Comecei a trabalhar no grupo Folha em 1977, um ano depois de trocar a minha terra João Pessoa, por São Paulo.
O
time era bom, formado por: Hely Vannini, Fernando Barros, Marcos
Zanfra, Jorge Zappia, José Luís Lima, Roberto Moschela, Manoel Dorneles,
Celso Sávio, Hipólito Oshiro, Valmir Salaro, Luciano Martins, Taís,
Cris Medeiros, Leivinha, Scarpa, Nery; incluindo os fotógrafos Manoel Izidoro, Jair
Malavazi, Luís Carlos Murauskas, Dirceu Lene, Gil Passarelli, Matuiti
Mayezo, Angelo Pirozelli e Valdemar Cordeiro, “irmão de criação” de
Audálio Dantas, lembra o amigo Jorge Araújo.
Jorge é o autor da famosa foto da pomba, como ficou conhecida (ao lado).
Cordeiro era o chefe dos fotógrafos.
Vannini cuidava da editoria de Polícia.
Só cobras.
Lembro
também do Ricardo Kotscho, do Nelson Merlin, do Oswaldo Mendes, Tarso
de Castro, Miguel Raide, Cláudio Abramo, Tavares de Miranda, Moacir
Amâncio, Dirceu Soares, Paulo Nogueira, Fortuna, Angeli, Glauco, Laerte,
Fausto, Petchó, Luís Gê, Jota (Jotinha), Paulo Francis, Emir Nogueira,
Dora Kramer e Lu Fernandes, que viraria presidente do Sindicato dos
Jornalistas no Estado de São Paulo.
E o Boris?
Boris Casoy foi
editor da Folha por um determinado tempo. Chato, grosso e arrogante, uma
vez encontrou-se comigo no Roda Viva, programa da TV Cultura, e
sarcástico perguntou: “O que é que você está fazendo aqui?”.
Estirei-lhe a língua ou disse-lhe um palavrão, sei lá.
Daquele tempo eram também Luís Carlos Rocha Pinto, Trovão, Tupamaro, Adilson Laranjeira...
Nos quase 7 anos que lá permaneci, publiquei centenas e centenas de reportagens.
Na Folha, ou Folhão como chamávamos, publiquei matérias ruidosas como a que me levou a ser processado pelo governo paulista.
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Fui processado, mas absolvido pela Justiça.
A
matéria, publicada no dia 13 de janeiro de 1982 com chamada na 1ª
página (recortes ao lado), tratava de um duplo linchamento praticado por operários do
município de Ribeirão Pires, cujas famílias eram violentadas por
marginais sem que o Estado nada fizesse em sua defesa.
Ganhou repercussão internacional.
Participei de grandes coberturas como a campanha pelas Diretas Já e as greves no ABC paulista.
Lembro da intervenção ao sindicato do qual Lula era presidente. SAIBA MAIS:
LULA DÁ NÓ EM PINGO D´ÁGUA Lembro
também da greve dos Jornalistas, desencadeada após assembleia no
Tuquinha, da PUC, na noite de 22 de maio de 1979. O presidente do nosso
Sindicato era Davi de Morais. A greve, que durou uma semana, foi um
fracasso total. Ninguém morreu, mas muita gente perdeu o emprego.
Entrevistei
muita gente boa e marginais famosos como Hiroito, Fininho, Ze Guarda,
Correinha, João Acácio (o Bandido da Luz Vermelha) e figurões como o
delegado Fleury, de triste memória.
Fui várias vezes à casa de detenção e ao Carandiru, para mostrar a vida em prisão. Feminina inclusive.
Cobri rebeliões na FEBEM e em presídios da Capital e do interior.
Uma
vez Quinzinho, famoso personagem da chamada Boca do Lixo Paulistana
disse-me numa entrevista: “Heróis são as pessoas que vivem de salário
mínimo”.
Quinzinho morreu atropelado, na avenida São João.
O velho
Frias, dono do grupo Folha, foi não foi mandava me chamar pra registrar
a visita de nomes importantes das artes e literatura, a quem lhes
oferecia almoços e jantares regados a bons vinhos e outras bebidas. Isso
ocorria no restaurante que havia na cobertura da sede do jornal, na
Barão de Limeira, 425.
Lembro que uma das vezes fui chamado para registrar a presença do escritor Antonio Callado. Uma grande figura.
O
Frias chamou-me também algumas vezes para acompanhá-lo com empresários à
rodoviária que ganhou de presente do Maluf, na primeira vez que foi
prefeito da cidade. Meu papel era fazer o registros dessas visitas.
Numa
terça ou quarta-feira qualquer do ano de 1978, fui ao apartamento do
cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré para entrevistá-lo. O
fotógrafo Gilberto Nascimento fez o que tinha que fazer. Belas fotos. No
sábado seguinte, voltei à casa do Vandré e ele me disse: "Ângelo, acho
melhor você não publicar a nossa entrevista”. Olhei pra ele e ri e, para
sua surpresa, dei-lhe um exemplar do Folhetim que já estava chegando às
bancas com uma foto sua na capa.
O Folhetim era um suplemento dominical da Folha, de muito sucesso.
Essa entrevista levou a liberação da canção Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, que estava proibida pelo governo desde 1968.
Também
recordo a vez que Samuel Wainer, criador do jornal Última Hora,
pediu-me para que fizesse uma entrevista com o cantor e compositor
Renato Teixeira, que começava a fazer sucesso com Romaria na voz de Elis
Regina. Anos depois Renato me disse que Samuel era um parente dele
distante.
Matérias que por uma razão qualquer não eram publicadas no Folhão, eu publicava noutros jornais. No Pasquim, por exemplo. LEIA:
ATÉ TU, JAGUAR? |
No bar, sempre uma extensão da redação. Impossibilitado pela cegueira de identificar os retratados, Assis só lembra de Lu Fernandes estar na foto (abaixo dele, ao centro) |
Eram
tempos duros aqueles, em que andávamos ainda meio assustados, pois a
ditadura militar ainda não acabara. Mas havia tempo para relaxamento
(foto ao lado).
Quatro meses e quatro dias depois do lançamento do
jornal Folha da Noite, um ataque do coração matou João Paulo Emílio
Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Esse João, criador da reportagem no
formato como tal conhecemos, entrou para a história da Imprensa como
João do Rio.
Hoje a Folha, o Estadão, e o Globo são os principais jornais do País.
Em
fins dos anos de 1970, pedi ao poeta cearense Patativa do Assaré que
escrevesse qualquer coisa sobre a Folha. Fez essa quadra:
A Folha de S.Paulo é rica
Tem ela um grande mister
Mas a mesma não publica
Tudo o que a gente qué