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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

BAIÃO EM ALEMÃO


Luiz Gonzaga, o rei do baião, é um dos artistas mais lembrados do Brasil. Deixou uma obra vigorosa, formada por mais de 600 títulos. Deixou inúmeros sucessos até hoje revisitados ou regravados pelos artistas mais novos e mais velhos, no Brasil e no Exterior.
Muitas músicas de Gonzaga, já foram vertidas nos mais diversos idiomas: inglês, francês, espanhol, japonês, coreano (do Sul).
Agora foi a vez de o Rei do Baião ganhar um CD inteiro com títulos do seu repertório.
O CD Luiz Gonzaga in Deutsch traz 11 músicas. Começa com Louvação a João XXIII e segue com Xote Ecológico, Ave Maria Sertaneja, Asa Branca, A Volta da Asa Branca...
Esse é um disco bastante curioso.
As músicas são interpretadas pelo Frei alemão Adolf Temme, responsável também pela versão alemã.
Edinaldo Sóstenes foi o artista incumbido da instrumentalização e direção artística dessa obra.
O sanfoneiro Ranier Oliveira deu ao disco o tom brejeiro.
Wilson Seraine, nome muito conhecido no Piauí, foi quem teve a iniciativa de produzir Luiz Gonzaga em Alemão.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

FINALMENTE, CINZAS



Em 1967, Roberto Carlos defendeu no III Festival da Música Popular Brasileira, promovida pela TV Record, o samba-canção Maria Carnaval e Cinzas. Essa música, de Luiz Carlos Paraná (1932-1970), foi classificada em 5º lugar. Desse festival também participaram Erasmo Carlos e Ronnie Von, considerados até hoje apolíticos. Maria Carnaval e Cinzas começava assim:
Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval...

E terminava com a personagem morrendo como morrem as quartas-feiras de cinzas:

Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval...

O Carnaval é o maior evento de público do Brasil. Suas origens são remotas. Chegou ao país nos fins dos séculos XVI. Entrudo era a marca dessa festa que o tempo findou por abolir. Era violento. Diz-se que o Imperador Pedro I e o filho que o sucedeu divertiam-se com isso.
O Entrudo foi proibido pela polícia no meio da segunda parte do século 19.
Não houve Carnaval em 1894, como registrou em crônica o escritor Machado de Assis (1839-1908). Clique: https://culturadetravesseiro.blogspot.com/2011/03/cronicas-de-machado-de-assis.html
O Carnaval que conhecemos começou a ganhar forma na virada do século XIV para o século XX, com a marchinha O Abre Alas (1899).
A primeira escola de samba, ainda não na forma que conhecemos, chamou-se Deixe-a Falar (1928).
São milhares as músicas que falam de Carnaval.
Em 1965, o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré lançou no seu 2º LP (Hora de Lutar; Continental), a marchinha Sonho de um Carnaval (Chico Buarque).
Seis anos depois, foi a vez de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes comporem Marcha da Quarta-feira de Cinzas. Ouça: https://youtu.be/_ujIZja_rIU
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, acham-se milhares de músicas feitas e gravadas para o Carnaval, incluindo as três citadas neste texto.

QUARESMA

A Quaresma começa hoje. Próximo dia 12 de abril, começa a Páscoa. Esse período é para os católicos repensarem a vida, a partir da tortura, morte e ressurreição de Cristo.

VANDRÉ, EU E CAMÕES

A naturalidade a mim apresentada ontem 25 por Geraldo Vandré leva-me à compartilhar com vocês, meus amigos, minhas amigas a informação que dei sobre a tarefa que desenvolvi adaptando o belíssimo texto Os Lusíadas, de Camões, para Canto e Cordel. São mais de mil versos em cerca de 170 estrofes de sextilhas. Surpreso, ele perguntou: "Você fez isso?". Não só, acrescentei, essa é a única adaptação do mundo desde 450 anos feita por alguém no mundo; E esse alguém, um cego. Prazer. Um trecho, bem pequenininho:

Um dia Júpiter chamou
Seus pares pra conversar
Queria deles saber
Que posição adotar
Sobre certa viagem
de um certo homem no mar

Deuses foram chegando
Decididos a escutar
Decididos a entender
O que Júpiter tinha a falar
Seria sobre a viagem 
Daquele homem no mar?

Ouviu-se um zum, zum, zum
Eram Deuses a murmurar:
Quem seria esse valente 
decidido a enfrentar
Os mau humores do tempo
E as estranhezas do mar?

VANDRÉ AGORA É FOLCLORE

O Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Águia de Ouro insistiu durante 44 anos pra faturar o primeiro campeonato do Carnaval paulistano. Isso aconteceu ontem 25, no final da tarde.
Geraldo Vandré, por sua vez, precisou de menos de dez anos (1964-1968) para firmar-se na história da nossa música e ter sua obra como referência folclórica. Isso não é pouco!
O potiguar Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), o mais ilustre estudioso da nossa cultura popular, dizia ser preciso que se passassem pelo menos 100 anos para que um causo, um conto, uma anedota ou uma música caísse totalmente no gosto popular e fizesse parte do mágico tapete do folclore. Dizia também que, de certo modo, cada um de nós já nasce mestre. Ouça:


Em dezembro de 1978 entrevistei Cascudo em Natal. A entrevista foi publicada no dia 7 de janeiro em 1979 no suplemento Folhetim, do paulistano Folha de S.Paulo. Leia: O VELHO QUE SABE TUDO
Logo após o anúncio que encheu de alegria os integrantes e torcedores da escola samba Águia de Ouro, perguntei a Vandré o que ele tinha a dizer a respeito. "Foi muito bom, mereceu a vitória", ele disse. E disse isso com alegria, com muita alegria, tanto que me surpreendeu sobre maneira. Lembrei-lhe que o enredo (O poder do saber – Se saber é poder… quem sabe faz a hora, não espera  acontecer) não o citam nominalmente. Resposta: "E precisava?".


Conheço Geraldo Vandré há mais de 40 anos e nunca o vi tão de bem com a vida. Feliz, mesmo.
O modo natural de Vandré, fez-me lembrar o cientista e compositor Paulo Vanzolini (1924-2013).
Um dia fim de tarde Vanzo, como os mais próximos chamavam Vanzolini, telefona dizendo que tem uma novidade e que essa novidade ele gostaria de contar pessoalmente. E lá fui eu ao museu de Zoologia da USP para ouvir o amigo, ele era diretor do museu. À vontade, risonho, parecendo criança, ele mostrou-me o dicionário Aurélio aberto na página em que era citado. A citação deveu-se a Volta por Cima, composição gravada originalmente pelo mineiro Noite Lustrada, em 1963.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

MORTOS EM CARNAVAL: PIXINGUINHA E ARY BARROSO


O Carnaval é uma das festas mais populares do mundo. Especialmente no Brasil. Às vezes cai no mês de fevereiro, às vezes cai no mês de março. As datas são móveis.
São muitos os compositores que cuidam de criar para os carnavais. Braguinha (1907-2006), por exemplo, gerou muitos clássicos como Chiquita Bacana, Pirolito, Tem Gato na Tuba, Touradas em Madri.
Zé Keti (1921-1999) foi o compositor que assinou a impagável Máscara Negra.
O insuspeito Pixinguinha (1897-1973), que morreu num dia de carnaval (17 de fevereiro) também deixou a sua marca nas festas de Momo.
Quem também morreu num fevereiro de Carnaval, dia 9, foi o mineiro Ubá Ary Barroso (1903-1964). No Acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acham milhares de músicas relacionadas ao Carnaval. A propósito, Chiquinha Gonzaga (Francisca Edwiges Gonzaga; 1847-1935) foi quem inaugurou o ciclo das marchinhas com o Abre Alas. Essa marchinha, um clássico em todos os tempos, só foi receber gravação definitiva em 1971. As irmãs Batistas foram as responsáveis pela façanha. A gravação saiu num disco da série MPB, da Abril Cultural. Ouça:

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

EDUARDO ARAÚJO NO IMB

Da esquerda para a direita: Carlos Sílvio, Eduardo Araújo, Assis Ângelo, Ayrton Mugnaini e Mirianês Zabot

A Jovem Guarda foi um movimento musical e de comportamento ocorrido no período compreendido de 1965 a 1968, em São Paulo. A estréia desse programa ocorreu no Dia Internacional do Folclore: 22 de agosto. Vejam só! E findou três anos depois, no dia 24 de outubro. 
Muitos artistas começaram sua carreira nesse programa, que era apresentado por Roberto, Erasmo e Wandeca. Sucesso impressionante e uma curiosidade: começou por um acaso, após o Governo Militar proibir a transmissão de partidas de futebol ao vivo nas tardes de domingo. 
Pois é, o que fez a ditadura!
Participaram do programa os Vips, Golden Boys, Leno e Lilian, Jerry Adriani, Martinha, Tim Maia e Eduardo Araújo, entre outros.
Araújo, autor de dezenas de composições de sucessos, foi um dos nomes mais marcantes e requisitados pelo público que acompanhava o programa do Roberto, na TV Record.
Até Tim Maia gravou Eduardo Araújo.
Ontem 20, à noite, conversamos longamente com Araújo. O tema girou entorno de sua carreira musical como ídolo do rei do baião, Luiz Gonzaga. Vejam só! Nossa conversa teve a participação da cantora Mirianês Zabot.
A ideia foi juntar diferentes gerações de artistas. De um lado Eduardo e do outro, Mirianês. O primeiro natural de Minas Gerais e a segunda, do Rio Grande do Sul.
Houve muitas surpresas na conversa mantida ontem, ao vivo. Quem não viu ou ouvi, creio que vale a pena acessar o link: Eduardo Araújo e Mirianês Zabot em entrevista a Assis Angelo
Eduardo Araújo falou da sua fuga da casa paterna, porque os familiares não aprovavam o sonho de transformar-se em artista popular. Ora, como um filho de fazendeiro poderia trocar o certo pelo incerto? Disse que chorou algumas vezes, notadamente no dia em que ouviu a si próprio no rádio. Foi  bem no começo dos anos de 1960. Sessenta e um ou sessenta e dois. Quando lançava seu primeiro disco... 
Mirian Zabot também disse que chorou, e muito, quando pegou em mãos seu primeiro CD.
A conversa mantida ontem 20, transmitida ao vivo pelo Facebook, também contou com a participação de Ayrto Mugnaini, jornalista e músico profissional; e Carlos Silvio, radialista apresentador do programa Paiaiá (Conectados), que, aliás, recebe amanhã a cantora bossa-novista Claudette Soares.
Conversar com Eduardo Araújo e Mirianês Zabot é, antes de mais nada, uma alegria enriquecedora. Tudo flui com naturalidade, com brincadeiras, com histórias. E como um papo puxa outro, perguntei à empresária Tânia se é difícil trabalhar com Araújo. Resposta: é fácil, muito fácil. Ele fala pelos cotovelos, diz tudo que todo mundo quer ouvir. As fotos aí são uma amostra.


Tânia Araújo, empresária

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

OLHA O BANANA!


É natural que o povo de qualquer país torça e admire o seu presidente, caso o sistema político desse país seja o Presidencial. E se não for, dá no mesmo. Mas não é bem isso o que ocorre no Brasil.
O presidente eleito em outubro de 2018 parece não ter noção do cargo que há um ano e pouco ocupa.


As pesquisas de opinião registram o sentimento de tristeza, desconforto e incerteza que a população sente com relação ao presidente.
É difícil acreditar, mas é verdade: o presidente gosta de provocar as pessoas, principalmente jornalistas.
Foi não foi os jornalistas sofrem com as provocações do presidente. E sofrem pela violência com que o presidente lhes provoca e agride, geralmente com palavras de baixo calão. E gestos.
Há poucos dias ele dirigiu-se aos jornalistas que o aguardavam à saída do Alvorada com o gesto obsceno, que significa “uma banana”.
Nem vou aqui dizer o que significa esse gesto. No entanto não custa lembrar que o Brasil é o 3° maior exportador de bananas do mundo, atrás apenas da Índia e do Equador.
Existem centenas e centenas de tipos diferentes de banana, além dessa que de tanto gosta o presidente.
O gesto obsceno feito pelo atual ocupante do Alvorada agride não só aos jornalistas a quem ele se direcionou, mas a todos os brasileiros que estão sempre prontos para respeitá-lo e incentivá-lo a seguir pelos melhores caminhos. Não fosse assim poder-se-ia até dizer que um monte de “bananas” elegeu um “banana” para dar “bananas” aos “bananas” que nele acreditaram.
Triste Brasil, porém pior seria se os brasileiros – incluindo artistas – não reconhecessem a importância nutritiva dessa fruta tão deliciosa. A propósito não custa lembrar da bela música que o mestre Braguinha (Carlos Alberto Ferreira Braga; 1907 – 2006) e Alberto Ribeiro (1902 – 71) compuseram para o carnaval de 1938: Yes, nós temos bananas. Essa música, uma marcha, foi gravada por Almirante (Henrique Foréis Domingues; 1908 -80). Ouçam, no original:













quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

PRESIDENTE BOCA SUJA

Desde sempre a democracia é judiada, aqui e alhures. Repórteres sempre comeram o pão que o diabo suja e amassa. Comer sapo, então, já é rotina que nem cansa.
Nos tempos do Geisel o ministro da Justiça, Armando Falcão (1919 – 2010), costumava fugir da Imprensa com o bordão: “Nada a declarar”. O presidente eleito e morto sem assumir, Tancredo Neves, era do tipo mussum, escorregadio que só!
O sucessor de Tancredo, Zé Sarney, gostava de fazer onda com jornalistas e artistas. Assumia o tipo intelectual e meio paizão.
E assim as coisas iam, iam, sem maiores consequências e, apesar de tudo, um certo respeito aos jornalistas. O que não se vê no Governo atual.
A coisa tá feia.
Quase todo dia os jornais noticiam um ato de censura no País. Já chega a uns duzentos casos.
Tão grave quanto censurar livros em livrarias e bienais, exposições de fotos ou pintura é a agressão até aqui verbal que o atual presidente da República vêm cometendo. O último caso me arrepiou. Até agora estou sem palavras, triste, envergonhado por ouvir o Presidente dizer com ironia e desprezo que uma repórter da Folha... Não, recuso-me a dizer o que o Sr. presidente disse. Um horror!
De boca fechada o Presidente deixaria o ar menos poluído.


A coisa ta feia, sem falar que mais de onze milhões de brasileiros e brasileiras continuam desempregados.

SÃO PAULO CAPITAL NORDESTE

Pra relaxar, nestes tempos pra lá de bicudos, sugiro que as pessoas que aqui me acompanham ouçam. Clicando:




terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

PATTÁPIO E PIXINGUINHA, MESTRES DA MÚSICA



Pattápio Silva e Pixinguinha foram dois dos maiores flautistas que o Brasil já teve. O primeiro, carioca como o segundo, nasceu no dia 22 de outubro de 1880. Deixou gravadas para a posteridade pouco mais de uma dúzia de composições suas e de outros autores.
Pixinguinha, de batismo Alfredo da Rocha Vianna Filho, veio ao mundo no dia 23 de abril de 1897. Começou a gravar com 14 anos de idade e a compor, com 11, aos 15 já integrava a Orquestra do Teatro Rio Branco, no Rio de Janeiro. Deixou centenas e centenas de composições. São dele clássicos como Carinhoso, Rosa e Sofres Porque Queres.
Pattápio morreu em Florianópolis, no dia 24 de abril de 1907. Foi-se tão novo quanto Noel Rosa (1910-1937) e Casimiro de Abreu (1849-1860).
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acham todas as gravações de Pattápio e Pixinguinha.



domingo, 16 de fevereiro de 2020

CARNAVAL E BLOCO BAIXO AUGUSTA, SP

Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta desce a rua da Consolação até a praça da República
O carnaval é a maior festa pagã do Brasil, do mundo.
No Brasil, as alegrias do Carnaval se multiplicam e se expandem aos quatro cantos. Com crise e sem crise.
Números indicam que há mais de 11 mil desempregados no País. Mas isso não impede que os festejos carnavalescos ganhem adeptos a cada ano.
Ouço no rádio notícia dando conta de que o maior carnaval do país ocorre na capital paulista, e não na capital fluminense.
No Rio há centenas de blocos incluindo o mais velho deles, o Bola Preta.
O mais antigo bloco carnavalesco do Brasil se acha em terra mineiras: O Zé Pereira dos Lacaios, de 1867.
A prefeitura paulistana anunciou o cadastramento de quase 700 blocos prontos pra desfilar neste 2020. O maior deles, Acadêmicos do Baixo Augusta, tem público estimado na casa do milhão.
O Baixo Augusta acaba de sair da confluência da avenida Paulista com a rua da Consolação. Uma batucada dos diabos. Samba dos bons, predominando os textos de Gonzaguinha (1945-91). Em altíssimo som, foliões e outros adeptos do reino Momo saíram cantando Explode Coração e O Que é? O Que é?
Antes e durante o desfile foram ouvidos xingamentos ao atual presidente da República, correspondidos pelo povo que acompanha o bloco. Ouça:

Neste momento estão desfilando no Baixo Augusta o ator Julinho Andrade, que viveu Gonzaguinha no cinema (Gonzaga de Pai pra Filho; 2012), a musa do samba Elza Soares, Fafá de Belém, Simoninha, Mariana Aydar.
Desaparecido num acidente de carro, há 29 anos Gonzaguinha continua sendo bandeira dos movimentos de esquerda no Brasil. Suas músicas foram e continuam sendo gravadas por grandes interpretes como Claudette Soares (a primeira a gravá-lo, em 1969), Elis Regina, Maria Bethânia, Simone, Zizi Possi, Elza Soares e Mirianês Zabot. A propósito, essas duas últimas cantoras gravaram Comportamento Geral. Ouça Mirianês no seu último CD:

A rainha do bloco, Alessandra Negrini, chamou a atenção pela categoria como portou-se no desfile.
O Baixo Augusta, que existe há mais de uma década, fez este ano do escritor Marcelo Rubens Paiva o seu porta-estandarte. Ponto para o bloco. Paiva representou as pessoas portadoras de deficiência física. Que história!
O paraibano Rômulo Nóbrega, biógrafo do compositor Rosil Cavalcanti veio da sua terra especialmente para almoçar comigo do Bar das Putas e acompanhar o desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta (foto abaixo).



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

QUEM SE LEMBRA DO PROGRAMA SÃO PAULO CAPITAL NORDESTE


São Paulo Capital Nordeste foi um programa que permaneceu no ar durante quase sete anos, ininterruptamente. Por este programa passaram centenas e centenas de artistas da música popular, jornalistas, poetas e romancistas, atores, atrizes, enfim... Boa parte do Brasil passou por esse programa.
Muitas histórias foram contadas ao vivo pelas pessoas que entrevistei.
Éramos líderes de audiência.
Quem não se lembra do programa São Paulo capital Nordeste por mim apresentado nas noites de sábado na rádio Capital AM 1040?
Pra lembrar, clique:


Para ler a matéria abaixo com mais definição, basta clicar na imagem:

GATO COM FOME PREPARA NOVO CD

Cadu passou há pouco pela sede eternamente provisória Instituto Memória Brasil. Aí na foto ele e eu

Mundialmente o Brasil é conhecido e reconhecido como o país da mulata, do samba e futebol.
Não são poucos os grandes compositores e intérpretes nascidos cá na terra Brasilis.
No Brasil, sambista dá que nem água. E sempre novos talentos estão a surgir.
O grupo Gato com Fome, paulistaníssimo, é exemplo de grande talento.
Batizado por Osvaldinho da Cuíca, o Gato com Fome surgiu há cerca de uma década. Tem dois CDs e o terceiro está chegando, com texto que deverei assinar. Antes uma pequena amostra do novo disco do grupo:




quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

CORAÇÃO EM FESTA


O Brasil é cheio de gente boa, de gente decente, trabalhadora; de gente que sonha, de gente que quer um brasil melhor.
Diariamente recebo pessoas incríveis, aqui na sede eternamente provisória do Instituto Memória Brasil.
Meu amigo, minha amiga, você já ouviu falar sobre o Instituto Memória Brasil. Acesse:
Pois bem, o Brasil é cheio de gente boa.
Lembro-me como se fosse hoje mestre Câmara Cascudo a mim dizendo que “O melhor do Brasil é o brasileiro”.
A tarde de ontem foi uma tarde muito bonita, que contou com a presença dos amigos João Cícero, que durante muitos anos foi empresário de Dominguinhos; Rilavia, criadora do troféu Gonzagão http://assisangelo.blogspot.com/2013/05/trofeu-gonzagao-trofeu-de-respeito.html; e Ayrton Mugnaini, jornalista dos bons e músico idem.
Meu coração ficou em festa, ontem.
Na foto/montagem acima, registro do encontro. Até declamei.



HINO AO CEU. VIVA DOMINGUINHOS!


Ontem 12 foi dia de anos novos para Osvaldinho da Cuíca e Martinho da Vila. O primeiro, oitenta; o segundo, oitenta e dois. 
Conheci Osvaldinho num ano qualquer do século passado. Martinho eu conheci antes. Lembro disso, porque, na ocasião, eu era repórter das Folhas, ali na Barão de Limeira.
Osvaldinho e Martinho participaram várias vezes dos programas que apresentei, um deles na rádio Capital: São Paulo Capital Nordeste. Marcou época. Quem não lembra? 
Ontem também foi dia de aniversário de José Domingos de Moraes, nacional e internacionalmente conhecido como Dominguinhos.
Não recordo o ano, mas Dominguinhos gravou uma música minha que fiz com Gereba, o bom baiano. Título: Hino ao CEU. Cliquem:


Pra saber mais sobre o grande sanfoneiro Dominguinhos, que estaria completando hoje 79 anos de idade, acesse:


http://assisangelo.blogspot.com/2013/07/dominguinhos-nao-morreu.html
http://assisangelo.blogspot.com/2013/07/dominguinhos-era-uma-festa.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

MARTHA É NOME DE ARTE

Na casa dos "enta", ela mostra a grandeza que tem no traço e na pinta que saem do seu coração. 

É desenhista, ilustradora, pintora. 

O que sai da imaginação de Martha Maria Zimbarg é o que precisamos ver. Vendo, é possível nos enxergarmos.

Nos seus quadros se acham a natureza e a realeza da natureza. Mais do que isso: a alma da natureza.

Martha em cores canta a vida, no traço p&b e em cores.

Eu tive a alegria de conhecer Martha Maria Zimbarg através do amigo Ayrton Mugnaini Jr.

Ayrton é o homem que brilha pela luz que sai dos traços de Martha.

A arte salva.

Martha Maria Zimbarg é um nome conhecido no meio das artes plásticas.

Por mero charme, Martha resume seu nome e história pelas iniciais MZ. E como não sou exclusivista, artisticamente falando, passo a vocês os contatos: mzimbarg@hotmail.com e 5511992722430.

OSVALDINHO DA CUÍCA, 80




Artífice de uma carreira longa e brilhante, o instrumentista, compositor e intérprete paulistano Osvaldo Barro, na cena musical desde os fins dos anos de 1950, popularizou a cuíca no País como Waldyr Azevedo fez com o cavaquinho e Luiz Gonzaga, com a sanfona. Só por essa façanha Osvaldinho já mereceria uma estátua e o direito de aboletar-se à fama e ficar se balançando numa rede sob os aplausos do mundo, que ele tão bem conhece. Mas, não, Osvaldinho é um cara inquieto e quer mais; quer fazer mais, e faz.

Osvaldinho da Cuíca, como nacional e internacionalmente é conhecido, nasceu no dia 12 de fevereiro de 1940. A seu respeito já escrevi muita coisa. Merece. Cliquem:


Martinho da Vila está dois anos a mais de Osvaldinho da Cuíca. Hoje, Martinho completa 82 anos de idade. No correr desse tempo, ele serviu ao Exército e teve oito filhos que lhe presentearam com dez netos. Martinho, por gostar de ler e escrever, escreveu e publicou vários livros sobre música e brasilidade. Martinho eu o conheci há uns 40 anos, bebericando num bar de esquina. Eu, ele e Mussum. Escrevi muito sobre Martinho, que e o fiz participar do programa São Paulo, Capital Nordeste, que apresentei na Rádio Capital AM 1040 durante mais de seis anos. Viva Martinho!

Martinho gravou dezenas de LPs, e continua gravando CDs. 

No tempo dos LPs, Martinho começou a ganhar o Brasil com o samba "O Pequeno Burguês". Esse samba fala da luta eterna dos brasileiros e brasileiras que não desistem nunca, como dizia Luís da Câmara Cascudo, de viver a vida com a sua grandeza.

"O Pequeno Burguês", agora, vai para um representante dos jovens que lutam pelo Brasil: Ivo Tonso Mugnaini, que no próximo sábado 15 completa 18 anos de vida. Pra ele segue homenagem:


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

DAS SECAS ÀS ENCHENTES, MORTES EM SÃO PAULO


Estiagens prolongadas sempre foram um problema no Brasil, antes mesmo de os invasores estrangeiros por aqui chegar.
Os problemas decorrentes dessas estiagens estão, de algum modo, registrados em livros escritos por vítimas e observadores, como a cearense Rachel de Queiroz e o alagoano Graciliano Ramos.
No seu livro de estreia O Quinze, Rachel de Queiroz põe em movimento personagens diversos. Entre esses personagens o fazendeiro Vicente e as fazendeiras Maroca e Dona Inácia. Fora esses o vaqueiro Chico Bento, sua mulher, sua cunhada e três filhos, um dos quais acaba envenenados, ganhando uma cruz à beira da estrada.
Nesse livro a autora insere ainda uma jovem de 22 anos, de nome Conceição, louca por leitura e interessada em mudar o modo de vida das mulheres do seu tempo, submissas às ordens e ao poder dos homens. A própria Dona Inácia, sua avó, a recrimina por isso. Ora, onde já se viu uma mulher ir contra os princípios dos homens?
Conceição torna-se professora e uma das mais dedicadas voluntárias do campo de concentração instalado em Fortaleza no tempo da seca de 15, no Ceará.
O tempo passa e chico Bento morre. Morrem também sua mulher e cunhada. Dois dos seus três filhos, vivem a tempo de alcançar a brutalidade da estiagem que vitimaria novas levas de nordestinos perambulantes no sertão. Isso já em 32. A essa época os dois filhos sobreviventes de Chico Bento casaram-se e têm filhos. Cinco ou seis, que seguiram rumos, igualmente sofridos. Perderam-se na Paraíba e Pernambuco. Houve até quem fosse tentar a sorte no Rio Grande do Norte.
Em Recife, fugitivos da seca cearense topam com Mestre Carpina e o Severino de João Cabral de Melo Neto. É só dor e muita reza. E mortos carregados em redes embalados por incelenças.
Sebastião, José e Raimundo, netos de Chico Bento, andaram pelas Alagoas onde conheceram Fabiano, sua mulher Siá Vitória e os seus dois filhos sem nome, o mais Novo e o mais Velho.
Fabiano e Siá Vitória já estavam velhinhos, magros, caquéticos, cheios das marcas deixadas pela tragédia vivida quando em fuga das terras do Sertão, como registraria Graciliano no seu clássico Vidas Secas.
Os meninos mais Novo e o mais Velho também já haviam se casado e tido prole.
A história seguiu.
Em 1953 dois dos netos de Sinhá Vitória e Fabiano, Chiquinho e Tonheta, escutaram no rádio o Rei do Baião entoar a cantiga Vozes da Seca:

Seu dotô o nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas dotô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão...
Essa toada tocou profundamente os jovens.
De uma hora pra outra Chiquinho e Tonheta tomaram coragem e seguiram no ônibus até São Paulo, cidade há muito tida por muitos como o "Eldourado brasileiro" ou a Canaã dos tempos modernos. Sofreram, casaram, tiveram filhos, a história de sempre.
Resumo: os descendentes das famílias de Chico Bento e Fabiano findaram afogados nas águas sujas do rio Tietê, na capital paulistana. A notícia chegou hoje cedo através do matutino da TV Globo.
Ia-me esquecendo: a tragédia vivida pelos personagens de O Quinze e Vidas Secas seria registrada pelo pintor paulista de Brodowski Cândido Portinari, em 1944. O resultado desse registro pode ser apreciado no quadro a óleo que mede 180 x 190, exposto no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

GONZAGA É TEMA DE EXPOSIÇÃO EM GUARULHOS


Aí nas fotos Vitor Souza, Carla Maio, Paulinho, 
Adriana, Araci, Bosco, Sylvia Jardim, 
Mirianês Zabot, Júlia, Fausto, 
Darlan Zurc e Assis Ângelo.
Não foi fácil chegar, mas chegamos à tempo de participar da inauguração da exposição Luiz Gonzaga na Eternidade dos 30 ontem 6, às 18h, no Centro Educacional Adamastor, em Guarulhos, SP. A demora deveu-se ao dilúvio que desabou na Capital paulista e no município de Guarulhos. Mas valeu a pena. Lá estavam o cartunista Fausto, o historiador Darlan Zurc, colunista do programa Paiaiá que amanhã 8 receberá o professor e artista plástico Isidro Sanene www.radiodconectados.com.br, secretário da cultura Vitor Souza e sua equipe formada por Paulinho, Adriana, Carla e Araci.
A exposição Luiz Gonzada na Eternidade dos 30, trata da vida e obra do artista pernambucano e foi apresentada primeiramente aos moradores do bairro paulistano de Santo Amaro, em dias do ano passado.Nesse 2020 completam-se 70 anos do lançamento do forró como gênero musical (Ouça acima) A direção geral é assinada por Sylvia Jardim. O conteúdo da amostra integra o acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.
Através do site abaixo, conheça um pouco mais sobre o Instituto e informações complementares sobre exposição, que a partir de agora passa a integrar o acervo da Secretaria da Cultura do município de Guarulhos. A doação é do IMB. https://www.institutomemoriabrasil.com.br/

OLHA A CENSURA AÍ CHEGANDO, GEEEEEEENTE!

Há tempo os censores oficiais do governo de Roraima, RO, recuaram da decisão de retirar do calendário da secretaria de educação títulos de obras clássicas da literatura universal e brasileira. Entre os autores Franz Kafka, Edgar Allan Poe, Machado de Assis, Euclides da Cunha , Mário de Andrade, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Heitor Cony. Uma vergonha. O pretexto para o recolhimento de obras desses autores era que atentavam contra sei lá o que! Algo como (impróprio) para crianças e adolescentes. Entre os títulos na mira dos censores estavam Memórias Póstumas de Brás Cubas, Os Sertões e Macunaíma. Fiquemos de olho. A sociedade precisa estar de olho na ação dos retrógrados de plantão. Até agora, o coronel governador de Roraima, Marcos Rocha, do PSL, não se manifestou. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

MAZELAS DO MUNDO, DA CHINA AO BRASIL (2)



Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, Dona Inácia concluiu: ”Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém.”
É assim que começa o romance escrito por Rachel de Queiroz em 1929 e publicado no ano seguinte, no Rio de Janeiro.
Em vinte seis capítulos, a autora conta a história de Conceição e sua Vó Inácia, e de outros personagens que viveram no tempo da grande seca de 1915, como o vaqueiro Chico Bento, sua mulher, cunhada e três filhos que foram se perdendo na vida. O primeiro deles morreu depois de inadvertidamente e desesperado comer mandioca braba. Outro, foi dado à Conceição, e o último sumiu nas levas dos desgraçados.
Nas suas preces, Dona Inácia roga a São José que mande chuva para o sertão.
Reza a tradição sertaneja que se não chover até o dia 19 de março haverá com certeza seca braba a castigar inocentes e pecadores.
Foi o que ocorreu em 1915 no Ceará.
A seca de 15 foi tão grave quanto a seca anterior, a de 1877.
Na seca de 77, o próprio imperador Pedro II jurou vender até a última pérola da coroa para salvar os flagelados que nem o pão que o Diabo amassou tinham para comer.
Cascata, a jura do imperador era tão verdadeira quanto uma pataca de barro.
No texto anterior lembrei do primeiro campo de concentração construído no Brasil, precisamente no Ceará. Além desse outros seis foram construídos na seca seguinte, a de 1932. Tragédia enorme lembrada por Patativa do Assaré (1909 – 2002), no poema A morte de Nanã. Ouça:
É grande a literatura poética, inclusive, que trata das secas cíclicas ocorridas no Brasil.
O cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga (1912 – 89) gravou em 1953 o baião Vozes da Seca, composto em parceria com o conterrâneo José Dantas (1921 – 62). A música por si só é um grito, um pedido de socorro ecoado à época em todos os cantos do País. Ouça:
Em 1938, o alagoano Graciliano Ramos (1892 – 1953), lançou o pungente romance Vidas Secas. Os personagens são Fabiano, sua mulher, Siá Vitória, dois filhos sem nome, um papagaio e uma cachorra chamada Baleia. O papagaio morre queimado pelo sol e serve de alimento à família. É triste, muito triste a história contada por Graciliano. Virou filme, como filme virou o Quinze, de Rachel de Queiroz.
A peste que tingiu de negro a Europa, Oriente Médio e parte da África provocou uma onda terrível de flagelados famintos matando judeus nas ruas da Alemanha. Achavam os desesperados que o que sofriam era culpa dos judeus; judeus que Hitler decidiria tempos depois exterminar em nome de uma certa “raça” ariana.
Meu amigo, minha amiga, você sabia que a Segunda Guerra Mundial findou por gerar campos de concentração em Pindamonhangaba,  no interior de São Paulo?
A seca e outras tragédias são tão graves na vida humana quanto a sanha incontrolável de delinquentes poderosos de plantão como Hitler.
Getúlio Vargas (1882 – 1954) entrou para a história como “o pai dos pobres”, mas não podemos nos esquecer que ele não foi flor que se cheirasse, especialmente no seu primeiro governo, de 1930 à 1945.
E o Padre Ciço, hein, que foi deputado e vice governador do Ceará?
“O Padre Cícero Romão Batista amava Deus e a gente sofrida do alto sertão do Nordeste. Ao mesmo tempo, e com a mesma disposição, amealhava invejável fortuna em dinheiro e bens materiais para usufruto próprio. Ao morrer em julho de 1934, com noventa anos de idade, deixou 31 sítios, vários terrenos agricultáveis, três sobrados, quatro quarteirões de casas, dezessete prédios (casas térreas), uma mina de cobre e cinco fazendas de gado. Deixou mais o Padrim padre Ciço: uma legião de milhares, de milhões de seguidores...” (Livro Nordestindanados, Causos & Cousas de uma Raça de Cabras da Peste – de Padre Cícero a Câmara Cascudo; Assis Ângelo; 2000). 
O coronavírus pode virar pandemia.
A última vez em que a peste negra foi detectada no Brasil faz 15 anos, no Ceará.
Da mesma maneira terrível que a estiagem prolongada mata, o excesso de chuva também. É o que está ocorrendo no Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ora em Minas, cerca de 60 mortos.
Entre 1979 e 1985, a seca e a chuva mataram cerca de 3,5 milhões de brasileiros, incluindo mulheres e crianças. Essa tragédia provocou um grande movimento de solidariedade entre os principais artistas da música brasileira como Luiz Gonzaga, Alcione, Fagner, Chico Buarque, João Nogueira, Paulinho da Viola, Luiz Carlos da Vila, Simone, Amelinha, João do Vale... Clique:



MAZELAS DO MUNDO, DA CHINA AO BRASIL (1)


Talvez o mais antigo país da Ásia Central a China tem sido uma espécie de farol do mundo pelas descobertas que fez desde muitos séculos a.C.
Ali pelos fins da primeira parte do século XIV, quando sopravam os ventos da Idade Média, a China apavorou a Europa, o Oriente Médio e o norte da África com a então desconhecida peste negra ou bubônica. Terrível. Milhões e milhões de pessoas sucumbiram vítimas desse mal.
As pessoas atingidas pela peste negra morriam em pouco tempo, de dois à cinco dias.
Lembro isso face ao noticiário que dá conta das quase quinhentas pessoas que morreram até agora vitimadas pelo coronavírus detectado no último dia de 2019, na cidade chinesa de Wuhan.
O noticiário tem destacado a rapidez e eficiência dos chineses em construir em quinze dias dois enormes hospitais para alojar as pessoas contaminadas. Esse alojamento nada mais é do que um centro de concentração em que as pessoas lá confinadas não podem receber ninguém do mundo externo. Nem Deus.
Falam de quarentena, expressão genuinamente italiana.
Na Itália do século XIV, a peste negra engoliu um mundo de gente. Em decorrência disso foi construído um enorme hospital em que foram confinados milhares e milhares de italianos. Até hoje são encontrados restos das vítimas.
Pois bem, falei aí no começo do texto sobre centro de concentração. Ou centros ou campos, por que não dizer isso com todas as letras?
Há quem pense que os campos de concentração surgiram com Hitler. Vê-se que não.
No Brasil, os primeiros campos de concentração surgiram no Ceará, durante a seca que gerou milhares e milhares de flagelados que adoeciam e morriam aos montes nas estradas. Temendo que os miseráveis chegassem e saqueassem a capital cearense, o governador Benjamim Barroso determinou com mão de ferro que fosse impedida a chegada das grandes levas humanas à Fortaleza. Foi assim que rapidamente se construiu um enorme espaço para concentrar as vítimas da grande seca. Esse primeiro campo foi construído na região de Alagadiço, hoje Senador Pompeu. Esse lugar fica a oeste de Fortaleza.
A escritora Rachel de Queiroz (1910 – 2003) no seu livro de estreia (O Quinze) faz as primeiras referências sobre esse primeiro centro de concentração no Ceará.
Detalhe: o governador Benjamin Barroso tinha como vice o Padre Cícero Romão Batista (1844 – 1934).
O mundo livre está comemorando 75 anos do fim dos campos de concentração nazistas.



terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

VIVA ROSIL CAVALCANTI



O pernambucano de Macaparana, Rosil Cavalcanti, compositor dos mais inspirados, nasceu em 1915 e nos deixou no tumultuado ano de 1968. Como autor, Rosil deixou pouco mais de oitenta músicas gravadas por artistas do naipe de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. A propósito, recomendo a leitura do livro do Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves http://assisangelo.blogspot.com/2016/07/livro-eterniza-rosil-cavalcanti.html. Até agora ninguém deu fé da sua importância como enriquecedor da música popular oriunda do Nordeste. Ninguém, aspas: Jorge Ribbas pediu e eu compus o texto que ele musicou. Ficou uma beleza. Confiram e opinem (acima). Ia me esquecendo: estamos no Spotify.

JACKSON DO PANDEIRO
O paraibano Jackson do Pandeiro estreou em disco em novembro de 1953. A gravadora, Copacabana.

O primeiro sucesso de Jackson foi o coco Sebastiana de Rosil Cavalcanti. Ouça:






segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O PAIAIÁ VOLTA COM TUDO

Após quase três meses o programa Paiaiá apresentado por seu titular Carlos Sílvio volta ao ar, ao vivo. Foi no 1º dia deste segundo mês de 2020. Foram dois os convidados: a cantora gaúcha Mirianês Zabot e o paulistano Sergio Bello, que a acompanhou ao violão. Diga-se de passagem um belíssimo violão!
Como sempre o programa Paiaiá entrou no ar pontualmente ao meio-dia pela Rádio Web Conectados (www.radioconectados.com.br), essa rádio está instalada numa casa localizada no histórico bairro paulistano do Ipiranga, na zona Sul da cidade.
No decorrer de uma hora a cantora chegou a atender até a ouvintes encantados com sua voz, algo não comum no programa. Entre as músicas que ela cantou à capela incluíram-se Romaria, de Renato Teixeira, mais O Baba do Chico, de Jerônimo Jardim e Paulinho Tapajós; e 1/2% de Tristeza, de Alexandre Florez. Essas duas últimas, sambas, integraram o repertório do primeiro CD de Mirianês: Mosaico Foto-Prosaico, lançado em 2009.
O programa começou com o apresentador Carlos Sílvio mostrando ao seu público uma das 12 faixas do novo CD da cantora: Comportamento Geral, de Gonzaguinha. "Na qual ele denuncia algumas mazelas da sociedade...", lembrou Mirianês ao apresentador. A propósito esse disco (Mirianês Zabot canta Gonzaguinha - Pegou um Sonho e Partiu) é um tributo ao filho do rei do baião, Luiz Gonzaga.
Ao vivo Mirianês Zabot interpretou, sempre acompanhada do violonista Bello, Sangrando, Espere por Mim Morena e Vidas Idas. Essa última, samba de roda, de Oswaldo Bosbah em parceira com a interprete, foi incluída no CD como faixa bônus.
O programa terminou com a música De Volta ao Começo.
Confira a primeira edição deste ano do programa Paiaiá.

LUIZ GONZAGA E GONZAGUINHA
Luiz Gonzaga, o rei do baião, gravou 18 músicas que trazem o nome de Gonzaguinha como autor ou co-autor, a valsa Lembrança da Primavera, foi a primeira e consta no repertório do LP A Triste Partida, levado à praça em 1964. Gonzaguinha tinha, à época, 19 anos de idade. Detalhe: a faixa título desse disco é do poeta popular cearense Patativa do Assaré (1909-2002). Ouça: https://youtu.be/N9lDEwXOgKE

domingo, 2 de fevereiro de 2020

DOMINGO DE PALÍNDROMO E IEMANJÁ


02 02 2020.
Pois é, aí está um exemplo acabado do que é um palíndromo. Quer dizer: sequência numeral que se pode ler de trás para frente sem alterar o significado e a leitura. Isso numericamente falando, mas palíndromo é também a palavra que se lê do mesmo modo: da frente pra trás, de trás pra femte. Exemplo? Ana.
A matemática e o próprio dia a dia que vivemos são cheios de curiosidades.
A vida dura em que vivemos é entremeada de belezas.
O belo anda cheio de curiosidades.
Outro dia lembrei-me de um grande matemático famoso pelo pseudônimo de Malba Tahan, de batismo Júlio César, nascido no Rio de Janeiro no final do século 19 e encantando em terras Pernambucanas, em 1974. É dele a obra prima O Homem que Calculava. E como uma coisa puxa a outra, lembrei-me dele e de palíndromos...
Você meu amigo e minha amiga sabem o que é anagrama?
Há ainda muito gente que confunde palíndromo com anagrama.
O anagrama é uma palavra, nome ou expressão cujas letras formam outra palavra, nome ou expressão. Exemplos: Alberto Marinho (1902-1967), compositor e maestro que assinava como Bertorino Alma; e Célia, cujas letras formam o nome Alice.

IEMANJÁ
Hoje é dia de Iemanjá, a rainha das águas. Ela, no sincretismo religioso (ouça acima, Bethânia cantando São João Xangó Menino), é chamada de Nossa Senhora dos Navegantes. Hoje é dia de grande festa em Salvados, BA. Já andei falando sobre esse assunto. Clique: http://assisangelo.blogspot.com/2017/02/iemanja-e-rainha-de-todos-os-rios-mares.html