Cadu Ribeiro e Arthur Favela |
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terça-feira, 30 de abril de 2024
TEM COISA BOA NA SALA ADONIRAM
segunda-feira, 29 de abril de 2024
SOROCABA EM ESTADO DE GRAÇA
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (93)
A violência contra a mulher, qualquer tipo de violência, merece punição.
Hoje em dia as mulheres, grosso modo, estão conquistando merecidos espaços na sociedade conservadora e hipócrita em que vivemos.
São muitos os casos vitoriosos alcançados pelas mulheres, seja lá onde for.
Já falei, mas repito: o primeiro livro classificado como romance no Brasil foi escrito por uma mulher de nome Maria Firmina dos Reis.
Outra escritora de livros eróticos, Adelaide Carraro (1936-1992) também não saiu da mira dos militares. Era uma figura sensível e politizada. Não casou, mas adotou duas crianças.
Adelaide considerava o Brasil como o melhor país do mundo.
Adelaide Carraro tinha 36 anos de idade em 1968, cinco processos judiciais em andamento e dúzia e meia de prisões nas costas.
Em meio às dezenas de livros que Adelaide publicou acham-se O Estudante e Eu e o Governador, que trata das suas relações sexuais com o político mato-grossense Jânio da Silva Quadros (1917-1992).
Cassandra e Adelaide foram as escritoras mais censuradas no decorrer do regime militar (1964-1985).
Adelaide, Cassandra e o erotismo na literatura brasileira mereceram estudos publicados em livros de Rodolfo Rorato Londero em 2016 (Pornografia e Censura: Adelaide Carraro, Cassandra Rios e o Sistema Literário Brasileiro nos Anos 1970), Juana Belinaso em 2020 (Escrever é Subversivo: Censura a Livros Eróticos e Pornográficos na Ditadura Civil-Militar Brasileira) e Juliana Moreira de Sousa também em 2020 (Censura e Erotismo na Literatura de Cassandra Rios).
domingo, 28 de abril de 2024
SEM EDUCAÇÃO NÃO HÁ CIVILIDADE
As datas comemorativas constantes no calendário de qualquer país para lembrar ao cidadão, fale ele que língua fale, que há história.
História é história.
Um país faz história, com guerras e mortes.
As datas começam em quaisquer calendário já no dia 1° de janeiro.
O 1° de janeiro é o dia mundial da Paz.
Em fevereiro, no Brasil, quase sempre é Carnaval.
Mais importante do que o Carnaval em fevereiro é o dia do nascimento do historiador santista José Ramos Tinhorão. É dele o dia 7 desse mês. O 12 seguinte é o dia de nascimento do cuiqueiro paulistano Osvaldinho.
Março 8 é o Dia da Mulher.
Como se não bastasse, o mês de março nos traz a triste lembrança da escuridão total provocada pelos militares a partir desse mês em 64.
Maio marca o Dia do Trabalhador e da Abolição.
Triste, muito triste, o longo tempo que durou a submissão forçada dos negros trazidos de África pata o Brasil.
Junho é o mês dos três mais famosos santos do calendário católico: Antonio, João e Pedro. De tabela, Paulo.
Julho é importantíssimo por ser o mês do nascimento de Clarissa.
Agosto nos traz a lembrança da importância da cultura popular.
Setembro é importante por ser o mês da Primavera.
E outubro, hein?
Esse belo mês de vento livre, leve e solto nos leva à reflexão da importância das crianças na formação do mundo.
Ah! Nesse mesmo mês de outubro os católicos brasileiros param para pensar e rezar em memória da santa Aparecida.
Depois de Aparecida em outubro, logo em seguida vem o Dia do Professor: 15.
Foi em novembro de 1889 que os militares puseram no poder o marechal Deodoro. Com isso, caiu o Império e no seu lugar ganhou forma a República.
Dezembro, finalmente, nos traz a lembrança do nascimento do Rei do Baião.
"Você não falou do mês de abril", observa Flor Maria.
Concordo e adianto: o mês de abril nos lembra o dia dos povos indígenas (19), o dia da chegada do navegador português Cabral na Bahia (22) e o Dia da Educação (28).
O dia 28 de abril é o dia nacional e mundial da educação.
A educação no Brasil e no mundo engatinha com dificuldade.
O que será do Brasil e do mundo sem educação?
Sem educação não há compreensão, nem respeito entre as pessoas.
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (92)
Nietzsche quis se casar, mas a pretendente fugiu da raia com alguém que julgou ser melhor do que o filósofo. Isso pode ter gerado nele rancor, pois justificativa não houve para que se transformasse no misógino em que se transformou. Pra ele, mulher não significava nada a não ser servir ao homem. Dizia, por exemplo: “A mulher deve ser considerada como propriedade do homem, como fazem os orientais”.
E como se não bastasse, atirou sua ira contra o Criador: “Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? Também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos!”.
Nietzsche morreu num hospício, doido, depois de uns 12 anos sem escrever nada.
Como Schopenhauer, o filósofo francês Jean Paul Sartre optou por não se casar e nem ter filhos.
E como Sartre, Simone de Beauvoir também não se casou e nem teve filhos.
Sartre e Beauvoir viveram juntos por muito tempo. Conheceram-se em 1929. No ano seguinte, ela publicou seu primeiro romance: A Convidada.
Nesse livro ela cria um triângulo amoroso. Até que chega mais alguém. Rolou orgia, troca troca e tal.
Ela teve muitos amantes, entre homens e mulheres.
O lesbianismo está presente em muitos livros, muitos filmes, peças de teatro e tudo o mais.
Um dos últimos livros da paulistana Cassandra Rios Intitulou-se Eu Sou Uma Lésbica.
A personagem tinha por nome Flávia, talvez seu alter ego.
Foi um Deus nos acuda!
Naqueles tempos duros de chumbo grosso a escritora paulistana alcançava a marca histórica de um milhão de exemplares vendidos de sua obra considerada pelos milicos pornográfica.
Cassandra, cujo nome verdadeiro era Odette Pérez Ríos, escreveu seu primeiro livro quando tinha 16 anos de idade. Título: A Volúpia do Pecado.
Pra provocar seus perseguidores, Cassandra escreveu o livro A Santa Vaca (1978) por ela mesma classificado, aí sim, pornográfico.
A obra de Jorge Amado é toda recheada de encontros e desencontros, de prostitutas valentes.
Nas histórias de Jorge o bem sempre vence.
O Bandido da Luz Vermelha, de batismo João Acácio Pereira da Costa (1942-1998), era catarinense e morreu assassinado num bar depois de cumprir uns 30 anos de reclusão no antigo Manicômio de Franco da Rocha, SP. Sua condenação deveu-se a assaltos e estupros que praticava nos bairros da elite paulistana. Não escreveu livro, nem nada, mas foi tema de um filme em 1968.
quinta-feira, 25 de abril de 2024
NO SESC, UM DEFEITO DE COR
terça-feira, 23 de abril de 2024
LULA, ATENÇÃO: LER É BOM E DOCE!
domingo, 21 de abril de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (91)
Vencer a batalha contra a luxúria, contra a "objetificação" do outro, pode ser uma empreitada ao longo da vida. O verdadeiro amor não possui, ele se doa; servir é melhor do que conquistar. Porque se não há amor, a vida é triste, é uma solidão triste.
A luxúria (do latim luxuriae) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”. Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.
sábado, 20 de abril de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (90)
Oscar Niemeyer |
Naquele ano de 68, na Suécia, foi realizada uma grande exposição de arte pornográfica. Os organizadores dessa exposição não conseguiram, porém, reconhecer a palavra pornografia, “Em vez disso, eles descreveram a exposição como uma mostra de arte erótica e propuseram uma tentativa de distinguir esta última da pornografia ao tratar pornografia como especulação financeira prejudicial e arte erótica como uma forma de arte meritória”, lembrou anos depois o escritor inglês Poul Gerhard, acrescentando: “Esta distinção apenas preservou uma confusão de ideias claramente demonstrada na legislação, a qual, por um lado, permite arte de conteúdo erótico enquanto, por outro, proíbe pornografia. Uma indicação da impraticabilidade de tal distinção é o caos jurídico que ocorre com tanta frequência nos últimos anos, quando a questão da pornografia tem sido levada aos tribunais. Os limites da arte pornográfica são mais do que formalmente fixos, e surge o fato de que a atividade artística-pornográfica não está restrita a um período articular, nem está ligada a nenhum ‘ismo’. Arte pornográfica é tão antiga quanto a própria arte”.
Foi naquele maldito ano, mais precisamente no dia 13 de dezembro, que os brasileiros tomaram conhecimento do enorme catatal pornográfico intitulado AI-5.
Esse Ato fechou portas e bocas no Brasil. Muita gente foi perseguida, presa, torturada, morta e muitos dos que não morreram, foram exilados.
Antes de 68, mais precisamente quatro anos antes, o arquiteto Oscar Niemeyer foi preso pelos gorilas da repressão. Ao ser inquirido sobre como “ganhara tanto dinheiro”, entredentes respondeu: “Dando o cu”.
Na versão definitiva do seu depoimento, o escrivão pôs lá: “Quando perguntado sobre como havia auferido tantos resultados financeiros, o inquirido afirmou que praticando a pederastia passiva”. Oscar não aceitou essa versão, dizendo: “Eu não disse isso, disse dando o cu!”.
Triste ano.
O assunto é amplo e sempre polêmico.
sexta-feira, 19 de abril de 2024
DEUS CRIA, O HOMEM MATA
Drones e mísseis pipocam no céu do Oriente Médio, assustando Deus e o mundo.
É muito pipoco.
É muita gente caindo ferida e morta no chão. Crianças e mães clamam por Deus, mas parece que Ele não está nem aí.
Tenho medo, quem não tem?
Lendo o livro A Chave do Tamanho (1942), escrito pelo taubateense Monteiro Lobato, deparo-me com o narrador falando a respeito do poeta do povo, Castro Alves. Mais adiante o autor vai falando pela boca dos personagens sobre a maldade dos homens e a loucura que são as guerras.
Lembro também de Jorge Amado, por ter escrito o belíssimo livro ABC de Castro Alves (1941).
Não posso aqui deixar de lembrar também do cearense José de Alencar.
Esses três autores representam com categoria, através dos personagens que criam, a mistura de cores de que se enriquece o Brasil: índio, branco e negro.
Alencar foi o primeiro a pôr indígenas numa leitura de romance (O Guarani, 1857). Esse livro virou ópera composta pelo negro paulista Carlos Gomes.
Jorge Amado pôs as três cores nas suas histórias. Escreveu sobre o Brasil pé no chão, representado pelo povo.
No livro A Chave do Tamanho Lobato diz o que pensava sobre nazismo, dinheiro e poder pela boca da boneca Emília.
Bom, hoje é o Dia dos Povos Indígenas. E por assim ser não custa dizer que dos cinco ou oito milhões de indígenas que o Brasil tinha antes da colonização portuguesa restam de descendentes menos de dois milhões. Segundo o IBGE, 1,7 milhão.
Fora isso, ainda há 274 línguas indígenas de um total estimado em 1,2 mil até o ano de 1500.
É isso!
quinta-feira, 18 de abril de 2024
LER É PRECISO. SEMPRE!
Embora carregue comigo cara e gestos de adulto metido a besta, confesso-me criança desde que aprendi a andar com os próprios pés e a falar coisas deste mundo vão.
Sou, como alguns devem saber, da safra de 52 do século passado. O berço, de origem simples, teve por nome Paraíba.
Profissionalmente entrei para o jornalismo. Li e continuo lendo muito. Só que de modo diferente, como fazem aqueles que perderam a graça de ler com os olhos.
Nos tempos de criança eu fortaleci a alma ouvindo histórias de Trancoso contadas por minha santa avó Alcina.
Vim a tomar conhecimento da existência dos irmãos Grimm ali pela virada dos 50...
Os irmãos Grimm eram dois, Jacob e Wilhelm, que bem cedo passaram a gostar das lorotas infantis, ou quase infantis, que ouviam dos mais velhos.
São muitas as histórias que os Grimm escreveram pensando nas crianças.
Depois dos irmãos Grimm, outros autores vieram à tona trazendo histórias e personagens encantados. Uma beleza!
E no Brasil, hein?
Figueiredo Pimental foi um cara nascido nas cercanias da capital carioca, em 1869. Foi jornalista, poeta e romancista que acabaria seguindo a carreira diplomática. Foi uma figura e tanto.
Pimental publicou muitas coisas nos jornais do Rio.
Ao mesmo tempo que escrevia pra jornais, Figueiredo Pimentel arregaçava as mangas e se divertia escrevendo histórias de amor, sexo e, grosso modo, muita putaria para adultos. Era da linha naturalista como Aluísio Azevedo e Adolfo Caminha.
Depois de Pimentel deu o ar da graça o paulista de Taubaté Monteiro Lobato.
Lobato entrou para a história como o pai da literatura infanto-juvenil.
A obra de Lobato é enorme, a partir do seu Sítio do Pica-pau Amarelo.
Ao contrário de Pimentel, Lobato não escreveu livro de safadeza.
A propósito, hoje é o Dia Nacional do Livro Infantil.
quarta-feira, 17 de abril de 2024
A MORTE NÃO MATOU CHAPLIN!
Quando na vida há entendimento entre pessoas, fica melhor ainda.
Compreensão e bem-estar fazem-nos cada vez melhor no dia a dia.
O dia a dia com sorrisos e abraços nos completam.
Outro dia lendo Guimarães Rosa ouvi de um de seus personagens a frase marcante: "Tristeza é aboio que traz o Demônio".
Isso está lá na história contada por Rosa, esta: Hora e Vez de Augusto Matraga.Agora há pouco o compadre Fausto lembra-me que hoje é o dia do encantamento de Charles Chaplin. Aquele de Tempos Modernos, manja?
Foi em 1977. Na cama o personagem fechou os olhos e dormiu. Não teve tempo de acordar, porque na carência de alguns celestiais o Chaplin tinha que estar lá naquele dia, hora e vez.
O que Deus quer não se discute.
terça-feira, 16 de abril de 2024
O BRASIL MAIS POBRE SEM ZIRALDO
Ziraldo, o generoso
Corria o ano de 1988, tinha eu 15 anos incompletos. Vivíamos em Canindé (CE). Meu irmão Arievaldo, cinco anos mais velho do que eu, editava, com outros amigos, um fanzine de humor chamado Tramela. Um dia, revirando os materiais da sala onde ele costumava preparar a publicação, dei de cara com um jornal humorístico chamado Torre de Babel. Lendo o jornal, vi um pequeno anúncio que divulgava o 3º Salão de Humor do Piauí. Eu não sabia bem o que era um salão de humor, mas me deu uma vontade imensa de fazer um.
segunda-feira, 15 de abril de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (89)
Palavras como pornografia e licenciosidade são palavras praticamente novas na boca do povo mundo afora.
Um pintor renascentista pintando uma modelo pelada, não é pornografia.
E fotógrafo de hoje fotografando modelos peladas, hein?
Assim dito, simplesmente, não é pornografia.
Pornografia é a imagem e texto feitos especialmente para provocar excitação sexual. Veja o que diz o verbete do Dicionário Houaiss:
Pornografia (1899 cf. CF1)O jornalista e humorista Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, nasceu no Rio Grande do Sul em 1895 e morreu no Rio. Fez muita gente rir com suas tiradas bem humoradas. Tiradas essas que irritaram profundamente os agentes da ditadura militar. Foi vereador. Preso certa vez, e depois de muito apanhar, escreveu numa tabuleta que pôs presa na porta do seu escritório. Nela lia-se: “Entre sem bater”.
substantivo feminino
1. estudo da prostituição
2. coleção de pinturas ou gravuras obscenas
3. característica do que fere o pudor (numa publicação, num filme etc.); obscenidade, indecência, licenciosidade
4. qualquer coisa feita com o intuito de ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como atrativo (p.ex., revistas, fotografias, filmes etc.) ‹vende pornografias› ‹fica vendo p. pela televisão› tb. se diz apenas pornô
5. (1899) violação ao pudor, ao recato, à reserva, socialmente exigidos em matéria sexual; indecência, libertinagem, imoralidade
Na França, pescoço é cou
(como anda tudo a esmo!)
No Japão, Ku é ministro,
No Brasil cu é cu mesmo…
Essa pérola se acha no livro Antologia da Poesia Erótica Brasileira, organizado por Eliane Robert Moraes.
Torelly e seu personagem morreram em novembro de 1971.
domingo, 14 de abril de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (88)
Essas publicações, na maioria, traziam a indicação: “Leitura para homens”.
No artigo Erotismo & Pornografia na Arte: Uma História Mal Contada, assinado pelo professor da Universidade Federal do Pará Afonso Medeiros, lê-se que:
A simples menção da palavra “pornografia” acarreta estranhamento e, no campo das artes visuais, resume-se tudo ao termo “erotismo”. No tratamento do tema persiste a ideia de que basta uma inversão de sentido dos signos (entre pornografia e erotismo) para se resolver a questão. E, no entanto, a pornografia é, ao mesmo tempo, ascendência e descendência do erotismo na medida em que a existência de ambos é inextricável e essencialmente interdependente. Em outros termos, não existe erotismo sem pornografia e vice-versa.Houve um jornalista e escritor português muito conhecido no Brasil chamado Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910), que usava pseudônimos nos seus livros e folhetos de cunho pornográfico: Rabelais e Condessa de Til, por exemplo.
Como Rabelais, sobrenome do grande escritor francês, publicou Volúpias: 14 Contos Galantes, Lascivas, Libertinas e por aí vai.
Como Condessa de Til, Alfredo Gallis pôs à praça O Que as Noivas Devem Saber! Livro de Filosofia Prática.
Com seu próprio nome, Alfredo publicou dois livrecos que deram muito o que falar no seu tempo: A Amante de Jesus e As 12 Mulheres de Adão. Críticos da época não economizavam adjetivos para esculambá-lo.
segunda-feira, 8 de abril de 2024
ZIRALDO NÃO MORREU!
Um maluquinho por Ziraldo (1932-2024)No início dos anos 1960, uma das grandes diversões da garotada de Reginópolis era a leiturade gibis, que chegavam em profusão à cidade. Entre todos os estilos, todas as histórias e todos os personagens, um gibi muito especial se destacava: “Turma do Pererê”, do Ziraldo.Grandes aventuras se passavam na Mata do Fundão, através dos personagens tipicamentebrasileiros. Foi para mim meu primeiro toque de “brasilidade”. Desde então, me tornei ummenino maluquinho por Ziraldo e pude seguir seu trabalho pela vida inteira.Por toda a sua grande obra, mestre Ziraldo se tornou referência para muitas gerações,inclusive para a minha. Obrigado, Ziraldo.
VIVA A ANA MARIA!
domingo, 7 de abril de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (87)
Em tragédia também finda o romance Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco (1825-1890).
No seu mais conhecido romance Castelo Branco, que deixou uns 300 livros publicados, põe na sua história um jovem estudante de Direito em Coimbra, Simão, que se apaixona perdidamente por uma moçoila pra lá de bonita. E tudo vai mais ou menos numa boa. O pai da jovem não aceita o estudante como genro. Encurtando: a menina de nome Teresa, é enfiada num convento e logo adoece e morre de tuberculose. Ele morre também, no mar. E atrás dele segue uma jovem cujo amor ele não correspondia com a mesma intensidade que ela desejava. Seu nome: Mariana. Mas isso não quer dizer que Simão, Teresa e Mariana não formassem um trio cheio de vontade de um ter ao outro.
Eça de Queiroz era português e Camilo Castelo Branco também.Castelo enfrentou problemas com a jogatina. Era viciado. Com o tempo ficou cego e, desesperado, deu um tiro no coco, mas antes disso, cumpriu pena na cadeia do Porto numa cela contígua à cela do bandido Zé do Telhado (1818-1875).
O brasileiro de Minas Bernardo Guimarães (1825-1884) deixou uma obra ótima. Além de O Seminarista, ele escreveu A Escrava Isaura (1875). Há amor nas páginas desse livro, tortura e morte também. Ganhou a tela da Globo e o coração dos chineses. É de fins do século 19.
Bernardo foi um dos autores pioneiros na arte de versificar amor e sexo, prazer, paixão e erotismo.
Em 1875 ele discorre sobre a temática em pelo menos dois longos poemas marcantes: A Origem do Mênstruo e O Elixir do Pajé.
Em Origem do Mênstruo, o famoso romancista começa cantando em quadras a mulher e deuses como Vênus, Cupido, Vulcano, Anquises, Marte. Fala isso tudo com talento invejável. E coragem, pois a época palavrões e coisas que tais diziam-se e faziam-se nos escuros da madrugada. Bernardo:
‘Stava Vênus gentil junto da fonte
Fazendo o seu pentelho,
Com todo o jeito, p’ra que não se ferisse
Das cricas o aparelho.
Tinha que dar o cu naquela noite
Ao grande pai Anquises,
O qual, com ela, se não mente a fama,
Passou dias felizes…
Rapava bem o cu, pois resolvia,
Na mente altas ideias:
— Ia gerar naquela heróica foda
O grande e pio Enéias.
Mas a navalha tinha o fio rombo,
E a deusa, que gemia,
Arrancava os pentelhos e, peidando,
Caretas mil fazia!...
sábado, 6 de abril de 2024
TODO DIA É DIA DE ANA MARIA
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (86)
O romance O Crime do Padre Amaro (1875), de Eça de Queiroz, traz o protagonista todo cheio de amor pra dar. E aí rola um triângulo amoroso. Uma pérola.
Essa foi a maneira que Eça encontrou para tascar a ripa no Clero mostrando assim, impiedosamente, suas vísceras maltratadas pelo vício da putaria e da hipocrisia então presentes nos velhos monastérios espalhados mundo afora.
Como se vê, Diderot e Eça foram observadores de um tempo que parece não ter passado. Não à toa, o Papa Francisco tem mostrado com firmeza os pecados cometidos pela Igreja num passado não tão remoto.
O crime de Amaro se repete de várias formas em tudo quanto é história inventada ou não.
Esse foi o primeiro grande sucesso literário de Eça.
Depois da história do padre Amaro, o autor português ganharia a atenção dos seus milhares e milhares de leitores espalhados por aí com outra originalíssima história envolvendo um par de parentes: Luísa e Basílio.Luísa é casada com Jorge, mas o trai com Basílio. Daí o título do livro: O Primo Basílio, cuja primeira edição data de 1878.
Pra pôr o caldo a ferver, entra na história dos primos a empregada Juliana. E tome chantagem!
Em 1888, o mesmo Eça revoluciona o campo literário com um novo romance intitulado Os Maias.
Esse livro traz um monte de personagens conflituosos. Começa com Carlos da Maia fazendo uma visita de reconhecimento à mansão da família.
A história é longa e se desenvolve em dois calhamaços prendendo o leitor do começo ao fim. Tem traições e até incesto. Acontece entre os irmãos Carlos e Maria Eduarda. Passa-se em Portugal dos 800, mais para o final. E pra não perder o hábito o autor atira sua pena ferina contra a sociedade portuguesa daquele tempo. É pra lascar! E por cá, me calo.
Segundo a sabedoria popular, a vida imita a arte. Basta ver o que tem ocorrido com a família Real do Reino Unido.