barco foi pro má
Quereno sabe untudo
Querendo sábi ficá

Há muito ele nasceu
Num belo berço do má
Andô, correu pirigo
Mas sempre sôbe lutá

Lá vai ele
Leve e livre no má
Garboso, sinhô de si
Com o céu a li guardá

Viva o Brasí barquinho
Na sua missão no má
Levano, trazeno gente
Daqui pralí, dali pracá

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

LOURENÇO DIAFÉRIA, UM MESTRE DA CRÔNICA

Nestes tempos malucos em que o presidente da República chama o Exército brasileiro de “meu”...
Nestes tempos malucos de fome e guerras absurdas que matam homem, mulher e criança, brancos e pretos…
Neste mês de setembro, quando o mundo lembra os 20 anos do ataque terrorista às Torres Gêmeas, que mataram quase 3 mil pessoas, de Manhattan, não custa também lembrar que foi num mês como esse que Lourenço Diaféria foi preso acusado de “manchar” a imagem do nosso brioso Exército.
Lourenço Diaféria foi um mestre da crônica jornalística e essa acusação “rendeu-lhe”, lamentavelmente, enquadramento na Lei de Segurança Nacional, LSN.
Antes do enquadramento, o chefe militar de gabinete do governo de Geisel (1974-1979), Hugo de Abreu, telefonou ao dono do diário Folha de S.Paulo, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), ameaçando fechar o jornal.
A Folha era editada por Cláudio Abramo (1923-1987), cuja a cabeça foi pedida pelo militar.
No lugar de Abramo ficou Bóris Casoy, que se identificava plenamente com o regime da época.
Depois de muita confusão, depois de muita polêmica, Lourenço acabou solto por decisão do Supremo Tribunal Federal, STF.
A crônica Herói. Morto. Nós., que entrou para os anais da história, rendeu também a seu autor um chute na bunda. Quer dizer: demissão do jornal onde trabalhava.
Eu conheci Lourenço na Folha, em 1977.
A amizade seguiu firme por outros lugares: JT, Diário Popular…
Foi não foi, Lourenço me citava em suas crônicas. Levantava a bola, como se diz.
Um dia, pedi-lhe que escrevesse um texto de apresentação para o livro que eu estava em vias de publicar: Nordestindanados, Causos e Cousos de uma raça de cabras da peste (1992). E em três páginas, sob o título Como um Gosto de Tapioca, ele começou:

“Este é mais um livro do mais paulistano dos paraibanos. Vivendo uma diáspora sentimental em busca de melhores perspectivas de trabalho, Assis Ângelo, o autor, não abandona as raízes, a placenta e o umbigo viscerais de seu modo nordestino de ser. A escritura de Assis Ângelo tem a umidade fecunda que banha a lâmina ao talhas a palma do xique-xique. Como não é romance, nem novela, nem autobiografia, nem relatório de serviço, a primeira vantagem deste livro é que as páginas podem ser lidas sem sequência, de trás para frente e vice-versa. Todavia, se alguma página for saltada, e não for lida, o leitor ficará sem saber algumas coisas que o tornarão mais rico de conhecer a alma de um autor. Por vezes, são anotações quase fortuitas, temperadas em meia dúzia de palavras, escritas, aparentemente, como rubricas de uma vida”
No seu delicioso texto, sempre na linha de loas, conclui:
“Este livro nada tem de empombado. Não pretende ser um ensaio. Muito menos tratado. É simples, como a tapioca. Mas para fazer igual é preciso ter estrada. Ser filho de dona Anunciada. Ter ido a trezenas de santos infinitos a rogo de dona Alcina. Ter sabido ganhar e perder na vida. E ter aprendido a receita de saber dosar com emoção o recheio do alimento sertanejo”.
O pai de Lourenço era italiano e a mãe, portuguesa.
O resultado dessa mistura deu no que deu: um cidadão explicadíssimo à vida, de olhares sensíveis ao cotidiano da cidade que lhe deu berço. Nascido no dia 28 de agosto de 1933. “Não havia lugar melhor pra nascer, a não ser o bairro paulistano do Brás”, disse-me uma vez.
Lourenço Diaféria, de batismo Lourenço Carlos Diaféria, cresceu brincando e chutando bola, como qualquer moleque de infância comum. Pelo gosto do pai, seria advogado. “A minha mãe não ligava muito pra isso, ela dizia não querer interferir na minha escolha profissional. Bastava-lhe que eu fosse uma boa pessoa, sem inimigos”, lembrou.
Lourenço começou, mas não terminou o curso de jornalismo na Cásper Líbero.
Em 1956, inscreveu-se num concurso para redator do extinto Folha da Manhã, hoje Folha de S.Paulo. Passou, trancou o curso que também iniciara na USP, e seguiu firme na mesma profissão que seu pai exercia no começo dos anos 20, quando chegou da Itália e escolheu o Rio de Janeiro para morar.
Lourenço Diaféria era onipresente. Estava em todo lugar. Ele via tudo e tudo anotava com descrição: as pessoas, os animais, a chuva, o sol, o vento, tempestades, caras feias e bonitas, sem falar dos monumentos espalhados pela cidade, dos teatros, dos cinemas, dos jardins...
Foi um cronista completo.
As palavras ele colhia do seu jardim particular, que regava com dedicação e amor.
Em 2000, o Jardim da Luz completou 200 anos.
Para comemorar a data, o cartunista Fausto desenvolveu uma obra gigantesca em que aparecem pessoas que marcaram a cidade. Pessoas simples, inclusive. E lá está Lourenço.
Lourenço fazia das palavras suas amigas. Da mesma maneira que ele cuidava delas, por elas era cuidado.
Ele sempre pôs as palavras no lugar certo, nos lugares certos. Elas não o surpreendiam. E vice e versa.
Era um craque, um verdadeiro jardineiro do Lácio.
Lourenço foi jornalista, cronista, romancista...
Deixou uma montanha de belos livros, entre os quais: Empinador de Estrelas, Um Gato na Terra do Tamborim e Coração Corinthiano.
Foi um grande corinthiano. Sabia tudo e algo mais sobre o Timão.
Quando um dia dispensaram sua crônica do Diário Popular, sem justa causa, sem motivo algum, escrevi uma carta que o jornal publicou. Nela mostrei a minha insatisfação, o meu desgosto como leitor. No dia seguinte, pra minha surpresa, recebi uma carta do mesmo Lourenço agradecendo o que eu fizera. Ele começava dizendo: “Querido Ângelus”.
Ângelus, na verdade Di Ângelus, foi um dos pseudônimos que usei nos meus tempos de artista plástico.
Quando uma equipe da TV Gazeta me procurou pra falar do bairro do Brás, lembrei-me do livro de Lourenço: Brás - Sotaques e Desmemórias.

Lourenço Diaféria morreu no dia 16 de setembro de 2008.
Morreu não, encantou-se
Ah! Sim: seus pais eram Filipe e Maria.
Grande Lourenço!