Faz muito tempo, muito mesmo, que o homem ganhou a forma bípede.
Entre os homens, nós, há pretos e brancos; pobres e ricos.
O problema se acha exatamente aí: pobres e ricos e pretos e brancos.
Esse gênero não toma jeito, com ou sem pandemia.
O preconceito nos matará.
Os brancos continuam tentando se desfazer dos pretos o tempo todo. Em todas as línguas, em todos os cantos.
Na terra do Tio Sam, EUA, a polícia vive doida pra matar negros. No Brasil, também.
Dia desse o amigo e parceiro pernambucano Jorge Ribbas achou de compôr uma pérola musical sem letra. Belíssima.
Emocionado perguntei a jorge como fizera essa obra. E ele, respondeu: "Fiz essa música em homenagem aos negros do mundo inteiro; impactado pela tragédia da morte de George Floyd, que por 11 vezes gemeu a frase: "I Can't breathe". Daí, peguei esse fragmento, falado por Floyd, como motivo e inspiração para desenvolver as melodias que utilizei na música, no sentido de sensibilizar para as situações que, a despeito de estarmos no século XXI, ainda acontecem frequentemente e em inúmeros lugares do nosso planeta".
Pois é, o tempo nos leva à reflexão.
Essa nova música do Jorge Ribbas, I.C.B. (I can't breathe), nos faz pensar sobre as grandes mazelas do mundo.
Jorge Ribbas, maestro e compositor, é o arranjador de muitos artistas Brasil Afora, entre esses, Socorro Lira.
Os últimos discos de Socorro têm capa assinada pelo craque do traço Elifas Andreato. É de Elifas, também, a capa do novo álbum de Jorge Ribbas, It's Time... Esse álbum trás onze faixas autorais.
A obra de Jorge Ribbas nas principais plataformas de streaming.
Costa Senna, de batismo Francisco Helio da Costa, é um dos artistas populares
mais importantes do Brasil. Nascido em Fortaleza, CE, Senna passou boa parte
da infância num lugarejo chamado Choró Limão, localizado no interior de
Quixadá, CE. Foi em Quixadá, terra dos cordelistas Alberto Porfírio da
Silva (1926-2009) e
Rouxinol do Rinaré, que o menino Francisco tomou gosto pela arte popular e dela tornou-se um
aplaudido nome. “Um dia, chegou lá em casa o meu avô Vicente. Quando ele
se preparava pra voltar pro seu lugar, em Quixadá, eu chorei, esperneei,
atirando-me as suas pernas. Certamente tocado pela cena, levou-me consigo com
a aquiescência da minha mãe”, revela Costa Senna. Depois de voltar a
Fortaleza, ali com seus 13, 14 anos, Costa Senna foi levado por uma namorada à
casa de
Juvenal Galeno. “Ali conheci muitas pessoas e fiz amizades. Essas amizades abriram caminho
para que eu pudesse desenvolver e mostrar meu talento pela arte popular”,
conta o artista que começou atuando como ator no palco. Não demorou e
ele trocaria Fortaleza por São Paulo. E aí tudo aconteceu com maior rapidez na
vida desse talentoso artífice da cultura brasileira. Até agora, Costa
Senna já gravou 6 CDs e 2 DVDs. Fora isso escreveu e publicou 13 livros e pelo
menos 50 folhetos de cordel. Como ator, atuou nas peças A Noite Seca de
Geraldo Markan, Barrela de Plínio Marcos, Deus Lhe Pague de Juracy Camargo, O
Caldeirão de Oswald Barroso. E nos filmes:
Paulo Freire, Educar Para Transformar; Nísia, Paulo e Josué – Oficina de Memória e As Aventuras de Raul Seixas na
Cidade de Thoth. Em novembro de 2001, sobre o artista escrevi para o
disco Costa Senna em Cena:
Este é um disco diferente em tudo, por isso bonito. Diz de gente, povo
e puta; de natureza, corrupção, racismo e violência. Diz mais. Diz de fome,
de seca e de guerra; de mazelas dos tempos modernos, como a AIDS. Diz até da
língua portuguesa, pobre e abandonada, e de político safado, ladrão.
Revoltado, o poeta mete a ripa no bicho homem, que mata e destrói sem pena,
sem dó. Triste diante do quadro que lhe surge, o poeta não se cala: abre o
bico e solta o verbo em defesa da ecologia, do planeta e de tudo que se bole
sobre o velho bucho do mundo. Perfeito. Ouçam-no com atenção. Peguem
carona no tempo e sigam o poeta na rima e na métrica. É boa a viagem, e quem
gosta do que é bom vai aqui se esbaldar ao som do rap no ritmo autêntico do
repente nordestino. Senna - você ainda não sabe? - é doutor em
sensibilidade, que faz e declama poesia com naturalidade e maestria, coisa
difícil nestes tempos bicudos.
Filho de Joaquim Raimundo da Costa e Raimunda Sena da Costa, Costa Senna é o
mais velho dos 6 irmãos do casal, que também teve 7 filhas. “No total, somos
13 irmãos. E vivos até hoje, graças a Deus!”, firma Senna. Francisco
Helio da Costa, Costa Senna, nasceu no dia 30 de novembro de 1955. O
depoimento que o artista nos concedeu é tocante. Ouça:
Com chuva e um público atento e participativo foi inaugurado ontem 27 à tarde, no Memorial da América Latina, SP, a belíssima obra intitulada "Réquiem aos Tombados pela Covid-19 na América Latina" (ao lado).
De autoria da mais expressiva artista plástica brasileira em atividade, Maria Bonomi, a obra mede 4,80 metros de altura e pesa cerca de 9 toneladas.
Bonomi destacou no ato da inauguração as
dificuldades que os brasileiros tem sofrido e o descaso do governo
Federal. "O Brasil está no chão", ressaltou.
Líderes religiosos e até o Pajé da nação Guarani Awa Kuaray Wera, expressaram a importância da obra e o motivo que a gerou: o descaso às vítimas da pandemia provocada pelo novo Coronavírus.
Awa Kuaray Wera (abaixo) denunciou as dificuldades que os indígenas sofrem atualmente: "Estamos abandonados e sofrendo muito. Hoje vivemos como os brancos, com muitas dificuldades".
Pedi a artista que descrevesse a obra inaugurada no Memorial. Disse: "São 2 placas 'cós ar cor 350' de espessura de 1 polegada, com pátina de Corten (aceleração de corrosão que garante película corrosiva protetiva) sendo a maior de 6x2,40m e a menos de 4,80x2,40m formando um triângulo de base de 4,75 m. Com corte a plasma com os 23 países que compõem a América Latina e Caribe. Os países na obra representados são: Antilhas Holandesas, Argentina, Aruba, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Haiti, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Uruguai e Venezuela".
Ao correr dos curtos discursos, de 3 a 4 minutos, o presidente da República foi nominalmente citado pela irresponsabilidade e a frieza com que tem agido na pandemia da Covid-19.
As fotos que ilustram este texto foram feitas por Márcia Gonçalves.
AMIGOS
Entre os amigos e amigas que reencontrei ontem 27 no Memorial da América Latina, prestigiando o ato inaugural da escultura da artista plástica Maria Bornomi, estavam Andrea e Oswaldo Faustino.
Andrea dirigiu o Centro Cultural Santo Amor e Oswaldo, jornalista e escritor, trabalhou comigo na Folha e no Diário Popular. Fica o registro.
O Brasil nunca foi um país pacato, no rigor do termo, como no primeiro momento entendeu o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), que chegou a detalhar o seu pensamento no livro Raízes do Brasil (1936).
Muitos livros falam das muitas revoltas populares e guerras envolvendo índios e negros escravizados. Não vou entrar nos detalhes, mas recomendo a leitura do Dicionário das Batalhas Brasileiras (1996), de Hernâni Donato (1922-2012).
Firme nas palavras como geralmente o são os historiadores, mais de uma vez Donato me afirmou que desde o achamento do nosso País pelos estrangeiros "todos os dias houve revoltas, revoluções e guerras por essas plagas".
Muitos índios e negros escravizados tombaram à frente das batalhas. Daí, inclusive o surgimento da expressão "buchas de canhão". Dizia-se e até hoje diz-se que "fulano é bucha de canhão" ou "fulano foi bucha de canhão".
"Bucha de canhão" é o equivalente a "boi de piranha", que é o boi posto pela vaqueirama para atravessar rios e, assim, identificar se há nas águas piranhas assassinas.
A Guerra dos Palmares (1695) assim chamada foi a última que resultou no assassinato de milhares e milhares de negros. O fim desse quilombo, em Palmares, AL, coube ao bandeirante Domingos Jorge Velho (1641-1705).
A Paraíba serviu de túmulo a esse bandeirante.
A Conjuração Baiana durou um ano só, 1798, mas deixou um rio de sangue.
Em 1817, religiosos tomaram a frente de um movimento que pretendia a separação das demais províncias brasileiras. Durou 75 dias e, detalhe, chegou a de fato separar-se do Império.
Esse movimento entrou para a história como Revolução Pernambucana, que tinha à frente Frei Caneca (1779-1825) e a proprietária de terras Bárbara de Alencar (1760-1832).
Frei Caneca foi enforcado e Bárbara de Alencar depois de presa, solta.
Solta, Bárbara de Alencar juntou simpatizantes para por de pé a ideia de liberdade do Nordeste do resto do País. Esse ideal teve por nome Confederação do Equador.
A forças imperiais destruíram os ideais contidos na referida Confederação. Bárbara fugiu e um dos seus escravos, preso, foi obrigado a denunciar sua localização. Sob ameaça de morte, o servo cuspiu nos algozes, abriu a boca e decepou a língua com os próprios dentes.
Bárbara vem a ser a avó do escritor cearense José de Alencar (1829-1877).
Foi nas terras de Bárbara que nasceu o rei do baião, Luiz Gonzaga (1912-1989).
Em 1823, portugueses insatisfeitos com a independência proclamada por Pedro I, tombaram sob armas do capitão Luís Alves de Lima e Silva.
Esse Silva viria a ser o patrono do Exército brasileiro, por todos conhecido como Duque de Caxias (1803-1880).
Luís Alves de Lima e Silva também participaria de outras revoltas e guerras: Cisplatina (1825-1828), Balaiada (1838), Farroupilha (1835-1845) e a Guerra do Paraguai (1864-1870).
Esse Silva que viraria senador do Império e consultor do rei, matou gente a dar com o pau e transformou-se o patrono do Exército em 1962.
O nosso brioso Exército tem também como patrona Maria Quitéria (1792-1853).
Quitéria morreu pobre, abandonada e cega.
Depois dessas revoltas e guerras, revoltas e guerras continuaram a acontecer no solo brasileiro: a Cabanada (1832-1835), em Pernambuco; Malês (1835), Sabinada (1837-1838), na Bahia; a Revolta da Chibata (1910), no Rio e Guerra do Contestado (1912), no Paraná.
A Revolta dos Malês teve entre seus líderes uma mulher: Luísa Mahin, que viria a ser a mãe do poeta e abolicionista histórico Luís Gonzaga Pinto da Gama.
Em terras brasileiras o conflito que resultou, historicamente, num maior número de mortes foi a chamada Guerra de Canudos (1896-1897).
Três meses, 3 semanas e 4 dias antes de completar 38 anos de idade, o jornalista e professor de
Encontro entre Assis, Ana Maria, Mariana e Vanira
jornalismo Vladimir Herzog foi preso, torturado e morto numa das dependências do famigerado DOI-Codi em São Paulo, SP.
O fato foi consumado no dia 25 de outubro de 1975.
O anuncio da morte de Vlado, como chamavam os amigos, chocou o Brasil.
As autoridades, policiais e militares da época disseram que o jornalista havia se suicidado. Mentira.
Após o sepultamento do corpo de Vlado, religiosos de várias tendências e o jornalista Audálio Dantas (1932-2018) realizaram um
Assis Ângelo e Elifas Andreato
ato ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo.
Milhares de pessoas compareceram ao evento.
A ditadura militar, iniciada em 1964, começou a cair naquele momento.
O resto é história.
No último sábado 23, jornalistas e artistas reuniram-se na praça Memorial Vladimir Herzog para lembrar os tristes acontecimentos de 1975.
O fotógrafo Jorge Araújo é o autor das belas fotos que ilustram este espaço. Nessas fotos aparecem a viúva de Vlado, Clarisse, o filho Ivo e Sérgio Gomes, o Sérgião, que um dia antes fora submetido a uma delicada cirurgia (no mosaico, acima).
O consumismo desenfreado enlouquece qualquer sociedade, a nossa inclusive
Nesses tempos loucos, completamente louco, em que o material se sobrepõe sobre o espiritual, caminho não há, a não ser o da tragédia coletiva: o fim sem começo.
A morte é parte inseparável da vida.
A vida faz parte da morte e vice e versa.
É simples entender isso, só não entende quem não quer.
Milhões de pessoas morrem e nascem todos os dias. Nascem mais do que morrem.
A madrugada daquela fatídica sexta de setembro nos deixou a todos tristes.
Severo, gaúcho, foi editor e diretor de jornais e revistas em São Paulo, principalmente.
Sob a batuta de Severo, o jornal Gazeta Mercantil, já extinto, fez história no seu tempo. E história também fez na também revista Realidade.
Muita coisa o Severo fez no campo do jornalismo.
Cortez, nordestino de Currais Novos, RN, foi agricultor e marinheiro cassado pelos milicos em 1964.
Esse nordestino arretado foi amigo do revolucionário do Barão do Mar. Mas essa é outra história...
Cortez deixou uma editora com seu nome. Famosa. Cortez, aliás, dá nome a uma escola na zona sul de São Paulo.
Os dois, Severo e Cortez foram sábios.
Era muito bom falar com Severo. Aprendíamos.
Poucos meses antes de partir "praquela" viagem sem volta, Cortez distribuiu o que tinha de objeto pessoais, roupas inclusive, a quem precisava. E era muita coisa. E de grife, que não usava.
Isso fez-me lembrar de Cornélio Pires(1884-1958).
Cornélio era paulista de Tietê. Foi um dos maiores brasileiros que marcou presença fortíssima no campo da cultura popular.
Entre 1929 e 1931, Cornélio produziu e gravou 52 discos de uma série da extinta gravado Colúmbia com seu nome.
Essa história de vida de morte tem que ser encarada com naturalidade, discutida até.
Tudo na vida (e na morte) é normal. A morte é a única certeza da vida.
Jarbas Mariz, o mestre da viola e de outras cordas, também andou musicando de minha autoria os versos de São Paulo Esquina do Mundo e Brasil e O País do Futebol (partitura ao lado).
Não é raro, mas é curioso: um paraibano nascer em Minas Gerais, crescer e
correr mundo como se tal fato não houvesse ocorrido. Esse é exatamente o
caso do cantor, compositor e instrumentista Jarbas Mariz. “Eu nasci num lugar
chamado Aimorés, em Minas, mas com poucos meses de vida fui levado para a
Paraíba. Meus pais são sertanejos, mas eu me criei em João Pessoa”, diz rindo
o inquieto artista que há mais de 30 anos acompanha mundo afora o músico
baiano Tom Zé. “A primeira vez que nos encontramos, eu e Tom, foi na Funarte,
em Sampa. Foi uma ótima conversa e logo estava ele a me dirigir num palco”,
relembra o artista. Além da curiosidade de ter nascido no interior de
Minas, Jarbas conta que há várias outras curiosidades na sua vida: “Comecei
tocando coisas da jovem guarda, até definir o que eu de fato queria”. A
trajetória artística de Jarbas Mariz começa a ganhar força no começo dos anos
de 1970, quando Lula Côrtes (1949-2011) e Zé Ramalho bateram a sua porta. “A
partir daí, o papo fluiu fácil e logo viramos amigos”, é Jarbas falando. Não
demorou e logo os dois passaram a ensaiar, com outros músicos, o repertório
para um álbum duplo sob o título de
Paêbirú. Desse
disco participaram vários artistas iniciantes à época, como Alceu Valença,
Geraldo Azevedo e Zé da Flauta. Curiosidade: uma enchente carregou Capibaribe
abaixo mais de 1.000 cópias de Paêbirú. Sobraram uns 300. Hoje, cada exemplar
desse disco está cotado no mercado pela bagatela de 10.000 reais. A
respeito, até um documentário já foi feito. Título:
Nas paredes da pedra encantada, por Cristiano Bastos e Leonardo Bonfim O tempo foi passando e uma
banda foi criada para acompanhar Tom Zé por aí afora. Quer dizer, no Brasil e
Exterior.
Iniciavam-se os anos de 1990. Um ano antes, Tom havia conhecido na Bahia
o músico norte-americano David Byrne. Byrne, ex-líder do grupo Talking
Heads, criara um selo musical (Luaka Bop) e nele o encaixaram. “E a partir
daí, começamos a fazer shows e preparar músicas para o primeiro disco
internacional de Tom Zé”, é Jarbas de novo falando. O primeiro disco
internacional de Tom,
The Hips of Tradition, foi lançado em 1992. Jornais de várias partes do mundo o aplaudiram,
enaltecendo a qualidade do artista e dos músicos que o acompanharam. A
partir daí, a agenda de Tom Zé e de Jarbas, por consequência, cresceu que nem
bolo fermentado. “Nesses 31 anos que estamos juntos, eu e Tom, já nos
apresentamos na Argentina, Chile, Canadá, Estados Unidos e muitos países da
Europa, como Itália, França, Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Suíça,
Holanda e Inglaterra e por último no Japão em 2019”, recapitula Jarbas
Mariz. Por todo canto que esses dois vão com banda e tudo, e muita
criatividade, recebem cobertura da imprensa. Viraram fregueses do
The New York Times, por exemplo. Na banda que acompanha Tom Zé, Jarbas canta e toca viola
de 12 cordas, percussão e bandolim. Pra bandolim, ele criou uma afinação
especial. “Afinação muito própria, personalíssima”, revela orgulhoso e um tom
de satisfação. Com Tom, Jarbas gravou 15 CDs, 6 DVDs e 2 filmes:
Fabricando Tom Zé e
Tom Zé, Astronauta Libertado. Nas últimas 3 décadas, pouco antes até, Jarbas Mariz dividiu o palco
com Jackson do Pandeiro, com quem fez 32 shows; Cátia de França, Pedro Osmar,
Quinteto Violado, Paulo Diniz, Anastácia, João do Vale, Alceu Valença,
Orquestra Jovem Tom Jobim, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Bocato, Oswaldinho do
Acordeon, Elba Ramalho e até o grupo paulistano Demônios da Garoa. Fora a
participação nos palcos, Jarbas já teve músicas gravadas por Marinês, Gilberto
Gil, Chico César, Lula Côrtes, M4J, Renato Lellis, Fúba, Marco Mendes e Eliane
Camargo. Agora mesmo, ele está pondo ponto final no seu 8º disco de carreira.
Título: Jarbas Mariz, com participações de Chico César, Zé Ramalho e Crônica
Mendes. Seus discos anteriores são Transas do Futuro, Bom Shankar
Bolenath, Vamos lá pra Casa, Forró do Gogó ao Mocotó, Num lugar de La Mancha,
Do Cariri pro Japão e Pare Olhe Escute. Esses discos se encontram em
todas as plataformas digitais. Jarbas Mariz está na estrada há 50 anos,
30 dos quais ao lado da companheira Ângela Tamaso. “Ângela cuida de tudo que
faço, sem ela não haveria agenda nem nada”, conclui numa risada esse mineiro
da Paraíba.
Amanhã 23, na praça Memorial Vladimir Herzog, vão estar declamando e lançando livros jornalistas, poetas e romancistas de bons quilates. Tudo ao ar livre.
Vão estar no local os músicos Alexandro Fernando da Silva e Paulinho Timor, os jornalistas Enio Squeff, Giuliano Galli, Juca Kfouri e Sergio Gomes (Sergião); os arquitetos Ciro Pirondi, Luis Ludmer, Marco Artigas Forti; a bailaria Silvia Lopes, o médico Samir Salman, o fotógrafo Jorge Araújo, o produtor musical Paulinho Fluxus, o artista plástico Elifas Andreato, criador das obras expostas no espaço; e os chargistas Aroeira e Laerte Coutinho.
Laerte, antena sensibilíssima do cotidiano brasileiro, registra no seu perfil do Twitter os dias até aqui sem solução para o caso Marielle Franco.
A praça Vladimir Herzog é uma homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, que ao atender a uma intimação de agentes da ditadura foi preso, encapuzado, torturado e morto nas dependências do DOI-CODI, sem São Paulo, SP.
O assassinato de Vlado, como o jornalista era chamado, provocou consternação nacional e levou o então presidente general Geisel (1907-1996) a mostrar seu descontentamento em relação ao caso. E que morte do tipo não se repetisse na dependências das forças armadas. Repetiu-se.
Vlado foi assassinado no dia 25 de outubro de 1975 e menos de 3 meses depois, no dia 17 de janeiro, foi assassinado pelos agentes repressores o metalúrgico nordestino Manoel Fiel Filho (1927-1976).
A praça Memorial Vladimir Herzog localiza-se ali na Bela Vista, rua Santo Antônio, 33-139, São Paulo - SP.
"O vírus mortal desembarcou num mundo no qual o negacionismo, o populismo, a desinformação
deliberada, corrupção falaram mais alto que a defesa da vida em várias partes do planeta (...) O documento final (da CPI) também trouxe indícios claros de que, na base dessa resposta, estão suspeitas de corrupção. Desde os primeiros dias da crise sanitária, entidades como a OCDE alertavam como a pandemia era “o paraíso” dos corruptos, já que abriam-se brechas perigosas diante da pressão por compras imediatas de materiais, regras de licitação que eram suspensas, a pressão popular por respostas e um mercado desabastecido".
O texto final produzido pela Comissão Parlamentar de Inquérito, CPI, que apura denúncias de corrupção aos cofres públicos será votado na próxima semana, no Senado.
No cinema, teatro, televisão e até na literatura e folhetos de cordel personagens corruptos (e corruptores) pintam e
bordam.
Autores como Machado de Assis e Lima Barreto criaram alguns personagens
aéticos.
No Conto de Escola, o autor Machado de Assis (1839-1908) dá vida a Raimundo e
a Pilar. Raimundo, tenta subornar Pilar e essa sua tentativa lhe rende uma
sova inesquecível.
Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto (1881-1922) dá trabalho ao
protagonista do romance, Policarpo, que de uma hora pra outro vê-se perseguido
por um político da sua cidade.
E por aí vai a história de corruptos e corruptores na ficção e na vida real,
aqui e alhures.
O primeiro ato de corrupção da história foi registrado no Éden, quando Eva
leva Adão a comer o tal fruto proibido.
No Brasil, o primeiro ato de corrupção tem um autor: Pero Vaz de Caminha
(1450-1500).
Em 2003, o Brasil assinou documento na ONU prometendo agir contra a corrupção.
Mais de 100 países fizeram o mesmo, a partir de outubro daquele ano.
Bombeiros continuam procurando, exaustivamente, 8 dos 270 corpos soterrados pela enxurrada de rejeitos da barragem da Vale do Rio Doce em Brumadinho, MG.
Hoje 21 faz 1.000 dias do estouro da barragem, um caso crimonoso.
Dezesseis pessoas entre engenheiros e diretores, incluindo presidente Schvartsman, foram denunciadas à Justiça.
Os denunciados, porém, já não são denunciados pela Justiça mineira, pois "terça-feira 19 a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular o recebimento da denúncia por entender que o caso deve analisado pela Justiça Federal", segundo o noticiário.
Hmmmmm...
Impunidade à vista. E aí, escrevi o poema abaixo:
VIDA E MORTE EM BRUMADINHO Morre sorte, morre vida Morre fé, morre esperança Morre fim, morre começo Morre paz, morre bonança Morre tudo, nada fica Só a dor da má lembrança
Morrem homens e mulheres E crianças nas esquinas Morre dia, morre noite Nos morros, nas colinas Morre tudo que se mexe No rico solo de Minas
Mariana se repete Com dor e muito espinho O povo de Deus precisa De amor e mais carinho Por quê morre tanta gente D'uma vez em Brumadinho?
O terror desceu matando Pelas águas do Feijão* Provocando desespero Pavor e destruição O poder não tem limite nem pudor nem compaixão
Força e violência Tem o Grande Capital Que transforma gente em coisa Pelo tal do vil metal Impondo a "Mais valia" Na alma nacional
A Vale do Rio Doce De doce não tem nada Tem dor, tem agonia E chicote pra lapada Quem reclama ganha cruz, Vira coisa descartada
Vale tudo, vale tudo Na terra da bandalheira Vale roubar o povo Vale vale a roubalheira Só por isso vale pôr Os ratos na ratoeira!
Há 54 anos a capixaba Teca Calazans estreava na música com um compacto simples (Têca) gravado e lançado pela extinta Rozenblit.
Esse disco trazia duas faixas: Aquela Rosa, de Geraldo Azevedo e Carlos Fernando, de um lado; e do outro Cirandas, de domínio público adaptado pela artista.
Teca, de batismo Terezinha João Calazans, seguiu carreira também como atriz, compositora e produtora musical (acima, capa de discos que produziu para a gravadora Buda Musique).
Como cantora, Teca Calazans é autora de uma extensa discografia que inclui obras primas do erudito Villa-Lobos e artistas da cultura popular nordestina, como o pernambucano Oliveira de Panelas e o paraibano Daudeth Bandeira.
Moradora de Paris, raramente a artista vem ao Brasil. Numa dessas vindas eu a entrevistei no programa São Paulo Capital Nordeste, programa de grande audiência que apresentei durante anos na rádio Capital AM 1040.
Dentre as músicas por Teca gravadas, há clássicos como Caicó e O Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos com letra da própria Teca e do poeta maranhense Ferreira Gullar (1930-2016).
Do poeta repentista Oliveira de Panelas, Teca, que nasceu no dia 20 de outubro de 1940, gravou Esses Discos Voadores me Preocupam Demais e Amor Cósmico.
FRED JORGE
Hoje completam-se 27 anos do desaparecimento do tieteense Fued Jorge Jabur.
Fued entrou para a história da nossa música com o nome artístico de Fred Jorge. Ele nasceu em 1928, no dia 31 de maio.
Eu o conheci no fins dos anos de 1970, quando ele ocupava um cargo de direção da extinta gravadora CBS.
Ele deixou muitas músicas gravadas, principalmente versões estrangeiras que fez para a língua portuguesa. Morreu pobre, praticamente abandona em Tietê, SP. Fica o registro.
Eu já disse, mas repito dados fornecidos pela ONU: a cada 5 minutos, uma pessoa fica cega no mundo. São milhões de pessoas que enxergam a vida além dos olhos. O mês de outubro é o mês da Visão Mundial. Esse mês é, portanto, para nos lembrar da necessidade e importância de olharmos para os nossos próprios olhos. É preciso cuidar dos olhos. Ficar cego dos olhos, como fiquei, não é legal. Pensem nisso. Foi no dia 17 de fevereiro de 2013 que médicos do HC entregaram um documento no qual afirmam terem feito tudo para que eu recuperasse a luz dos meus olhos. Não foi possível. Chorei muito. Desesperei-me. Perdi os olhos, a luz dos olhos, o brilho dos olhos, mas não perdi a memória e a vontade enorme de cada dia viver mais. Ainda quero apresentar programas de rádio e TV. Ainda quero publicar livros... Hoje eu dito meus textos e quem os digita é uma pessoa de extrema importância: Anna. A vida é sempre um desafio, mas temos de pensar que a vida é uma chegada, um passeio, uma partida. Faço ginástica na tentativa de assim fazendo estar cuidando do meu corpo e da minha mente.
No começo, nos primeiros meses, um ou dois anos depois de perder a visão dos olhos, eu só pensava em partir antes de concluir o passeio. Agora, a coisa mudou: quero viver, viver, viver e produzir e transmitir o pouco que aprendi a quem pouco sabe menos do que eu.
O famoso monumento a Cristo, instalado no morro do Corcovado, do Rio, foi
inaugurado no dia 12 de outubro de 1931. Mede de altura 30 metros, além do
pedestal. Peso: 1145 toneladas, só a cabeça 30 toneladas. No dia marcado
da inauguração, o inventor Guglielmo Marconi (1874-1937) fora escolhido para
acionar o sistema que, da Itália, iluminaria o Cristo. Do Brasil, O
magnata da imprensa brasileira, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de
Mello (1892-1968), saudando Guglielmo escreveu na revista O Cruzeiro: “No
instante em que iluminais o monumento de Jesus Cristo, os católicos
brasileiros saúdam em vós a faísca do gênio latino que descobriu e construiu o
novo mundo”. Mas o sistema que Guglielmo acionaria para iluminar o
Cristo não deu certo. A postos, no Rio, estava Rinaldo Franco da equipe
do engenheiro Gustavo Corção. E aí deu tudo certo. Tudo iluminado. Uma
maravilha! A ideia de construir o Cristo Redentor foi de um padre francês
chamado Pierre-Marie Boss, de quem pouco se sabe. Esse padre escreveu um poema
no qual expõe a ideia de construir o monumento:
“Oh Corcovado! Lá
se ergue o gigante de pedra, alcantilado, altaneiro e triste, como
interrogando o horizonte imenso... Quando virá?... Há quantos séculos
espero!... Sim, aqui está o pedestal único no mundo! Quando virá a estátua,
como eu colossal, imagem de quem me fez? Ai, Brasil amado!... Acorda depressa,
levanta naquele cume sublime a imagem de Jesus Salvador…”
A ideia
de construção de Cristo, no Corcovado, começou a ganhar forma em 1921. O
presidente da época era o paraibano Epitácio Pessoa (1919-1922). Campanhas
para arrecadar dinheiro para a construção do Cristo foram promovidas pela
Igreja. Ao fim, foram arrecadados cerca de 2,5 contos de réis. Em moeda
de hoje, os 2,5 contos de réis equivalem a 9,5 milhões de reais. Os
responsáveis pela obra foram o desenhista Carlos Oswald, Heitor da Silva Costa
e Paul Landowsky. O monumento ao Cristo tem inspirado poetas,
romancistas, cineastas, cantores e compositores da música popular como Billy
Blanco,
Tonico e Tinoco,
Trio Nordestino,
Alcione, Ivete Sangalo, Capital Inicial… Zélia Duncan cantou, a seu modo,
o Cristo:
Você sabia, meu amor Que da minha janela Eu vejo o Cristo
Redentor? Ele tá sempre lá em cima
Até parece um imenso
imã Colado nas noites e manhãs Será que de lá Ele aqui me
vê De braços abertos Cantando pra você?
Tom Jobim, que junto com Billy Blanco escreveu Sinfonia do Rio de
Janeiro, compôs também, sozinho, Corcovado. Essa música, de estilo
bossanovista, foi gravada em vários idiomas: inglês (Frank Sinatra
e Sarah Vaughan),
italiano (Andrea Bocelli)... Em 1956, o mexicano trio Los Panchos gravou o bolero
Cristo Del Rio, de
autoria de Chucho Navarro. Letra:
Com a cadência do teu ritmo brasileiro, Com o arrulho da tua brisa
tropical, Com o encanto do teu Rio de Janeiro Brasil precioso, tua
beleza é sem igual, pois além das tuas mulheres tão formosas e dos
teus cantos que são hinos ao amor, tu tens a fé que te faz boa e
generosa, a fé preciosa do teu Cristo Redentor.
Cristo do
Rio, Cristo do Rio, Permite-me que eu pague teu amor com o meu. Cristo
do Rio do Corcovado, por ti, Brasil precioso, estou apaixonado.
Permite
pois, Brasil precioso, que eu te cante, com tua São Paulo que é
progresso e esplendor, Belo Horizonte com Recife e com Bahia estão
unidos pela fé do Redentor, porque na terra mexicana que te canta, Brasil
precioso de beleza sem igual, há uma fé de nossa Virgem soberana, guadalupana
que nasceu no Tepeyac.
Cristo do Rio, Cristo do Rio, Permite-me
que eu pague o teu amor com o meu. Cristo do Rio do Corcovado, por
ti, Brasil precioso, estou apaixonado.
Em 2007, a fundação Suíça New 7 Wonders promoveu um concurso que
elegeu o Cristo Redentor uma das 7 maravilhas do mundo. As outras 6 são
O monumento ao padim Ciço, em Juazeiro do Norte, CE, tem 27 metros de
altura. Mas é essa é outra história…
O primeiro romance de autor brasileiro, o Filho do Pescador, já trazia um escravo entre os personagens. Chamava-se João, no romance do fluminense Teixeira e Sousa.
Esse livro foi publicado por Paula Brito, em 1843. É denso.
O 2º romance de autor brasileiro, A Moreninha, também traz um personagem de origem africana: Tobias.
Esse livro tem a assinatura de Joaquim Manoel de Macedo. O seu final é total água com açúcar, mas que deve ter deixado mancebos e moçoilas felizes.
Em 1859, a maranhense Maria Firmina dos Reis provoca rebuliço com o romance Úrsula. Trata de um caso de amor aparentemente impossível. Um escravo salva seu dono e por isso ganha alforria.
Corriam os tempos do romantismo, no Brasil.
Em 1860, o cearense José de Alencar leva à cena a sua primeira peça: Mãe.
Mãe é um drama que bate fundo na alma.
Na mesma linha de Alencar aparece Maria Ribeiro com o drama em 5 atos: Cancros Sociais. Nessa peça, de 1866, a protagonista é também uma escrava, mãe de um jovem que alcança relevo na sociedade do tempo em que se passa a história.
Até ali ainda não se sabia o número de habitantes do Brasil, pois o primeiro recenseamento só seria feito em 1872. Ao sair o resultado, soube-se: havia, no País, pouco menos de 9 milhões de habitantes.
A mão de obra, nem precisa falar, era escrava.
Todo branco que tinha algum dinheiro tinha também um ou mais escravos a sua disposição.
A presença africana foi profunda, marcante na vida brasileira. É uma dívida que jamais será paga.
Maria Firmina foi a primeira mulher a escrever e publicar um romance, no Brasil.
Maria Ribeiro foi a primeira mulher a escrever e a levar à cena uma peça teatral, no Brasil.
Não era grande o número de pessoas alfabetizadas, à época.
Os livros tinham no máximo 1.000 exemplares por edição.
Em 16 anos, o Filho do Pescador alcançou 4 edições.
Depois dos livros aqui referidos, muitos outros tiveram nas suas histórias personagens oriundos de África, trazidos às nossas terras para desenvolverem trabalhos escravos.
Os índios foram os primeiros a fazer trabalho escravo, obrigados pelos invasores portugueses.
José de Alencar, um dos mais destacados intelectuais do seu tempo, movimentou-se bem no Romantismo, Naturalismo e Indianismo.
Marcam o indianismo os livros O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
Muitos autores e autoras marcaram presença na literatura brasileira, no correr da 2ª parte do 2º Império.
Josephina Álvares de Azevedo, que nada tinha a ver com os irmãos maranhenses Aluísio e Artur, nasceu em Pernambuco, que trocou por São Paulo.
Em São Paulo, Josephina de Azevedo criou o jornal A Família. Esse jornal foi importante para as mulheres, negras ou não. A linha editorial seguia os mandamentos dos incipientes movimentos feministas da Europa. Não à toa é dela a peça O Voto Feminino que estreou na cena carioca, em maio de 1890.
Não será exagero dizer que Josephina foi a primeira feminista brasileira. Com jornal próprio, inclusive.
Não sei por que Teixeira não é levado a sério pelos estudiosos da literatura. Já foi dito que ele é piegas, repetitivo e sem noção.
O Brasil é grande, do tamanho de alguns amigos meus queridos. Dentre eles, Jorge Cunha Lima.
Esse Jorge é do tamanho de um gigante.
Eu conheci Jorge Cunha Lima num ano qualquer em que eu trabalhava na TV Plim plim.
Não me lembro bem, mas acho que antes de o governador Orestes Quércia (1938-2010) me encarregar pra assessorar o secretário da Agricultura da época, Tidei de Lima, assessorei com bons propósitos o querido Jorge. Comigo, Fernando.
O tempo passou e cá estou, a lembrar dos tempos de ontem.
Jorge pediu-nos pra fazer um jornal que se chamaria Jornal da Rua.
Tenho guardado o número 0, original, desse jornal no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.
O tempo de ontem nos traz, quase sempre, saudade...
Jornalista, poeta e tal, Jorge Cunha Lima é mais do que um nome, é uma pessoa marcante na cultura brasileira. E na política.
Em 1986, Jorge, Covas e FHC entrevistaram no Roda Viva Ulysses Guimarães (abaixo).
Fausto telefona rindo e dizendo que gostou do texto poético que fiz e dediquei ao querido conterrâneo José Nêumanne, intitulado PINTO NOVO QUER BRIGAR. "Ficou um barato, Assis!", disse o cartunista perguntando quem era Pinto de Monteiro que cito no já referido texto.
Bom, Pinto era o sobrenome de Severino Lourenço da Silva.
Esse pinto nasceu no município de Monteiro, a cerca de 350 quilômetros da Capital paraibana. Nasceu no dia 21 de novembro de 1895.
Não foi fácil a vida do cidadão Severino Lourenço da Silva Pinto.
Pra sobreviver dignamente, fez de um tudo e mais um pouco na vida: foi vaqueiro e até vendedor de cuscuz nas ruas de Recife, PE.
Foi lá, em Pernambuco, que ele ouvindo cantadores, comprou uma viola e se transformou com o tempo no mais rápido atirador de versos feitos no calor do momento. Isto é, de improviso.
Esse gigante é marca indiscutível do Mundo da Cantoria.
Pinto do Monteiro, como entrou para a história, enfrentou os mais inspirados repentistas do seu tempo, entre eles Otacílio Batista e João Furiba.
João Furiba já partiu, como os irmãos Batista e outros grandões.
Furiba foi o nome que Pinto achou para dar a João Batista Bernardo.
E o nome de Pinto do Monteiro, quem deu?
Em 2006, o paraibano Joselito Nunes publicou um livro contando a história de Pinto do Monteiro. Ouviu um monte de gente incluindo os jornalistas Astier Basílio e Ricardo Anísio. Mais, entre outros, Orlando Tejo (1935-2018).
Orlando, autor do livro Zé Limeira O Poeta do Absurdo, foi uma figura incrível do Mundo da Cantoria e do Jornalismo. Foi meu amigo, mas essa é outra história...
Um dia, o querido Ivan Ferraz me disse no seu programa: "É triste, mas fui eu quem fez a última entrevista com Pinto do Monteiro". Confiram:
PINTO EM DISCOS
Pinto do Monteiro não teve nenhum disco lançado enquanto viveu. Depois que morreu, 3 LPs foram lançados. Esses LPs se acham no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.
Severino Lourenço da Silva Pinto morreu com 94 anos de idade, no dia 28 de outubro de 1990.
José Nêumanne Pinto é um jornalista paraibano. Dos melhores. Além de jornalista, esse Zé é poeta. Dos bons. Esse Zé também é poliglota, pois tem a boca cheia de línguas. Um dia uma repórter da BBC de Londres, cujo o nome ora me escapa, pediu-me uma entrevista em inglês sobre cultura popular. E eu, ai, ai. Disse-lhe que falo mal até na minha língua, mas que eu tinha/tenho um amigo craque na língua de Bush. Dei-lhe o nome. E lá foi o querido Zé, esse aí Nêumanne, atender a colega jornalista. E falou bonito. Nêumanne tem muitos livros.
Nêumanne tem muitos poemas e é doido por cantador repentista. Nêumanne é cheio de graça e com graça acabo de fazer uns versos dedicados a ele. São versos graciosos, de bom duplo sentido. Confiram:
É poeta esse Pinto Como o Pinto de Monteiro Com viola ou sem
viola Com rabeca ou sem pandeiro Esse Pinto quando pinta Faz
bagunça no terreiro
É metido esse Pinto Em todo canto quer
estar Mexe daqui, mexe dali Já marcando o seu lugar Esse
Pinto não é mole Nem cresceu, já quer brigar
Esse Pinto já
tem pinta Pra com ele vadear Vadeando ele vai Todo ancho a
rebolar Ai, ai, ai, que Pinto besta! A onde ele quer chegar?
Há uns anos, fins do século passado, gravei um CD declamando coisas minhas e
de outros (capa ao lado). Entre esses outros, o Nêumanne. O CD com o poema do Nêumanne saiu pelo selo/gravadora El Dorado. E o poema é
esse aí, que declamo com Zé Ramalho:
O sujeito, aquele vocês sabem quem, esteve fazendo média no Santuário de Aparecida do Norte. Dia 12, ontem.
Logo cedo, na missa das 9h, o arcebispo dom Orlando Brandes disse alto e bom som, para quem quisesse ouvir:
"Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada,
uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E
pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande
família brasileira...".
Nunca pensei que o Brasil tivesse um dia um sujeito tão desqualificado carregando no peito a faixa de presidente da República.
Aconteceu: temos um sujeito desse, e com características de idiota nazista.
O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes.
A maioria de eleitores elegeu o sujeito aí, vocês sabem quem é, a presidente. Meu Deus!
Até hoje não consigo digerir a eleição dessa besta.
A insensibilidade e o negacionismo são as marcas desse corno, como diria o rei do baião Luiz Gonzaga.
Mais de 600 mil brasileiros e brasileiras sucumbiram perante a força assassina do novo Coronavírus. "Uma gripezinha...", dizia vocês sabem quem.
Sim, é desabafo mesmo: o Inferno te espera, Bolsonaro!
Já não são quinhentas mortes Já não são quinhentas mil A desgraça toma corpo No coração do Brasil
Não são mortes naturais As mortes de Silvas e Bragas São mortes provocadas Por vírus, pestes e pragas
Praga viva inda mata Homem, menino e mulher Mata completamente Do jeito que o bicho quer
Maldito Coronavírus Que pega e mata gente O Brasil está morrendo Nas garras do presidente
Presidente também morre De morte matada ou não Lugar de quem não presta É lá no fundo da prisão!
A cadeia te espera
Presidente matador
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador
Ia-me esquecendo: o negacionista que nega até absorvente para adolescentes e adultas em risco, voltou hoje 13 a dizer asneiras. Sem máscara de proteção, o fela disse que é preciso armar o Brasil. E disse mais, mais, mais outras tantas loucuras.
Esse tal já chamou os brasileiros que nele não votaram de tudo quanto é coisa. De idiotas, inclusive. E aí, eu lembro que nos meus tempos de menino, eu reagia bravamente toda vez que alguém me xingava de fela da puta, por exemplo. Chamando pra briga, eu dizia com cara de mal defendendo a minha mãe:
"Fela da puta é banana curta, teu pai é corno, tua mãe é puta!"
O paulistano Anderson Gonzaga é um dos cerca de 3 bilhões de católicos espalhados pelo mundo.
Devoto da Padroeira do Brasil, Anderson fez uma promessa para o pai Luís curar-se de um mal. Deu certo, acredita. E aí contou à companheira Mari que, sensibilizada, jurou acompanhá-lo no pagamento da promessa indo a pé até o santuário de Nossa Senhora Aparecida. PANDEMIA AFASTA FIÉIS DAS PROCISSÕES
A Santa faz grandes e verdadeiros milagres, acreditam de mãos postas os católicos. A crença é tanta que escritores, compositores, cineastas já realizaram obras diversas, como Raimundo Grangeiro, Renato Teixeira, Ariano Suassuna.
É muito bonita a canção que Grangeiro fez para o rei do baião, Luiz Gonzaga (acima).
O Dia de Aparecida é comemorado no dia 12 de outubro, dia também em que se comemora o Dia da Criança.
Capa do livro Carlotinha, ilustrado pelo cartunista Fausto
A maioria da população brasileira é formada por crianças e adolescentes.
Nossas crianças deverão enfrentar maiores problemas no futuro próximo. Ninguém precisa ser adivinhão pra chegar a essa conclusão. Basta observar o que ora ocorre no campo da educação e da saúde. E da cultura. Na verdade, estamos todos afunhenhados.
Muita gente bonita já compôs e escreveu sobre criança.
Chico Alves (1898-1952), chamado de O Rei da Voz, deixou uma pérola gravada no seu último disco: Canção da Criança, dele e de Rene Bittencourt.
O cartunista Fausto, o Rei do Traço, teve enriquecida a sua carreira ao dar vida à molequinha Carlotinha. Linda que só! Fausto conta como criou essa personagem:
"A personagem Carlotinha foi criada em 2013, em forma de tira diária e depois virou um álbum. Trata-se de uma personagem infantil ( uma menina de 9 anos ) com seu gatinho Maio! Ela mora na Praça do Sorriso e tem uma galerinha de queridos amigos. Adora a escola, os animais e a natureza. A criação desse personagem foi uma forma de retratar um pouco de minha infância e homenagear todas as crianças. A Praça do Sorriso aonde mora a Carlotinha, pode ser uma praça em todas as cidades do mundo, com todas as belezas e os encantos: principalmente para os pequenos!"
Foi num dia como hoje que nasceu, em 1908, o carioca Angenor de Oliveira.
Angenor, que entraria para história da nossa música popular como Cartola, nasceu no ano da morte de um dos nossos maiores escritores: Machado de Assis.
Brega, breguice é um estilo de cantar exageradamente o ser feminino, a moça, a
mulher amada. Esse modo exagerado de declarar-se ao ser amado surgiu na
segunda parte dos anos de 1920. O primeiro grande representante musical do
estilo brega foi o tenor carioca Vicente Celestino (1894-1968). São dele, entre
outras, as canções
O Ébrio e
Coração Materno; a
primeira gravada no dia 7 de agosto de 1936, e a segunda lançada há exatos 70
anos. Depois de Celestino, que morreu em 1968, surgiram outros cantores
exagerados no seu modo de cantar. Entre esses o recifense Orlando Dias, de
batismo José Adauto Michiles (1923-2001). Dias alcançou
grande sucesso entre o público
feminino, a partir dos anos de 1950. Por essa época, e logo depois, ele gravou
Tenho Ciúmes de Tudo, Perdoa-me Pelo Bem que te Quero, Com Pedras na Mão e Tu És
o Maior Amor da Minha Vida. Dentre todos os bregas, Orlando Dias foi,
talvez, o que mais exageradamente se atirou aos braços da amada. No palco, Dias
fazia grandes malabarismos. “Era incrível. Chegava a rolar no chão, como nenhum
ator jamais fez”, lembra o cartunista Fausto, segundo ele mesmo “testemunha
ocular da história”. Cantores que se consagraram no estilo interpretado por
Orlando Dias, podemos destacar Cauby Peixoto, Teixeirinha, Raul Sampaio, Amado
Batista, Waldick Soriano, Odair José, Wando, Bartô Galeno, Alípio Martins,
Sidney Magal, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Lindomar Castilho, Fernando Mendes,
Reginaldo Rossi e Falcão. Teixeirinha consagrou-se com
Coração de Luto,
pejorativamente chamada esta canção de “Churrasquinho de Mãe”. Essa música foi
regravada em vários idiomas: alemão, francês, inglês...
Wando marcou seu estilo com
Moça. Fernando
Mendes alcançou um sucesso danado com o título
Cadeira de Rodas. Reginaldo Rossi, pernambucano, emplacou um sucesso atrás do outro. O
último, Garçom. Essa
música, aliás, chegou a ganhar uma “resposta” feita pelo compositor e violeiro
mineiro Téo Azevedo. E Falcão, hein? Em entrevista exclusiva a este
colunista, Falcão definiu a modo próprio o que é o programa de TV que apresenta
toda quinta, à noite na TV Ceará, Leruaite. Esse programa, tascou o atual Rei
dos Bregas: “É uma tertúlia flácida para conduzir bovinos aos braços de Morfeu”.
E caiu numa risada, bem humorado como sempre. E seguiu: “Do meu programa
participam dois cegos e um meio cego. Os dois cegos são os irmãos Vanda e
Valdecir. Vanda é triangueira e Valdecir, sanfoneiro. E o meio cego tem por nome
Bubu, zabumbeiro. Isso mesmo, Bubu”. Como se não bastasse, o programa com
nome em inglês que apresenta, Falcão é também um excelente “versionista”. Lembra
Fausto: “A interpretação que Falcão dá a Eu Não Sou Cachorro Não é hilariante”.
É mesmo, concordo. Confiram:
I'M NOT DOG NO Falcão, de batismo Marcondes Falcão, disse que os cegos que participam do
seu programa formam o Trio Tô Nem Vendo.
Anna da Hora (assistente de Assis), Falcão e Assis, nos
traços de Fausto Bergocce
O programa Leruaite tem um quadro em que o cego Valdecir apresenta a previsão
do tempo. “E ele jurando, diz: Se for mentira, eu cegui!”, conta o gracioso
cantador de lorotas do Ceará. Falcão já participou de alguns filmes,
dentre os quais Cine Holiúdy. “Eu interpreto um cego que é doido por cinema e
de cinema sabe tudo. É um barato!”, disse o aplaudido cearense revelando que
está concluindo as gravações de uma nova temporada que estreará em breve na
telinha da Plim, Plim. “Estou gostando dessa brincadeira”. Completando
este ano três décadas de carreira, Falcão lembra que o primeiro disco (LP),
gravou de modo independente, em Fortaleza. “Esse disco,
Bonito, Lindo E Joiado, foi relançado pela extinta Continental. Depois gravei mais dois LPs.
Títulos:
O Dinheiro Não É Tudo, Mas É 100%
e
A Besteira É A Base Da Sabedoria”. E projetos é o que mais tem. “Se for preciso, a trilha sonora do meu
novo filme será toda minha. Uma das músicas que acabo de compor é Horrível de
Linda”, conclui Falcão alisando o girassol pregado no peito,
espalhafatosamente. E mais não disse. Abaixo a abertura da série
Cine Holiúdy, com Falcão e Elba Ramalho. Coisa boa! Confira: