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sábado, 30 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (45)

Tinhorão na redação
do Diário Carioca, em 1959
Além de criar Adão e Eva, Deus queria mais e mais gente entre outros animais povoando a Terra. E ordenou: cresçam e se multipliquem.
E aí a coisa piorou.
Hoje são mais de oito bilhões de homens e mulheres, sofrendo, matando e morrendo de tudo quanto é jeito.
A Índia, velho país asiático, encabeça a lista dos países mais populosos com 1,428 bilhão de habitantes. Fora isso, a Índia é o país que mais deuses e deusas inventa e cultua. Os números batem na casa dos trezentos milhões, sem falar das crenças muitas crenças. O hinduísmo é seguido pela maior parte da população: 80,5%.
Curiosidade 1: o mundo existe há 1,5 bilhão de anos segundo os cabeções da matéria.
Curiosidade 2: o Homo Sapiens surgiu há mais ou menos 3580 mil anos, também segundo os cabeções da matéria.
Bom, Tinhorão foi um bamba que nos legou boas histórias. Agora leia a íntegra do texto que ele publicou na revista Chuvisco, edição de setembro de 1963, n° 58:

GÊNESIS

A história da Criação ainda não está bem explicada. Talvez devido à pressa (o mundo foi feito em seis dias, apenas) muita coisa custa hoje a ser compreendida, mesmo levando em conta que é muita pretensão do Homem querer julgar a obra de Deus como o Sr. Agripino Grieco julgava a do escritor Ataulfo de Paiva. No entanto, de tanto ouvirmos dizer que os homens foram criados por Deus, por exemplo, uma coisa desde logo não se explica: por que, se o objetivo era criar os homens, o Senhor foi criar também uma mulher?
Mesmo sem entrar propriamente no mérito dos arcanos supremos, o fato é que, se o Criador pretendia apenas proporcionar uma companhia ao Adão feito de barro, Ele poderia perfeitamente já que estava com a mão na massa modelar um segundo homem. Do ponto de vista da própria história humana, estaria desde logo resolvido o mais antigo problema do homem, isto é, a mulher.
O que aconteceu, no entanto, segundo o versículo 27 do primeiro Livro de Moisés, chamado Gênesis, é que Deus resolveu criar o homem à sua imagem ou, segundo o texto sagrado, “à imagem de Deus o creou; macho e fêmea os creou”.
Eis aí. Como não ficar em dúvida diante de uma revelação desses, partida do próprio Moisés, e a julgar pela qual o Criador seria hermafrodita?
O fato é que, segundo o Velho Testamento, no sexto dia da Criação o Senhor tomou uma costela de Adão enquanto ele dormia (o que mostra, de uma vez por todas, ter sido a mulher criada à revelia do homem) segundo conta a Escritura — “ex ea formavit mulierem, quam deait sociam Adamo”.
“Formou com ela a mulher, a qual deu por sócia a Adão”. Foi, não há dúvida, uma estranha sociedade essa, pois dado que toda a sociedade civil implica em capital e trabalho, os descendentes da linha masculina de Adão entraram bem, uma vez que lhes coube exatamente a parte do trabalho, posto que a beleza na mulher é considerada capital.
Até hoje, aliás, ninguém explicou bem o porque da própria criação do homem. Para os materialistas que formam na bancada da Oposição do espírito entraria aí o propósito do Senhor de solucionar o impasse em que se teria encontrado no sexto dia da Criação. É que, depois de ter feito a luz, o firmamento, as águas, a terra, as árvores, a lua, as estrelas, as aves e os peixes, o Criador verificou que não havia ninguém para acreditar em Deus. Essa teria sido, pois, a verdadeira razão do Senhor ter feito o primeiro homem “ad similitudinem suam”, isto é, tão à sua semelhança, que em pouco tempo os seus descendentes sairiam criando deuses com a mesma facilidade com que Ele havia criado os homens.
Voltemos, porém, no capítulo do Gênesis, onde outras dúvidas assaltam o espírito leigo de quem lê atentamente aquelas linhas ditadas a Moisés, pelo próprio Espírito Santo. Criado o homem e a mulher colocou-os Deus no paraíso, uma região tão bem irrigada e tão fértil, que, se não tivesse desaparecido com o dilúvio ocorrido no ano do mundo de 1565, estaria hoje seguramente nas mãos de três ou quatro fazendeiros, eleitores do PSD. Isto muito embora Moisés tenha declarado que o Jardim do Éden ficava “na banda do Oriente”, o que situaria, hoje, além da Cortina de Ferro.
O certo, entretanto, é que no centro desse “horto amoenissimo” o Senhor havia colocado, entre árvores de aspecto jocundo, uma mal-intencionada macieira, cujo fruto simbolizava a ciência. Isto é, quem comesse de tal fruto veria desencadear-se, imediatamente, o torturante processo dialético dos contrários, no caso, o do bem e do mal.
E eis quando, novamente, as coisas não parecem claras no velho livro de Moisés. Pois se é verdade que Deus, conforme o versículo 26 do Gênesis, abençoou Adão e Eva dizendo-lhes “multiplicai-vos; e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”, não se pode entender bem porque exatamente dessa árvore da ciência fossem os homens proibidos de provar o fruto. E isso se explica: se a história da humanidade parece comprovar que o homem jamais teria conseguido dominar a terra e os animais sem a ajuda da ciência, como queria o Senhor que isso se desse o contrário? Além do que, outra pergunta: se o castigo pela mordida no fruto da árvore da ciência foi a mortalidade, como estaria o mundo a esta hora se Adão e Eva, imortais antes do pecado, tivessem seguido o exemplo de multiplicarem-se indefinidamente, e assim os seus descendentes, etc, etc. Eis aí um cálculo para ser resolvido segundo a Lei de Malthus.
O certo é que, por culpa da serpente ou não, Eva provou do fruto da ciência, o qual, aliás — verdade seja dita — jamais chegaria a digerir. Com grande leviandade, no entanto, ofereceu-o também a Adão, que logo à primeira mordida pôde perceber que o tal fruto da ciência não era nada mole.
Para o casal, a primeira consequência desse pecado do entendimento foi perceberem ambos, marido e mulher, que estavam completamente nus. Isso parece pequeno detalhe, mas foi graças a esse acontecimento que surgiu no mundo o primeiro alfaiate, e a Casa Dior pode orgulhar-se, depois, de possuir tantas filiais.
No primeiro momento, dizem as Escrituras que Eva correu para trás de uma figueira e Adão sumiu-se numa moita, para só reaparecerem um diante do outro acachapados sob esta primeira conclusão realmente dramática da condição humana: formavam um casal condenado a ter filhos e estavam completamente em tangas.
Ora, diz o Gênesis que, nesse momento, o Senhor Deus, “que passeava no jardim pela viração do dia”, chamou Adão: “Onde estás?”. Não vamos discutir o fato estranhável do Criador, sendo onisciente, perguntar como qualquer pessoa, "onde estás?", apenas por não ter Adão à vista. É outra a dúvida que surge neste passo da história da criação, e que nenhum exegeta, conseguiu até hoje decifrar. Segundo o diálogo travado no Jardim do Éden, vendo o Senhor a Adão, que finalmente saía meio encabulado  detrás da moita, confessando que se escondera porque estava nu, perguntou-lhe: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore que te ordenei que não comesses?”. Para Adão esse preciso momento foi chato à bessa, mas sua resposta não deixou de encerrar uma certa malícia, uma vez que com ela responsabilizava o próprio Criador por seu pecado: “A mulher que me deste por companheira, ela foi que me deu da árvore, e comi”.
Adão havia marcado um a zero. Virou-se então o Senhor para Eva, e inquirindo-a, por sua vez, deu oportunidade ao primeiro jôgo de empurra da história da humanidade: “A serpente me enganou, e eu comi”, foi a resposta de Eva.
E eis quando surge a grande dúvida. Segundo o Gênesis, chegado a esse ponto do diálogo, o Senhor Deus virou-se para a serpente e proferiu esta fulminante condenação: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida”.
Ora, como o Espírito Santo esqueceu de contar a Moisés maiores detalhes, foi assim que, até hoje, ninguém conseguiu descobrir como é que as serpentes andavam até o episódio da maçã.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

DE POETAS E POETAS

A posse do ministro Luís Roberto Barroso ontem 28 como presidente do Supremo Tribunal Federal, STF, em substituição a Rosa Weber reuniu opostos em Brasília. Houve tensão, saia justa e coisa e tal. Betânia foi chamada pelo novo presidente do Tribunal para cantar o Hino Nacional. Cantou, foi aplaudida e tudo mais. Depois ainda cantou uma música em memória da mulher de Barroso, Tereza Cristina Van Brussel Barroso, que morreu em 13 de janeiro de 2023.
Entre as mais de mil pessoas convidadas para o evento, lá estiveram o presidente Lula e os titulares da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Lula vai se submeter a uma cirurgia hoje 29. Quer anestesia parcial, mas os médicos querem anestesia geral. Lula está com medo, até andou falando a respeito disso.
Lira e Pacheco estão tramando contra Lula, contra o governo Lula e contra a população em geral. Pena.
Lira está querendo o cargo de rei do Brasil, que não existe há quase 200 anos. O último monarca foi Pedro II. Chatô, o rei do Brasil... Bom, esta é outra história.
Pacheco estimulou a tropa para votar não sei o quê no intuito de melar a decisão do STF favorável aos indígenas. Contra, portanto ao inominável marco temporal que não existe na Constituição. 
E assim vamos nós.
No discurso de posse como novo presidente do STF, Barroso destacou na 3ª parte do seu discurso uma frase que pode facilmente ser identificada como verso do poetinha Vinícius de Morais.
Luís Roberto Barroso disse, textualmente: "Bastar-se a si mesmo é a maior solidão". Pra completar, acrescentou: "...Como disse o poeta". Mas, como se vê e viu, não citou Vinícius. Imperdoável, partindo de quem parte a fala em concorrida solenidade.
Foi do texto Da Solidão que Barroso extraiu e mexeu e tal e coisa. Aqui, ó: "... A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo...".
E já que estamos falando de poeta e poesia, não custa lembrar de um cara chamado Confúcio. Não sei o sobrenome, filiação e o lugar exato onde nasceu, mas sei que foi há muitos séculos antes de Cristo.
Até onde se sabe, diz a história que Confúcio foi um poeta e filósofo que deixou muita coisa bonita na cabeça de gente do seu tempo. E de fala em fala, na base da oralidade, Confúcio ganhou forma, alma e vida. Era contra a violência e a favor do bem comum, cuja cartilha foi seguida por ases da paz como Luther King e Gandhi. Era chinês. Seus ensinamentos foram desvirtuados pelos imperadores chineses e por tantos e tantos outros poderosos mundo afora. Pra lembrar Confúcio:

"Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo".
"Se queres prever o futuro, estuda o passado".
"O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros".
"O silêncio é um amigo que nunca trai".

Ah, sim! Ia-me esquecendo de dizer uma coisinha: no 1º discurso de posse do segundo mandato de Dilma Rousseff como presidente do Brasil, ela disse lá pras tantas: "A cultura popular é a digital de um povo". Não disse o autor dessa frase, mas eu o conheço. Esse cara sou eu. Só que escrevi o seguinte: "A cultura popular é a identidade do povo".
Bom, mas fazer o quê?
Foi no 1º governo de Lula que saiu por aí afora a frase "O melhor do Brasil é o brasileiro". O autor dessa frase, porém, também não foi citado. Eu sei: Luís da Câmara Cascudo.
E pra lembrar Vinícius, vamos ouvir:

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (70)

 Chefe!, começou se antecipando a todos o esquisito Lampa com seus modos pouco comuns, "o Sr. tá sabendo o que está ocorrendo em Brasília?"

Surpreso, olhei bem nos olhos do Lampa e incrédulo perguntei se eu ouvira bem a pergunta sobre Brasília. Com a cara amarrada e bufando, ele confirmou e disse mais: "os cabras que presidem a Câmara e o Senado estão fechando pautas para prejudicar meu conterrâneo Lula e, como se diz, o povo em geral".

Agora eram todos que voltavam as atenções em direção a Lampa, que estava de pé e se balançando nos quartos desafiadoramente com seu indefectível punhalzinho na mão. Com os olhos faiscando, quase babando e falando grosso encheu a casa com sua voz tonitroante: "Se disser que sim, chefe, eu e meus companheiros da Associação dos Cangaceiros Independentes do Estado de Pernambuco vamos lá pra pegar os cabras Lira e Pacheco!".

A casa encheu-se de palmas. 

Barrica levantou-se do tamborete onde se achava sentado. 

Todos se levantaram como Barrica. 

Antes de Barrica abrir a boca pra perguntar qualquer coisa, todos em uníssono exclamaram: "Caralho!".

Embora estupefato não pude segurar o riso. Zilidoro, mais solto, caiu na gargalhada. Bil, Mané e Zoião, também racharam o bico. Do seu canto, vibrando, Zé disse: "Esse Lampa é um cara incrível, surpreendente!". Foi a vez de Mané: "Esse pernambucano Lampa é supimpa. Não fala muito, não diz besteira, mas está sempre atento às coisas absurdas que acontecem com a gente".

Diante de tais manifestações, senti-me na obrigação de aplaudir Lampa. E respondendo a pergunta que me fez, tenho a dizer que estou por dentro do que acontece no Congresso Nacional e que isso me preocupa sobremaneira. Disse que não valia a pena ir à Brasília pra pegar à força fosse quem fosse. Já basta a violência na Bahia, em Minas, no Rio, em São Paulo...

"Sem falar na violência inimaginável praticada pelos bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro passado", interrompeu-me Zé. E Zilidoro, com ênfase: "O Xandão e seus companheiros de toga já estão julgando e condenando os canalhas que tentaram acabar com a Democracia no nosso país".

Pois é, pessoal, logo mais às 16h o ministro Barroso vai tomar posse como presidente do STF no lugar de Rosa Weber, que agora aos 75 anos de idade se aposenta, informei.

"Eu li hoje no jornal, seu Assis, que Lula e os presidentes da Câmara e do Senado vão estar entre as mais de mil pessoas convidadas para assistir a posse do Barroso", contou o quase sempre discreto Mané. 

"Chefe", lá veio de novo Lampa, "o Sr. foi convidado pra solenidade de posse do Barroso?".

Respondi que não, que não aceito mais convites desse tipo. Enquanto dizia isso, Zoião, Zé e Mané preparavam um mesinha com sucos de laranja, manga e graviola. Lampa olhou de soslaio, tossiu e tirando da prateleira da casa uma garrafa de cana, disse: "Vocês tomam suco e eu água que passarinho não bebe". Disse isso e entornou uma lapada goela abaixo, fazendo todo mundo rir.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

HOJE EU 70 + 1

Grosso modo posso dizer que cheguei mais ou menos intacto aos 71. Isso quer dizer que vivi até aqui mais ou menos 852 meses, 3.700 semanas e 25.000 dias, talvez 26.
Hoje é 27, o mês é setembro e o ano é este que o calendário mostra: 2023.
Muita coisa boa eu vi e vivi no correr deste tempo, desde os primeiros passos que dei na terrinha pessoense capital da Paraíba.
Aproveito o espaço aqui para dizer, alto e bom som, que a vida tem sido muito boa pra mim.
Estudei música, artes plásticas e tudo que a mim foi possível. 
Não segui a carreira de músico nem de artista plástico. Preferi a de jornalista, até porque outra coisa não sei bem fazer além de perguntar, perguntar, perguntar.
Ainda quero aprender, ainda estou aprendendo e quero passar pra frente um tantinho assim do que tenho aprendido ao longo dessa jornada.
Aprender nos faz bem e nos faz bem fazer o bem.

Só não vê quem não quer ver
Diz um dito popular
Esse dito é bem dito
E dele é bom falar
Dá pra ver com os teus olhos
A flor do cacto brotar... 

Como muita gente boa sabe, há 10 anos perdi o brilho e a magia dos meus olhos. Isso, porém, não me impede de ver a vida em toda sua beleza e complexidade. Andei compondo e cá estou a declamar:

CLIMA EM BRASA EM BRASÍLIA

 
Ciclones, tufões, tempestades no Sul e Sudeste et cetera. 
É como se o Capeta abrisse os portões do Inferno para o mundo.
Os mortos na região Sul, resultantes do aguaceiro diluviano, já passam dos 50 e os desabrigados são milhares, enfrentando problema de todo tipo. 
Pois é, isso tudo neste mês primaveril de 2023. 
E vem mais coisa aí.
O município de São Romão, a cerca de 500 km de Belo Horizonte, sofreu um calor jamais sentido na sua história. Os termômetros marcaram 43,5ºC. Isso ontem 26. Esse recorde pode ser batido hoje.
O calor ontem foi brabo noutras regiões do País:

  • Porto Murtinho (MS): 42,6°C
  • Água Clara (MS): 41,9°C
  • Januária (MG): 41,8°C
  • Bom Jesus da Lapa (BA): 41,6°C
  • Três Lagoas (MS): 41,4°C
No Rio hoje às 5:30h os termômetros registraram 25ºC. Podem chegar aos 40ºC.
Em São Paulo, Capital, os termômetros registraram às 5h30 a mesma quentura registrada no Rio. Aqui os termômetros podem chegar aos 36ºC.
Nunca se registrou tanto calor no Brasil como agora.
O mundo, como se vê, está pegando fogo.
Em vários países a quentura anda feia, provocando incêndios e matando gente. E não custa lembrar que em 2003, há 20 anos portanto, a França registrou cerca de 15 mil mortes provocadas pelos altos graus de temperatura. Segundo os registros, 80% das vítimas tinham mais de 75 anos de idade.
Comecei este texto falando sobre ciclones, tufões e tempestades. Faltou-me falar de terremotos, tsunamis e explosões vulcânicas. Bom, mas isso fica por conta dos nossos matreiros e explosivos políticos que agem de dia e também na calada da noite nos seus gabinetes, enquanto bebem seu vinhozinho...
O presidente da Câmara, Arhur Lira, está fazendo de um tudo pra se apossar do governo Lula. Quer tudo e mais um pouco para o Centrão, seu porto seguro. Agora ameaça derrubar a Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima.
A situação em Brasília não está fácil, meus amigos. E como se não bastasse, Lula ainda abriu a boca pra dizer besteiras que caíram como uma luva nas cabeças de pessoas portadoras de deficiência. Foi ontem 26. Amanhã 28, ele se interna para se submeter a uma cirurgia no quadril. Torçamos para o seu bem e para o bem do Brasil.
E Bolsonaro, hein?
Agora mais um processo bravo contra ele: incentivo ao estupro. A vítima foi a deputada Maria do Rosário. Em suma: virou réu. A cadeia o espera.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

DIA DO RÁDIO É TODO DIA

Digo e não canso de repetir: o Dia do Rádio é todo dia. E Brasil afora tem rádio com programação das melhores, mas infelizmente isso é minoria.
Horas e horas das programações das emissoras de rádio são vendidas Brasil afora, principalmente pra pastores que representam "igrejas" e tal e coisa. É de lascar!
Eu ouço rádio desde que me conheço por gente.
Anninha da Hora Sena, mexendo aqui e acolá, achou entrevista que dei há duas décadas à revista Continente, de Recife. Essa mesma entrevista, em quatro páginas, muito bem feita pelo poeta Marcelino Freire, foi-me enviada num link pelo colega jornalista pernambucano Flávio Tiné. Compartilho com vocês:



E em homenagem ao rádio, o músico Jorge Ribbas e eu compusemos Hino ao Rádio. A inspiração foi o jornalista Líbero Badaró, assassinado em São Paulo em 1930: HINO A BADARÓ

ONHONHA PARA DIAS TOFFOLI

De fato, tenho certa dificuldade em entender o que os políticos profissionais dizem ou fazem. A fala da Gleisi Hoffmann, do PT, deu-me nó na cabeça. Meus Tico e Teco quase endoideceram, entraram em convulsão. Pensei que ia morrer.
Gleisi respondendo a um repórter a respeito do que dissera sobre o Tribunal Superior Eleitoral, TSE, uniu-se depressa ao time dos que dizem e depois desdizem conteúdos polêmicos. Ela jura que foi "mal compreendida" e que sua fala foi descontextualizada e tal:

"Eu fiz uma crítica muito dura sim à Justiça Eleitoral e especificamente ao corpo técnico da Justiça Eleitoral, que reiteradamente não se atém aos aspectos técnicos da prestação de contas. Coloca a vontade, faz interpretações e fere jurisprudências"
Sinto muito, mas isso é o fim da picada! Sobra sempre para o repórter e para o jornal ou revista que publica o que entrevistados famosos dizem. 
Acho que foi ontem ou anteontem que o ministro Dias Toffoli, do STF, abriu a bocarra pra tecer loas para o PGR Augusto Aras. Disse que o tal com seu silêncio evitou o golpe contra a democracia pretendido e armado por Bolsonaro e seus seguidores lunáticos. O ministro: 

"Por que que eu digo que o país e a nação brasileira teve a graça de ter Antonio Augusto Brandão de Aras? Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua Excelência, Augusto Aras, talvez nós não estivéssemos aqui, nós não teríamos, talvez, democracia"

O cabra endoidou ou não? 
Se Aras tivesse cumprido com as responsabilidades e compromissos que o cargo de PGR exige, a essa altura do jogo Bolsonaro já estaria a poucos metros da cadeia. Mas não tem nada não: dias mais, dias menos.
Agora só falta o Toffoli dizer em público que também foi mal interpretado. A propósito, onhonha para o Toffoli. Pra encerrar, leia esta manchete do jornal Gazeta do Povo, do Paraná (PR):
 
Aras deixa “legado maldito” para a PGR e o combate à corrupção no Brasil

JULIO LANCELOTT

Quero daqui enviar meus parabéns ao coleguinha Carlos Tramontina, com quem trabalhei na TV Plim Plim. O motivo dos parabéns é a bela entrevista que Tramontina fez com o padre Julio Lancelott. Confira um trecho ou a entrevista completa:

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

ONHONHA PRA GLEISI HOFFMANN!

Há coisas no cotidiano político que eu, confesso, tenho dificuldade de entender. Exemplo?
Ouvi há pouco a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, desqualificar alto e bom som o trabalho fantástico e necessário pró-Democracia que o nosso Tribunal Superior Eleitoral, à frente o ministro Alexandre de Moraes, tem desenvolvido.
Se o TSE não tivesse enfrentado com rigor e determinação a fúria bolsonarista, que culminou no inacreditável quebra-quebra do 8 de janeiro de 2023 em Brasília, neste momento nós maioria dos brasileiros estaríamos engolindo o cuspe e a ira do Capeta. 
A Gleisi, numa tentativa inimaginável de aliar-se à Direita, disse que "Os valores ditos aqui, R$ 750 milhões, R$ 23 bilhões... Gente, isso não é multa exequível. Não tem como pagar. Nós não temos dinheiro. Elas não se referem apenas à aplicação dos recursos para cota. Elas trazem taxas, taxas de juros, taxas de correção". Como se não bastasse, foi falando: "As multas trazem a visão subjetiva da equipe técnica do tribunal que, sistematicamente, entra na vida dos partidos políticos querendo dar orientação, interpretando a vontade de dirigentes, a vontade de candidatos, ou seja, são multas que inviabilizam os partidos".
Falando o tempo todo de modo irresponsável numa reunião que debatia a possível aprovação de mais uma Proposta de Emenda à Constituição, PEC, dessa vez da Anistia, Gleisi defendeu com unhas e dentes as safadezas cometidas pelos partidos. O partido mais penalizado com multas pelo TSE foi, até agora, o PL de Bolsonaro. No seu desvariu, ainda disse: "Não pode ter uma Justiça Eleitoral que, aliás, é uma das únicas do mundo! Um dos únicos lugares do mundo que tem Justiça Eleitoral é no Brasil. O que já é um absurdo. E custa três vezes o que custa o financiamento de campanha para disputa eleitoral. Tem alguma coisa errada nisso! Talvez a gente devesse começar a olhar aí para ver o que que a gente pode mudar".
Demais, não é!?
Com a tranquilidade que tem sido sua marca, o presidente do TSE Alexandre de Moraes quebrou o silêncio com essa nota: 
O Tribunal Superior Eleitoral repudia afirmações errôneas e falsas realizadas no intuito de tentar impedir ou diminuir o necessário controle dos gastos de recursos públicos realizados pelos partidos políticos, em especial aqueles constitucional e legalmente destinados às candidaturas de mulheres e negros.
Lamentavelmente, a própria existência da Justiça Eleitoral foi contestada por presidente de partido político, fruto do total desconhecimento sobre sua importância, estrutura, organização e funcionamento.
O Tribunal Superior Eleitoral atua em conjunto com os 27 Tribunais Regionais Eleitorais, com 2637 juízes eleitorais e o mesmo número de promotores eleitorais, com aproximadamente 22 mil servidores e 2,2 milhões de mesários, verdadeiros agentes da cidadania.
A Justiça Eleitoral não tem como única função a fiscalização da utilização de dinheiro público pelos partidos políticos, competindo-lhe, principalmente, o cadastramento – inclusive biométrico – e constantes atualizações de nossos 156.454.011 (cento e cinquenta e seis milhões, quatrocentos e cinquenta e quatro mil e onze) eleitoras e eleitores, a organização e realização das eleições e o processo e julgamento de todas as causas eleitorais.
Somos a única Democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional e não para agressões infundadas.
A vocação pela Democracia e a coragem de combater aqueles que são contrários aos ideais constitucionais e aos valores republicanos de respeito à vontade popular permanecem nesses 91 anos de existência da Justiça Eleitoral, como demonstrado nas eleições de 2022.
A Justiça Eleitoral atua com competência e transparência, honrando sua histórica vocação de concretizar a Democracia e a autêntica coragem para lutar contra as forças que não acreditam no Estado Democrático de Direito e pretendem obstar que atue no sentido de garantir o cumprimento da Constituição Federal e da legislação.
ALEXANDRE DE MORAES
Presidente do TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Pra trazê-la de volta para a realidade, Gleisi merece ingerir um mar de onhonha.

domingo, 24 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (44)

Assis e Tinhorão num ano qualquer dos 80
É tudo muito simples
Mas também é complicado
Viver é um perigo
Pra quem anda descuidado
O casal do Paraíso
Pecou foi castigado...


Adão e Eva Eva e Adão viviam em paz, tranquilos, pulando, se divertindo como ninguém jamais tinha feito. Até porque não havia ninguém, à exceção do casal cá em pauta. Os dois comiam de um tudo: macaxeira, inhame, batata-doce e outros legumes; verduras e frutas de todo tipo. Só uma coisa o Criador, com seus caprichos, pediu que não comessem: uma tal de maçã.
José Ramos Tinhorão, de batismo José Ramos, foi um paulista nascido em Santos no dia 7 de fevereiro de 1928. Estudou Direito e Jornalismo. O tempo o levou a optar pelo Jornalismo. Saiu-se bem. A sua sede pelo conhecimento o levou a devorar todo tipo de livro, incluindo os que tratavam de economia e política. Descobriu Marx muito cedo e cedo virou comunista sem ativismo, pois gostava mesmo era de uma vida calma, do mar e de mulher bonita desfilando por perto. E da boa música popular da nossa terra.
Tinhorão alimentava a certeza de que Marx foi o homem mais importante do mundo. Pra não brigar, aceitava a ideia de que outro homem dividiu sua importância com Marx: Jesus, o Cristo.
Os escritos de Tinhorão seguiam a linha marxista-leninista. Era firme em tudo que dizia da boca pra fora e também nos escritos que produzia para jornais e revistas. Deixou 29 livros publicados, entre os quais um em três volumes (A Música Popular no Romance Brasileiro). Todos imprescindíveis na estante de quem queira descobrir as raízes culturais-musicais do Brasil.
Antes de publicar seus livros, Tinhorão ganhava a vida produzindo textos especiais para periódicos do Rio. Pra valer, como profissional, teve seu primeiro trabalho em Carteira chancelado pelo Diário

Carioca e depois pelo Jornal do Brasil, onde passou a assinar uma coluna sobre música popular. Conheceu grandes jornalistas e escritores como o pernambucano Nelson Rodrigues, que um dia o faria personagem de uma peça transformada em filme (1981) e minissérie (1995) da TV Globo: Engraçadinha, seus Amores e seus Pecados.
Corriam os anos de 58, 59.
Em 1963, José Ramos Tinhorão também assinava textos para revistas como Chuvisco que tinha entre seus editores o gaúcho Tarso de Castro, que na segunda parte dos anos 1970 criaria e editaria o suplemento dominical do paulistano Folha de S.Paulo.
Na revista Chuvisco, Tinhorão publicou um texto que intitulou Gênesis. Já aí mostrava a sua graça refinada com um quê de ironia. Uma das vítimas foi, ninguém mais ninguém menos, Deus. O texto começa assim:

"A história da Criação ainda não está bem explicada. Talvejz devido a pressa (o mundo foi feito em seis dias, apenas) muita coisa custa hoje a ser compreendida, mesmo levando em conta que é muita pretensão do Homem querer julgar a obra de Deus como o Sr. Agripino Grieco julgava a do escritor Ataulfo de Paiva. No entanto, de tanto ouvirmos dizer que os homens foram criados por Deus, por exemplo, uma coisa desde logo não se explica: por que, se o objetivo era criar os homens, o Senhor foi criar também uma mulher?"

Coisa de comunista, não é mesmo?
Não é certo, mas dizem os cristãos que Deus criou todos e tudo mais. Começou num domingo criando o Céu e a Terra. Depois a luz, os mares, peixes e tudo que se bole abaixo e acima de nós. Cometas, estrelas e tal. E nós. Teria dito: "Faça-se o homem". E o homem se fez. Para que nós homens não ficássemos sós, Deus com sua bondade infinita tirou uma das nossas costelas e com ela fez a mulher para nos acompanhar até o Inferno.
A história do mundo todo mundo já contou, de todas as maneiras. Incluindo a origem do primeiro pecado. E é aí que vem a história da maçã e a história da serpente.
Foi Eva que hipnotizada pela serpente decidiu dar de presente uma maçã a seu companheiro?


O cartunista Fausto vê nesse ⁶episódio o coitado Adão como culpado. Sobraria pra quem? Pra uma mulher, Eva é claro.
Enfim, o casal acaba sendo expulso do Paraíso e segue a vida trabalhando pra se sustentar. Ordem do Senhor.
Adão e Eva tiveram uma porrada de filhos, entre eles Abel e Caim.
Enquanto a prole do primeiro casal da história crescia com incestos e outras barbaridades, surgiam desavenças, ódio, ciúme, inveja, assassinato, o escambau. É o que se vê hoje, aliás.
São, no mínimo, curiosas as observações de Tinhorão no tocante à criação do homem e da mulher. Lá pras tantas, ele diz:

"...depois de ter feito a luz, o firmamento, as águas, a terra, as árvores, a lua, as estrelas, as aves e os peixes, o Criador verificou que não havia ninguém para acreditar em Deus. Essa teria sido, pois, a verdadeira razão do Senhor ter feito o primeiro homem "ad similitudinem suam", isto é, tão a sua semelhança, que em pouco tempo os seus descendentes sairiam criando deuses com a mesma facilidade com que Ele havia criado os homens".
Cá pra nós: sempre achei que Tinhorão via muito além do próprio nariz com graça e algo mais.
Quem poderia imaginar que este nosso mundinho um dia iria se complicar mais e mais com a presença do homem e da mulher?

sábado, 23 de setembro de 2023

PRIMAVERA, CALOR E CORRIDA

A Primavera de 2023 acaba de chegar. Chegou exatamente às 3:50h desta manhã. Um calor danado. A quentura do Inverno que acaba de se ir parece aumentar a cada segundo.
Os termômetros em São Paulo devem chegar hoje à marca dos 41 graus.
Os termômetros em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul devem chegar aos 46 graus, fora a sensação térmica que não sei de quanto será. Mas, independentemente disso, é preciso brincar e rir enquanto é tempo.
Hoje 23 faz um mês que curti uma minitemporada no A.C.Camargo, ali no bairro paulistano da Bela Vista.
Fazia tempo que eu desejava conhecer as entravas de um hospital. E lá fui eu. A minha espera um robô de movimentos esquisitos e cheio de braços controlado por uma equipe médica liderada pelo Dr. Lucas Fornaziere.
Depois de cair num sono induzido que durou pelo menos quatro horas, levantei-me de onde estava e saí cantarolando a ária d'O Guarani.
Creio que sabedores do que aqui estou a dizer, acrescento à guisa de recomendação: machos covardes tomem coragem e deixem-se tocar pelo médico.
Antes de deixar o bem-bom do A.C.Camargo, perguntei ao Dr. Lucas quantos novos diagnósticos de câncer na próstata são feitos anualmente no Brasil. E ele: "65 mil".
Diante disso tudo, lamento apenas não poder correr a São Silvestre no próximo dezembro.
Se confirmada a temperatura esperada, o Brasil terá quebrado todos os recordes referentes à questão calor.
Rio 40° já era!
Vamos de marchinha?

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A "BANANIZAÇÃO" DA CULTURA POPULAR

Ouvi em algum lugar que hoje 22 é o Dia da Banana. Nacional ou mundial, não sei. Mas o barato é que hoje é o Dia da Banana. E como uma coisa puxa outra, vamos lá: a cultura popular, especialmente a música popular brasileira, está se bananizando com a rapidez de um raio.
Pois, pois.
A nossa música popular começa a ganhar forma na segunda parte do século 19, com os primeiros acordes que identificariam o que passaria a se chamar de choro ou chorinho. O avô dessa história foi o funcionário público Joaquim da Silva Antônio Callado e o pai, muito anos depois, Pixinguinha.
Em 1902 Manoel Pedro dos Santos, o Bahiano, gravaria em disco o lundu Isto é Bom. Foi a primeira música gravada em disco no Brasil e Bahiano desde então faria história como o primeiro cantor profissional do País.
O tempo passou e muitos outros ritmos e gêneros enriqueceram a discografia brasileira. Além do chorinho, vieram o lundu, o maxixe, o samba, o samba-canção, as marchinhas de Carnaval e junina, baião, xote e forró.
O maracatú e as folias de rei deram cor especial aos propriamente tidos folguedos populares.
As festas de São João marcaram época e agora se acham praticamente no limbo, invadidas que foram pelos sertanojos da vida e outras besteiras que degradam a sensibilidade de quem tem o mínimo de bom gosto.
Pois bem, hoje é o Dia da Banana.
A banana foi primeiramente cultivada lá pelos lados da Ásia, séculos antes do nascimento de Cristo.
A história conta que até Alexandre, O Grande, gostava de banana que só, dava tudo por uma banana. A propósito, a banana está de certo modo vinculada a questões pejorativas, de safadeza. Exemplo: "Fulano sentou-se na banana de beltrano". Ou: "Aqui pro'cê ó!". Essa expressão substitui um palavrão.
O gesto chega a ser obsceno. Agressivo. É possível que tenha origem no esticar do dedo, representado como símbolo fálico. Por que digo isso?
Banana é uma palavra de origem árabe e significa, grosso modo, dedo.
Além de ser associada a termos pejorativos, a banana também está aliada a países subdesenvolvidos e corruptos. Não à toa, foi não foi ouve-se ou lê-se aqui e acolá que "o Brasil é um país de bananas", ou "República de bananas".
No começo do século passado, ali pela primeira década, um escritor norte-americano chamado Willian Sydney Porter (O. Henry) escreveu e publicou o livro Cabbages and Kings. Nesse livro o autor cria a expressão "República das bananas". Fazia referência à população de um país fictício na América Central  que era explorada por um governo ditatorial e corrupto. A expressão corre mundo até hoje.
Meu amigo, minha amiga, você sabia que o Estado que mais produz banana é brasileiro? E que esse Estado é São Paulo?
Pois bem. Os municípios paulistas que mais produzem bananas são Registro, Itariri, Eldorado, Miracatú, Sete Barras, Cajati, Pedro de Toledo e Jacupiranga.
São centenas, quase um milhar, os tipos de bananas que se plantam e se colhem no Brasil e mundo afora.
Você sabia também que existe até o Museu da Banana? Esse museu fica em Corupá, SC e foi inaugurado em 2019, meses antes da pandemia provocada pela Covid-19.
A banana tem até dia em São Vicente Ferrer (PE), Jaíba (MG) e Cubatão (SP).
Já foi o tempo em que dava gosto dançar e ouvir música popular.
Em 1937, Braguinha compôs a marchinha Yes, Nós Temos Bananas, gravada por muita gente. Ouça com Almirante:

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

A VIDA SEGUE

No nosso calendário de comemorações, o dia 21 de setembro é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. 
A data foi instituída pela Lei 11.133/2005, por iniciativa do Movimento Direitos das Pessoas Deficientes, MDPD.
Não são poucas as pessoas portadoras de deficiência.
Faz 10 anos que perdi a graça de ver com os meus próprios olhos. Mas a cegueira não é o fim:
 

EU E MEUS BOTÕES (69)

A porta da casa foi aberta de supetão, daquele jeito tipo brucutu. Era Lampa, um tanto esbaforido. Sem meias palavras e com o Estadão nas mãos, foi lendo aos solavancos a manchete: "Por fim, o cara a cara com Zelensky. Lula fala com ucraniano sobre guerra e evita tema com Biden". E continuou: "Reunião foi a primeira após divergências sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Segundo a diplomacia ucraniana, serviu para quebrar o gelo".
Todos se levantaram batendo palmas, surpresos. Barrica foi o primeiro a falar: "Confesso que desconhecia esse lado do Lampa".
"Que lado?", bufou Lampa irritado: "Eu estudei. Eu também sou gente, portanto qual é a surpresa?".
Silêncio.
"Calma Lampa, calma", pediu com tranquilidade o poeta Zilidoro. "É que você é realmente uma pessoa incrível, Lampa", acrescentou o poeta.
Bom, pessoal. Estou muito satisfeito com todos vocês. Todos somos iguais, embora aqui e ali um brilhe mais do que o outro. O Lampa é autêntico e o seu jeito natural de falar repete-se agora. Ontem terminamos a nossa conversa com ele perguntando a respeito de Lula, que se achava nos EUA...
"Isso mesmo, chefe! Meu conterrâneo Lula estava lá pras bandas dos Stêitis, falando com o gringo que se acha dono do mundo. E devo dizer a quem se surpreende comigo que sou um cidadão comum interessado com tudo que acontece no Brasil e no mundo. Eu leio o jornal, leio revista, ouço rádio, vejo TV e até na Internet eu mexo!", acrescentou.
Muito bem Lampa, o Lula botou em dia a conversa que queria com o Zelensky. Falou de paz, paz e paz. Vamos ver no que vai dar.
"Se der certo, o Lula leva o Nobel da paz", arriscou Jão.
"Olha, até o Jão sabe o que é Nobel", meteu-se irônico Mané. 
Barrica, lembrou que ontem não falei direito sobre o Marco Temporal. Aproveito pra dizer que a questão indígena é uma questão muito delicada e que o tal Marco Temporal não existe, não está na Constituição. E se não está na Constituição não deve ser apreciado e tampouco julgado pelo STF. Como apreciar e julgar algo que não existe? 
Nem bem eu disse isso e Zoião emendou: "Existe só na cabeça dos ricões do agronegócio. Esses fazem tudo e muito mais pra ganhar, pra fazer dinheiro. São uns pobres diabos viciados em dinheiro e poder".
O papo tá bom, mas...
"Não, seu Assis, não. A gente aqui queria saber a sua opinião a respeito da PEC da Anistia Partidária. É uma aberração. Querem ficar livre das multas que chegam a bilhões e bilhões de reais e ainda afunhenhar mulheres e negros com uma cota mínima", interrompeu Zé.
Pois é, você já disse tudo. Até pessoal!
Todos, fazendo graça: Aaaaaah...

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (68)

 "Seu Assis!", começou a chamar a atenção de todos o sempre curioso Barrica. 
Calma, pedi. O que te aflige tanto, Barrica?
"Ouço todo mundo falar a respeito da questão indígena...", recomeçou Barrica logo interrompido por seu irmão Biu: "E tem também um negócio chamado Marco Temporal, o que é isso?"
"Seu Assis, eu quero saber a sua opinião a respeito disso tudo", completou Barrica. 
Bom, pessoal. Os povos indígenas se acham no Brasil muito antes de o Brasil ser chamado Brasil. Pela lógica natural, as terras brasileiras são de quem primeiro aqui habitou.
"Então quer dizer que o Brasil ainda é dos índios?", perguntou por sua vez Zoião. 
Pela lógica, sim. Quinhentos anos já se passaram desde que os portugueses puseram seus pés no Brasil e escravizaram indígenas e negros. Os negros foram trazidos forçadamente pelos invasores.
"Portugueses! Os portugueses!", falou gritando o destrambelhado Lampa com o seu punhalzinho na mão. Seus olhos faiscavam.
"Os portugueses pintaram e bordaram por aqui. Fizeram dos povos originários gato e sapato. O mesmo fizeram com os negros trazidos à força da África", contou de modo professoral o poeta de plantão Zilidoro. 
Muito bem, estou orgulhoso de todos vocês...
"Mas eu quero saber, seu Assis, a sua opinião a respeito do Marco Temporal", retomou a questão Barrica. 
Eu acho o seguinte: as terras indígenas são de quem está lá há pelo menos 50, 60, 70 anos. Quer dizer, indígenas e posseiros com registro de posse legal. Agora vamos ver o que o STF decide, pois os debates acabam de recomeçar.
"Seu Assis, gostei muito do texto sobre teatro que o Sr. escreveu ontem", disse Jão chamando pra si as atenções. 
"Eu também gostei!", foi a vez de Zé falar.
O teatro é coisa muito importante. O teatro como arte, claro. É coisa antiga. Vem da China, de séculos antes de Cristo. O Japão aperfeiçoou ali pelo meio do século 14...
"E o teatro do Oprimido, hein?", perguntou Zilidoro acrescentando: "Tem a ver com o educador Paulo Freire?"
Tem, sim. Mas o pai desse gênero teatral foi Augusto Boal. Paulo Freire apenas o inspirou em 64, 65. Mas antes, por volta de 1950, surgiu na França o teatro do Absurdo...
"Seu Assis, aprendi na escola que o maior representante do teatro do Absurdo foi o romeno Ionesco", disse lá do seu canto o quase sempre quieto Mané. 
Muito bem, muito bem, gostei. E alguém sabe aqui quem foram os primeiros grandes teatrólogos brasileiros?
"Muita coisa mudou por aqui com a chegada da família Real portuguesa. Até então só tínhamos as músicas criadas, cantadas e dançadas pelos indígenas. Mas a trupe de D. João VI trouxe piano, violino e outros instrumentos musicais. O teatro veio no embalo, como no embalo veio a Imprensa. Nossos primeiros teatrólogos foram Martins Pena e Arthur Azevedo", exibiu-se todo pimpão o atento Zilidoro. 
"E Lula, e Lula!?", quis saber de mim Lampa.
Agora chega, né?
E todos, ao mesmo tempo: aaaaah!

terça-feira, 19 de setembro de 2023

NO TEATRO A VIDA SE REPETE

Hoje é o Dia Nacional do Teatro.

O teatro é uma das mais belas invenções que o homem já criou. É ele representando a si e a outros. Algo como um espelho em que tudo se reflete, de modo claro ou retorcido. 

O teatro existe desde que o homem, grosso modo, desceu da árvore e passou a seguir ou a inventar os próprios passos.

No Brasil, o teatro passou a ganhar forma no dia 30 de dezembro de 1508. Foi nessa data que em Salvador, BA, que quem pôde viu atores interpretando personagens da peça Auto da Visitação, do português Gil Vicente. 

Eu, se fosse você, iria procurar esse Auto entre tantos outros do criativo Vicente. 

É no teatro que as histórias se repetem, verdadeiras ou não. 

CRIAÇÃO LIMITADA

Eu disse ontem 18 que sem a Internet o mundo se acabaria. Ainda acho, até porque a Internet está pondo o mundo de cabeça pra baixo e levando à dependência homens, mulheres e a meninada de tudo quanto é tamanho e sexo.
Na Internet há uma porrada de plataformas e analfabeto na temática que sou, nada ou muito pouco sei. Na verdade, nada sei. Hmmmm, essa frase...
Agora escuto com certa frequência pessoas falarem sobre algoritmos. 
Algoritmos são "uma sequência de instruções ou comandos realizados de maneira sistemática com o objetivo de resolver um problema ou executar uma tarefa", garante Anninha do alto de sua sabedoria depois de, naturalmente, dar uma bizoiada nessa maquininha doida de decompor mentes frouxas.
Pois bem, ouvi no rádio notícia dando conta de que os algoritmos estão agora limitando até a criação musical. Essa limitação chega, no máximo, à um minuto. Eu disse: um mi-nu-to!
A minha filha Clarissa me contou que os jovens hoje não têm tempo mais pra nada, nem para aprender. Nem para ouvir seja lá o que for. Ela: "O pessoal aí chega a acelerar os vídeos que lhes caem à mão".
É o fim, não?
Fora isso, tudo isso, agora sou eu quem nota que está havendo uma diminuição brutal de leitura de livros, jornais e revistas. Quer dizer, até a leitura de livro está indo pro beleléu.
Voltando à questão do limite de tempo para composição de novas músicas, chego à conclusão que de acordo com a nova "ordem" imposta pelos algoritmos, músicas como Aquarela do Brasil, A Triste Partida, Construção e Faroeste Caboclo não teriam futuro e jamais entrariam na lista de sucesso.
E aí, hein?

OUÇA MAIS: A TRISTE PARTIDA FAROESTE CABOCLO  CONSTRUÇÃO CARINHOSO PRETA PRETINHA AVÔHAI  MULHER NOVA, BONITA E CARINHOSA FAZ O HOMEM GEMER SEM SENTIR DOR  DETALHES

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O QUE COMEMORAR NO DIA DA TV?

Chatô num estúdio de televisão
Foi num dia como hoje, segunda 18, que o paraibano Assis Chateaubriand inaugurou a TV no Brasil. O mês era setembro, véspera da primavera. O ano, 1950.
No Brasil, o 18 de setembro virou Dia da TV.
O ponto de partida para a TV no Brasil foi a Capital paulista.
Vários aparelhos de TV foram espalhados em pontos estratégicos na cidade. Nome da TV: Tupy, cujas atividades foram definitivamente encerradas no dia 18 de julho de 1980.
Chatô, com sua iniciativa, provocou uma verdadeira revolução nos meios de comunicação.
Com a inauguração da televisão no Brasil, dizia-se à boca larga que o Rádio iria se acabar. Não acabou, multiplicou-se e ganhou respeito. Uma mídia não acabou com a outra, somaram-se.
O número de emissoras no Brasil está ali na casa dos 10 mil.
O número de canais de TV são infinitamente menores. 
A TV Globo, como outros canais de porte, viraram rede cobrindo o território nacional.
Agora, o seguinte: é altamente questionável a qualidade do que vai ao ar tanto na TV quanto no Rádio.
De baixíssima qualidade também são hoje os jornais e revistas, que cada vez mais minguam e migram para uma coisa chamada Internet. Essa coisa é descrita pelos cabeções da vida como "um sistema global de redes de computadores interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos (Internet Protocol Suite ou TCP/IP) com o propósito de servir progressivamente usuários no mundo inteiro".
As emissoras de rádio e TV também estão ocupando plataformas e plataformas da Internet.
No dia em que a Internet, por motivo qualquer, der um tilte ou um apagão geral, o mundo se acaba.
Em 1997, o baiano e acadêmico da ABL Gilberto Gil compôs e gravou um negócio chamado Pela Internet. Ouça:
 


LEIA MAIS: NAS ONDAS DO RÁDIO (1)  TV 60 ANOS: HÁ RAZÂO PARA COMEMORAÇÃO?  E DEPOIS DA INTERNET, HEIN?

sábado, 16 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (43)

Na vida tudo é muito óbvio. Até costumo dizer que só não vê quem não quer ver.
O sexo é uma obviedade latente e indiscutível. Está em todos nós, em todos os animais. Como animais somos esquisitos, ignorantes, hipócritas principalmente.
O assunto é longo, histórico e polêmico.
Muito já se falou e ainda se falará a respeito de sexo, erotismo e coisa e tal.
Ouço desde sempre que a profissão mais antiga do mundo é a de prostituta.
Muita loucura já foi feita por sexo e em torno do sexo. Isso tem a ver com namoro, casamento, infidelidade e tudo mais que existe no mundo real e no mundo da fantasia envolvendo mulher com homem, mulher com mulher, homem com homem e variantes identificadas na sigla LGBTQIAPN+.
Tudo isso se acha nas Escrituras Sagradas. É só ler.As religiões já nem discutem a questão: proíbem.
A Igreja Católica sequer aceita a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Grandes poetas e romancistas do Brasil e de todo canto têm se debruçado sobre tão instigante tema. Destaque para Gregório de Matos, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Hilda Hilst, Adelaide Carraro, Cassandra Rios, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Nelson Rodrigues; Pietro Aretino, Oscar Wilde, Henry Miller, Jean Genet, Anaïs Nin, Boccaccio, Sade, Masoch...
E não só esses e outros autores que falam explicitamente de sexo. Há autores, como José Saramago que aqui e acolá encontram tempo pessoal e espaço na sua obra para densa ou levemente desenvolver o assunto. No caso de Saramago considero inadiável a leitura do seu envolvente e fustigante Caim.
Não é só em livros de autores consagrados que o sexo e suas variantes são tão frequentemente abordados, discutidos, polarizados, polemizados.
Até aqui abordamos o sexo nas suas diversas facetas. No escracho, no implícito e no explícito, por aí.
O duplo sentido erótico, sensual, se acha com frequência na música popular e até na música erudita. Ouvir a ópera Don Giovanni, por exemplo. No caso nacional, são muitas as músicas nesse sentido que dão o que pensar e os autores vão de Roberto Carlos a Chico Buarque, Genival Lacerda, Jackson do Pandeiro e até Luiz Gonzaga.
Os folhetos de cordel são pródigos na questão sexo que envolve tudo, inclusive infidelidade. Exemplos: Dicionário dos Cornos, O Encontro de Falcão com um ET Corno, A Desventura de um Corno Ganancioso, A diferença entre o Corno Rico e o Corno Pobre, Relação dos Cornos Brasileiros.
O sexo também se acha, e já falamos disso, nas revistas de quadrinhos como as que fazia o famoso Carlos Zéfiro.
De modo natural e implícito cantoras e bailarinas fazem o diabo nos palcos, nas TVs e nos ambientes da Internet.
O diretor e ator Celso Martinez Corrêa fez estátuas corarem com suas diabruras nos teatros da vida.
Pois é, a coisa é antiga.
Dizem que Cleópatra traía seus machos a torto e a direito. Essa foi a forma que ela encontrou para completar-se no panteão do Poder de seu tempo.
A história registra loucuras ditas e praticadas por Calígula e tantos outros doidos.
No Egito, na Pérsia, na Síria, na Grécia e Roma Antigas cultivavam-se o falo como símbolo da força masculina e da natureza. Pois é, já naquele tempo a mulher ficava em segundo plano. Voltaremos ao assunto.
Bom, macho é o cavalo-marinho que pare.

Fotos e reproduções Flor Maria e Anna da Hora

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

EU E MEUS BOTÕES (67)

Bom dia pessoal, eu disse. O dia ontem foi quente em Brasília. Aqui em São Paulo fez calor e fez frio. No fim de semana vai dar praia.
"Hmmm, que conversa!", estranhou Zóião. Biu completou: "Acho que o chefe está provocando. Vem ele aí com essa conversa mole somente para nos testar".
Eu ri.
Barrica: "Ontem houve notícia de tudo quanto é canto, de Brasília principalmente. Tudo coisa ruim. Em Minas a polícia pegou mandantes de um crime horroroso ocorrido há 19 anos. Estavam soltos". E Biu: "No Rio a criancinha de 3 anos que levou um tiro continua em estado grave".
Zé e Mané, sabe-se lá por quê, não tiravam os olhos de Lampa que, indiferente, danava-se a cutucar as unhas com seu estimado punhalzinho. Mané: "Pois é, no Rio a polícia continua matando. É como se fosse o nordeste de Lampião. Mata-se a torto e a direito".
Jão que a tudo observava, abriu a boca pra dizer que a coisa tá ficando feia pra Bolsonaro. "Ele foi operado e passa bem", disse Mané. "Passa mal, isso sim!", emendou depressa Barrica.
Do seu canto, Zilidoro pediu a palavra pra dizer que "Não é à toa que o cara passa mal, pois se acha em maus lençóis. Ontem o seu ex-ajudante de ordem...".
"Mauro Cid! Mauro Cid!", intrometeu-se Jão. "Pois é, como se não bastasse, esse Cid tão falado abriu o bico pra dizer que ele mesmo foi quem entregou 25.000 dólares nas mãos do seu chefe. E muito mais ainda vai dizer, como seu pai. O Maurão está dizendo à boca pequena que vai remover montanhas, se preciso, pra apresentar provas contra o ex-chefe do filho", completou Zilidoro.
Muito bem, pessoal! Mas pelo jeito vocês não estão sabendo de nada que aconteceu no STF.
"Não senhor, está enganado! Eu acompanhei tudo, tim-tim por tim-tim", protestou Zilidoro passando a mão no rosto e pedindo licença pra tomar um gole d'água. "Eu também, eu também acompanhei tudo!", disseram todos quase ao mesmo tempo. 

Sorri.

E já que todos acompanharam tudo no STF...

"O assunto é de grande importância para nós todos", recomeçou Zilidoro. Biu acrescentou: "Pareceu simplesmente um espetáculo a sessão de ontem e anteontem no STF. Teve até uma advogada que chorou por não terem lhe jogado um tapete vermelho para pisar".
Encerrando nosso papo, Zilidoro pediu licença pra enaltecer o "Dr. Google": "Um advogado, no plenário do STF, confundiu O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry com O Príncipe de Maquiavel. Essa coisa louca ele tirou do Google. Pode? É muita burrice ou não é?".
Inesperadamente, Lampa se levantou olhando pra todo mundo. Batendo palmas, disse: "A burrice também se acha entre os doutores".
Isso foi o suficiente pra o Zilidoro dizer, meio irônico: "Opa! Temos um filósofo aqui!".

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

BRASILEIROS DÃO ADEUS AO BRASIL

Assis e Carmélia
Ouvi hoje no rádio que Portugal é o país com o maior número de brasileiros residentes. É brasileiro de todo canto habitando Portugal. São cerca de 240 mil brazucas por lá.
Dizem que já tem até português perdendo sotaque e falando tal e qual brasileiros. O causador disso pode ter sido ou deve estar sendo o youtuber Lucas Netto, um garotão produtor de conteúdos infantis na Internet. Ai, ai. Mas essa é outra história.
A notícia do rádio dava conta de que pelo menos 30% dos imigrantes residentes em Portugal são de origem brasileira. Dados do ano passado 2022.
Ainda escutei o repórter dizendo que brasileiros morando fora do Brasil chegam ao expressivo número de 4,5 milhões. Os EUA encabeçam a lista dos países que mais acolhem brasileiros: 2 milhões e tarara. 
Incluindo Portugal, se acha nos países europeus algo entorno de 1,5 milhão de brazucas.
Ainda segundo o repórter, os brazucas deixam o país de origem em busca de vida melhor.
Essa notícia me fez lembrar a cantora Carmélia Alves, cujo centenário de nascimento ocorreu no último 14 de fevereiro. Muitas vezes ela me disse que seu desejo maior era trocar o Brasil por Portugal, terra que sempre a viu com bons olhos e a recebia com pompas e tudo mais nos teatros em que se apresentava. Dizia: "Ainda vou achar um velho rico e com ele vou morar em Portugal, terra querida".
Pois é, não deu.
Carmélia vivia praticamente esquecida no Retiro dos Artistas  no Rio. Morreu no dia 3 de novembro de 2012  no Hospital das Clínicas, em Jacarepaguá, RJ. Não deixou filhos nem herdeiros.
Triste e melancólico fim teve nossa Rainha do Baião.
Em 2016, Dimas Oliveira Jr. dirigiu o curta-metragem Carmélia Alves - A Rainha do Baião.  Dê uma espiadinha, não custa:

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

FUGITIVO É PEGO NO DIA DA CACHAÇA



Durante semana e meia o clube dos assassinos covardes comemorou abertamente a fuga espetaculosa do maranhense Danilo Cavalcante, na Pensilvânia, EUA. Essa fuga terminou nas primeiras horas do dia de hoje 13. A caçada contou com helicópteros, drones, matadores da S.W.A.T., cães, cavalos, o diabo.
O fugitivo em questão foi capturado, curiosamente, no Dia Nacional da Cachaça: 13 de setembro.
O Brasil ocupa o 3º lugar no ranking dos países produtores de destilados.
É brasileira a cachaça que ingerimos e exportamos.
Anualmente no Brasil é produzido algo em torno de 1,3 bilhão de litros de cachaça, ou pinga, como todo mundo diz. São Paulo é o maior produtor de pinga do País: 45% do total que se produz no território nacional. Que tal, hein?
Ingerem-se no Brasil a maior parte da cachaça produzida e apenas 1% ou 2% vai pra boca dos estrangeiros e estrangeiras.
Houve um tempo em que os EUA tentaram se apossar patenteando a cachaça que os brasileiros descobriram, mas não lograram êxito. Ali pelo século XVI, a rainha Luísa de Bourbon autorizou a colônia não só a produzir mas a ingerir o inebriante líquido. Foi um porre!
A matéria-prima da cachaça, a cana-de-açúcar propriamente dita, veio da Índia.
Os indianos descobriram a cana-de-açúcar anos antes de Cristo, pelo menos é o que conta a história.
A cachaça já provocou muita alegria e tristeza. E morte.
Foi no século 17 que ocorreu, no Brasil, a chamada Revolta da Cachaça. Foi no Rio, quando poderosos donos de engenho se levantaram contra o governo, por causa dos altos impostos cobrados. Deu tragédia com enforcamentos e tal.
De lá pra cá muita coisa foi feita em torno desse saboroso "veneno", degustado por pobres e ricos; engenheiros, médicos, profissionais liberais em geral. Nem o nosso Lula nega o sabor que a pinga tem. 
Para bons momentos, há sempre uma boa cana à espera de convivas. 
É certo que os americanos estão vibrando com a prisão do agora famoso assassino brasileiro. Pois, pois.
Existem já vários livros contando a história da cachaça. Um desses, O Prelúdio da Cachaça, de Câmara Cascudo, foi publicado em 1968. E muitos outros títulos como O Mito da Cachaça Havana, De Marvada a Bendita, Cachaça: Ciência, Tecnologia e Arte, A Revolta da Cachaça, Cachaça: História, Gastronomia e Turismo, Cachaça, Prazer Brasileiro e Os Segredos da Cachaça: Tudo o que Você Precisa Saber.
Muitas composições musicais também foram feitas para ressaltar os efeitos da cachaça como Pinga Ni MimMovido a ÁlcoolCachaceiroNo Embalo da CachaçaUm Copo de Pinga, Cachaça, A Cachaça, e Marvada Pinga, com Inezita Barroso. Ouça:


terça-feira, 12 de setembro de 2023

VANDRÉ PERTO DOS 100

Geraldo e Assis num encontro
cá em Sampa (05/06/2023)

Hoje 12 de setembro é um dia especial para o cantor, compositor, paraibano Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, o Vandré. Especial porque é o dia do seu nascimento.
Geraldo Vandré nasceu em João Pessoa e hoje está completando 88 anos de idade. É uma incógnita, o personagem Vandré.
A última apresentação profissional de Geraldo Vandré ocorreu na noite de 13 de dezembro de 1968, em Anápolis, GO. Ao término, ele pegou o boné e deu no pé num carro em direção ao Rio de Janeiro. Passou, assim, a perna nos agentes da ditadura escalados para prendê-lo no dia seguinte antes de um show marcado para o Iate Club de Brasília.
Depois de passar uma pequena "temporada" na casa da viúva do escritor mineiro João Guimarães Rosa, dona Aracy, Geraldo deixou o Brasil em direção ao mundo desconhecido. Primeiro Chile e depois... até Grécia. Retornou em 1973, há exatos 50 anos.
Na Alemanha deixou-se filmar para um belo documentário a seu respeito:
 


LEIA MAIS: CANTOS INTERMEDIÁRIOS DO VANDRÉPorta estandarte, a primeira vitória de Vandré (5/6/1966)VANDRÉ EM ENTREVISTA NA BANDEIRANTESHOJE É DIA DE VANDRÉ, VIVA VANDRÉ!

FUGITIVO É COMPARADO AO CAPETA


Pois é, a fuga continua com o fugitivo dando baile na Pensilvânia e pondo pra dançar seus perseguidores que se acham armados até os dentes.
No céu da Pensilvânia drones e helicópteros assustam pássaros e despertam a curiosidade do mundo em torno da caçada a um brasileiro fugitivo da cadeia Chester County.
Isso tudo me faz lembrar o filme Alcatraz - Fuga Impossível, dirigido por Don Siegel e estrelado por Clint Eastwood. É de 1979 e fez um sucesso danado. Conta a história de dois irmãos assaltantes, John e Clarence Anglin, que depois de presos foram condenados à prisão perpétua e levados à Alcatraz.
Alcatraz é uma ilha da Califórnia, EUA, e foi lá que em 1934 o governo construiu o que foi considerado por todos como o presídio de onde ninguém jamais poderia fugir. Entrou lá, lascou-se. Mas não foi isso que aconteceu, pelo menos com os irmãos John e Clarence. No referido presídio, de segurança "super 
Fausto em Alcatraz
máxima", John e Clarence conheceram o criminoso Frank Morris. Os três se juntaram e "armados" de colheres fizeram buracos na parede das celas e a partir daí alcançaram o teto e depois o mar, a terra e tal.
Foi uma loucura!
Isso ocorreu em 1962 e até hoje nada se sabe a respeito do paradeiro dos audazes fugitivos, embora tenha saído notícia dando conta de que pelo menos os dois irmãos deram as caras num ponto qualquer de Mato Grosso, Brasil. O resto é história.
Em março de 1963, portanto há 60 anos, o governo americano decidiu fechar o presídio por causa dos altos custos de manutenção.
Em 1995 o chargista paulista Fausto Bergocce esteve lá e na cela que "acolheu" o mafioso El Capone fez posse. Hmmm... Sei não, aí tem!
A super caçada ao maranhense Danilo Cavalcante continua na Pensilvânia e redondezas, sem dia nem hora para terminar. O prêmio para quem der dicas para encontrá-lo subiu para US$25.000.
Boa parte da população tem se juntado aos policiais de todas as esferas norte-americanas. A ideia é tirar de circulação o fugitivo brasileiro, o mais rápido possível. 
Andam chamando o maranhense de "capeta dos infernos".
Essa coisa vai terminar não sei como, mas que renderá filme, isso vai!

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

BANDIDO BRASILEIRO DÁ DOR DE CABEÇA NOS EUA

No dia 17 de setembro de 1963 os telespectadores foram surpreendidos com a estreia de uma série intitulada O Fugitivo. Pois, pois. Produção da CBS, já que a 20th Century Fox não deu bola para o projeto.
Eu era moleque na Paraíba e passei a vibrar diante da TV ainda em P&B. Eram fugas sensacionais encetadas pelo personagem-título interpretado pelo ator norte-americano David Janssen. Na telinha era um médico cassado pela polícia sob a acusação de ter assassinado a própria esposa. Preso, foi condenado à prisão perpétua.
A série em pauta teve 120 capítulos e, 60 anos depois, cá estou eu a lembrá-la. E a razão é simples: um brasileiro do Maranhão de 34 anos preso foi condenado à perpétua sob a acusação de ter matado a companheira com quem vivia nos EUA. Esse brasileiro, Danilo Cavalcante, também acusado de assassinato no Brasil está desmoralizando completamente as forças policiais americanas. Hoje faz 12 dias que o cabra está sendo caçado por centenas de policiais municipais, estaduais e federais. Dessa caça participam a S.W.A.T. e cães farejadores. Pelo menos duas dúzias de helicópteros e drones foram incluídos na força tarefa. 
Não há lembrança de que caso igual tenha acontecido lá nos States.
A cada dia passado, o erário americano gasta pelo menos 1 milhão de dólares na caça do agora famoso assassino.
Caso parecido no Brasil ocorreu em Goiás, GO, durante quase o mês todo de junho. O caçado também era um assassino. Nome: Lázaro Barbosa, baiano, 32 anos. Não matou a mulher, mas matou um monte de gente para roubar. Era um latrocida. 
A Bahia continua sendo o Estado mais violento do Brasil e o Maranhão, o mais pobre. Agora pergunto: Danilo terá o mesmo fim que teve Lázaro?
Em 1993, O Fugitivo ganhou uma badalada versão cinematográfica dirigida por Andrew Davis. Recomendo.
David Janssen morreu de um ataque cardíaco aos 48 anos de idade, em Malibu, EUA.

sábado, 9 de setembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (43)

Paulistano do bairro do Brás, da safra de 43, Drauzio Varella estudou na Universidade de São Paulo e lá formou-se em Medicina especializando-se em Oncologia, mas foi combatendo a AIDS entre os presos do Carandiru que ficou nacionalmente conhecido.
Seu trabalho voluntário na Casa de Detenção findou por gerar o livro Estação Carandiru, que virou filme.
E foi para o Carandiru que o Dr. Drauzio Varella levou o Vira Lata, personagem criado pelo roteirista Paulo Garfunkel, Magrão e transposto para a revista desenhada pelo quadrinista Líbero.
Eu pedi e Drauzio não se negou a dar um depoimento sobre a importância do Vira Lata entre os presos. Aproveita pra dizer como conheceu Magrão e Líbero. Leia, vale a pena:

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“Eu conheci o Paulo Garfunkel, o Magrão, através da minha mulher, Regina Braga, que fez uma peça com ele e o Jean Garfunkel, irmão do Magrão. E aí o Vira-Lata caiu nas minhas mãos um dia, era o primeiro número e eu achei muito interessante. Gostei muito do personagem e das ilustrações feitas pelo Líbero Malavoglia. E aí, um dia na cadeia, eu estava no Carandiru nessa época, eu levei uns folhetos de um Congresso Internacional de AIDS e distribui a cadeia. Era bonito, sabe? Um papel de ótima qualidade. Daí conversei com o pessoal da faxina e disse, “como é que o esses folhetos são recebidos aí?” Um deles falou: “ah, doutor... os folhetos são bonitos, mas o pessoal dá uma olhadinha e joga no lixo.

Bom, não é assim que a gente vai atingir essas pessoas. Então, lembrei do Vira-Lata e pensei: quem sabe um gibi? Porque eu via “eles” lendo gibis, especialmente naquelas celas coletivas, naquelas celas do “Amarelo”, por exemplo, para onde iam os marcados para morrer, via o pessoal lendo histórias em quadrinhos. “Pô” quem sabe, essa não é a linguagem pra atingir esse alvo, né? E aí conversei com o Magrão: por que que a gente não faz o Vira-Lata adaptado para a situação de cadeia? Ele gostou muito e conversou com o Líbero e já começou a pensar nas histórias, e a gente definiu quais eram as características principais do herói: ele não usava droga injetável de jeito nenhum, porque na época a cocaína injetável era muito usada nas cadeias e era a principal forma de transmissão do HIV e das hepatites. Segundo lugar, ele era um ex-presidiário, tinha cumprido pena no Carandiru, no passado. De tempos em tempos ele voltava à cadeia para visitar velhos amigos e alguns desses amigos contavam um problema que estavam tendo na rua. E o Vira-Lata saía então, para ajudá-los a resolver esse problema. E aí ele se envolvia em aventuras que tinham basicamente violência e sexo. Só que, e isso era uma característica fundamental do personagem, é que ele não fazia sexo sem preservativo. E na época, o que a gente queria falar na cadeia era exatamente isso, divulgar o preservativo, como parte da vida sexual. E os desenhos eram muito bem-feitos, era um gibi de cenas eróticas fortes.
Eu, quando era menino, tinha um gibi, que era feito pelo pelo Carlos Zéfiro que tinha histórias de sexo, era um Gibi de sacanagem, os “catecismos”. E dizem que o Carlos Zéfiro foi o grande educador sexual dos anos 50 e 60. E o Líbero era um desenhista, lógico, mais preparado do que o Carlos Zéfiro, e as cenas do Vira-Lata eram muito bem desenhadas com uma ilustração ótima. Ele ficou muito conhecido na cadeia, né(?), porque foram criados 7 números. A gente distribuía, à noite de cela em cela, juntava um bando de amigos íamos pra a Detenção e fazíamos a distribuição. A cadeia era muito grande tinha mais de 7.000 presos. A gente distribuía o Vira-Lata e imediatamente eles começavam a ler. Eu acho que esse tipo de personagem que foi popular lá no antigo Carandiru, seria popular hoje também nas outras cadeias. Lógico que teria que ser adaptado para os problemas atuais. Hoje droga na veia não é mais problema nas nossas cadeias. Mas o sexo sem preservativo é, então, se nós conseguíssemos adaptar para a situação atual, porque, afinal, já se passaram aí 30 anos, né(?). Mas eu acho que esse personagem poderia fazer sucesso entre a população carcerária se fosse distribuído pelos presídios todos. Eu fico muito feliz de ter participado do Vira-Lata, com toda historia escrita pelo Paulo Garfunkel, o Magrão e o Líbero Malavoglia fazia aqueles desenhos maravilhosos”.