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segunda-feira, 31 de julho de 2023
SARAMAGO, MULTIPLICADOR DE EMOÇÕES
RÁDIO MEC, VOTE: XOTE ERUDITO
Assis e Jorge |
PARA IREM A UM FORRÓ, DANÇAR XOTE, XAXADO E BAIÃO
QUANDO LÁ ELES CHEGARAM, ENCONTRARAM SIMONE DE BEAUVOIR
TODA ARRUMADINHA E JÁ PRONTA PRA DANÇAR
O CANTOR ERA BEETHOVEN, O SANFONEIRO, DEBUSSY
NA ZABUMBA O BAMBA BACH E JACKSON, NO PANDEIRO
O CANTOR ERA BEETHOVEN, O SANFONEIRO, DEBUSSY
NA ZABUMBA O BAMBA BACH E JACKSON A PANDEIREAR
ZÉ LIMEIRA E SHOPENHAUER NUM CANTINHO FILOSOFAVAM
ENQUANTO MARX E TINHORÃO UMA CABROCHA CORTEJAVAM
A FESTA FOI ANIMADA COM ERUDITOS NO SALÃO
CANTANDO, SE DIVERTINDO AO SOM DE LUAR DO SERTÃO
A FESTA FOI ANIMADA COM ERUDITOS NO SALÃO
CANTANDO, SE DIVERTINDO AO SOM DE LUAR DO SERTÃO
CONTENDA
domingo, 30 de julho de 2023
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (35)
Gregório de Matos |
Os trovadores são figurinhas da poética europeia que desenvolveram suas graças e maledicências em versos em forma de Cantiga de Amigo ou de Bendizer, Cantigas de Amor e Cantigas de Escárnio ou de Maldizer.
As Cantigas de Amigo e as Cantigas de Amor têm uma pequena diferença entre si: as Cantigas de Amigo, feitas por homens, apresentavam-se no Eu feminino, exatamente ao contrário das Cantigas de Amor.
As Cantigas de Escárnio eram ou são exatamente o que diz o nome.
O poeta baiano de Salvador Gregório de Matos e Guerra (1636-1696) tinha língua ferina e dela poucos escapavam. A mira era a elite social do seu tempo. Falava muito palavrão, sem rodeios. Não à toa foi apelidado de Boca do Inferno. Quer dizer, esse Gregório foi no Brasil um representante natural da literatura poética de escárnio.
Gregório de Matos passou um tempo estudando em Coimbra, Portugal, e de lá voltou com um diploma de advogado debaixo do braço. Chegou a ser nomeado vigário-geral e tesoureiro-mor da Bahia, mas não achou isso lá muita coisa e pulou fora. Os poderosos do seu tempo terminaram por forçá-lo a passar uma temporada em Luanda, África.
O poeta escrevia coisas assim:
Sal, cal, e alho
caiam no teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e de Gomorra
em cinza te reduzam essa porra. Amém
Tudo em fogo arda,
Tu, e teus filhos, e o Capitão da Guarda.
E assim:
… Com dois acabo a porra do poema.
Caralho! Só mais um! Até já brinco!
Gozei! Matei a pau! Que puta tema!
A palavra caralho, palavrão entre nós, pode ter vinda da antiga Espanha, derivada de carajo. O ano não se sabe, mas que é antiga, é.
sábado, 29 de julho de 2023
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (34)
A temática é sempre revisitada, aqui e alhures.
Mineiro e Manduzinho |
O mineiro Téo Azevedo, o mais prolífico dentre todos os compositores contemporâneos, popular no sentido estrito do termo, brinca com palavras que formam composições de baixo calão. Daí, muitas vezes, a graça. Exemplos: Abelha Tubi, Aperto na Ruela, Atola João Cabeçudo, Baile do Jacú, Boiola, Cacete Armado, Castrado, Cagão na Camisa, Carimbó do Filho do Tuta, Ele é Boiola, Eu Comi a Jaca Dela, Filho do Tuta, Forró do Zé Atola, O Fumo Só Ta Entrando, Jaca Dela, Sem Calcinha, Tira a Saia Maria, Vou Te Dar Minha Pitomba, A Mulher do Corno Rico, Acorda Corno, Corno Conformado.
É vasto o repertório que trata musicalmente do corno como personagem do infortúnio, digamos assim. E nunca é tarde para lembrar das gracinhas musicais que fazia o grupo Mamonas Assassinas, que tinha Dinho como vocalista. Na valsa Bois Don’t Cry, Dinho canta: “… Soy un hombre conformado/ Escuto a voz do coração/ Sou um corno apaixonado/ Sei que já fui chifrado/ Mas o que vale é tesão…”.
Até no mundo animal há bichos que pulam a cerca, ou ninhos, segundo levantamentos de cunho científico.
E a história do João de Barro, hein?
Uma lenda dá conta de que o João de Barro, quando descobre ter sido “corneado”, tranca na sua casa a infiel. E presa, morre.
Zé Mulato e Cassiano |
Os violeiros Zé Mulato e Cassiano fazem comparação do homem com a espingarda, que quando jovem se acha com todo o vigor. A espingarda, no caso, é o órgão genital masculino. Diz:
— Em compade pensando bem. A vida da gente é mesmo que ver uma espingarda. É mema coisa compade. No princípio a gente dá tiro.
— É verdade. Atirar é muito bão. Vai tirando vida a fora, mais lá por fim o tem lenca. Eh, mais quando tá ficando bão lenca compade.
Dos vinte até os trinta
Nossa vida é muito boa
A espingarda anda armada
E o atirador caçoa
Sortimento tá sobrando
Muitas veiz atira à toa
É só triscar no gatilho
Que a língua de fogo avoa…
sexta-feira, 28 de julho de 2023
VANDRÉ EM ENTREVISTA NA BANDEIRANTES
LEIA MAIS: VANDRÉ • CANTOS INTERMEDIÁRIOS DO VANDRÉ • GERALDO VANDRÉ E VITOR NUZZI • HOJE É DIA DE VANDRÉ, VIVA VANDRÉ! • JOAN BAEZ E VANDRÉ, O ENCONTRO • PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES, 50 ANOS • Porta estandarte, a primeira vitória de Vandré (5/6/1966)
quinta-feira, 27 de julho de 2023
QUEM É O JUMENTO DA HISTÓRIA?
MARIELLE FRANCO (2)
Como todo mundo sabe, a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes foram metralhados na noite de 14 de março de 2018. Foi no Rio. Ao governo anterior, do Coiso, tudo indica que não havia interesse nenhum no tocante ao esclarecimento de tal fuzilamento. Por que, hein? Em poucos meses, o governo Lula já está apresentando resultados promissores que certamente levarão aos mandantes e às razões do duplo homicídio. Agentes da PF estão em campo. Tem cheiro mal no ar.
MEDO E DELÍRIO EM BRASÍLIA
Atenção, atenção pessoal! A Internet é boa para o bem e para o mal. Tem uns ótimos podcasts e pra achá-los, basta procurá-los. Clique aí no link e veja se estou certo: https://open.spotify.com/episode/0fmmxt0gpFzgqLukZWK3wr?si=c175e7b558c847d5
quarta-feira, 26 de julho de 2023
FOGO E MAR APERREIAM O MUNDO
terça-feira, 25 de julho de 2023
EM TEMPO DE VIOLÊNCIA
A entrevista do cientista paraibano Silvio Meira ontem 24 no programa Roda Viva na TV Cultura, foi marcante por chamar atenção diversas vezes do telespectador comum e mortal. A produtora de arte Anna da Hora, sempre atenta a tudo, disse depois de ver e ouvir o cientista falar a respeito de Inteligência Artificial: "Ele é bastante positivo no que diz respeito à Inteligência Artificial. Ele a vê como uma ferramenta importante e útil para o nosso dia a dia. Eu penso diferente. Vejo essa questão como algo extremamente preocupante para a humanidade".
Acho isso também e o óbvio: a Internet está nos consumindo, tomando todo o nosso tempo à toa. É muito tempo oito e até dez horas diante do computador. Até comida está sendo produzida por uma tal Impressora 3D. Pra mim, isso tudo é violência e autoflagelação.
O papo no Roda Viva edição de ontem foi sério e de certo modo preocupante, por tocar na questão Inteligência Artificial, mas ganhou graça com o traço personalíssimo do chargista Fausto Bergocce. Confira:
MARIELLE FRANCO
O caso Marielle Franco está tendo uma reviravolta. Uma das pessoas envolvidas nessa história toda, o ex-PM Élcio Queiroz, abriu o bico sob juramento e contou tim-tim por tim-tim como ocorreu a perseguição de fuzilamento de Marielle e seu motorista Anderson Gomes. Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018. Tudo indica que o caso está caminhando para seu esclarecimento. A pergunta que não cala: quem matou Marielle e por quê? Curiosidade: mais um Queiroz na parada!
segunda-feira, 24 de julho de 2023
PAPO SÉRIO NO RODA VIVA
domingo, 23 de julho de 2023
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (33)
Rita Cadillac, no RG Rita de Cássia Coutinho, integrava o corpo de dançarinas do “velho guerreiro” Chacrinha. Depois da morte de Chacrinha, Rita passou a fazer apresentações nos palcos da vida cantando, inclusive. Depois, virou atriz pornô.
Em 2023, a apresentadora de TV Xuxa Meneghel abre a mente e o coração no podcast Quem Pode, Pod, para lembrar suas aventuras sexuais com alguns de seus ex-namorados. A respeito de Pelé, diz que ele se dividia em três personagens: Edson, Dico e Pelé, que ao final lhe deixou traumas. Depois disso ela tece loas a Ayrton Senna, que correspondeu a todas suas fantasias e ainda tirou-lhe os traumas deixados pelo Rei do Futebol.
Luz Del Fuego |
Em 1947, Dora adotou o pseudônimo de Luz Del Fuego. Foi presa diversas vezes.
Em 1949, Del Fuego lançou o livro A Verdade Nua enquanto formava o Partido Naturalista Brasileiro.
Dora/Del Fuego nasceu em 1917 e morreu em 1967, assassinada
sábado, 22 de julho de 2023
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (32)
O erótico se acha em tudo quanto é canto da vida. Está na boca do povo através da literatura popular até na arte erudita que ocupa espaço no balé, no teatro, no cinema, na ópera, desde que ópera é ópera cujo marco se acha na Alemanha e na Itália.
E nunca é tarde para lembrar que o velho teatro de revista, há muito fora de pauta, abordava com alguma ingenuidade as questões referentes a sexo e fantasia. Nesse tipo de teatro destacou-se, entre outras atrizes, Aracy Cortes.
Em 1923, Aracy Cortes já era nome consagrado.
De certo modo, foi o teatro de revista que inspirou a indústria de filmes pornôs.
O duplo sentido no campo erótico é algo que vem de tempos imemoriais.
Em tempos mais recentes, quando ainda havia bancas de revistas em tudo quanto é esquina, era fácil comprar revistas do tipo Ele e Ela e Status. Na Ele e Ela havia um encarte mensal intitulado Fórum, onde os leitores contavam seus sonhos e aventuras na cama. A revista Status chegou a promover Concursos de Contos Eróticos. Fez sucesso.
E a Playboy, hein?
Foi na revista Playboy que o Brasil tomou conhecimento da existência do criador dos “catecismos” que faziam a alegria da molecada, entre os anos 50 e 60. Seu autor: Carlos Zéfiro, na realidade Alcides Aguiar Caminha.
E na TV, hein?
Muitas cantoras brasileiras, e Anitta não foi a primeira, se apresentaram em público de modo insinuante, provocativo, semi-nuas. Muitas vezes, ao cantarem, insinuaram uma relação sexual. Isso aconteceu nas apresentações de Sol, Gretchen, Sharon, Tiazinha, Rita Cadillac.
Sol, pela mídia sensacionalista, era chamada de "sex symbol". Deixou o Brasil e foi buscar fama no Japão, onde conquistou um público que a chamava com entusiasmo de Musa do Imperador. Lá, no Japão, ela cantava em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e japonês. Nome de batismo: Sandra do Valle Reis. Outro nome marcante no campo da música sensual e de duplo sentido foi Gretchen, de batismo Maria Odete Brito de Miranda de Souza. Se apresentava cantando igual a Sol. É de se perguntar: “Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha?”. Gretchen, que era chamada de Rainha do Rebolado, e Sol se apresentavam de modo praticamente idêntico, mas chegaram a brigar no campo jurídico. Sol processou Gretchen por ser citada no livro Gretchen: Uma Biografia Quase Não Autorizada (Ed. Ilelis Letraria, 2015) como Barbie P…
Sharon e Tiazinha foram outros dois nomes bastante frequentes nas telinhas de TV. Sharon era dançarina do SBT e Tiazinha, da Bandeirantes, fazia um sucesso danado com uma máscara cobrindo parte da cara. Sensualíssima. Uma festa é tanto para os onanistas de plantão.
sexta-feira, 21 de julho de 2023
EU E MEUS BOTÕES (65)
quinta-feira, 20 de julho de 2023
INTELIGÊNCIA NA CULTURA
Ilustração de Fausto Bergocce |
A propósito, a expressão aí aspeada faz parte de uma moda de viola eternizada pela dupla sertaneja das antigas Tião Carreiro e Pardinho. Mas, claro, não é de Tião e Pardinho que quero ora falar.
Está se tornando realidade uma ficção até aqui inimaginável: Inteligência Artificial.
Inteligência Artificial é um tipo de "inteligência" gerada por uma série de combinações e conexões próprias da Internet. Essa tal inteligência poderá ser capaz de tudo em pouco tempo.
As máquinas nos dominarão?
As máquinas, robôs, podem ganhar vida própria.
No dia 2 de maio passado os roteiristas de Hollywood entraram em greve pedindo revisão e atualização dos seus contratos. Não foram atendidos até agora e no último dia 13 foi a vez de atores e atrizes também cruzarem os braços.
A reivindicação dos atores e atrizes de Hollywood não é a mesma dos roteiristas de TV e Cinema. Querem o compromisso dos seus contratantes de que não serão substituídos, nem a sua imagem usada à revelia. Temem que sejam clonados, copiados pela tal Inteligência Artificial.
Pois é, diríamos em um passado recente: "A coisa tá preta!".
Daqui a pouco chegarão a todas as ruas carros elétricos e sem ninguém a dirigí-los.
Daqui a pouco robôs tomarão conta de tudo, quem sabe?
Meu amigo, minha amiga, você já pensou ter seu filho sendo levado à escola por um robô? Tsk, tsk; pois, pois.
Uma coisa é certa, as máquinas robóticas não alimentarão a humanidade, tampouco os pobres que vivem ao Deus dará neste mundinho de josta!
quarta-feira, 19 de julho de 2023
DE NOVO, LUIZ GONZAGA EM LIVRO
Esse novo trabalho de Seraine trata da presença do Rei do Baião no Piauí. Uma de suas últimas viagens à região foi a Palmeirais. É o primeiro de uma série, promete o autor.
A presença de Luiz Gonzaga em Palmeirais, município localizado a sudoeste de Teresina, PI, com pouco mais de 13 mil habitantes, ocorreu precisamente no dia 7 de dezembro de 1985. À época, o prefeito era Cândido Soares Sobrinho. E foi com base em depoimento de Cândido, por muitos chamado de Candinho, que Wilson Seraine desenvolveu a história no seu novo livro, cujo o formato lembra os velhos e não mais publicados livrinhos de bolso tão comuns até fins dos anos 2000.
Lá pras tantas, o autor recomenda ouvir uma fala de Gonzaga em Palmeirais, pra onde foi contratado para inaugurar o Parque da Vaquejada:
LEIA MAIS: ODE A LUA • SERAINE É CULTURA DO PIAUÍ
segunda-feira, 17 de julho de 2023
OS BOSSA-NOVISTAS ESTÃO PARTINDO...
Donato chegou aos EUA em 1959, ano em que o nosso presidente da República era o mineiro Juscelino Kubitschek.
Muitos artistas da MPB compuseram junto com Donato e de Donato muitos outros artistas gravaram um monte de suas músicas. Entre esses Chico Buarque, Caetano Veloso, Martinho da Vila, Gal Costa e Gilberto Gil. Com Gil, para lembrar, ouça:
domingo, 16 de julho de 2023
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (31)
Nada impede que se interprete temas em duplo sentido poético ou musical em textos líricos, de amor, de paixão. Chega a ser, digamos, brincadeira ou desafio. Pode se contar uma história em versos com um quê de graça e lirismo pra se falar de uma relação sexual, por exemplo.
Os franceses criaram uma palavra para definir pessoas que sentem prazer ao observrem outras em carícias e atos sexuais. A palavra é “voyeur”. Ipsis Litteris, a definição da palavra é esta: “é a prática que consiste em um indivíduo obter prazer sexual através da observação de pessoas praticando sexo”.
No poema Sexo e Liberdade/No Jogo Louco da Paixão, eu utilizo de um personagem real (Lampião) e crio dois outros (Zilidoro e Riachão) para contar um pouco da história do Nordeste. São poetas esses dois últimos personagens. Cordelistas. Mudo um pouco o rumo da história para inserir mais dois outros personagens (Rita e Juca). Até aqui tudo em sextilha. Rita é uma moça muito bonita, fogosa, que não se faz de rogada para cair nos braços dos admiradores. Alguns até a levam pra cama, sob aquiescência do companheiro Juca. Essa primeira parte, termino ao moldes dos repentistas. Em seguida, a narrativa segue abordando mais diretamente o sentimento paixão, em quadras.
O poema é este:
Dizem que sou poeta
Bobagem! Isso não sou não
Poeta é Zilidoro
Poeta é Riachão
Que do nada fazem versos
E brincando até canção!
Zilidoro e Riachão
São da lira popular
Fazem versos de Cordel
Pra o povo apreciar
São versos bem bolados
Que dão pra rir, dão pra chorar
Eu li de Zilidoro
O Macho Alfa do Sertão
Cordel que conta tudo
A respeito de Lampião
Desde seu nascimento
Até a morte sem perdão
Não foi no Norte nem no Sul
E tampouco no Sudeste
Que um dia tombou morto
Lampião cabra da peste
Por muitos considerado
Uma praga do Nordeste
O velho Lampa derramou
Muito sangue pelo chão
Seu prazer era matar
Inclusive sem razão
Mais prazer teria tido
Se tivesse um bom canhão
Mas canhão ele não tinha
Tinha só muito poder
E uma moça bonita
Que jamais pensou perder
Por ela faria tudo
Se preciso até morrer
Riachão por sua vez
Detestava hipocrisia
Detestava o que não presta
Pelo bem da fantasia
Seu cordel A Quenga Pura
Tem bastante putaria
O cordel começa assim:
Leitor preste atenção
No que ora vou contar
É um causo de traição
Provocado por um corno
Chamado Juca Pavão
Rita mulher do Juca
Era linda como a lua
Andava se balançando
Sem vergonha quase nua
Era fácil gostar dela
Daquele jeito na rua
Seu andar bamboleante
Provocava sensação
Uns a levavam pra cama
Outros ficavam na mão
Rita rindo punha galhos
Na testa do seu Pavão
Mas ele não ligava
Pois gostava era de ver
Rita nos braços dos outros
Se desmanchando em prazer
Pra ele era tudo
Que um corno podia ter
Mas deixa isso pra lá...
Pois poeta não sou não
Poeta é Zilidoro
Poeta é Riachão
Cujos versos eles tiram
Com delicadeza do chão
Chão bom tem o Nordeste
Coisa boa é meu torrão
Semente bem plantada
Na terrinha dá pirão
É por isso que dou vivas
Aos poetas pés no chão
Poetas plantam versos
E também paz e paixão
Plantam sonhos e desejos
De inverno a verão
Dá tudo o que se planta
Quando cai chuva no chão
Dá romã, dá siriguela
Dá maçã em bananeira
Dá cana, caju e cajá
E manga em pitombeira
Só não dá se não plantar
Buraco na buraqueira
Mas chega de conversa!
Eu não sou poeta não
Poeta é Zilidoro
Poeta é Riachão
Pra vocês o meu abraço
E um beijo no coração
Mais ainda posso falar
De amor e sedução
De prisão e liberdade
De Justiça e traição
Pra mim falar é fácil
Até mesmo de paixão
Paixão é mal que pega
Ou um bem que faz tremer
Um ser apaixonado
De repente sem querer?
Quem na vida nunca teve
Um xodó, uma paixão
Um amor destemperado
Mal criado, sem razão?
A razão não tem espaço
Nos domínios da paixão
— E o ser apaixonado?
— É bicho besta sem noção!
Até eu posso dizer
Sem temer estar errado
Que já vi um bicho desse
Choramingando, coitado!
Não há quem não se fira
Nos espinhos da paixão
Espinhos que deixam marcas
Indeléveis no coração
Se alguém lhe perguntar
O que diacho é paixão
Diga logo: É um trem bala
Disparado na contra mão!
Pra que fique muito claro
Clara é a conclusão:
A paixão é uma fada
Com garras de gavião!
Dito isso, não se perca
Não se meta em confusão
Ninguém escapa ileso
Aos caprichos da paixão
Quem avisa amigo é:
Ninguém se perde no baião
Ninguém se perde no batuque
Mas se perde na paixão
Se não crê no aqui dito
Solte freios e direção
Caia na buraqueira
E nos domínios da paixão
Ilustração de Fausto Bergocce
sexta-feira, 14 de julho de 2023
SONHAR É UM DIREITO DE TODOS
OUTROS FILMES DE THERESA: ALMA DE MULHER, VIDA SEVERINA, SAMBA, QUANDO A CASA É A RUA, OS ARTUROS, FIM DO SILÊNCIO, CORAÇÃO DO SAMBA, CLARITA, À QUEIMA ROUPA, MÚSICA COM OS PÉS, O CORPO É NOSSO!
quinta-feira, 13 de julho de 2023
HOJE É DIA DE ANACLETO E CORNÉLIO PIRES
LEIA MAIS: O CHORO É NEGRO • CORNÉLIO PIRES E POLÍTICA • Humor desde sempre. Viva Cornélio Pires!
quarta-feira, 12 de julho de 2023
DEUS, O DIABO E LULA
Pra contrariar essa fala, sempre tinha alguém a dizer que o Diabo está em todo canto. Eu me arrepiava.
Confesso que, pelo pavor que eu tinha do Demo, eu me arrepiava todo.
Fui crescendo e sabendo que o diabo "atende" por vários nomes: Demo, Demônio, Belzebu, Capeta, Cão, Bute, Satã, Satanás, Lúcifer, Tinhoso...
Essa história vem-me à memória após ouvir o Lula tirar onda do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que insiste em manter a taxa de juro na estratosfera. Lula chamou o cara de "Teimoso" e "Tinhoso".
Tinhoso, como se sabe, é o Diabo.
Aliás, o Diabo personagem vivo na memória popular e em tudo quanto é mídia desde tempos d'antanho.
No século XV foi gerado um livro tornado clássico desde então: A Divina Comédia, do italiano Dante Aliguieri (1265-1321). Esse livro tem por partes o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Nessas três partes, na primeira principalmente, o bicho pega.
O livro de Dante inspirou outros grandes autores, como Goethe (1749-1832). Desse alemão é também a obra-prima Fausto. O personagem Fausto, de idade alí pelos 50, é um sujeito cheio de curiosidade. Quer saber de tudo: de onde viemos, pra onde vamos e tal. Realiza seu sonho, depois de "vender" sua alma ao Diabo.
Cresci ouvindo histórias de pessoas que vendiam até a mãe para alcançar seus objetivos.
Também cresci ouvindo histórias de pessoas que tinham "o corpo fechado". Um cara assim, como Lampião, é duro na queda. Leva tiro, leva facada, leva pedrada e não cai, não morre. E quando morre é porque o corpo já não se segura de pé.
Lampião morreu com 39 anos de idade.
Goethe com o seu Fausto inspirou até o nosso Guimarães Rosa. E antes, Machado de Assis.
Machado fala do Diabo a dar com pau.
Em 1884, Machado escreveu o belíssimo conto A Igreja do Diabo. A respeito não falarei, pois prefiro que você delicie-se com a leitura:
terça-feira, 11 de julho de 2023
VIOLÊNCIA E BOLSONARISMO, UMA PRAGA!
A violência, de todo tipo, flui com a naturalidade de quem tira um pirulito das mãos de uma criança. Infelizmente. Essa violência encontra guarida na cartilha bolsonarista. Não que antes dessa praga não existisse violência, mas multiplicou-se com o incentivo de Bolsonaro.
Estimular a população a comprar armas indiscriminadamente é, por si só, um crime. Isso foi feito no decorrer dos último quatro anos. E o resultado é o que se vê.
Até templos católicos têm sido alvo da bandidagem.
E o que dizer das torcidas de futebol, hein?
As brigas entre torcidas "organizadas" estão se multiplicando. O último caso, de morte, ocorreu no último fim de semana em São Paulo.
Uma jovem de 23 anos, Gabriela Anelli Marchiano, estava numa fila para comprar ingresso e assistir a uma partida entre Flamengo e Palmeiras. De repente, uma briga. A polícia chegou e passou a ser agredida a garrafadas pelos tais torcedores. Uma garrafa atingiu a jugular da jovem. Isso foi sábado 8. Dois dias depois, na Santa Casa de Misericórdia, ela não resistiu e morreu.
Neste ano de 2023 torcedores de times diversos morreram em confusões em Fortaleza, Alagoas, Pernambuco e sei lá onde mais!
É triste e perigoso viver numa sociedade violenta, onde as leis nem sempre são cumpridas e a impunidade resiste que nem um jatobá milenar.
Tudo isso tem a ver com Justiça e Política.
Apesar de tudo ouso dizer que a Justiça jamais morrerá, ao contrário de Bolsonaro.
Politicamente Bolsonaro morreu. O bolsonarismo, não.
segunda-feira, 10 de julho de 2023
JACKSON E ROSIL, SAUDADE
Ilustração de Fausto Bergocce |
O pernambucano Rosil Cavalcanti deixou menos de uma dezena de composições, mas muitas delas clássicas. Ele mesmo não gravou nenhuma, mas Luiz Gonzaga e tantos e tantos gravaram.
Em 1953, Jackson do Pandeiro estreava em disco de 78 rpm com as músicas Sebastiana, de Rosil; e Forró em Limoeiro, de Edgar Ferreira.
Edgar Ferreira (1922-1995) eu conheci durante palestra que fiz em Aracajú, SE. Grande figura!
Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro têm suas histórias contadas em livros. O primeiro por Rômulo Nóbrega (Pra Dançar e Xaxar na Paraíba) e o segundo, pelos jornalistas Fernando Moura e Antônio Vicente (Jackson do Pandeiro: O rei do ritmo).
sábado, 8 de julho de 2023
LICENCIOSIDADES NA CULTURA POPULAR (30)
Pedi a Oliveira de Panelas que desenvolvesse um texto poético abordando a questão palavrão no mundo da Cantoria. Sem se fazer de rogado, lá foi ele serelepe dizendo tudo o que sabe dizer. Com lirismo, graça e tudo mais. O resultado foram 120 versos distribuídos em 20 estrofes.
Começa assim:
Na Cultura Popular
De nossa imensa Nação,
O palavrão tem espaço
Em toda nossa emoção
Não há quem não tenha dito
Algum dia um palavrão.
Ninguém procure deter
A fúria desse sujeito,
Que na hora que o bicho “incha”
Nas cavidades do peito
Se a gente tentar freá-lo
O desmantelo está feito.
Até Índio na aldeia
Diz palavrão com o tacape...
Se for necessário diga
Antes que você “derrape”
Porque o buraco é fundo
Talvez você não escape.
Ele ama a liberdade
Deixá-lo preso é tolice,
É ótimo pras coronárias
Ante tanta esquisitice.
É mentiroso quem fala
Que um palavrão nunca disse.
Você topa numa pedra
E fere o dedão do pé,
Você diz, gota serena
Moléstia de cabaré,
Nessas horas a gente sente
O bom que o palavrão é.
Acho eu que até o Papa
Se levar um machucão,
Se for forte ele não lembra
Da Virgem da Conceição
Diz inconscientemente
O nome de um palavrão.
O palavrão está na China,
Japão, Itália, Paris...
Até o nosso vigário
Quando reza na matriz
Não diz na hora da missa
Mas fora da missa diz.
Vladimir Putin na Rússia
Solta seu palavrão brabo,
Diz pensando na Ucrânia:
Dessa vez sei que me acabo,
Pensei de vencê-la fácil
Mas vou levando no rabo.
Rita Lee era famosa
Nos palavrões que dizia,
Não tinha papas na língua,
Em todos shows que fazia,
O pau rolava e cantava
Sem nenhuma hipocrisia.
Só que o palavrão não pode
Ser dito de qualquer jeito,
Com calúnia e com fobia
Com ofensa e desrespeito.
Senão perde toda graça
Se denegrir o sujeito.
Assim foi Dercy Gonçalves
A rainha absoluta,
Babaca na unha dela
Levava pau na disputa,
Em meia hora escutava
Quarenta filha da puta.
O palavrão no Brasil
Vem de nossos ancestrais!
Está dentro da política,
Nas camadas sociais,
Quanto mais o tempo passa
Mais o bicho aumenta mais.
Romário, Zico, Pelé
E outros da Seleção,
Todos os craques da bola
Ou noutra competição,
Ninguém sabe o quanto eles
Falaram de palavrão.
Dilma Rousseff enfrentou
Selvageria e tortura,
Fez o mundo inteiro ver
Os males da Ditadura,
Seus palavrões têm espaço
Dentro de nossa Cultura.
Chico Anísio, Jô Soares...
Nem precisaram de teste,
O jornalista Assis Angelo,
Esse é um Cabra da Peste,
Difunde no mundo inteiro
Os palavrões do Nordeste.
Palavrão é uma arte
Depende como se diz,
O palhaço diz com graça,
O louco fala feliz.
Sem o palavrão vejo “furo”
Na Cultura do País.
Roberto Carlos, Ratinho...
Têm seus palavrões também,
O Rei do Baião dizia:
Eu falo e me sinto bem.
Tinhorão, gênio escritor
Falava pra mais de cem.
Lampião, Rei Virgulino
Com sua bela Maria,
Só suportava a dureza
Do Cangaço em que vivia,
Pela coragem que tinha
E os palavrões que dizia.
Os palavrões mais usados
Que o Brasileiro já viu:
“São filho de rapariga,
Vai pra puta que pariu,
Vai tomar naquele canto”
E muita gente aderiu.
Do jeito que o mundo está
Passando tanto aperreio,
Os dias densos chumbados
E o ódio ferindo em cheio,
Sei que pra gente escapar
É necessário jogar
Uns palavrões pelo meio.
No dia 23 de julho de 1981, o jornalista e historiador José Ramos Tinhorão publicou belo e analítico texto sobre o LP O Perguntador, que na ocasião estava sendo lançado à praça. Anos depois, precisamente em 2010, Tinhorão inseriu o referido texto no livro Crítica Cheia de Graça. Para acessar a leitura, clique: OLIVEIRA DE PANELAS VEM CHEIO DE RESPOSTAS EM SEU O "PERGUNTADOR"
Ainda sobre Oliveira de Panelas, clique na entrevista que fiz com ele em 2012: https://www.youtube.com/watch?v=__NTrRZ4ezE
Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora
sexta-feira, 7 de julho de 2023
MARIA MOITA FOI PLAGIADA
Não é de hoje que músicas de autores brasileiros "grampeadas" por plagiários internacionais.
Em 1968 ganhou notícia mundo afora o plágio que o gringo Rod Stwart fez de Taj Mahal, de Jorge Ben ou Jorge Ben Jor. O autor brasileiro entrou com processo na Justiça e ganhou. Mas a grana não chegou a suas mãos: foi para uma instituição filantrópica.
Outras músicas de Ben também foram alvo da cobiça gringa, e plagiadas. Entre essas Cinco Minutos.
No Brasil, brasileiros também plagiam brasileiros. Até o RC. Mas essa é outra história.
Ouçamos Maria Moita na versão plagiada:
quinta-feira, 6 de julho de 2023
LULA APROVA LEI DE IGUALDADE SALARIAL
TEATRO OFICINA
Em 2005, o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa esteve em Berlim, Alemanha, apresentando a peça Guerra no Sertão. Baseada no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, na história adaptada por Corrêa aparecem personagens vivenciando o dia a dia da região de Canudos. E aí tem putaria, sexo e tal.Boa parte da imprensa alemã não gostou do que viu. O diário Bild, em matéria de página inteira, pergunta o que os problemas dos brasileiros têm a ver com orgias. O diretor da peça respondeu:
“O desejo da orgia vive em cada cultura e em cada pessoa. O teatro pode contribuir para libertar esse desejo”.
Disse mais:
“Trata-se do ímpeto de liberdade das sociedades isoladas. Mas eu vejo isso só do ponto de vista político, econômico ou militar. Trata-se da libertação das origens humanas que isolamos em nós”.