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sábado, 27 de fevereiro de 2021

UM MAR DE GENTE MORTA

O Novo Coronavírus, que num passe de mágica transforma-se em COVID-19, está pegando todo mundo. Todo o mundo.

O número de mortes provocado pela Covid-19 já matou pra lá de 2 milhões. Só nos EUA, mais de 500 mil. No Brasil, mais da metade de 500 mil.

É muita gente morrendo sufocada, não é mesmo? Triste, muito triste.

Indiferente a essa desgraça, esse pandemônio, o presidente Bolsonaro fecha os olhos e dá de ombros como se nada tivesse ocorrendo no nosso solo pátrio.

Bolsonaro, ao contrário do que deveria fazer joga absurdamente contra a população brasileira. Ele só pensa naquilo, isto é: reeleição.

Como se vê, o Brasil é um barquinho de papel flutuando sem rumo num mar em tempestade.

Até quando o presidente da República continuará à solta, cometendo crimes contra nós, hein?

Quando o número de mortes provocada pela Covid-19 chegou a 100 mil, escrevi um poema.

Quando o número de mortes chegou a 200 mil, escrevi um poema.

Quando o número de mortes chegou a 250 mil, escrevi um poema.

Confira abaixo os poemas que fiz para marcar a tragédia que é a Covid-19:

https://www.youtube.com/watch?v=pCXFuSpcvoE&feature=emb_title 

https://www.youtube.com/watch?v=_Zblbw5AGF0&t=41s




ZÉ DANTAS E NOSSA HISTÓRIA (1)

Quem foi que disse que música não tem a ver com política?
Tudo é política, já dizia o dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).
A música popular é riquíssima, no Brasil e no mundo inteiro.
A música popular registra tudo que se passa com o popular, quer dizer: com o povo, com a vida do povo.
Em 1952/53 o Nordeste vivia mais uma seca terrível.
Naquele tempo, o Brasil tinha 22 Estados. Mas o governo não dava bola ao Nordeste, como hoje.
Não era brinquedo o que o Nordeste vivia naquele tempo, com o sol torrando a terra nada sobrevivia. A não ser a esperança, que não morre à toa.
O abandono era total. Cada um por si. Mas os nordestinos sobreviviam, como costumam sobreviver a todas as intempéries. Políticas, inclusive.
O gaúcho Getúlio Vargas, caudilho, tomou o poder em 1930.
Em 1937, ele deu mais um golpe: Estado Novo.
Em 1939, Hitler assustou o mundo invadindo países e matando gente. Getúlio virou seu aliado.
No ano de 39, um pernambucano preto e semi-analfabeto deixava as fileiras do Exército para se aventurar nos puteiros do Rio de Janeiro. Era sanfoneiro: Luiz Gonzaga.
Em 1945, Getúlio foi obrigado a renunciar à presidência.
O governo que substituiu Getúlio, Gaspar Dutra, foi breve. Durou quatro anos. Em seguida, Getúlio voltou pela força dos Diários Associados do magnata da Imprensa Assis Chateaubriand (1892-1968).
Até então, na nossa música, ninguém ousara expor as mazelas do País. A não ser, timidamente, o embolador Manezinho Araújo (1910-1993).
Manezinho estreou no mercado fonográfico em 1933, com Se Eu Fosse Interventô e Minha “Pranta Forma”. LEIA MAIS: MANEZINHO ARAÚJO E O HINO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Em 1953 o Nordeste comia o pão que o Diabo amassava. Destemido, o pernambucano de Carnaíba, José Dantas, filho de outro José e Josefina, centrava-se nas amarguras do seu povo e compunha Vozes da Seca.

Vozes da Seca, um baião, foi a primeira música constante da discografia brasileira que denunciava aos ouvidos do grande público as mazelas vividas pelo povo nordestino. No Congresso, um Deputado levantou-se para dizer que essa música tinha a força de qualquer discursos contra fome, a seca, a dor e todas as demais mazelas sofridas por um povo abandonado pelo poder público.

Logo depois de Dantas, veio outro pernambucano chamado Luiz Vieira. No poema, Se Eu Pudesse Falar, denuncia também o sofrimento do povo pobre.

Getúlio matou-se com um tiro no peito em 1954. Cinco anos depois Gonzaga gravaria uma música de engrandecimento às riquezas do País: Marcha da Petrobrás.
Zé Dantas foi um dos mais conscientes cidadãos pernambucanos. Intelectual de boa cepa. Foi médico, mas encontrou no viver da simplicidade a grandeza de um povo que retratou em mais de 40 composições gravadas por Luiz Gonzaga.
Os dois se conheceram em 1947, em Recife, mesmo ano em que conheceu sua primeira e única mulher, Iolanda Simões, com quem teve três filhos. Detalhe: a primeira música de Zé Dantas foi feita em homenagem à sua mulher, à época namorada. Título: Flor Ingrata, que foi gravada muitos anos após a morte do autor... LEIA: NO CÉU MAIS UMA ESTRELA, IOLANDA DANTAS ZÉ DANTAS, REFERÊNCIA GONZAGUEANA
Em 1949, Gonzaga gravava a primeira música de Zé Dantas: Vem Morena, cujo o título original era Resfolego da Sanfona.
Nome completo desse cidadão nascido de Carnaíba: José de Souza Dantas Filho, nascido no dia 27 de fevereiro de 1921.


 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

COVID MATA MAIS DO QUE GUERRAS

A Guerra do Paraguai começou em 1864 e terminou em 1870, envolvendo além do Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.
A Guerra de Canudos começou em novembro de 1896 e terminou em outubro do ano seguinte, envolvendo grandes levas de nordestinos que não tinham o que comer nem onde morar.
A primeira vítima fatal da Covid-19 no Brasil ocorreu em março de 2020.
Pois bem, na Guerra do Paraguai morreram cerca de 50 mil brasileiros.
No decorrer da Guerra de Canudos, no interior da Bahia, morreram 25 mil pessoas.
No decorrer de 11 meses a contar de março de 2020, morreram 251.661 pessoas sufocadas pela Covid-19 no Brasil.
Nos seis anos que durou a Guerra do Paraguai, houve grandes perdas de todos os lados. O confronto mais sangrento dessa guerra ocorreu na região pantanosa de Tuiuti, no dia 24 de março de 1866, quando morreram 737 brasileiros.
O número de mortos pela Covid ontem 25 foi de 1582, ou seja: mais do que o dobro de mortes ocorridas na terrível batalha de Tuiuti.
Não dá pra esquecer: a Covid-19 já matou 5 vezes mais do que a Guerra do Paraguai.
Não dá pra esquecer: a Covid-19 já matou 10 vezes mais do que a Guerra em Canudos, quando sobraram pouquíssimas pessoas para contar aquela história.
Enquanto isso, o presidente da República dá de ombros à tragédia que vivemos. Chegou a dizer ontem 25 que as máscaras provocam efeitos colaterais nos usuários. É o capeta. LEIA MAIS: O CRIMINOSO BOLSONARO

PAÍS DE AMADORES

O Tom Jobim tinha razão quando dizia que o Brasil não é para amador.
E não é mesmo. 
O Brasil parece ser um país fora de qualquer contexto. 
No Brasil não tem terremoto, tsunami, vulcões em atividade, mas tem uns políticos que deus nos acuda. 
O que Bolsonaro faz com o povo é triste, lamentável. Ele faz o que ninguém faz: humilha-nos a todo tempo.
Jornalista, pra ele, não é gente. 
Desde sempre ele ataca jornais e jornalistas de todas as formas. 
A mais recente agressão ocorreu ontem 25 no Acre. 
Durante entrevista coletiva, um repórter quis saber o que achava da decisão do STJ em suspender os sigilos bancário e fiscal do seu filho senador, Flávio. 
Subiu nos tamancos e latiu: "Acabou a entrevista!".
Pois é, somos mesmo amadores. 




UM HOMEM RIDÍCULO

Não tinha Covid nem nada, mas queria morrer. Matar-se. Para isso comprou um revólver e balas, mesmo com a grana curta e morando numa espelunca.
Faltava a hora exata para a vida com os miolos estourados. 
A hora estava chegando. 
Era noite, umas onze.
Lá fora caia uma chuva fina, fininha, muito gelada.
Olhando para o céu, descobriu uma estrela lá longe. Parecia piscar-lhe. E ele pensou: é hoje. 
Estava a caminho de casa. 
De repente, uma menina de uns oito anos correu a seu encontro tremendo e pedindo ajuda. Ele não deu bola e apressou o passo. A menina implorou. Mas ele fez-se ouvido de mercador. 
Chegou na espelunca em que vivia e arriou numa poltrona. 
Na espelunca tinha um divã, uma mesa e duas cadeiras, além da poltrona. 
Sobre a mesa, alguns livros. 
Na gaveta da mesa, um revólver carregado esperava seu dono. 
Todo mundo o achava ridículo, mas não ligava. Até gostava. 
Fora ridículo desde sempre, desde os 7 anos.
Ninguém sabia o seu nome, sua profissão ou idade. 
Era recatado o homem ridículo que queria matar-se, faltando escolher apenas dia e hora. 
O local era onde morava.
Nada nem ninguém incomodava esse homem. Seu vizinho era um capitão esquisito, que vivia jogando cartas com amigos igualmente esquisitos. O homem dessa história naquela noite rapidamente adormeceu. E sonhou que enfiara um tiro no peito e que esse tiro o levou a outra dimensão onde surpreendeu-se com os habitantes. Todos seres felizes, lindos, alegres, sem dor, sem nada. Um lugar perfeito, onde o amor imperava.
Foi nesse sonho que o homem encontrou o sentido da vida.
Quanto a menininha que tirlintava de frio quando o procurava, perdeu-se no tempo. E mais não contarei. Fica o suspense e a dica para os leitores de bom gosto procurarem o conto O Sonho de um Homem Ridículo, escrito por Dostoievski em 1877. 
Fiódor Dostoievski nasceu há dois séculos e morreu 1881 aos 60 anos de idade. 
 

 
 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

HISTÓRIAS DAS ARÁBIAS. PRINCESA PRESA (2)

Mais uma bela princesa
Pelo pai foi sequestrada
Ninguém sabe onde está
Se está bem ou maltratada
Quem sabe tenha morrido
Talvez de morte matada


Shamsa é irmã de Latifa.
Latifa e Shamsa são irmãs, filhas do todo poderoso Mohamed bin Rashed al-Maktum.
Mohamed é um cara que não sabe o que fazer com o dinheiro que tem. É dono de Dubai, um dos países de sistema político mais reprensivos do Oriente Médio. Integra os Emirados Árabes.
Mohamed é rei e suas filhas, princesas.
Mohamed não gosta das filhas que tem, tanto as castiga o tempo todo.
Shamsa, conhecedora da violência do pai, deixou o país em que nasceu e foi tentar a vida noutro lugar. Não conseguiu. O pai acionou seus milicianos e ela foi obrigada a voltar às rédeas do pai.
Shamsa tinha uns 18 anos quando isso aconteceu.
Nunca mais se ouviu falar de Shamsa.
Shamsa está viva ou está morta?
A irmã de Shamsa, Latifa, está presa numa mansão ou castelo de ouro.
Pobres meninas ricas, Shamsa e Latifa.
O pai de Shamsa e Latifa continua mandando e desmandando em Dubai.

CHOREI POR NÓS

Hoje eu acordei triste, profundamente triste.
Eu não sei direito porque acordei tão triste.
Quase chorando sem nem saber porque.
Sim, claro, há mil razões para chorarmos.
A desatenção um pelo outro é motivo suficiente para deixar até um poste triste.
Nem dormi. Chorei por mim chorei, por nós e por tantos que nem conheço.
Chorei pelos sem teto, pelos pés descalços, deserdados e pela vida pobre que corre solta pelas vielas e becos escuros.
Chorei por minha mãe, que se matou. chorei por Deus, que nem sei se existe.
Enfim, chorei por vivos e mortos...
Logo cedo ouvi no rádio que o Brasil chegou à triste marca de 250.079 mortes provocadas pela Covid-19.
Isso dói, não dói?
Dói e faz chorar a alma de quem tem pelo outro o mínimo de amor, o mínimo de carinho, o mínimo de respeito.

O piolho está feliz
Por sua triste missão
Duzentos e cinquenta mil
Já ceifou com seu facão
Isso porém é pouco
Para ele e seu patrão

O patrão desse piolho
É o próprio Cramunhão
Sujeito dono das trevas
Maldito, sem coração
Seu novo Coronavírus
É para o mundo maldição

Invisível ele chegou
Devagar e sutilmente
Enganando todo mundo
Ao lado do presidente
Covarde o bicho segue
Matando impunemente

Não há o que fazer
A não ser sentar, chorar, rezar
Pedindo a nosso deus
Pra do bicho nos livrar
O bicho é violento e
Mata mata por matar

É isso o que ele faz
Dia e noite sem parar
Pra cair nas garras dele
Basta só se descuidar
Esse bicho muito feio
Veio ao mundo pra ficar


O primeiro caso de morte pela covid-19 ocorreu, no brasil, no dia 16 de março de 2020. No dia seguinte, inventei de publicar o primeiro dos quatro folhetos de cordel (Capas acima) que escrevi sobre a nova praga que do mundo se avizinhava.
Em dezembro do ano citado, o repórter Ivan Finotti procurou-me pra falar sobre o que eu andava fazendo durante essa maldita pandemia que não nos larga. E aí falei. E aí ele publicou uma reportagem bem legal no Caderno Ilustrada no jornal Folha de S.Paulo. Confira: Assis Ângelo, cego há sete anos, lança cordéis sobre a pandemia

BREGUICE E JOVEM GUARDA


Eu não canso de repetir: o Brasil é muito rico.
No Brasil há de um tudo, tem gente feia e gente bonita.
Brasília está cheia de gente feia, de político que não presta, ladrão. 
Mas eu quero falar é de Reginaldo Rossi, que aniversariaria neste mês de fevereiro. 
Era de Pernambuco, o Reginaldo. Reginaldo Rodrigues dos Santos, de batismo.
O cidadão Reginaldo escolheu a música para viver, acrescentando ao nome, um sobrenome de fantasia: Rossi. Isso em 1964. Dois anos depois, já estava com um disco na praça e alcançando sucesso com uma bobagem intitulada, O Pão (abaixo).
Reginaldo nasceu em Pernambuco e o seu primeiro disco foi gravado em São Paulo, nos estúdios da extinta Continental.
Na São Paulo de 1966, Roberto Carlos botava banca. Ele era o líder do programa Jovem Guarda e pra virar "Rei" do movimento, digamos assim, foi um pulinho.  
O programa do Roberto, do qual participou Reginaldo, começou em 1965 e terminou 3 anos depois, antes da decretação do famigerado AI-5. 
O programa era uma leveza só, com muita gíria e animação. 
Foi longa a carreira artística de Reginaldo Rossi. 
Logo que começou a fazer sucesso, foi classificado de brega. Rei do Brega. 
Brega é um tipo de música, digamos assim, caracterizada por um linguajar fácil de cantar. A ver com dor de cotovelo, por ai. 
Uns 15 anos antes de morrer, Rossi tentou uma vaga na Câmara Municipal de Jaboatão (PE) e uma vaga na Câmara dos Deputados, quebrou a cara. E ainda bem, diria ele depois. 
 



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

KOTSCHO, UM CONTADOR DA HISTÓRIA

O brasileiro Ricardo Kotscho merece nosso respeito, palmas. 
Mais do que tudo, Kotscho é um cidadão a toda prova. Um profissional incrível, um grande contador de histórias.
Sou contemporâneo do Kotscho. Trabalhamos juntos numa mesma empresa, Folha. 
Os textos de Kotscho são pérolas. 
Um dia, não faz tempo, o fotógrafo Jorge Araújo disse com toda a graça do mundo: "O sonho de qualquer pessoa é ter do Kotscho um texto, e se não for sonho, deveria ser".
Ricardo Kotscho é mestre da escrita, do ouvir e do falar. 
Ele já está ficando do tempo antigo.
É de um tempo em que se fazia jornalismo com romantismo, mas sem fugir dos fatos. 
Hoje, nas mídias, há muita fake news. 
Ernesto Kawall, Eu, Kotsho
e Zé Hamilton Ribeiro
No tempo do Kotscho, mais ou menos no meu tempo, se o repórter mentisse era execrado pelos próprios colegas.
A última vez que estivemos juntos foi no Bar das Putas, ali na Consolação, SP. O Audálio estava junto, mais duas ou três pessoas. 
O Kotscho fuma que só. 
Até num bar, lugar fechado, o cabra encontra meio de puxar fumaça. 
Lembro de algumas coisas ao lado do Kostcho, fora da Folha. 
Uma vez houve quem me chamasse para uma entrevista na Band News. O Kotscho, na ocasião, era diretor ou coisa assim.
E a entrevista no ar, ao vivo. 
De esguelha, eu via Kotscho mandando o entrevistador continuar comigo em entrevista, em gestos. Ao fim do programa, Kotscho me abraçou e disse que mandou a entrevista continuar porque a minha fala estava dando ibope. 
Humm...
Grande Kotscho! 
"Eu já entrevistei muita gente boa, inclusive grandes jornalistas. Mas entrevistar Zé Hamilton Ribeiro, Loyola Brandão e Ricardo Kotscho, pra mim foi um curso intensivo de jornalismo", diz com a naturalidade de uma onda que bate na praia, o radialista Carlos Sílvio, que acaba de entrevistar o Kotscho. 
Na entrevista a Silvio, Kostcho fala bonito da sua trajetória profissional. Das suas grandes entrevistas e entrevistados. Do tempo em que agentes da ditadura queriam pegá-lo, isso, aliás, fez com que aceitasse convite para ser correspondente do Jornal do Brasil, na Alemanha. Fala bem alemão. Desde menino, criança ainda, Kostcho ouvia os pais falar nessa língua e essa língua nele pegou.
Ainda nessa entrevista, Kotscho fala da sua rápida passagem pelo governo Lula. Nota 10. Confira:
 

 

LEIA TAMBÉM:

ROBERTO STANGANELLI, 90 ANOS


Seja como for, há pessoas que nos deixam marcas indeléveis. Dentre essas, Roberto Stanganelli. 
Stanganelli era de uma simplicidade franciscana. Calmo, atencioso, sempre com um sorriso estampado na cara e olhos fixo no interlocutor. 
Foi um amigo meu, o Stanganelli.
Stanganelli acreditava na vida pós morte. Era espiritista, como as queridas Marinês (1935 -2007) e Anastácia. 
Marinês era pernambucana, como Anastácia às vésperas agora dos 80 aninhos. 
Roberto Stanganelli nasceu no interior de Minas Gerais, no dia 24 de fevereiro de 1931. 
Eu o conheci não sei quando nem onde. Só sei que foi na Capital paulista.
Ele era filho de um Pedro e uma Maria. Pedro e Maria, mineiros, tiveram 15 filhos. Stanganelli foi o décimo quarto. 
Com 9 anos de idade, o penúltimo filho de Pedro e Maria foi trazido por parentes à São Paulo. E em São Paulo ficou. Estudou e tal. Seu negócio era a música. Fez conservatório e tudo. Virou um grande sanfoneiro. E compositor. E produtor, também. Gravou muitos discos (acima).
O primeiro disco gravado por Stanganelli foi de 78 RPM, com as músicas Coração de Criança e Princesa Isabel.
E tem mais: ele escreveu vários livros de sucesso.
É certo que conheci Stanganelli por acaso. Talvez num sebo de discos. Lembro que conversávamos muito, e quando comecei a fazer a série som da terra, pela Warner/Continental, eu o consultei várias vezes. Stanganelli sabia de tudo sobre música. Moda de viola etc. 
Roberto Stanganelli morreu no dia 24 de setembro de 2010. Leia mais: NO PLANETA DAS ESTRELAS

CÂMARA DISCUTE A CAPITAL DO PEQUI

O Brasil tem 26 Estados e um Distrito Federal, que é Brasília.
Brasília foi inaugurada em 1961, mas isso não vem ao caso.
Já houve, porém, quem encontrasse em São Paulo a Capital do Nordeste.
O engraçado Genival Lacerda, chamado de o Rei da Munganga, chegou até a gravar um forró intitulado Nordeste Capital São Paulo. Essa música, aliás, levou-me a intitular um programa que durante quase 7 anos apresentei na rádio Capital. Ouça: PROGRAMA SÃO PAULO CAPITAL NORDESTE, PARTE 1
Agora estou acompanhando uma discussão entorno do povo mineiro e goiano que quer cada um pra si o título de Capital do Pequi.
O pequi é um fruto do pequizeiro.
O pequizeiro é uma planta que se acha em quase 2 milhões de quilômetros quadrados do nosso território.
"O pequi é fruto que fácil, fácil mata a fome da pobreza", como diz o mineiro de Alto Belo Téo Azevedo.
O pequi, além de matar fome, serve pra fazer picolé e licor.
O fruto pequizeiro é colhido entre dezembro e fevereiro em pelo menos 10 Estados brasileiros.
São 16 os tipos diferentes do pequi.
Na Câmara Federal, a discussão continua para se saber que Estado levará o título de Capital do Pequi.
Em tom de provocação governador de Goiás, Ronaldo Caiado, diz: "Minas fica com seu uai e o queijo e nós, o pequi".
Téo Azevedo e Luiz Gonzaga, entre outros artistas, cantaram as qualidades do pequi. Ouça: 

OUÇA TAMBÉM: EU VOU PRO CRATO - LUIZ GONZAGA

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

SÓ OS BOBOS SÃO SÉRIOS

Dos quatro aí nas fotos, qual é o mais bonito?

Em 1877 o russo Dostoiévski (1821-1881) escreveu um conto chamado O Sonho de um Homem Ridículo.
Um pouco antes, em 1966, o mesmo Dostoiévski escreveu O Jogador.
Os principais personagens de ambos os textos são sedutores, cada qual a seu modo.
O calendário de datas comemorativas indica que hoje 23 é o Dia da Sedução.
Meu amigo, minha amiga: você saberia dizer que diferença há entre sedução e conquista?
O Aurélio diz que o sedutor leva sua "vítima" ao descaminho, ao caminho conturbado, ao desespero.
O mesmo Aurélio diz que conquista é o contrário de sedução. É coisa boa. Fascínio. Encantamento.
Eu acho que sou a mistura dos dois. É só ver ali em cima o bonitão que se acha entre Einstein, Costinha e D'Ávila, certo?
Sim, claro: não dá pra ser sério o tempo todo. A vida é curta, não é?
Só os bobos apostam na hipocrisia, por isso demonstram ser tão sérios.
Bolsonaro, por exemplo, é bobo ou não é.
E Lula, hein?
Eu não tenho na lembrança uma risada do FHC. Nem de Collor...
Os homens sérios são bobos, não são?
O Homem Ridículo de Dostoiévski era sério e tal. E triste. Suicida.
O Homem Ridículo de Dostoiévski foi salvo por uma criança de 8 anos.
Sedutor, O Jogador era seduzido pelo jogo.
Pois é.
Houve um tempo no Nordeste brasileiro em que jovens apaixonados fugiam para viver juntos, isso quando os pais não concordavam com a união deles. Dizia-se: Fulano roubou a filha de Beltrano...
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, não deixou de fora de seu repertório essa temática. Ouça:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

TEMPOS DE FOLHA (3)

Eram tempos brabos aqueles de quando cheguei a São Paulo, vindo diretamente de João Pessoa, PB. 
Em 1977 eu já trabalhava no grupo Folha, ali na Barão de Limeira, 425, Campos Elíseos.
Comecei cobrindo a área policial ao lado de Celso, Sávio, Hipólito Oshiro, Manuel Dornéles, entre outros.
Pelo menos num dia da semana eu me achava na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado, ali na Higienópolis.
À época o secretário era o coronel Erasmo Dias, de triste memória. 
Numa dessas idas e vindas à SSP, o secretário revelou que invadiria o campus da PUC. Ele disse isso não só a mim, mas a outros colegas que lá se achavam, como Percival de Souza e Renato Lombardi. Um ou dois dias depois, pimba! 
A PUC foi invadida. E pelo menos 1500 estudantes, presos. "Calem a boca, aqui quem manda sou eu", berrava apoplético o coronel escudado por centenas de policiais armados até os dentes, enquanto bombas eram atiradas a torto e a direito. Um inferno.  
Pouco mais de um ano se passou, quando procurei o coronel para uma entrevista. Dessa vez na sua casa. A princípio, ele, a mulher dele e eu. A sós. De repente ele ordena que a mulher vá buscar café pra servir o jornalista. Era noite. Fiquei quieto, cabreiro. E o papo rolou. Era sobre violência policial. 
Essa entrevista junto com outras que formavam uma ampla reportagem sobre o esquadrão da morte paulista findou sendo publicada no Pasquim. 
O País andava nervoso. Muitas greves, principalmente no ABC paulista.
O presidente do sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Davi de Moraes, convence a categoria a ir à greve. Mas era preciso um consenso de maioria para que isso ocorresse. 
A noite já se tinha feito naquele 17 de maio de 1979, na igreja da Consolação. Presentes, cerca de 1500 jornalistas. Não deu chorum. 
Nova assembleia foi convocada e realizada na noite de 22 no tuquinha da PUC. Deu chorum. 
Fomos à greve e quebramos a cara. 
Muitas histórias paralelas à greve ocorreram. Histórias curiosas, engraçadas, de marinheiros de primeira viagem. 
O cartunista Fausto conta uma dessas histórias vividas no decorrer da greve. Ele lembra que "eu e outros colegas fomos escalados para fazer piquete na rua de trás da Folha. De repente chega um senhorzinho baixinho, grisalho e bem vestido, portando uma pasta 007. E fomos ao seu encontro, cercando-o. A ideia era demove-lo da greve. Papo vai, papo vem, ele sempre muito simpático, disse que não concordava e que iria trabalhar. E antes que a gente voltasse à investida, ele disse: "Eu sou o Frias, dono do jornal". 
Baixa o pano. 



domingo, 21 de fevereiro de 2021

TEMPOS DE FOLHA (2)

Comecei a trabalhar no grupo Folha em 1977, um ano depois de trocar a minha terra João Pessoa, por São Paulo.
O time era bom, formado por: Hely Vannini, Fernando Barros, Marcos Zanfra, Jorge Zappia, José Luís Lima, Roberto Moschela, Manoel Dorneles, Celso Sávio, Hipólito Oshiro, Valmir Salaro, Luciano Martins, Taís, Cris Medeiros, Leivinha, Scarpa, Nery; incluindo os fotógrafos Manoel Izidoro, Jair Malavazi, Luís Carlos Murauskas, Dirceu Lene, Gil Passarelli, Matuiti Mayezo, Angelo Pirozelli e Valdemar Cordeiro, “irmão de criação” de Audálio Dantas, lembra o amigo Jorge Araújo.
Jorge é o autor da famosa foto da pomba, como ficou conhecida (ao lado).
Cordeiro era o chefe dos fotógrafos.
Vannini cuidava da editoria de Polícia.
Só cobras.
Lembro também do Ricardo Kotscho, do Nelson Merlin, do Oswaldo Mendes, Tarso de Castro, Miguel Raide, Cláudio Abramo, Tavares de Miranda, Moacir Amâncio, Dirceu Soares, Paulo Nogueira, Fortuna, Angeli, Glauco, Laerte, Fausto, Petchó, Luís Gê, Jota (Jotinha), Paulo Francis, Emir Nogueira, Dora Kramer e Lu Fernandes, que viraria presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo.
E o Boris?
Boris Casoy foi editor da Folha por um determinado tempo. Chato, grosso e arrogante, uma vez encontrou-se comigo no Roda Viva, programa da TV Cultura, e sarcástico perguntou: “O que é que você está fazendo aqui?”.
Estirei-lhe a língua ou disse-lhe um palavrão, sei lá.
Daquele tempo eram também Luís Carlos Rocha Pinto, Trovão, Tupamaro, Adilson Laranjeira...
Nos quase 7 anos que lá permaneci, publiquei centenas e centenas de reportagens.
Na Folha, ou Folhão como chamávamos, publiquei matérias ruidosas como a que me levou a ser processado pelo governo paulista.
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 Fui processado, mas absolvido pela Justiça.
A matéria, publicada no dia 13 de janeiro de 1982 com chamada na 1ª página (recortes ao lado), tratava de um duplo linchamento praticado por operários do município de Ribeirão Pires, cujas famílias eram violentadas por marginais sem que o Estado nada fizesse em sua defesa.
Ganhou repercussão internacional.
Participei de grandes coberturas como a campanha pelas Diretas Já e as greves no ABC paulista.
Lembro da intervenção ao sindicato do qual Lula era presidente. SAIBA MAIS: LULA DÁ NÓ EM PINGO D´ÁGUA
Lembro também da greve dos Jornalistas, desencadeada após assembleia no Tuquinha, da PUC, na noite de 22 de maio de 1979. O presidente do nosso Sindicato era Davi de Morais. A greve, que durou uma semana, foi um fracasso total. Ninguém morreu, mas muita gente perdeu o emprego.
Entrevistei muita gente boa e marginais famosos como Hiroito, Fininho, Ze Guarda, Correinha, João Acácio (o Bandido da Luz Vermelha) e figurões como o delegado Fleury, de triste memória.
Fui várias vezes à casa de detenção e ao Carandiru, para mostrar a vida em prisão. Feminina inclusive.
Cobri rebeliões na FEBEM e em presídios da Capital e do interior.
Uma vez Quinzinho, famoso personagem da chamada Boca do Lixo Paulistana disse-me numa entrevista: “Heróis são as pessoas que vivem de salário mínimo”.
Quinzinho morreu atropelado, na avenida São João.
O velho Frias, dono do grupo Folha, foi não foi mandava me chamar pra registrar a visita de nomes importantes das artes e literatura, a quem lhes oferecia almoços e jantares regados a bons vinhos e outras bebidas. Isso ocorria no restaurante que havia na cobertura da sede do jornal, na Barão de Limeira, 425.
Lembro que uma das vezes fui chamado para registrar a presença do escritor Antonio Callado. Uma grande figura.
O Frias chamou-me também algumas vezes para acompanhá-lo com empresários à rodoviária que ganhou de presente do Maluf, na primeira vez que foi prefeito da cidade. Meu papel era fazer o registros dessas visitas.
Numa terça ou quarta-feira qualquer do ano de 1978, fui ao apartamento do cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré para entrevistá-lo. O fotógrafo Gilberto Nascimento fez o que tinha que fazer. Belas fotos. No sábado seguinte, voltei à casa do Vandré e ele me disse: "Ângelo, acho melhor você não publicar a nossa entrevista”. Olhei pra ele e ri e, para sua surpresa, dei-lhe um exemplar do Folhetim que já estava chegando às bancas com uma foto sua na capa.
O Folhetim era um suplemento dominical da Folha, de muito sucesso.
Essa entrevista levou a liberação da canção Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, que estava proibida pelo governo desde 1968.
Também recordo a vez que Samuel Wainer, criador do jornal Última Hora, pediu-me para que fizesse uma entrevista com o cantor e compositor Renato Teixeira, que começava a fazer sucesso com Romaria na voz de Elis Regina. Anos depois Renato me disse que Samuel era um parente dele distante.
Matérias que por uma razão qualquer não eram publicadas no Folhão, eu publicava noutros jornais. No Pasquim, por exemplo. LEIA: ATÉ TU, JAGUAR?
No bar, sempre uma extensão da redação.
Impossibilitado pela cegueira de identificar
os retratados, Assis só lembra de
Lu Fernandes estar na foto
(abaixo dele, ao centro)
Eram tempos duros aqueles, em que andávamos ainda meio assustados, pois a ditadura militar ainda não acabara. Mas havia tempo para relaxamento (foto ao lado).
Quatro meses e quatro dias depois do lançamento do jornal Folha da Noite, um ataque do coração matou João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Esse João, criador da reportagem no formato como tal conhecemos, entrou para a história da Imprensa como João do Rio.
Hoje a Folha, o Estadão, e o Globo são os principais jornais do País.
Em fins dos anos de 1970, pedi ao poeta cearense Patativa do Assaré que escrevesse qualquer coisa sobre a Folha. Fez essa quadra:

A Folha de S.Paulo é rica
Tem ela um grande mister
Mas a mesma não publica
Tudo o que a gente qué

sábado, 20 de fevereiro de 2021

KOTSCHO FALA DE BRASIL NO PROGRAMA PAIAIÁ

 


Hoje 20 de fevereiro é o Dia Mundial da Justiça Social.

Quem me lembrou essa data foram duas pessoas queridas: Léo e Zé Geraldo.

Essas duas figurinhas são incríveis. Léo é baiano e Zé, paraibano.

O Brasil anda perdido faz muito tempo, desde D. Pedro II.

E não é só o Brasil que anda perdido. O mundo todo, também.

Mas do que escassez, há falta de emprego.

Há falta de tudo neste Brasil de todos nós.

Este nosso planetinha de berda habitado por quase 8 bilhões de almas, não sabe pra onde vai.

Pois é, não sabemos pra onde vamos.

Hoje é o Dia Mundial da Justiça Social.

Essa data, criada pela ONU, começou a ser posta em pauta em 2009.

É uma data pra nos levar a reflexão sobre a vida que vivemos.

É uma data importantíssima. E eu sei que o radialista Carlos Sílvio vai perguntar a respeito ao seu entrevista de hoje 20: Ricardo Kotscho.

Kotscho é um dos mais importantes jornalistas brasileiros.

Não percam.

Para acompanhar a entrevistado, será hoje às 20h30, no Facebook do Carlos Sílvio, em live.

Link: https://www.facebook.com/carlossilvio107

TEMPOS DE FOLHA (1)

Depois de ganhar a Taça de campeão da Libertadores da América/2020, o técnico português Abel Ferreira disse que nem ele nem seus jogadores são heróis, heróis são os médicos e os enfermeiros que lutam contra a pandemia da Covid-19.
Essa não é a primeira pandemia que o Brasil e o mundo enfrentam.
Em 1918, milhares de brasileiros morreram vítimas da gripe espanhola. Como Olavo Bilac.
Naquele tempo, éramos um país quase totalmente rural.
Vivia-se a “Belle Époque”, que findaria com a Semana de Arte de 22.
A famosa semana de arte moderna, durou somente 3 dias.
Em 1921 centenas de jornais e revistas circulavam por aí. A maior parte deles no Rio de Janeiro, berço de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto.
A população do Rio, à época, passava de 1 milhão de habitantes.
Ainda não havia O Globo, RJ, que só seria fundado em 1925. Quatro anos antes, era fundado o jornal Folha da Noite (abaixo), em São Paulo.
A População da Capital paulista girava em torno de 580 mil habitantes.
Esse jornal foi à praça no dia 19 de fevereiro de 1921, com apenas oito páginas.
Em 1924, entre 3 e 30 de dezembro, questões políticas impediram a circulação do jornal. Para substituí-lo, os mesmos criadores da FN, Olival Costa e Pedro Cunha, lançaram a Folha da Tarde.
clique na foto para
melhor visualização

O presidente da época era Arthur Bernardes, um mineiro de poucas palavras e mãos de ferro.
Em 1925, chegava às bancas o jornal Folha da Manhã.
A Folha da Noite, a Folha da Tarde e a Folha da Manhã eram jornais direcionados a públicos diferentes e opiniões passariam a ter somente em 1930, quando as oficinas da Folha da Noite e a Folha da Manhã foram empasteladas por agentes do governo Vargas, que não era de brincadeira.
Em 1960, os três títulos se fundiram para dar vez a Folha de S.Paulo. Que surgiu para concorrer diretamente com o Estado de S.Paulo.
A Folha, como outros jornais brasileiros, apoiou o golpe que tirou do poder o presidente João Goulart.
Em 1986, a Folha tornou-se o jornal de maior tiragem do País.
À essa altura o grupo Folha já tinha sob seu guarda-chuva vários títulos. Incluindo, de novo, a Folha da Tarde e o Notícias Populares.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

TRAMBOLHO DA NASA CHEGA À MARTE (2, FINAL)

O homem já foi à lua, tá chegando à marte e à caixa prego é lugar que o homem já foi à tempo.
O homem parece imitar Deus em tudo. Enfim, Deus diz que somos a sua imagem e semelhança.
Apesar da sabedoria e tudo mais, ao homem é incapaz de realizar a menor das tarefas: cuidar de si próprio e do próximo. Enfim, é ele a semelhança do criador.
Milhões e milhões de pessoas continuam morrendo de fome, de ponta a ponta no nosso planetinha. 
Tanto quanto, ou até mais, as doenças se multiplicam no ar matando tudo que se bole, anda, pula ou escorrega. 
A ganância do homem mata o homem. 
Por nada, os homens se matam. Suicidam-se.
Em pleno terceiro milênio, nós pobres continuamos a comer o pão que o Diabo amassou. 
Somos horrorosos, seres sem salvação. 
Enquanto isso, e diante disso, Bolsonaro continua vivo. Muito vivo. 
E os discos voadores voando por aí afora, hein? 



TRAMBOLHO DA NASA CHEGA À MARTE (1)

Os homens da Nasa mandaram com êxito uma máquina "pensante" aos confins do Universo. Endereço: Marte.
O trambolho especial logrou êxito, chegando ontem 18 ao alvo programado. 
Cá na Terra, os cientistas estão em estado de êxtase. Leia mais: https://assisangelo.blogspot.com/2020/07/depois-da-lua-o-homem-quer-marte.html

HISTÓRIAS DAS ARÁBIAS. PRINCESA PRESA (1)

Não tem sapo, nem príncipe
Nem fada com seu condão
Tem uma princesa presa
Pedindo ao rei perdão
Esse rei é o seu pai
Sujeito sem coração

Pois é, parece mesmo um conto de fada. Ou de cordel. Mas não é.
Essa história é real e está em andamento nos Emirados Árabes Unidos. O nome da vítima é Latifa, uma princesa filha do rei Mohammed Bin Rashid al-Maktoum.


Não tem dragão, não tem bruxa e outras figuras do reino encantado nessa história absurda.
O caso é real, realíssimo em todos os sentidos. E aos poucos começa a aparecer no noticiário internacional.
O caso de Latifa está chegando para apreciação da Organização das Nações Unidas.
Isso é cárcere privado. Caso de investigação.

Uma princesa real
De alma e sentimento
Pelo pai foi sequestrada
Sem razão, sem cabimento
O mundo agora segue
Sua dor, sofrimento

Parece coisa de cordel
Mas o caso é verdadeiro
Vem do mundo das arábias
Vem de lá do estrangeiro
Princesa pede socorro 
Pra sair do cativeiro

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

O IBGE QUER SABER QUEM SOMOS

Ouvi agora há pouco a apresentadora do Jornal Hoje, Maju, da TV Plim Plim dando a notícia de que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, está chamando pra trabalhar mais de 200 mil brasileiros. É uma boa, não é?
O IBGE é uma Instituição de grande importância e credibilidade, pois à ela cabe o levantamento do comportamento dos brasileiros.
Além do censo demográfico, ao IBGE cabe identificar o fazer do povo. Quer dizer: o censo praticado pelo IBGE procura, fundamentalmente, identificar quem são os brasileiros.
A propósito, Carmem Miranda gravou uma música falando desse assunto. Ouça: RECENSEAMENTO
A última vez que o IBGE publicou o resultado de um censo foi em 2010.
No censo de 2010 faltaram dados mais específicos sobre pessoas com deficiência. Cegos, inclusive.
Tomara que o censo que se iniciará ainda este ano traga dados mais reais sobre o cego. Particularmente tenho interesse nisso.
Maju é uma jornalista como eu. E ao contrário de mim, maravilhosa. Confira:

JAIR RODRIGUES, SAUDADES...

Assis e Jair Rodrigues,
no programa São Paulo Capital Nordeste

A menina Anna telefona pra dizer que está fazendo nada. E eu também, respondo.
Depois de rir, ela diz: Eu acho que eu conheço isso. Isso é de Jair Rodrigues?
Sim, Anna. Essa música, Deixe isso pra Lá, não é do Jair. É dos compositores Alberto Paz e Edson Menezes, gravada em 1964 por Jair Rodrigues.
Aquele ano 1964, foi brabo.
Aquele ano durou até 1985.
Anna, uma menina estudante de Artes Visuais, pergunta: Por que você diz que aquele ano foi um ano brabo?
A madrugada de 1º de abril de 1964 chegou trazendo guerra de brasileiros contra brasileiros. Tanques na rua.
Jovens soldados armados marchando cegos sob o comando de velhos soldados.
Deu no que deu: um ex-capitãozinho mandando e desmandando no Brasil de hoje. Cuidemo-nos.
Anna não viveu 1964.
Anna é da safra de 98. FHC na parada.
Deixe Isso pra Lá foi um desenho do que é hoje o rap. "Eu sou pioneiro, Cachorrão", brincou comigo um dia Jair no programa São Paulo Capital Nordeste, que eu apresentava na rádio Capital AM 1040. Pra lembrar, clique:

Ah, sim! Jair Rodrigues de Oliveira nasceu no dia 6 de fevereiro de 1939, em Igarapava, SP.

DEUS E O DIABO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Quem negocia é negociante, político faz conchavo.
É isso que eu acho. Mas: Deus e o Diabo têm o mesmo peso na conversação política. 
Não há obviedade na política. 
Na política tudo muda, e muda rapidamente, como as figuras de uma nuvem. 
Política é arte da esgrima.
Política é olho no olho e imaginação, raciocínio rápido.
Eu disse ontem 17 que o STF decidiria por unanimidade a manutenção da prisão do deputadóide Daniel Silveira. Aconteceu.
Resumo da ópera: o deputadóide aí citado será cassado, processado e preso. 
Cabeça não foi feita só pra pôr chapéu, certo?
Pelo menos um terço dos deputados e senadores está com processo em andamento, com corda no pescoço. Até o presidente da câmara, Arthur Lira, está com o rabo preso: é réu em dois processos no STF. 
Vocês acham que Lira vai querer briga com a Justiça?


POLÍTICOS NA MÚSICAS POPULAR

A nossa música popular é de uma riqueza incrível, imensurável, incomparável com a música de qualquer outro país, aposto.
Na nossa música se acham todos os temas possíveis e inimagináveis do nosso viver cotidiano. Claro, em todos os ritmos.
Dorival Caymmi (1914 - 2008), cantor do viver baiano, tem muita coisa boa.
Meu amigo, minha amiga, você já ouviu João Valentão?
Esse personagem aí do Caymmi não tem nada a ver com o valentão de berda que é o deputadóide Daniel Silveira, que tem atacado de todas as formas as nossas instituições democráticas, como o STF. Até desafiado os ministros da lei e da justiça o sujeito ai tem feito. Mas no fundo, no fundo, não passa de um valentão de meia tigela, como se diz lá no nordeste.
O cantor e compositor pernambucano Reginaldo Rossi (1943 - 2013) tinha 25 anos de idade quando gravou O valentão, cuja letra tem tudo a ver com o ser pequeno que é esse Silveira, que deverá reposto ao lugar de onde veio: lata do lixo da história. Mas eu estava falando do Rossi, artista visionário... Ouça:


Os compositores da nossa música sempre estiveram atentos aos fatos do cotidiano. A política é coisa boa, quando feita com responsabilidade. Os grupos de música jovem tem apontado suas antenas aos políticos e Congresso Nacional. Alguns exemplos: 

https://www.youtube.com/watch?v=XIX80f5NT9w
https://www.youtube.com/watch?v=pg4AsFHk20Q
https://www.youtube.com/watch?v=_nQZ75ciKGg
https://www.youtube.com/watch?v=RwkXKjBCUdM
https://www.youtube.com/watch?v=Ft1Ul826AAA

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

CARNAVAL, PECADO E CINZAS

Osvaldinho da Cuíca nasceu no dia 12 de fevereiro de 1940, dia de Carnaval. Inezita Barroso nasceu no dia 4 de março de 1925, dia de Carnaval.
O amigo leitor deve ter percebido algo curioso na data de nascimento desses dois artistas brasileiros. Um nasceu em fevereiro e o outro, em março.
O Carnaval é uma festa móvel do nosso calendário de datas festivas.
Os dias de Carnaval estão atrelados à Páscoa.
O Carnaval, era nas suas origens, uma comemoração pagã. De olho nisso a Igreja entrou na parada e tomou para si essa festa, incluindo-a no seu calendário de datas comemorativas.
O Carnaval começa 46 ou 47 dias antes da Páscoa. A Páscoa começa sempre num domingo.
Depois da terça-feira de Carnaval, vem a quarta-feira de Cinzas e aí começa um período de 40 dias, Quaresma, em que os cristãos pagam seus pecados de antes e pós Carnaval.
Pecado por pecado muita gente pagou com a vida ao contaminar-se com a febre amarela, a varíola e a gripe espanhola.
Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, pegou varíola, mas escapou. Era menino quando isso ocorreu. A doença, também chamada de bexiga, virou apelido do menino: Bexiguinha.
De Bexiguinha pra Pixinguinha foi um passo.
Pixinguinha foi um grande adepto do Carnaval, chegando a desfilar ao lado de bambas da sua época, incluindo o erudito Eleazar de Carvalho.
Eleazar, por sua vez, chegou a arriscar-se a compor música para os seguidores de Momo, sob o pseudônimo Razaele. Não fez sucesso algum, sucesso faria anos depois como maestro regendo orquestras dos EUA e da Europa. Em 1962 criaria o Festival de Inverno de Campos de Jordão, mas essa é outra história.
Em 1897, uma epidemia de febre amarela desabou sobre o Rio de Janeiro. Naquele ano o Carnaval foi adiado de fevereiro pra junho. Meio boca, mas houve.
A morte do Barão do Rio Branco em 1912, levou o governo a adiar o Carnaval de fevereiro para junho. O povo não gostou, mas deu um jeito: brincou o Carnaval em fevereiro e também em junho. Clique: BARÃO DO RIO BRANCO E CARNAVAL
O Barão dizia que as únicas coisas que funcionavam no Brasil era a bagunça e o Carnaval.
Em setembro de 1918 a gripe espanhola, assim chamada uma gripe surgida nos EUA, chegou ao Brasil e matou um mar de gente.
Tão rápida e misteriosamente chegou, assim foi-se a Espanhola. Ficou por aqui durante uns três meses e no fevereiro seguinte quem escapou dessa praga caiu na gandaia.
Foi o Carnaval mais depravado da história, dizem nas suas memórias Pedro Nava e Nelson Rodrigues. Leia: GRIPE MATA!
Pixinguinha deixou centenas e centenas de músicas, entre as quais os clássicos Carinhoso e Rosa. E também muitas composições para o Carnaval.
Pois é, depois da terça-feira de Carnaval, vem a quarta-feira de Cinzas. Ouça:
TOQUINHO & VINÍCIUS - MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZASMARIA, CARNAVAL E CINZAS - LUIZ CARLOS PARANÁ

FAGNER CONTA CAUSOS NA TV CULTURA

O Provocações que foi ao ar ontem 16 à noite, na TV Cultura, trouxe um papo leve e solto com o cantor e compositor cearense Raimundo Fagner.
Ao apresentador Marcelo Tas, Fagner relembrou sua trajetória artísticas e as peladas de futebol que fez com Chico, Pelé e Zico.
Fagner contou também que, verdade ou mentira, por pouco não disputou a Copa de futebol de 1982. Houve vários pontos engraçados no decorrer da entrevista.
Amigo de políticos cearenses, Fagner contou que chegou a ser convidado a concorrer aos cargos de Deputado e até Governador no seu Estado.
Sobre se voltaria a apoiar ou não Bolsonaro, Fagner subiu no muro que nem psdebista que é.
Essa história de apoiar Bolsonaro, disse ele, foi mais por um acaso. "Eu estava num avião e Bolsonaro bateu uma foto minha, com ele".
Ali pelo meio da entrevista a Tas, Fagner lembrou a "cantada" que seu futuro pai deu na futura mãe. Detalhe: na ocasião o pai, um libanês, se achava num velório velando o corpo da sua primeira mulher.
Fagner tem sempre boas histórias para contar.
Toda vez que eu o entrevistei, sempre dele colhi bons causos.
Entrevistei Fagner várias vezes, ao vivo, para o programa São Paulo Capital Nordeste que eu apresentava na rádio Capital AM 1040.
Na foto ao lado, registro de um prêmio que ganhamos em Campina Grande, PB.

DEMOCRACIA EM PERIGO

Desde que Bolsonaro ganhou o cargo de presidente da República, a democracia brasileira tem sofrido mais do que saco de pancada. É testada diariamente pelas milícias físicas e virtuais, incluindo parlamentares raivosos, caninos.
Mais uma agressão contra a nossa democracia ocorreu há poucas horas. Quando o deputado Daniel Silveira, também ex policial militar, soltou um vídeo nas redes esculhambando com os ministros do STF e pedindo de volta o Ato Institucional n5.
Gravíssimo ataque do deputado ao STF. Cabe enquadramento na Lei de Segurança Nacional.
No começo de setembro de 1968 o governo militar tentou punir o deputado Márcio Moreira Alves (1936 - 2009) por um discurso simples, sem agressão, sem palavrão, sem nada. Ele pedia apenas que as moçoilas da época não saíssem com soldados no dia do desfile militar (7 Setembro). Impedido pela câmara, os militares fecharam o Congresso.
Um horror!
As agressões do deputado bolsonarista de raiz levaram o STF a decretar sua prisão. 
Esse é o assunto político do dia, por enquanto. 
Daqui a pouco a Câmara tentara livrar o bolsonarista agressor das grades, onde se acha. 
Daqui a pouco também, por volta das 14 horas, os ministros do STF se reunirão em plenário para reforçar a prisão desse sujeito, que envergonha a democracia e os brasileiros de bem. 
A prisão do deputado deverá ser reconhecida por unanimidade dos ministros. Na câmara, porém, tudo se fara para expor o cabra na rua. Quer dizer, de volta ao assento que lá ocupa por opção de 31 mil eleitores. 
Daniel Silveira, que deverá ser expulso do PSL, é o mesmo sujeito que em 2018 arrebentou uma placa de rua feita em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco, no Rio. 
É isso ai. 
Aguardamos os próximos capítulos. 
Sobre o AI-5, leia: 
https://assisangelo.blogspot.com/2018/12/ai-5-nunca-mais.html



terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

TERÇA GORDA DE CARNAVAL

Há muito tempo não ouço a expressão "terça-feira gorda". Essa terça-feira que chamávamos de gorda talvez não exista mais, pelo menos no tocante à expressão.
Eu era menino quando ouvia minha avó falar dessa expressão: "Meu netinho, vamos comer que hoje é terça-feira gorda!".
Essa terça antecede a Quarta de Cinzas, início da Quaresma de 40 dias que finda na Páscoa.
Pois bem, a terça é o único dia de Carnaval marcado no calendário católico. E não é feriado no calendário festivo do País. Muita gente pensa que é, mas não é.
Esta terça-feira de hoje será marcada historicamente pela pandemia que ora assusta o mundo. Assusta e mata.
O vírus do novo Corona já pegou, só no Brasil, 10 milhões de pessoas.
Triste, muito triste é essa terça-feira que vivemos.
Dizer mais o quê?
Os brasileiros precisam reagir contra a desgraça que o Brasil ora vive, a partir do governo que se aboletou no Planalto.
Está tudo errado, presidente e seu governo.
Amanhã 17 é Quarta de Cinzas.
Cinzas que vivemos já a pouco mais de 2 anos. Triste.

VIVA O BRASIL, BRASILEIROS!

Claro que gostaríamos de saber o que se passa na cabeça do homem mais representativo do Brasil, politicamente falando.
Claro que gostaríamos de saber o que sente o homem mais representativo do Brasil quando o povo o classifica de tirano, canalha...
Claro que gostaríamos de saber o que pensa o mais importante figurão da República quando sabe que o povo o detesta.
Claro que gostaríamos de saber tanta coisa que não sabemos, especialmente de alguém que foi eleito equivocadamente para governar um país.
Claro que gostaríamos...

DESFALQUE NO GRUPO DEMÔNIOS DA GAROA

Estou triste. O motivo é a morte repentina do músico Izael Caldeira, que durante mais de 20 anos integrou o grupo musical Demônios da Garoa.
O Demônios da Garoa é um dos grupos musicais mais antigos do mundo. Tem mais de 70 anos de atividade.
Sobre esse grupo escrevi o livro Pascalingundum, Os Eternos Demônios da Garoa, capa acima.
Quando esse grupo completou 50 anos de atividade, ou quase, fui convidado pela direção da extinta gravadora Warner/Continental a escrever a contracapa. Leia:
https://assisangelo.blogspot.com/2009/06/pascalingundum.html
Numa noite qualquer de um ano que já não me lembro, o grupo participou de um programa que eu apresentava na AlTV. Ficou registro. Confira.
Ah, sim, Izael foi mais uma vítima da Covid-19. Ele partiu, mas deixou uma multidão de fãs e amigos. 



BOLSONARO QUER POR FOGO NO BRASIL

Triste é o país que tem um presidente parecido com o que o Brasil tem.
Nunca, em tempo algum, o Brasil teve um presidente tão mixuruca e espiritualmente violento como Bolsonaro.
Nem Floriano Peixoto, nem Hermes da Fonseca, nem Epitácio Pessoa, nem Getúlio Vargas, nem Médici e Figueiredo juntos foram tão antidemocráticos quanto o atual presidente da República Federativa do Brasil. 
Desde que assumiu a cadeira de presidente, Bolsonaro tem se mexido para assumir o cargo vazio de ditador. 
O sonho desse lamentável paulista é fechar a Imprensa, incluindo, principalmente, a Folha, o Estadão e a Globo, que considera seus inimigos particulares, pessoais.
Há menos de 24 horas, Bolsonaro ocupou as redes sociais pra disparar contra o Facebook e a Imprensa. Textualmente disse: "O certo é tirar de circulação, não vou fazer isso porque eu sou um democrata, Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, Antagonista… que são fábricas de fake news. Agora, deixa o povo se libertar. Logicamente que, se alguém extrapolar em alguma coisa, tem a Justiça para recorrer”.
O atual presidente da República está extrapolando todos os níveis razoáveis do bom viver em uma sociedade democrática. 


Da imprensa ele não gosta
Da justiça também não
O bicho é invocado
Só gosta de confusão
Anda com fogo no bolso
E gasolina na mão

O que vai fazer com isso
Tacar fogo na Nação
Dizer que é bicho macho
Como macho Lampião
Que na hora derradeira
Levou chumbo no Sertão?

O Capitão é muito louco
Esse bicho é anormal
Se pudesse fecharia
O Supremo Tribunal
Mas isso ele não pode
Nem se fosse General

Jornalistas levam pau
De graça do presidente
Que adora bater forte
No lombo de sua gente
Que a Deus pede rezando
Um futuro diferente

Esse cara fala mal
Todo dia do seu povo
Caia chuva, faça sol
Ele grita que nem corvo
Alisando aquela cobra
Que tranquila choca ovo...

Trecho do cordel Serpente Quer Por Ovo no Coração do Brasil

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

CAUBY COMEÇOU NUM CARNAVAL

Muita gente boa nasceu num dos dois meses de Carnaval.
O Carnaval cai em fevereiro ou março, pois é uma festa móvel que depende da Páscoa.
Este ano, por exemplo, o Carnaval caiu num fevereiro de pandemia braba. Ai, ai. 
O cantor niteroiense Cauby Peixoto nasceu no dia 10 de fevereiro de 1931. Embora tranquilo de comportamento, não teve tempo para comemorar seu 90° aniversário, pois morreu em maio de 2016. 
Eu acompanhei algum de seus espetáculos na sala São Paulo e no Bar Brahma. A última vez que o vi foi num restaurante onde eu jantava, no Cambuci. Ele chegou, nos cumprimentamos e ponto. 
Cauby era de uma família de músicos, a parte do pai. 
Em 1949, levou a voz aos microfones da rádio Tupi como calouro. Gostou.
Dois anos depois de experimentar os microfones foi levado por amigos à uma gravadora e logo estreou com duas músicas num disco de 78 RPM: Saia Branca e Ai que Carestia, respectivamente de Geraldo Medeiros; Victor Simon/Liz Monteiro.
No decorrer da carreira Cauby Peixoto gravou muitas músicas nos mais diversos estilos, de samba à toada etc. 
Gravou também e várias línguas, em inglês, inclusive. 
Chegou até a viver nos EUA, por algum tempo. Lá gravou dois discos de 78 RPM sobre o pseudônimo de Ron Coby. Aventuras à parte, foi com o samba canção Conceição, de Dunga e Jair Amorim, que alcançou a glória. 
A letra da marcha Ai que Carestia é atualíssima, confira.
Detalhe: essa música foi lançada em fevereiro de 1951.


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domingo, 14 de fevereiro de 2021

HOJE É DIA DE AUGUSTO DE CAMPOS. PARABÉNS!

O amigo radialista Carlos Sílvio telefona pra dizer que não tem o que fazer. E por não ter o que fazer está atualizando leituras. Um dos livros cuja leitura está concluindo é Balanço da Bossa e Outras Bossas, do poeta Augusto de Campos. Rápido como um raio pergunta: você conhece esse poeta?

Bom, vamos falar sobre o poeta contextualizando sua história.

Muita gente boa nasceu e nascerá em fevereiro de Carnaval. O santista José Ramos Tinhorão nasceu no dia sete de fevereiro de 1928.

O paulistano Augusto de Campos nasceu no dia 14 de fevereiro de 1931.


Augusto, irmão de Haroldo (1929-2003), é um intelectual de respeito. Poliglota, o escambau. 

Tinhas uns vinte anos quando foi às livrarias o seu primeiro livro, de poesia. 

Aparentemente Augusto de Campos é um poeta normal, com traços de fina ironia. Nesse ponto, faz par com Tinhorão.

Tinhorão e Campos têm textos primorosos. Só que Tinhorão sempre acreditou ser possível ter o Brasil uma identidade cultural própria, pura sem estigmas. 

Ainda muito cedo, começos dos anos de 1950, Campos juntou-se ao irmão Haroldo e a Décio Pignatari(1927-2012). Os três mexeram profundamente na estrutura da poesia tradicional brasileira. 

Enquanto Tinhorão fazia-se presente no País através do textos brilhantes que publicava no Jornal do Brasil, os três os poetas detonavam a poesia como tal conhecemos e inventavam o Concreto, a poesia concreta.

Quem faz poemas concretos é poeta concretistas.

A poesia movimentou-se nas águas do Naturalismo, do Realismo, do Romantismo, do Simbolismo e do Parnasianismo.

Aloísio de Azevedo foi Naturalista. Esse movimento começou ali pela metade do século 19. 

Castro Alves foi um representante fortíssimo do Romantismo como fortíssimo fora no Simbolismo Alphonsus de Guimarães (1870-1921)e o paraibano Augusto do Anjos(1884-1914).

Olavo Bilac, que além de poeta foi jornalista, representou muito bem o Parnasianismo.

Pra quebrar a monotonia dos versos presos por rimas, os Campos e Pignatari chutaram o pau da barraca que resultou no Concretismo.

Para os tradicionalistas, foi um Deus nos acuda.

Um dos primeiros seguidores desse movimento, o paulista de Cajobi, Mário Chamie(1933-2011), achou esse movimento chato. E também chutou o pau da barraca. Resultado: Praxis.

O movimento Praxis foi inventado pra demolir com toda energia possível, o Concretismo. 

O primeiro livro que marcou esse movimento foi Lavra Lavra, de 1962. 

Chamie, que chegou a gravar um CD declamando seus poemas(CPC Umes) morreu emburrado com os poetas concretistas, especialmente Augusto.

E Tinhorão, hein?


Os concretistas continuaram achando o contrário do que sempre achou Tinhorão, em termos culturais.

Para os Concretistas a Bossa Nova, a Jovem Guarda e o Tropicalismo são a essência da essência do nosso Patropi, mesmo sem a pureza perseguida por Tinhorão.

Augusto de Campos acha João Gilberto(1931-2019) um gênio da raça, por exemplo.

O livro Balanço da Bossa e Outras Bossas(Ed. Perspectiva, 1978) trás nas suas trezentas e tantas páginas uma geral sobre o que representou a Bossa Nova no Brasil e no Exterior. Além disso, o autor não se omite de expor seu pensamento sobre o Tropicalismo e dos festivais de música popular. 

É um livro bom, sem dúvida. E ainda legível, principalmente pra quem não viveu os movimentos musicais a parti da Bossa Nova.

Sílvio conta que os livros de Tinhorão são livros necessários à compreensão do Brasil desde o  achamento pelos portugueses e outros povos que pisaram o nosso solo."Não li tudo do Tinhorão, mas eu acho esse cara fundamental pra todos nós", ressalta o radialista.

O poeta Augusto Luís Browne de Campos está completando hoje 90 anos de idade. 

Ao poeta, meu respeito e admiração. 



sábado, 13 de fevereiro de 2021

CARNAVAL DA PANDEMIA

 Oficialmente, as ruas e avenidas de São Paulo e Rio de Janeiro estão em silêncio. Motivo: a Pandemia provocada pelo Novo Coronavírus.

Apesar disso, os brasileiros que gostam de sambas de enredo não vão dormir cedo. Motivo: a TV Globo vai retirar dos seus arquivos pérolas de antigos carnavais do Rio e São Paulo.

Ao todo, serão 28 enredos escolhidos a dedo pelas ligas das escolas de samba e RJ e SP.

Caso queiram, os mais apressados podem acompanhar aqui alguns dos sambas que irão ao ar hoje 13 e amanhã 14 na telinha da plin, plin:

Liberdade ! Liberdade! Abre as asas sobre nós

https://www.youtube.com/watch?v=vtItwpeTqmk

Salgueiro: Peguei um Ita no norte





HISTÓRIA

Se o amigo e a amiga clicarem aqui, saberão como e quando começaram a ser feitos os sambas de enredo:

http://assisangelo.blogspot.com/2014/02/o-fim-dos-sambas-de-enredo.html

A RAINHA DO BAIÃO ERA DE SAMBA ENREDO

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Assis junto com Marinês (rainha do xaxado), Carmélia (rainha do baião)
e Anastácia (rainha do forró), foto feita num estúdio da Rádio Capital

É certo, certíssimo, que pouquíssimas pessoas sabem que Carmélia Alves, a Rainha do Baião, foi a primeira mulher na história da nossa música a gravar um disco (LP) inteiro com sambas de enredo. Pois é.
Isso aconteceu em 1969 e o seu parceiro de empreitada foi um cabra incrível nascido em São Paulo chamado Geraldo Filme (1927-95).
Era paulistano, descendente de escravos. Gente fina, bonita, respeitosa, um cidadão do tamanho de Deus. Amigo e parceiro de Osvaldinho da Cuíca. Dele é, por exemplo, o samba Silêncio no Bixiga. Ouça: SILÊNCIO NO BIXIGA
Em 1969, Geraldo e Carmélia se juntaram pra gravar sambas de enredo. Coisas bonitas, que tratam da nossa história.
A voz de Carmélia tinha a beleza do rufar dos tambores de África, embora fosse ela de pele branca. Era grandona, que nem a nossa Aparecida.
O amor não é cor. Melhor: o amor tem, traz e mostra todas as cores da vida, da natureza.
O disco Sambas Enredo das Escolas de Samba de São Paulo é uma pérola. Clique: 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

MESTRES DE FEVEREIRO: MARTINHO DA VILA, OSVALDINHO DA CUÍCA...

Meu amigo, minha amiga, você já ouviu falar de Américo Jacomino?
Martinho, Osvaldinho e Dominguinhos.
Dos três, José Domingos de Moraes é o mais novo. Já está no céu tocando sanfona pra Deus e seu filho Cristo e todo mundo que gosta de alegria e ama. Deixou uma obra incrível, iniciada em 1964 com a gravação do LP Fim de Festa (Cantagalo; Direção de Pedro Sertanejo).
Martinho José Ferreira, da Vila, é o mais velho, nascido em 1938.
Osvaldo Barro, o Osvaldinho da Cuíca, nascido em 1940, acaba de trocar a Capital paulista por Atibaia, SP, lugar onde viveram seus últimos dias Noite Ilustrada (Mário de Souza Marques Filho; 1928-2003) e Sílvio Caldas (1908-1998). Começou a gravar discos pela extinta Marcus Pereira, nos anos 70.
Osvaldinho tem uma obra fenomenal e fundamental para que o Brasil seja melhor visto através da música, naturalmente.
No decorrer de todos os anos que até aqui tem vivido, Osvaldinho acompanhou Adoniram Barbosa, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Cartola, Zé Keti, Nelson Sargento, Elton Medeiros, Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Toquinho e Vinícius de Moraes, Paulinho da Viola, Martinho da Vila…
A história de Osvaldinho da Cuíca, como a história de Martinho da Vila e Dominguinhos, não cabe neste espaço. É grande demais.
Os três artistas aqui lembrados nasceram no mesmo dia e mês: 12 de fevereiro.
Um testemunho: vivi de perto com Dominguinhos (1941-2013), que chegou a prefaciar um livro meu (Eu Vou Contar pra Vocês; Ed. Ícone, 1990) e a gravar uma música que fiz em parceria com Gereba, Hino ao Céu. Ouça: 

Pra Osvaldinho compus Batuque pra Cuíca, este:

Em São Paulo tem batuque
Digo e provo, sim senhor!
E muita gente bonita,
Demonstrando seu valor

Osvaldinho da Cuíca
Do pandeiro e do tambor
É um grande ritmista
Do batuque, professor!

Mas pra ele tanto faz
O pandeiro ou o tambor
Importante no batuque
É o que vem da sua cor

O batuque vem de longe
Vem da alma, vem da dor
Vem dos olhos, vem das mãos
E dos pés do dançador

Todo mundo bate palmas
Pra quem é batucador
Quem batuca também dança
Ao som livre do tambor

Osvaldinho da Cuíca
Também é batucador
Ele toca ele encanta
Abraçado a bom tambor

Osvaldinho da Cuíca
Do batuque é professor…

Sobre Martinho e Dominguinhos, mais Osvaldinho, já escrevi tanta coisa e temendo repetir, sugiro que vocês acessem os links: OSVALDINHO DA CUÍCA, 80JOSÉ DOMINGOS DE MORAES, 70. VIVA!O HISTÓRICO DIA DO FICO
Martinho da Vila vocês vão encontrar no programa São Paulo Capital Nordeste. Aqui: SÃO PAULO CAPITAL NORDESTE, parte 4
Ia-me esquecendo: Américo Jacomino foi um violonista nascido em São Paulo no dia 12 de fevereiro de 1889. Era canhoto. E por ser canhoto ganhou o apelido “Canhoto”. Gravou o primeiro disco em 1912. O tempo foi correndo e ele encantando quem o ouvia. Morreu em 1928. A sua obra é fabulosa. Dela consta
Abismo de Rosas. Ouça: ABISMO DE ROSAS, por Canhoto

CARMÉLIA DE BAIÃO TAMBÉM ERA DO FREVO

Você já ouviu falar de Carmélia Alves?
Carmélia Alves era uma mulher arretada, filha de cearense com carioca. Cheia de graça. Risonha o tempo todo. Cativante.
Muita gente pensa que Carmélia era nordestina. Pois é, não era não.
Carmélia nasceu em 1923, no Rio de Janeiro.
Era uma grande intérprete, composição não era com ela. Mas ela sabia distinguir o bom do não bom. E foi assim que ela conheceu Luiz Gonzaga e suas músicas e seus parceiros, como Zé Dantas e Humberto Teixeira.
Virou Rainha do Baião, com coroa e tudo posta na sua cabeça pelo, rei Luiz Gonzaga.
Carmélia foi minha amiga. Ela vinha a minha casa e eu à casa dela, em Teresópolis, RJ.
Carmélia Alves começou a carreira imitando Carmen Miranda (1909-1955).
O primeiro disco de Carmélia, um 78RPM, foi gravado de modo independente na RCA. Final dos 40. Nelson Gonçalves e outros bambas participaram do coro.
De voz possante, ela gravou de um tudo. Até música de Carnaval. Ouça:


FOME COM VONTADE DE COMER. EITA!

Sarcástica, com sorriso no canto da boca, Anninha da Hora pergunta sobre a possibilidade de Bolsonaro se reeleger nas próximas eleições. Hummm dois mil e vinte e dois está ai, batendo à porta. 
Nesta semana que termina, muitas incógnitas surgiram no mundo político. De repentemente. 
Começou com o imbróglio na Câmara e no Senado que resultou no quebra pau entre ACM Neto e Rodrigo Maia.
Maia é, até o momento, do DEM. 
ACM Neto é o presidente do DEM, ex-prefeito de Salvador e herdeiro político de Antônio Carlos Magalhães, o Toninho Malvadeza. Uma raposa.
Esse quebra pau acabou ressoando no MDB e no PSDB. 
O MDB abandonou a candidatura da senadora Simone Tebet à presidência do Senado para apoiar de corpo inteiro o candidato de Bolsonaro, Rodrigo Pacheco (DEM). 
Na Câmara, quase todos os partidos de esquerda, centro e centro-esquerda apoiaram o candidato de Bolsonaro, Arthur Lira.
E o causo não parou ai, pois o governador psdebista João Doria enfureceu-se. Ora pois, como pode, hein, hein?
E foi fundo: gritou pela expulsão do deputado Aécio Neves, que desde que foi pego com a mão na cumbuca anda escondido na moita. 
E a coisa não parou ai.
Fulo da vida com ACM Neto, Rodrigo Maia ameaçou deixar o DEM. Dito isso, rapidamente Dória chamou Maia pra engrossar as fileiras do seu partido. Detalhe: o convite a Maia caberia fazer o presidente do PSDB, Bruno Araújo.
Dória é candidato declarado à sucessão de Bolsonaro. Daí o rolo.
Cuidemo-nos.
E o pau continua a cantar na ribalta política. 
E quem ganha com isso? Claro, Bolsonaro. 
Se os partidos de esquerda não se juntarem, Bolsonaro papará as próximas eleições. 
Ah sim: puta velha, Lula mandou Haddad botar o bloco na rua. Ai, ai, ai...
Comentário da Anninha: "Poxa, eu não tinha pensado nisso". 
E ainda tem a pandemia da Covid-19 que exige do governo federal que se dê o mínimo de grana (auxílio emergêncial) para o pobre viver: é a fome com vontade de comer. 

É CARNAVAL. E AS MARCHINHAS?

A primeira marchinha de carnaval foi composta em 1899 pela carioca Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935), você sabia disso? Leia: https://assisangelo.blogspot.com/2010/02/chiquinha-gonzaga-em-revista-no-sesc_6665.html
Chiquinha esteve muitos anos a frente do seu tempo. Muitos carnavais se passaram desde que ela compôs Ó Abre Alas. 
A marchinha de Chiquinha pode ser classificada como marcha rancho. 
A última grande marcha rancho foi máscara Negra, de Zé Keti. 
Antes de Zé Keti, inúmeros compositores se aventuraram nesse gênero. Um deles foi José Roberto Kelli, que emplacou na história do carnaval Cabeleira do Zezé (abaixo). 
Os carnavais marcaram a vida de muita gente boa no Brasil. Sem saudosismo, é possível dizer que nos tempos de ontem as letras das marchinhas tinham um sabor mais gostoso do que as "marchas" improvisadas. Aliás, já não há mais espaço para marchinhas. Pena. 


HISTÓRIA DA CABELEIRA

Conta-se que o autor de Cabeleira do Zezé estava de olho na namorada de um cara que ele bebericava à mesa de um bar. O cara era, digamos, pra frentex. Cabeludo e tal. Cheio de graça. E o compositor na dele... Olha a cabeleira do Zezé... Enquanto ele improvisava a letra que se tornaria sucesso nos fins do 60, a namoradinha do cara pra frentex caia na risada. O final dessa história eu não sei, a não ser que a marchinha virou um tremendo sucesso.