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quarta-feira, 31 de agosto de 2022
EU E MEUS BOTÕES (35)
terça-feira, 30 de agosto de 2022
EU E MEUS BOTÕES (34)
Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil
Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas
Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o Bicho quer
Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente
Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
MENTIRAS NO DEBATE
QUE NÃO HAJA FUJÃO NO DEBATE DA BAND!
sábado, 27 de agosto de 2022
A HISTÓRIA DOS JINGLES POLÍTICOS NO BRASIL
Na nossa música popular se acha a fuga de Dom João VI de Portugal para o Brasil.
Na nossa música também se acham as estripulias sexuais de Pedro I, que tinha 35 anos em 1834 quando morreu.
Os mais variados assuntos referentes ao nosso País podem ser encontrados.
Com todas as letras, os dramas de homens, mulheres e crianças escravizados estão na pauta da MPB. Inclusive a queda de Pedro II, sua partida para o exílio e o golpe militar que levou ao poder o alagoano Deodoro da Fonseca, em 1889.
A partir de 1889 deu-se início a República, cuja primeira parte chamada de velha findou com o golpe que derrubou Washington Luís e impediu que Júlio Prestes assumisse a Presidência, em 1930.
Em 1922, o rádio engatinhava no Brasil.
Em 1929, as pouquíssimas emissoras de rádio recebiam o primeiro disco com um jingle político: Seu Julinho Vem, uma marchinha assinada por Freire Júnior, interpretada por Chico Alves.
O jingle fez um sucesso danado. E o fato é que Júlio Prestes ganhou a eleição com quase 1,1 milhão de votos, quase o dobro recebido por Getúlio Vargas.
Inconformado com o resultado da eleição, Vargas liderou um golpe de Estado apoiado pelos governadores do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.
Não podemos esquecer que o paraibano João Pessoa formou a chapa de vice de Getúlio.
Eu não entendo uma coisa: por que o golpe de 1930 é chamado de revolução?
Depois do jingle da campanha de Júlio Prestes, muitos outros foram feitos.
Getúlio Vargas ficou no poder durante 15 anos seguidos. Obrigado a renunciar, renunciou para não ser deposto sob armas. Isso ocorreu em 1945. No seu lugar, assumiu o marechal Eurico Gaspar Dutra.
Cinco anos depois, em 1950, mais uma marchinha (Retrato do Velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto; gravado por Chico Alves) ajudaria Getúlio a voltar ao poder. E voltou. E do poder só sairia morto, com um tiro no peito.
Substituiu Getúlio o seu vice, Café Filho.
Corria o ano de 1954.
A cada eleição aumentava o número de jingles.
Ganharam bonitos jingles Prestes Maia, Rogê Ferreira, José Bonifácio, Ademar de Barros, Jânio Quadros e seu vice, João Goulart.
Já na chamada Nova República, que começou com o fim da ditadura militar, os jingles feitos para ajudar Lula e Dilma a ganhar as eleições foram marcantes: Lula-lá e Coração Valente.
O jingle que ainda permanece vivo na memória popular é Varre Varre Vassourinha, Maugeri Neto.
Varre, varre, varre, varre vassourinha!
Varre, varre a bandalheira!
Que o povo já 'tá cansado
De sofrer dessa maneira
Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!
Alerta, meu irmão!
Vassoura, conterrâneo!
Vamos vencer com Jânio!
São muitos os artistas famosos que interpretaram e ainda interpretam jingles políticos. Entre esses Luiz Vieira, Jorge Veiga, Luiz Gonzaga (abaixo), Carmélia Alves (abaixo), Dircinha Batista, Isaurinha Garcia, Elizeth Cardoso e até o flautista Altamiro Carrilho.
Roberto Carlos subiu várias vezes ao palco para puxar votos para o empresário José Ermínio de Moraes, à época em que se candidatou ao governo de São Paulo em 1986.
O cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos também deixou sua marca em campanhas políticas. Esteve a serviço, por exemplo, de Fernando Henrique.
Curiosidade: o baião Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, surgiu originalmente como jingle político gravado pela primeira vez por Emilinha Borba.
Os vices presidentes que assumiram a Presidência foram Floriano Peixoto, Nilo Peçanha, Delfim Moreira, Café Filho, João Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.
A campanha política de 2022 já está a todo vapor.
Segunda 22/8, Bolsonaro foi sabatinado no Jornal Nacional, por William Bonner e Renata Vasconcellos. No mesmo jornal de terça 23, o sabatinado foi Ciro Gomes. Na quinta 25, Lula. E sexta 26, Simone Tebet.
Na mesma sexta 26, começou a campanha política no rádio e na televisão.
O primeiro debate reunindo presidenciáveis está marcado para a noite do dia 28, na TV Bandeirantes, mas há dúvidas quanto à presença de Lula e Bolsonaro.
Os jingles de Bolsonaro, Lula, Ciro e Simone são, musicalmente, uma bobagem.
Os responsáveis pela campanha de Bolsonaro foram buscar o sertanojo para embalar bobagens referentes ao candidato. O pessoal de Lula foi buscar o forró de plástico, forró eletrônico. Um horror!
Ciro está sendo representado em jingle na forma de pagode. Ai, ai, ai. Pior: Simone vem com sertanejo feminino.
O que é isso de “sertanejo feminino”?
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
EU E MEUS BOTÕES (33)
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
O MUNDO CAIPIRA ESTÁ DE LUTO. MORREU UMA GALVÃO
HÁ 61 ANOS, JÂNIO RENUNCIAVA À PRESIDÊNCIA
quarta-feira, 24 de agosto de 2022
REPÚBLICA MONÁRQUICA
ORGULHO-ME DE SER JORNALISTA
Clique na imagem para ler o edital |
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
ÓCULOS PARA CEGOS, HEIN?
domingo, 21 de agosto de 2022
JÔ É TEMA DE EXPOSIÇÃO EM SÃO PAULO
De tudo ou de quase tudo esse José foi e fez, com o pseudônimo de Jô Soares.
Estudou na Suíça e aprendeu a falar e a escrever com fluência meia dúzia de línguas. A ideia inicial era seguir a carreira diplomática, mas a tempo desviou-se do caminho e tornou-se um craque completo no campo da cultura, a partir dos anos de 1950.
Jô gravou alguns discos e escreveu alguns livros, sendo O Xangô de Baker Street (Companhia da Letras; 1995) o mais conhecido, até porque chegou a ser traduzido em várias línguas e virou filme em 2001. Entre os LPs que lançou, se acha o de conteúdo engraçado: A B… E Outras Estórias.
Jô Soares era uma graça.
Para contar de modo bem humorado a história desse intelectual e artista, dezenas de cartunistas se juntaram e puseram de pé no Shopping Center 3 (Av. Paulista, SP) a exposição Um BeiJÔ no Gordo, sob a batuta do presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, José Alberto Lovetro (JAL).
“Jô Soares merece todas as homenagens possíveis por sua importância para o Brasil e seu povo. Os cartunistas brasileiros não poderiam ficar de fora porque o humorista adorava o desenho e também desenhava. No Pasquim publicava textos e ilustrava. Depois virou também pintor. Esta exposição é de seus companheiros de humor gráfico que colocam no papel aquele sorriso maroto, aquela piscadinha especial e o fantástico beijo do Gordo”, é JAL falando.
Jô Soares morreu no último dia 5 de agosto. E nesse mesmo dia JAL mobilizou mais de uma centena de cartunistas para uma homenagem virtual levada à vante pelo pelo G1.
A exposição Um BeiJÔ no Gordo foi inaugurada no último dia 12 e poderá ser apreciada até o próximo dia 28.
Ilustrações de: Paffaro, Gilmar Fraga, Francisco Machado, JAL, Afonso Carlos Fernandes, Manga e Maurício de Sousa (Clique para ver melhor) |
No dia 28 de novembro de 2016, Jô convidou Maurício de Sousa para o seu programa. Clique: https://globoplay.globo.com/v/5480869/
Com a sua partida, Jô Soares deixou mais de 200 personagens órfãos.
sábado, 20 de agosto de 2022
O FORRÓ EM PAUTA
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
EU E MEUS BOTÕES (32)
"Seu Assis, seu Assis! O Sr. viu o Tchutchuca do Centrão partindo pra cima de um youtuber lá no Planalto?", começou a falar exaltado o quase sempre tranquilo Zoião.
Que história é essa de Tchutchuca do Centrão?
Risada geral entre meus aparentemente fiéis botões. "O Sr. não sabe, seu Assis, o que é Tchutchuca do Centrão!?", meteu-se na conversa, eufórico e rindo, Barrica. Seu irmão Biu, soltando uma gaitada, disse: "O chefe tá to-tal-men-te por fora". E Lampa, cutucando as unhas com seu punhalzinho de estimação: "Hmmm, achei graça nessa história, confesso".
Zé e Mané ao mesmo tempo disseram: "Merecido! Merecido!".
Zilidoro, com sua calma franciscana, achou de enfiou seu bedelho no papo: "Essa história de Tchutchuca é, claro, muito engraçada. Mas a expressão não é de hoje. Tchutchuca vem lá de trás, de 1999, quando o grupo de funk carioca Bonde do Tigrão mandou ver nas paradas de sucesso com essa coisa de Tchutchuca...".
Zilidoro nem havia terminado a sua explanação sobre a origem da expressão Tchuthuca, quando Jão quietinho no seu canto, começou a cantarolar:
Vem, vem
Tchutchuca
Vem aqui pro seu Tigrão
Vou te jogar na cama
E te dá muita pressão!
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
MORRE JORGE DA CUNHA LIMA
LEIA MAIS: O BRASIL PRECISA DE MAIS JORGES!
HÁ 50 ANOS MORRIA SÉRGIO CARDOSO
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
DIOGO PACHECO, DO ERUDITO AO POPULAR. ADEUS
DEUS E O DIABO NO PALCO POLÍTICO
terça-feira, 16 de agosto de 2022
CIRO, VÍTIMA OU AGRESSOR?
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
10 ANOS SEM ALTAMIRO CARRILHO
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
CARTA DE SUCESSO
ROSA MORENA HOMENAGEIA CLARA NUNES
Assis e Clara Nunes |
quinta-feira, 11 de agosto de 2022
PRISÃO E TORTURA NUNCA MAIS
VISITA DAS BOAS
Moreira, Sebastião, Solenne e Assis, no IMB |
quarta-feira, 10 de agosto de 2022
ÍNDIO, VIDA E PÁSSARO. TUDO É NATUREZA
No Rio, atuando como jornalista no Diário do Comércio, logo ganhou fama que cresceu ao publicar o livro Primeiros Poemas.
Meu amigo, minha amiga, você conhece a Canção do Exílio? É assim:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
A Canção do Exílio é o poema mais plagiado da nossa história.
A obra de Gonçalves Dias enaltece o índio, o amor, a vida e os pássaros. Pequena, mas densa. De altíssimo nível e toda distribuída nos livros Primeiros Cantos, Segundos Cantos e Últimos Cantos.
É no Primeiros Cantos que se acha Canção de Exílio.
Pois é, Gonçalves Dias falou muito dos índios brasileiros.
Pouca gente, mesmo quem frequentou ou frequenta os bancos escolares, lembra ou diz de bate-pronto o belo poema Juca Pirama.
Juca Pirama é um poema desenvolvido em dez Cantos. No enredo um jovem tupi aparece passeando nas matas com o pai cego. Um dia, sem o pai, o jovem é capturado por índios inimigos. Antropófagos. Esses índios costumavam comer os inimigos valentes, guerreiros, para deles ganharem força. Era o que pensavam. Os covardes eram humilhados e soltos. O jovem tupi capturado foi enquadrado como covarde. O pai não gostou e entregou o filho aos inimigos, que o devoraram.
Hoje é politicamente incorreto chamar índio de índio.
Gonçalves Dias e José de Alencar estariam fritos e simbolicamente engolidos pelos patrulheiros de plantão.
Téo Azevedo e eu, e também Caetano Veloso, podemos ser considerados politicamente incorretos. Téo e eu compusemos, há uns 20 anos, a música O Índio. Um Índio é a música de Caetano.
José de Alencar, indianista de primeira hora, deixou três livros falando desse assunto. Todos belos. Destaco O Guarani, que em 1870 ganharia uma belíssima versão operística levada à cena no teatro Ala Scalla de Milão, pelo paulista de Campinas Antonio Carlos Gomes. Dia 9 de agosto é o Dia Internacional dos Indígenas. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas, ONU, em 1995.
A população indígena, no Brasil, não chega hoje nem a um milhão. Pena.
Como Gonçalves Dias, Alencar falou na sua obra de índio, amor, vida e pássaros.
No Brasil existem hoje cerca de 1900 espécies de aves, 240 das quais se acham em processo galopante de extinção.
Desde 2002, o Brasil tem como símbolo o sabiá.
Há vários tipos de sabiás. O que virou símbolo, tem por "sobrenome" laranjeira.
O Sabiá laranjeira é lindo.
Eu gosto de tudo quanto é pássaro. Nunca matei, nem prendi um pássaro em gaiola.
No meu tempo de moleque safado em terras paraibanas, eu fingia caçar com meus pares igualmente safados, moleques. Saíamos armados de baladeira ou bodoque, mas nenhum bichinho da natureza era vítima das nossas eventuais más intenções.
Fui crescendo, fui crescendo e cada vez mais gostando de passarinhos. O beija-flor me encanta.
Catalogados, existem mundo afora cerca de 320 espécies de beija-flor. Só no Brasil, 84. E por não ter o que fazer, fiz:
Voa voa passarinho
Passarinho beija-flor
Leva leva no teu bico
Um beijo pra meu amor
Meu amor está dormindo
Um sono reparador
Voa voa passarinho
E diz a ela por favor
Que sem ela sou jardim
Despetalado, sem cor
O meu sonho, passarinho
Passarinho beija-flor
É viver agarradinho
Nos braços do meu amor
Ilustração por Fausto Bergocce |
O baião Sabiá, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, é uma obra-prima.
Em 1995, John Dalgas Frisch e seu filho Christian publicaram uma jóia: Jardim dos Beija-flores, todo em papel couchê.
Dalgas Frisch foi o cara que aventurou-se na Amazônia e gravou centenas de cantos de passarinhos, incluindo o Uirapurú. Essas gravações renderam cinco LPs, compactos e viraram CDs, depois. À época, 1962, o presidente norte-americano John Kennedy (1917-1968) chegou a expressar, por escrito, suas impressões sobre a fabulosa façanha empreendida por Dalgas.
Eu cheguei a levar Dalgas Frisch para entrevista no programa São Paulo Capital Nordeste, que durante anos apresentei na rádio Capital AM 1040. À época, ele estava lançando um bonito relógio de parede com pássaros marcando hora.
Em 1991, o capixaba Augusto Ruschi publicou Aves do Brasil em pranchas ilustradas por Etienne Demonte e Yvonne Demonte. Pérola.
Ruschi (1915-1986) formou-se em engenharia agronômica em 1940. Depois, especializou-se em Botânica. No correr da vida acumulou muitos cursos, chegando a integrar a Academia Brasileira de Ciências.
Antonio Gonçalves Dias morreu afogado aos 41 anos de idade, quando o navio em que viajava naufragou na costa do Maranhão.
Ouça Canção do Exílio, com Paulo Autran: