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domingo, 21 de janeiro de 2018

A CUÍCA QUE FALA, CHORA E RI É DE OSVALDINHO

Osvaldinho da Cuíca, André Domingues e Assis Ãngelo na verdadeira rede social.

Todo tempo é tempo de falar ou escrever sobre os artistas incluindo cantores e compositores que engrandecem a terra brasileira. E temos muito que plantaram e colheram respeito traduzido em homenagens. Foram-se já muitos, mas muitos outros ainda permanecem plantando obras na história do Brasil. Do Brasil musical, do Brasil cultural, do Brasil do branco, do preto, do pobre, das gentes.
Osvaldo Barro, que o Brasil e boa parte do mundo conhece pelo diminutivo de Osvaldinho com o sobrenome do instrumento que reinventou, a cuíca, é um dos grandes artistas que enobrecem a cultura popular. Ele é paulistano, do bairro do Bom Retiro, nascido num dia de carnaval em 1940. E corintiano!
E você sabe, meu amigo, minha amiga, quem é André Domingues?
André Domingues é pesquisador da cultura musical popular, paulistano, que hoje vive numa cidadezinha baiana bem longe da capital Salvador, chamada Teixeira de Freitas.
Em 2009 Domingues, junto com Osvaldinho, publicou um livro de extrema importância para a compreensão do samba fincado em São Paulo, do rural ao batuque. Esse livro tem por título Batuqueiros da Paulicéia.


Osvaldinho da cuíca enveredou pelo mundo do samba ali pelos finais da década de 1950. Ele já gravou com todo mundo, dos bons aos melhores sambistas. E não só de São Paulo. Fora a cuíca que reinventou, ele tem centenas de composições gravadas por meio mundo. Só de sambas de enredo puxados na avenida ele tem uns 30. E há pouco pôs na praça um disco com 11 faixas reunindo alguns desses sambas. Esse disco tem como título Sambas Enredo: História de Uma Vida. Nessa coletânea há verdadeiras pérolas como Na Arca de Noel Rosa, faixa 4 e Cuíca de Ouro, faixa 10, de R. do Cavaco, Thiago, Juninho e Nunes, em homenagem ao próprio Osvaldinho. Em 2008 a Escola de Samba Vai-Vai ganhou o carnaval com Acorda Brasil, faixa 8.





Em Teixeira de Freitas, André Domingues dá aulas de artes na Universidade. Ele já anda por lá há bons pares de anos e não pensa voltar à Paulicéia. Porém, anteontem, 19, ele esteve comigo cá no bairro de Campos Elíseos onde moro, ele e Osvaldinho. Foi um papo e tanto, que durou até o começo da madrugada de ontem. O registro desse belíssimo encontro pode ser conferido aí em cima, numa rede bem melhor do que a rede social que balança por aí que em vez de ligar, desliga as pessoas. Desliga, envenena e aliena.
E pra fechar, que tal ouvir Osvaldinho num solo de cuíca? A cuíca de Osvaldinho fala o que tem de falar, ri quando acha que deve e chora pela loucura em que está se transformando a política nacional. A propósito, Osvaldinho tem andado decepcionado e triste como o quê. Tem dado muito chute em pau de barraca.





ANDRÉ DOMINGUES


André Domingues é crítico musical e hoje leciona no curso de Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia, na cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul do estado. Antes mesmo de se graduar em Filosofia, pela Unicamp, começou a publicar críticas e reportagens sobre música popular na imprensa paulista. Essa paixão foi levada para a academia nas posteriores pesquisas de mestrado e doutorado em História Social, na USP, dedicadas a temas como a obra de Dorival Caymmi ou a formação de vanguardas populares na MPB. É autor dos livros Os 100 Melhores CDs da MPB (Sá Editora, 2004) e Caymmi Sem Folclore (Editora Barcarolla, 2009), além de assinar com o mestre Osvaldinho da Cuíca o livro Batuqueiros da Paulicéia (Editora Barcarolla, 2009), de que tratou este blog.

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