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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

VIVA O NATAL E OSVALDINHO DA CUÍCA!


Uma das características positivas destes tempos de Natal é a visita dos amigos. Eu mesmo acabo de receber a visita de mestra Osvaldinho da Cuíca e um de seus filhos Júlio César.
Osvaldinho é desses caras que nos cativam já no primeiro momento. Fala pelos cotovelos, no bom sentido, brinca, canta. Está sempre com uma novidade na ponta da língua e boas histórias do passado para contar.
Também estiveram comigo Carlos Silvio, Helvídeo Matos e outro e outros.
Os editores Expedito Jorge Leite e José Xavier Cortez mandaram recados próprios da data.
Até o Rômulo Nóbrega entrou nessa onda de natal e de Campina Grande tascou um Feliz Natal.
O Peter diz que antes do fim do ano vem por cá com um abraço. No próximo dia 12 de fevereiro, Osvaldinho da Cuíca, paulistano do Bom Retiro, completará 80 anos. Taí uma boa data para o Brasil comemorar.
Ah! Cheguei a gravar umas coisinhas com Osvaldinho. Clique: 


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

NATAL É VIDA, REFLEXÃO...



Essa coisa de fim de ano é importante só por nos fazer lembrar que há um dia após o outro.
O Natal é uma bobagem, mas passa a ganhar importância a partir do momento em que passamos a acreditar que é nascimento. E quem ganha com isso, mesmo, é o comércio.
Mas o Natal é nascimento.
O Natal é natividade.
Ninguém sabe quando Cristo nasceu e nem quando morreu.
No rigor, no rigor mesmo, nem sabemos se ele existiu. Pessoalmente, e pessoalmente não quero dizer nada, a não ser que ele existiu pra mim.
Paulo, São Paulo, foi de uma importância fundamental para a crença Cristã.
Nós todos somos de uma beleza natural, Cristã.
Por que?
A beleza natural da vida se escreve com flores, com plantas, com abraços, com apertos de mão, com beijos.
O dia 25 deste dezembro deste 2019, estive batendo palmas à vida.
Estive na casa do Manuel Bueno e sua querida companheirinha, Francisca.
E lá estive com Ana, minha filha; Geremias, Danilo e sua vida, Daniela e Nena.
E o Manuel numa hora qualquer, levou-me a conhecer o que ele chama de “horta”.
A horta do Manuel é, na verdade, um pomar.
No pomar do Manuel tem mais de 70 plantas diferentes.
Foi o Natal mais bonito da minha vida, conhecer o pomar do Manuel.
Na foto-montagem que abre esse texto, flashes da visita que fiz ao pomar. Lá, escondidinhas, fui apresentado à bela e cheirosa flor das onze horas. Ela morre logo após se abrir aos nossos olhos.
José de Assis Valente foi um baiano que sofreu muito. Logo cedo ele foi rejeitado pelos pais e adotado por uma família cristã. O tempo o fez um dos mais inspirados compositores da nossa boa música. É dele a obra prima, Boas Festas. Essa música foi lançada em disco de 78RPM em 1936. Ouçam-na no original com Carlos Galhardo.

domingo, 22 de dezembro de 2019

OS 90 ANOS DA MODA DE VIOLA PASSAM EM BRANCAS NUVENS



Mais um ano chega ao fim. Quem viveu, viu. O desafio agora é encarar o que nos espera.
Neste 2019, foi lembrado em boa parte do País o centenário nascimento de um grande artista nordestino: Jackson do Pandeiro, paraibano de Alagoa Grande. Até um filme foi lançado sobre sua vida pessoal e trajetória artística.
Enquanto comemoravam-se os cem anos de Jackson, completamente esquecido passou o centenário de morte do pioneiro das gravações musicais no Brasil: Eduardo das Neves.
Eduardo, Bahiano, Cadete e Mario Pinheiro foram os primeiros cantores profissionais a gravar discos em nosso País.
Em 1929 foi a vez de o Brasil ouvir em disco as primeiras anedotas e modas de viola. O responsável por essas gravações foi o paulista de Tietê Cornélio Pires (1884-1958).
Saiu do bolso de Cornélio o dinheiro que ele usou para produzir 52 discos de 78 RPM. Esses discos foram à praça com a chancela da extinta gravadora Columbia.
O primeiro disco produzido por Cornélio trazia duas anedotas: Entre Italiano e Alemão e Anedotas Norte-Americanas (na foto), por ele mesmo contadas.
Esse disco deu início à Série Cornélio Pires, lançada em maio de 1929. Em outubro desse mesmo ano sairia novo suplemento trazendo a primeira moda de viola, que logo se transformaria num clássico do gênero. Essa moda, apresentada pelo próprio Cornélio, tinha interpretação de Mariano e Caçula.
Nos 52 discos de Cornélio Pires não há nenhum que traga nenhuma referência ao Natal ou a Papai Noel.
No começo do segundo semestre de 1951, a dupla Palmeira e Luizinho lançou ao mercado a toada Vespra de Natá, de Arlindo Pinto e do próprio Palmeira. Nessa cantiga, o personagem lamenta-se de, ao chegar em casa após assistir a uma missa, não encontrar mais a mulher, que fugira sabe-se lá com quem, um caso claro de traição. A propósito: há muitas bobagens e tragédias nas letras e canções que tratam de Natal e Papai Noel.
Em dezembro de 1932, a cantora Madelou Assis lançou à praça a canção Papai Noel (Felicidade). A letra dessa canção, de autoria de Custódio Mesquita, remete o ouvinte a um rapto. Confira!
Os discos da Série Cornélio Pires estão no acervo do Instituto Memória Brasil (IMB). Acesse: www.institutomemoriabrasil.com.br

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

MARIA ALCINA É A VOZ DO MENGO!

Fio Maravilha foi gravado em vários idiomas

Lembro-me de uma fala de mestre Guimarães Rosa (1908-1967), segundo a qual "todo homem inteligente é torcedor do flamengo".
Isso mesmo, foi o que disse o autor do clássico romance, Grande Sertão: Veredas.
Amanhã sábado 21 o Flamengo pega em decisão final no Mundial de Clubes, no Catar, o inglês Liverpool.
Meus amigos, Carlos Silvio, Helvídeo Matos disse que não, mas eu  e Edvaldo Santana, cantor, compositor e instrumentista dos bons,  apostamos cruzando os dedos que, o clube do mineiro Rosa, faturará essa parada com folga. Só o Silvio, o mais chato, acha que o Liverpool vence por 4 x 1 e Helvídio Mattos disse que a decisão pró-Flamengo se dará numa hora de pênaltis. Eu hein!
Em setembro de 1972, a mineira Maria Alcina fazia o Maracanãzinho tremer e quase ir ao chão pela
interpretação que dava ao samba Fio Maravilha, do carioca, Jorge Ben, hoje, Benjor.
Maria Alcina não levou Fio Maravilha ao primeiro, segundo ou terceiro lugar, mas chamou a atenção do mundo pela força musical  e presença de palvo que sempre teve. Prova disso é que a música que ela defendeu no Maracanãzinho dentro da programação do Festival Internacional da Canção, FIC, daquele ano, transformou o nome de Ben à estratosfera, e o dela, também.
Gravadoras de vários países levaram a versões diversas o samba inspirado no atacante mineiro,  João Batista de Sales, famoso pela alcunha de Fio Maravilha.
No tempo em que permaneceu no Flamengo, Maravilha marcou 44 gols em 167 partidas.
Ao ser homenageado em música por Jorge Ben, o jogador perdeu as estribeiras e orientado sabe-se lá por quem, decidiu processar o compositor. Perdeu.
A partir de 1972, quando defendeu Fio Maravilha no Maracanãzinho, Maria Alcina, teve sua carreira artística disparada. Apresentou-se em todo canto e em todo canto continua a se apresentar. A última vez foi no teatro Artur Azevedo, onde nos encontramos (foto abaixo). E a gravar discos. Seu mais recente disco intitula-se Maria Alcina, In Concert, com Sp Pops Symphonic Band (ao lado, reprodução da capa). Excelente, gostoso de ouvir. Produção de Thiago Marques Luiz; direção artística, arranjos e regência de Maestro Ederlei Lirussi. Lançamento: Kuarup.
O repertório do disco Maria Alcina, In Concert, com Sp Pops Symphonic Band, termina, claro, com Fio Maravilha.
Para lembrar Maria Alcina no Maracanãzinho, clique: https://www.youtube.com/watch?
v=f3Rq64SXxjw





quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

NATAL NOS PALCOS PAULISTANOS

Da direita para a esquerda Gabriel, Maria, Claudette, Ayrton e Erika
A noite de sábado 14 pegou-me no Teatro São Pedro, no bairro paulistano de Campos Elísios, SP. Teatro lotado. Ao lado do amigo jornalista Matias José Ribeiro, acompanhei o desenrolar de uma ópera popular baseada no conto O Peru de Natal, de Mário de Andrade (1893-1945). Quatro personagens se movimentam no palco, sem contar o peru como atração central. Tudo gira em torno de uma ceia de natal, sem a participação de amigos ou conhecidos tradicionalmente chamados pela matriarca da família. O musical, de fundo satírico, é assinado por Leonardo Martinelli. O libreto traz como autor Jorge Coli. A direção cênica é de Mauro Wrona e a direção musical de Miguel Campos Neto. Gostei.
E gostei muito, muito mesmo, da apresentação que assisti ontem à noite 18 no Teatro Arthur Azevedo, na Mooca. Tudo haver com o Natal. Enfim, é tempo de Natal. No palco Ayrton Montarroyos, Claudette Soares e Maria Alcina. Um trio do balacobaco. Belíssimo encontro de gerações. Ayrton com 23 anos de idade, Claudette com 82  e Maria, 70.
Teatro cheio de gente e graça, risos e lágrimas de alegria de todos que lá estavam.
Ayrton entrou pontualmente às 21h como estava previsto cantando Anunciação, de Alceu Valença, e seguiu com Caetano e Gonzaguinha. Surpreendi-me com o canto desse jovem, um canto forte, cheio de baixos e agudos, completa dominação de palco. Simples, objetivo nas entonações. Nada de desafinação ou exibição desnecessária do seu potencial vocal. Está de parabéns. Vinte e três minutos depois ele entregou o palco à gigante Claudette Soares, que foi recebida pela platéia com aplausos e gritos de euforia. Arrasou interpretando temas natalinos e do seu amigo Roberto Carlos. Claudette brilhava sob um vestido de paetês e plumas. Em altos saltos, ela parecia querer alcançar a lua com seu canto sibilante. Linda!
Às 21h38 foi a vez de Claudette entregar o palco à grande - em todos os sentidos - Maria Alcina.
Maria virou o palco pelo avesso. Ela estava deslumbrante com uma roupa dourada e cheia de adornos comuns à época de natal. O sorriso arrebatador e a voz forte, tonitroante, rapidamente tomou conta de todos.
Fico pensando: o tempo pra Claudette Soares e Maria Alcina parece que não passa. As duas se completam em timbres e performances.
Os arranjos do repertório interpretado por Ayrton, Claudette e Maria, são assinados por Gabriel Deodato e a produção é de Thiago Marques Luiz. Os músicos que acompanharam o trio de artistas, Erika (violoncello) e Gabriel (violão), são excepcionais e merecem todos os aplausos.
Esse é um espetáculo para ser apresentado o tempo todo em todo o canto, tão bom que é.

Da direita para a esquerda Ayrton, Claudette, Maria, Assis e a cantora Mirianês Zabot



quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

É DIFÍCIL, MAS É BOM, LER MAQUIAVEL


É longa a história política dos Estados Unidos da América. Longa, complicada e tudo o mais.
Os EUA são conhecidos como a terra da liberdade.
A Constituição estado-unidense é constituída de uma dúzia de artigos. E é longa a sua história.
Até hoje, nenhum presidente norte americano foi “impichado”. É verdade, porém, que em duas ocasiões a Câmara dos Deputados, lá deles, aprovou o processo de Impeachment contra Andrew Johnson (1868) e Bill Clinton (1998). Entre o primeiro e o segundo, houve Nixon (1974), que optou pela renúncia. Em suma: a Câmara votou pela derrubada de Johnson e Clinton, mas o senado os salvou.
Esses fatos levam-me a lembrar de Maquiavel (1469-1527).
Maquiavel escreveu algumas pérolas do livre pensar político, jurídico e militar.
Em O Príncipe, escrito no começo da segunda década dos anos 1500, O Príncipe só foi lançado a público poucos anos após a morte do autor. Mas o que eu quero dizer é o seguinte: Maquiavel, político sem cabresto, filósofo, poeta e músico, explicou tintim por tintim como um príncipe, rei ou presidente, deve ou deveria governar seu principado, reino ou República.
É uma delícia ler o príncipe.
Muita gente pensa, até hoje, que é de Maquiavel a definição segundo a qual “os fins justificam os meios”, não é nada disso, mas pode ser. O certo, porém, é que a frase não é do italiano Nicolau Maquiavel.
Eu duvido que os presidentes ameaçados de impeachment ai citados tenham algum dia lido Maquiavel. Tampouco, O Príncipe. Acho, também, que Donald Trump – agora ameaçado de impeachment – tenha lido Maquiavel e como seus pares anteriores seja vencido por seus apoiadores no senado platinado dos Estados Unidos da América do Norte.
Muita gente mundo afora acha que Maquiavel é “maquiavélico”. Ele era, simplesmente, um pensador que pensava de modo originalíssimo. A propósito: há exatos 500 anos, ele escrevia a Arte da Guerra.
Quando o Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, com a sua prepotência incurável, escrevi:

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

É TEMPO DE NATAL


Ontem domingo 15 comecei o dia ouvindo a missa que a Tv Cultura transmite ao vivo para os católicos, diretamente da Basílica de Aparecida, SP. O padre, cujo o nome não lembro, ressaltou a importância dos índios Terena lá representados. Na ocasião também se fez presente uma representação de frades Capuchinhos, homenageados pelos 100 anos de atividade, no Brasil. Depois ouvi Boldrin apresentando o seu ótimo musical Sr. Brasil. Pela mesma TV.

Na noite de ontem 15 fui ouvir adultos e jovens tocar e cantar na Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro paulistano Tremembé, na zona leste de São Paulo. Esses adultos e jovens trabalham e estudam na Escola Waldorf.

Espetacular o que ouvi.

Na Paróquia São Pedro Apóstolo ouvi um concerto de Natal (Link ao fim do texto), constituído de peças tradicionais do repertório natalino. Entre essas peças Adeste Fideles e Noite Azul, de autoria respectivamente John Reading e Calda/Cavalcanti. Maravilha!

Nesse concerto, brilhantemente apresentado por adultos (Pais da Escola), jovens (Ex Alunos) e estudantes do Ensino Médio e Orquestra regida pelo professor Luciano Vazzoler, a quem coube também fazer o arranjo das músicas que integraram o repertório.

A apresentação musical contou com um pianista convidado (Anderson Beltrão), duas flautas (Ana Clara e profª Ana Carolina), clarinete (Raquel), dois violinos (Amandi e Profª Clarissa), três violões (Íris, Marco e profº Lucas), ukulelê (Bruna) e percussão (Lara, Marina, Caio).

Não posso deixar de destacar duas músicas de autores brasileiros: Roda Viva, de Chico Buarque; e Boas Festas, de Assis Valente. Roda viva recebeu um ótimo arranjo de Patrícia Costa. Ótimo também foi o arranjo que Aricó Junior fez para Boas Festas. De arrepiar o coração!

Em 1988, a mim não custa dizer, que escrevi e publiquei um opúsculo que intitulei As Origens da Canção de Natal, da Antiguidade à Atualidade (Capa ao lado). À página 7, pergunto e respondo: “Quando, onde e de que forma surgiu a chamada canção de Natal? É quase certo que os primeiros cantos, ou cânticos, de louvor a Jesus surgiram ainda na Idade Média, através dos trovadores. A canção trovadoresca predominou durantes séculos na região meridional da França, no sul da Alemanha e na Península Ibérica. Ao mesmo tempo em que reinavam os trovadores entro o povo, a música vocal sacra abandonava aos poucos os templos para se fazer presente, primeiro nas casas de particulares abonados, e depois nas festas populares pagãs – para desespero da Igreja.” Por aí.

As Origens da Canção de Natal – da Antiguidade à Atualidade, teve uma tiragem de 10.000 exemplares distribuída rapidamente na estação Sé do metrô de São Paulo. É isso. Fica o registro.

Antes e depois da apresentação do concerto de Natal na Paróquia São Pedro Apóstolo, fui apresentado à pessoas muito bacanas. Entre essas pessoas, a menina Lara e seus pais Eduardo e Andrea. Também fui apresentado às meninas Íris e Bruna e ao regente Luciano. (Foto acima)

A escola Waldorf está de parabéns pelo ensino, inclusive musical, ministrado pelos seus alunos.

13 DE DEZEMBRO, PARA O BEM E PARA O MAL...


São grandes os violeiros, violonistas, violinistas e sanfoneiros que o Brasil tem.
São grandes os músicos, compositores e instrumentistas que o Brasil tem.
José Nunes, um nome como tantos, virou Tião Carreiro.
Tião foi um dos maiores violeiros e intérpretes que já ouvi. Eu o entrevistei um ou dois anos antes de ele morrer (1993), disse-me querer gravar de Luiz Gonzaga a toada, Asa Branca. Lembro disso no livro, Eu Vou Contar pra Vocês (1999).
Tião nasceu em Minas Gerais no dia 13 de dezembro de 1934, vinte e dois anos depois de nascer em Exu-PE, Luiz Gonzaga do Nascimento, que o tempo o faria Rei do Baião. Esse Luiz também nasceu num dia treze de dezembro (1912), número, aliás, que gosto muito.
No mesmo ano em que Tião lançava em disco o Pagode em Brasília (1961), parceria com Lourival dos Santos (1917-1997), lançava também o pagode Minas Gerais, que fez em parceria com Pardinho (Antônio Henrique de Lima; 1932-2001). Eu também o entrevistei para a série Som da Terra (Continental; 1994). Ambos viviam em guerra o tempo todo. Pardinho, porém, foi o mais duradouro companheiro da dupla com Tião.
A discografia de Tião Carreiro é muito robusta.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha tudo de Tião e seus parceiros.
A propósito do dia treze de dezembro, não podemos esquecer a tragédia que foi a decretação do Ato Institucional nº5 (AI-5), que prendeu, torturou e matou mais de quatrocentos brasileiros, antes de censurar milhares e milhares de livros, peças teatrais, filmes, tudo. O congresso, naquela ocasião, em 1968, foi fechado e grande parte dos políticos, cassada e exilada. Um horror! E pensar que há brasileiros pedindo a volta da ditadura militar. É de lascar!
Eu fiz uma letrinha que serviu de inspiração melódica ao parceiro músico Jorge Ribbas. Ouçam!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

SER CEGO É UMA MERDA!



O Brasil, todo mundo sabe, é um país extraordinário. Mas, poderia ser muito além disso, se os seus governantes prestassem mais atenção à cultura popular e a educação. É através da educação e cultura que um país ganha notoriedade e respeitos mundiais.

O Brasil é o país de Carlos Gomes, - o maior compositor erudito da Américas -, Villa Lobos, Pixinguinha, Ary Barroso; Machado de Assis, José de Alencar, Rachel de Queiroz, Pedro Américo, Zé Lins, Guimarães Rosa, e tantos e tantos brasileiros que, através da arte, enobreceram o nosso país.
Luiz Gonzaga, o rei do baião, morreu há trinta anos e deixou um obra monumental.
Gonzaga como Camões, Homero, Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Patativa do Assaré, perdeu um olho num acidente de carro no Rio de Janeiro, mas continuou vendo e fazendo o que muita gente que vê bem com os olhos não faz.
Hoje é o dia de Santa Luzia.
A última composição musical de Luiz Gonzaga foi Padroeira da Visão, feita em parceira como mineiro de Alto Belo, Teó Azevedo, essa música (abaixo) foi uma das últimas gravadas por Dominguinhos (1941-2013).

Não custa lembrar, meus amigos, minhas amigas, que números da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a cada 5 minutos uma pessoa fica cega neste nosso planetinha por nós mesmos tão judiado. Os números também indicam que há, pelo menos, 39 milhões de cegos no mundo. Esses números são de 2010.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no Brasil há cerca de 7,2 milhões que não vêem nada com os olhos e as que se declaram portadoras de problemas graves de visão.
Por que lembro isso?
Lembro isso porque é muito importante que as pessoas se precavenham indo a consultas oftalmológicas periodicamente. E que não cocem os olhos, que tenham cuidado consigo próprio.
Ser cego é uma merda!
Ah! Andei compondo um poema sobre cego, cegueira, para cegos. Chama-se Oração Santa Luzia (acima).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

VADICO, UM NOME ESQUECIDO DO SAMBA


Das 259 músicas de Noel Rosa (1910-1937), sete trazem a assinatura de Vadico. Vadico era o apelido do paulistano do Brás, Oswaldo Gogliano (1910-1962). Mesmo assim Vadico, que além de compositor era pianista e arranjador musical, entrou para a história da nossa música popular como um dos mais completos parceiros de Noel, o Poeta da Vila. 
Noel nasceu no dia 11 de dezembro de 1910.
Foi curto o tempo de parceria de Vadico com Noel. Começou em 1932 e findou em 1936. Quatro anos depois, Vadico se achava nos estados Unidos trabalhando com Carmem Miranda (1909-1955) e o Bando da Lua. Enquanto esteve nos EUA, Vadico também trabalhou para os estúdios da Disney. É dele, aliás, a inclusão de Aquarela do Brasil no filme Alô, amigos (1942).
Vadico retornou ao Brasil em 1954, ano do Quarto Centenário de São Paulo.
Curiosidade: ao retornar dos Estados Unidos, Vadico foi atrás dos seus direitos autorais e ficou decepcionado. A decepção veio pelo fato de algumas de suas músicas como Conversa de Botequim e Feitio de Oração se acharem em poder de outras pessoas, pois Noel achara de “vende-las”.
Isso gerou polêmica nos jornais, especialmente porque Almirante partiu em defesa do amigo Noel.
Coisas da vida.
Aracy de Almeida (1914- 1988) foi a intérprete da preferência de Noel. Ela gravou muita coisa dele. Muitas dessas músicas foram selecionadas para o álbum Noel Rosa, com capa ilustrada pelo pintor Di Cavalcanti (acima).
Para lembrar Noel e Vadico, ouçam Chico Alves interpretando Feitio de Oração. A propósito, foi Chico quem primeiro gravou esse samba (1933). Ouçam:

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, 71 ANOS


Nestes dias loucos em que nos consideramos maiores do que Deus, maiores do que tudo, não nos custa lembrar que hoje dez é o dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Foi em dezembro de 1948 que a organização das nações unidas, ONU, definiu e abarcou a ideia maior de valorizar o ser humano como presença natural por tempo indefinido neste mundinho nosso chamado Terra, dos planetas conhecidos, um dos menores. E se a terra como planeta é tão pequena, que tamanho nós temos?
O amigo Carlos Silvio tem certeza plena, embora não seja cientista e nem alguém com informações absolutas, de que o homem é pedaço de poeira perdida no espaço, no tempo, acho eu que o homem não se vê porque é pequeno demais.
Difícil entender isso que estou dizendo?
O documento Declaração Universal dos Direitos Humanos https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf surgiu após o horror cometido por homens poderosos contra homens simples no correr das últimas grandes guerras, principalmente a segunda (1939-1945) deflagrada pelo nazista Hitler e emcampada já no primeiro momento pelo fascista Mussolini, que findou esquartejado. Na ocasião, era o horror contra a paz humana, que deverá sempre reinar.
No dia 13 de dezembro de 1973, no Rio de Janeiro, artistas arregimentados pelo compositor e instrumentista Jards Macalé, cantaram e cantaram por bom tempo a liberdade e o respeito humano. A ideia era chamar a atenção do público, estimado em cinco mil pessoas, para os 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Do espetáculo participaram Paulinho da Viola, Gonzaguinha, Jhonny Alf, Raul Seixas, entre outros. Agentes da ditadura estiveram infiltrados no show. Enfim, era um treze de dezembro...
Em 1989 foi lançado à praça o LP duplo O Banquete dos Mendigos (aí na foto). Esse e milhares e milhares de discos originais fazem parte do acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. Ia-me esquecendo: em 1985 a escola de samba Vila Isabel, a vila do Noel, desfilou na avenida fazendo o povo cantar a importância histórica da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

HÁ 100 ANOS NASCIA O TROVADOR GILDO DE FREITAS...


Costumo sempre dizer que o Brasil é um país riquíssimo, sob qualquer aspecto. Aliás, rico até na pobreza!
O Nordeste nos deu grandes artistas desse incrível caldeirão da cultura popular.
No Cordelismo temos Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Antes, o Cordelista e cantador repentista Silvino Pirauá de Lima (1848-1913).
A parte sul do Brasil também nos legou grandes nomes da cultura popular como Paixão Côrtes e antes, José Mandadori, o Cavaleiro Moysé (1895-1976), passando por Teixeirinha (1927-1985) e Gildo de Freitas. Aí, o ponto.
Gildo de Freitas, de batismo Leovegildo José de Freitas, foi provavelmente o mais importante trovador do Rio Grande do Sul. Era, a rigor, um revoltado sem muita causa. Passou a detestar os militares pela a razão pura e simples de ter sido considerado um desertor. Não serviu o Exército. Começou a gravar discos em 1963. Deixou uma discografia muito pequena, mas o suficiente para torná-lo famoso e referência da cultura popular do seu Estado.
Leovegildo José de Freitas nasceu no dia 19 de junho de 1919, há cem anos pois, e morreu no dia 4 de dezembro 1982. A sua obra se acha no acervo Instituto Memória Brasil, IMB.
Há 100 anos também nascia no Rio Grande do Sul o cantor e compositor bissexto Nelson Gonçalves (1988). Grande Nelson!

domingo, 8 de dezembro de 2019

25 ANOS SEM TOM JOBIM


O oito de dezembro não marca só o dia da justiça e da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, no Brasil. Marca também o dia em que morreu num hospital de Nova York o compositor, cantor bissexto e instrumentista Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
Tom mais Vinicius de Moraes (1913-1980) e João Gilberto (1931-2019) formaram a "santíssima trindade" da Bossa Nova. A bossa do João foi tornada internacional por Tom e Vinicius.
A primeira música de Tom e Vinicius a ganhar o mundo foi Garota de Ipanema, cuja primeira gravação data de 26 de março de 1963 (Odeon) e o lançamento à praça quatro meses depois por Pery Ribeiro, filho de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, uma das mais expressivas cantoras da nossa boa música popular. Detalhe: Pery um dia me disse que "roubara" essa música após ouví-la pelos autores numa mesa de bar, no bairro carioca de Ipanema. Já escrevi a respeito numa coluna semanal que eu alimentava na Agência Estado.
Pois bem, hoje faz 25 anos da partida sem volta de Tom Jobim. Curiosidade: Dois ou três meses antes de Tom ir aos EUA eu lhe telefonei pedindo uma entrevista, e por telefone ele respondeu: "Sim, quando eu voltar a gente conversa."
Eu estava preparando, na ocasião, o livro que ainda se chamará O Brasil dá o Tom, no caso o Tom era uma referência a Tom Jobim.
Abaixo links sobre Bossa Nova, Tom Jobim, Pery Ribeiro, João Gilberto e Vinicius de Moraes:
- Bossa Nova, 50 anos
- Pery Partiu
- Carnera, um sergipano que ensinou violão a João Gilberto
- Túmulo do Samba?

Tom Jobim, como o mundo passou a conhecê-lo a partir do começo dos anos de 1960, nasceu no dia 25 de janeiro 1927 e morreu há exatos 25 anos (1994).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

FILME E CORDEL PARA JACKSON DO PANDEIRO



Jackson do Pandeiro foi um dos mais importantes compositores e interpretes da nossa melhor música popular. Paraibano de Alagoa Grande, nasceu em 1919. Seu centenário está sendo comemorado em várias partes do País. Estreou em disco, em 1953. Deixou uma obra extensa, incluindo pelo menos duas inéditas. Uma delas composta em parceria com a pernambucana Anastácia. A outra, abre este texto.
Um filme a respeito do artista dirigido por Marcus Vilar e Cacá Teixeira acaba de ser lançado:"Jackson, na Batida do Pandeiro". Primeiro foi exibido em Campina grande, depois em Brasília e João Pessoa. Tomara que ocupe todos os telões do Brasil, pois o que é bom deve ser mostrado pra todo mundo.
Ainda há poucos folhetos de cordel contando a história desse grande artista. 
O pernambucano Cacá Lopes, cantor compositor e violonista, acaba de enviar a este blog "Um Cordel para Jackson", de sua autoria. Gostei. E tomara que vocês também gostem.

UM CORDEL PARA JACKSON
               Cacá Lopes

O mundo dos forrozeiros
Canta para celebrar,
O centenário de um astro
Da cultura popular,
Mestre Jackson do Pandeiro
Que fez o povo xaxar.

Feliz o Brasil festeja
Seus cem anos de idade,
Relembrando o rei do ritmo
Sua genialidade,
Comparado a Gonzagão
Nossa maior majestade.

No tronco do juremá
Ouviu O CANTO DA EMA,
Ficou lá imaginando
Como curar o problema,
De um amor mal resolvido
Sem aumentar o dilema.

O jeito foi convidar
Comadre SEBASTIANA
Pra dançar na gafieira
Todo final de semana
Mas a dança diferente
Jackson não achou bacana.

Pois a morena gingava
Pulava feito guariba,
Chamando o seu parceiro
Zé de baixo, Zé de riba,
Aí cantou UM A UM
O filho da Paraíba.

Na toada improvisada
Xaxado, coco e forró,
Com sua CABEÇA FEITA
Foi desatador de nó,
Só NA BASE DA CHINELA
Lá no seu BODOCONGÓ.

Feito CANTIGA DO SAPO
SERENOU a noite inteira,
O CABO TENÓRIO disse
Tem FORRÓ NA GAFIEIRA,
CAPOEIRA MATA UM
Sem precisar de peixeira.

O CHICLETE COM BANANA
Ele um dia misturou,
Virando um samba-rock
Todo mundo aprovou,
Cantou MINHA ZABELÊ
VITALINA adorou.

Convidou SETE MENINAS
Pra’ um FORRÓ EM LIMOEIRO,
Em CAMPINA e CARUARÚ
TUM, TUM, TUM com o festeiro
Que pôs VIOLA NO FREVO,
Num XOTE DO SANFONEIRO.

E se TEM MULHER TÔ LÁ
Mote do Paraibano,
No FORRÓ EM SURUBIM
Disse eu VOU DE TUTANO,
Porque tem muita sustança
Pra quem tem ainda plano.

Tocou TAMBOR DE CRIOULA
Em casa e também na rua,
ROSA, AMOR DE MENTIRINHA,
Quando o homem foi à lua,
Cantou de MORENA BELA
A CANTIGA DA PERUA.

Sobre o Rio de Janeiro
Fez homenagem bacana,
Em várias composições,
Devido a saudade insana,
Demonstrou isso na letra
XOTE DE COPACABANA.

Nosso Jackson do Pandeiro
Venceu na vida com garra,
Dizia que a vida era
Feito SINA DE CIGARRA,
No lugar aonde chegava
Com certeza tinha farra.

Se TEM ZÉ NA PARAÍBA?
COMO tem! Disse o artista,
Mais do que COCO DO NORTE
Zé a se perder de vista,
Feito CASACA DE COURO
Ou buraqueira na pista.

É cultuado por nomes
Da música nacional,
Na nossa “EME-PÊ-BÊ”
Um artista excepcional,
Na galeria dos astros
Há tempo é imortal.

Um dia Chico Buarque
Grande ídolo brasileiro,
Ao compor uma canção
Fez um verso bem certeiro,
E espalhou pra todo mundo:
Vá de JACKSON DO PANDEIRO!
.

NOVO ESPAÇO CULTURAL


 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

UM CABRA BOM DE PAPO


É sempre uma alegria receber pessoas que têm o que dizer, caso do gaúcho José Antônio Severo. Severo tem uma história incrível no jornalismo brasileiro. Trabalhou na extinta Realidade, Gazeta Mercantil e Tv Globo, entre outros ninhos de cobra criada. Tem ótimos livros publicados incluindo Os Senhores da Guerra publicado em dois grossos volumes (Editora L&PM, 2000) e base de um épico do cinema do Brasil, dirigido por Tabajara Ruas. Severo é, além do mais, um bicho político o tempo todo atenado. Ele tem tese para justificar as horrorosas de alguns empedernidos bolsonaristas como Sérgio de Camargo que acaba de ser indicado para presidir a Fundação Palmares. Para Severo o que se quer é acabar não só com os movimentos do negro, mas enterrar a cultura afro tão rica em nosso País. Por aí.

Severo e as irmãs cantoras Célia e Celma, mais o amigo Jeremias e Ana Maria abrilhantaram cá em casa a tarde de sábado passado 30 9(fotos acima). Muita conversa boa e um tim tim de boa cana para espairecer e afrouxar a garganta. Enfim, ninguém é de ferro!

Meu amigo, minha amiga, você sabia que a capital de Santa Catarina foi criada para homenagear o violento Marechal Floriano Peixoto? Pois é, conversamos sobre isso também. História. 

VIVA O SAMBA DO VALENTE!

Da esquerda para a direita: Assis Ângelo, Laya, Marquinho Mendonça, Rinaldo Aparecido da Cruz Campanhã (Valente) e  Mirianês Zabot.
A Capital paulista nos apresenta nos seus mistérios eternos surpresas a cada esquina, a cada bairro, a cada canto.
Fui levado por amigos ontem 1 à Casa Verde. Lá na Baruel, 259 deparei-me com um ambiente super legal, bonito, aconchegante, cheio de gente de todas a idades. Crianças inclusive. E muita música, muito samba...
Hoje 2 é o Dia Nacional do Samba: https://assisangelo.blogspot.com/2017/12/ary-barroso-provocou-o-dia-do-samba.html
Na Baruel está instalado o Samba do Valente. Senti-me em casa. Em casa de bamba...
Valente é como atende o cidadão Rinaldo Aparecido da Cruz Campanhã, da safra de 1964, paulistano. Ele nasceu no Samba e continua, a seu modo sambando e fazendo bem às  pessoas que o cercam.
Reencontrei no Samba do Valente muita gente. Entre essa gente Rita, que durante muito tempo atuou como produtora do querido amigo bahiano Xangai. E lá nessa Samba, abrilhantando a noite, os incríveis Marquinho Mendonça e Laya, cantora de excepcional beleza vocal. Detalhe: além de samba, Laya estendeu-se num repertório Gonzaguiano para ninguém por defeito. No dia 9 de Novembro, Laya e Marquinho Mendonça deram uma belíssima entrevista ao apresentador Carlos Silvio. Acompanhem: https://youtu.be/Js1YV-6yCQ4
A história de Rinaldo é impressionante. Mas a respeito disso, falarei noutra ocasião. Agora deem uma espiadinha na bela montagem fotográfica que abre esse texto. Sim, postara-me no palco e lá foi eu engatando duas declamações poéticas...
Um personagem louco por São Paulo faz de modo curioso a sua 
declaração de amor a essa cidade:


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MORRE CORDELISTA PARAIBANO

O mais velho e profícuo cordelista do Brasil morreu ontem 1, em Anápolis, GO, Paulo Nunes Batista. Paulo tinha 95 anos de idade e deixou cerca de 500 folhetos que publicou ao longo de sua vida. Paulo parte deixando de luto a cultura popular expressa em folhetos de cordel. Que Deus o tenha, em paz.