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sexta-feira, 31 de março de 2023

O BRASIL SOBREVIVEU AO GOLPE MILITAR. VIVA A DEMOCRACIA!

Na manhã do dia 31 de março de 1964, sob o comando do general Mourão Filho (1900-1972), milhares de soldados marchavam de Minas para o extinto Estado da Guanabara pela rodovia 040. O propósito era apear do poder o presidente João Goulart, acusado pelas forças armadas de ser comunista.
Comunista?
Goulart, chamado de Jango, era um possante fazendeiro no Rio Grande do Sul com ideias voltadas ao bem do Brasil.
As tropas de Mourão Filho alcançaram a Guanabara na madrugada de 1º de abril. Tanques na rua e tal. O povo, de boca aberta, foi pego de surpresa. E Jango caiu. No seu lugar assumiu por breve tempo uma junta militar.
A queda de Jango pôs fim à Quarta República, iniciada em 1889.
Os militares ficaram dando ordens e massacrando civis durante 21 anos, ininterruptamente.
A Quinta República começou em 1985, quando o mineiro Tancredo Neves foi escolhido presidente por um colégio eleitoral. O resto é história.
A rodovia 040 ficou conhecida como BR-3 que, em 1970, ganhou uma música no gênero soul feita por Antônio Adolfo e Tibério Gaspar. Essa música, BR-3, ganhou o 1º lugar no V Festival Internacional da Canção promovido e realizado pela TV Globo no dia 25 de outubro de 1970, no Maracanãzinho. Foi defendida por Tony Tornado, acompanhado pelo Trio Ternura. Pra lembrar, clique:


A respeito do golpe de 64, leia mais: A DEMOCRACIA NÃO VESTE FARDA DITADURA MILITAR: TRISTE LEMBRANÇA ÁUDIOS CONFIRMAM O ÓBVIO: A DITADURA MATOU ÓBVIO, DITADURA NUNCA MAIS DEMOCRACIA SEMPRE

MEDO E DELÍRIO EM BRASÍLIA

Tem muita coisa boa rolando na Internet. Há ótimos podcasts, como Medo e Delírio em Brasília, produzido e levado avante por uma certa Rádio Novelo. O pessoal desse podcast junta realidade com ficção. É pra morrer, ou viver de rir, sei lá! Quem descobriu essa joia foi a minha filha Clarissa. É ótimo. Na edição de hoje, aí embaixo, o ministro Flávio Dino, da Justiça, dá um banho de crítica e sabedoria nos integrantes da CCJ que o "convidaram" para questionamentos. Não percam e passem pra frente, pois vale a pena:

quinta-feira, 30 de março de 2023

UMA PALAVRA PELO BEM DO BRASIL: PAZ

Já faz tempo que o Brasil está meio afunhenhado. E afunhenhou-se praticamente de vez no período em que O Coiso governou o Brasil. Quer dizer, desgovernou. O propósito dele era fechar o Congresso e o País. Não deu. E findou por fugir e homiziar-se num ponto qualquer dos EUA. Voltou hoje 30, com o rabo entre as pernas e decepcionado por ter a esperá-lo apenas alguns gatos pingados, que não tinham o que fazer, no aeroporto de Brasília.
A nossa história política tem sido complicada, como de resto em boa parte do mundo.
Até hoje governos autoritários fecharam Congresso 18 vezes. A primeira vez que isso ocorreu foi em novembro de 1823, há quase 200 pois.
O Brasil já teve oito Constituições, incluindo a de 1988, a 2ª com o maior tempo de duração na nossa história. A anterior, de 1967, entrou em vigor em março daquele ano. A 1ª, não custa lembrar, foi outorgada também num mês de março (1824).
Digo tudo isso para que não nos esqueçamos que o perigo sempre nos ronda.
O Coiso voltou hoje para atiçar aqueles com quem se identifica.
No dia 30 de março de 1964 os quartéis estavam em movimento, como cobras no ninho prontas para tumultuar o ambiente, o que acabaria por ocorrer na madrugada de 1º de abril.
Não custa permanecermos atentos a movimentos estranhos. Pois o mal não tem cor nem sexo.

quarta-feira, 29 de março de 2023

VIVA BRAGUINHA!

Não custa lembrar que, grosso modo, o Brasil através de seus governantes têm o péssimo hábito de esquecer os seus grandes filhos. Isso seja nas artes em geral, seja em que campo for da atividade profissional. Hoje 29, por exemplo, é dia do aniversário de nascimento do compositor carioca Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, também conhecido por João de Barro.
João de Barro é o nome de um pássaro.
Braguinha, ou João de Barro, é autor de uma grande quantidade de sucessos musicais. Entre esses Carinhoso, Touradas em Madri e Yes! Nós Temos Bananas. Foi gravado por grandes nomes da nossa música, a partir de Carmen Miranda.
Entre 1929 e 1931, Braguinha integrou o grupo musical Bando de Tangarás. Desse grupo participava Noel Rosa, Almirante, Henrique Brito e Alvinho.
Eu conheci e entrevistei Braguinha em São Paulo. Na ocasião, ele disse que me deixaria muitas canções inéditas. E deixou, certamente.
Braguinha morreu no dia 24 de dezembro de 2006.

terça-feira, 28 de março de 2023

O BRASIL PRECISA DE REVISÃO!

Ouvi no rádio a triste e lamentável notícia da assassinato de uma professora da rede pública do Estado. O assassino é um estudante na pré-adolescência, que pôs uma máscara de caveira na cara e armou-se de uma faca peixeira para praticar o crime. Uma tragédia, na verdade.
É muita morte nas ruas e em todo canto.
Todo dia ouço notícia de marmanjo praticar feminicídio. 
Acho que o que vivemos hoje não se vivia no tempo da pedra lascada.
Ouço no rádio notícia dando conta de que várias autoridades foram ao local do crime, uma escola na Zona Oeste, mais precisamente no bairro de Vila Sônia, divisa com Taboão da Serra.
O governador disse que providências estão sendo tomadas, que irá colocar policiais em todas as escolas.
O prefeito diz que está chocado.
É preciso mudar a forma de ensino.
É preciso valorizar os professores e professoras. Chega de agressão.
A sociedade precisa imediatamente de uma revisão.
Vivemos uma barbárie.

segunda-feira, 27 de março de 2023

ONZE ANOS SEM MILLÔR FERNANDES

Millôr Fernandes no traço mágico de Fausto

 Na noite do dia 27 de março de 2012, uma terça-feira, falecia na sua casa no Rio o jornalista, dramaturgo, tradutor e artista plástico, gráfico e visual, Millôr Fernandes, no registro civil como Milton Viola Fernandes.
Millôr foi um dos mais importantes e completos intelectuais que o Brasil já deu. Começou a carreira não como artista, mas como contínuo da revista O Cruzeiro. Tinha 15 anos de idade e logo revelou-se através do traço gráfico e da sua inteligência ímpar. Foi nessa revista, do magnata da Imprensa Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, através do pseudônimo Vão Gôgo. Seu colega na revista foi o pernambucano Péricles, criador do personagem Amigo da Onça. Péricles morreu em 1961.
Em 1963, Millôr criou a revista Pif-Paf junto com os amigos Claudius, Fortuna, Jaguar e Ziraldo. A revista durou oito números. 
Autor de muitos livros, Millôr Fernandes ocupou espaço na Revista Veja, Jornal do Brasil e tal. Gerou muitas frases que caíram no gosto dos leitores. Dizia que no roteiro que estava preparando o personagem era ele mesmo, que não morria no fim.
Entre as comparações que fez, pérolas como "confundir Liberdade com Licenciosidade".
Millôr completaria 100 anos de idade no próximo dia 16 de agosto. Um de seus grandes amigos foi Flávio Rangel (1934-1988), que nasceu 11 anos e 10 dias depois de Millôr.

JUCA CHAVES

O cantor, compositor e humorista Juca Chaves morreu no último dia 25 em Salvador, BA. Tinha 84 anos de idade.

NEGREIROS

O cartunista Negreiros morreu sexta-feira 24, aos 68 anos de idade.
Como se vê, o Brasil está perdendo a graça.

domingo, 26 de março de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (2)

Na literatura popular se acham definições no mínimo engraçadas para o cidadão que é premiado com chifres pela mulher. Exemplo:
O Corno Ateu: Aquele que leva chifre, mas não acredita;
O Bravo: Aquele que quando é chamado de corno, quer brigar;
O Bateria: O que vive dizendo," Vou tomar uma solução";
O Cebola: Quando vê a mulher com outro, chora;
O Vidente: Aquele que diz "Eu já sabia";
O Cigano: Aquele que toda vez que leva chifre, muda de bairro;
O Famoso: Aquele que por onde passa, é reconhecido como tal;
O Fofoqueiro: Aquele que leva chifre e sai contando para todo mundo;
O Frio: O que leva chifre e não esquenta;
O Iô-Iô: O que vai mas volta;
O Matemático: O que vê a mulher fazendo 69 com outro e vai para o bar tomar uma 51, pois enfim ninguém é de ferro.
A poesia publicada em cordel não foi inventada por brasileiros. Referências há desse tipo de poesia desde a Idade Média.
Muitos autores clássicos tiveram e ainda têm partes da sua obra adaptada para folhetos. Caso de Giovanni Boccaccio. Que viveu no século 14. É dele a obra-prima Decameron. Dessa obra são extraídos textos para a adaptação. Exemplos: Chifre com Chifre se paga e o Homem que foi ao Inferno e Voltou Chifrudo.
São muitas as piadas em volta do corno. Uma delas trata de um sujeito tentando pular de um prédio pra se matar. Lá embaixo a mulher diz: “Para, não pula! Eu pus cornos em você e não asas!”.
A vida é uma comédia. VEJA: O TOMÉ DE SOUZA DE ZÉ LIMEIRA

Foto e ilustração por Flor Maria e Fausto Bergocce.

sábado, 25 de março de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (1)

A literatura de cordel é coisa boa, séria e engraçada.
Na literatura de cordel tem de tudo: história geral, fatos corriqueiros e inventados; histórias de príncipes e princesas, fadas, bruxas, natureza, animais e de coisas outros mundos. A classificação vai desde temas como religião, cangaço e gracejo. Trata também de figuras famosas como Padre Ciço, Lampião, Getúlio, Lula e até Roberto Carlos.
Na literatura de cordel não é difícil achar folhetos que tratam de temas do cotidiano e de personagens comuns que de uma hora pra outra caem na boca do povo.
O adultério é tema comum e picante desenvolvido por cordelistas desde o passado.
O corno como personagem folclórico aparece em inúmeros folhetos.
O ato de cornear é tão antigo e natural como o movimento das ondas do mar e o pôr do sol.
Contraditória em muitos pontos e temas, a Igreja condena os pulos de cerca.
Nas páginas do Velho Testamento é dito que a mulher deve obedecer e atender a todos os desejos do homem.
Segundo a Igreja é pecado trair. A mulher traidora deve arder no fogo dos infernos. Ai, ai, quanto exagero!
No dia 26 de março de 1986 estreou no Rio de Janeiro a comédia Trair e Coçar é só Começar, do ator Marcos Caruso. Tudo gira em torno de um casal fora de qualquer suspeita no tocante à infidelidade. Na história entra uma doméstica. Milhões de pessoas já viram essa peça, que já é referência no Guinness. Engraçadíssima.
Infidelidade conjugal é assunto que anda na boca de todo mundo. E também nas mídias.
Nomes conhecidos da chamada cultura de massa às vezes nos surpreendem com histórias mirabolantes envolvendo personagens que fazem da traição um hábito.
O compositor e cantor brega Falcão escreveu, para deleite de seus fãs, um folheto de cordel em que narra o encontro dele com um ET vindo sabe-se lá de onde! Queria conselhos de como se comportar após receber um belo par de chifres na testa: aceitar ou ir pro pau? Começa assim:

Se você acha que gaia
É coisa do imaginário
Que tem o nosso planeta
Como seu único cenário
Veja então este relato
Onde é narrado o fato
De um chifre interplanetário...

O tal ET conta que no seu planeta não tem bodega pra se beber boa pinga e tal. E corno é coisa rara, mas tem. Ele, por exemplo. Tanto que veio à Terra pra recorrer aos préstimos de Falcão. Chateado, o ET classificou a iniciativa da sua mulher como um “deslize”, só comparável ao que fez o personagem do poeta popular Zé Limeira:

O velho Tomé de Sousa
Governador da Bahia
Casou e no mesmo dia
Passou a pica na esposa
Ele fez que nem raposa
Comeu na frente e atrás
Chegou na beira do cais
Onde o navio trefega
Comeu o padre Nobrega
Os tempos não voltam mais!

Depois de aconselhado, e bem aconselho por Falcão, o ET voltou todo satisfeito ao lugar de onde veio. Parecia tranquilo. Falcão:

Enfim, o ET me disse
Feliz e muito contente
Que só tem a agradecer
Pra sempre e eternamente
Ter visto de um modo enfático
De um jeito assim tão didático
Que corno também é gente

sexta-feira, 24 de março de 2023

EU E MEUS BOTÕES (61)

"Bom dia seu Assis!", disseram em coro de modo ensaiado os meus fiéis botões.
Estou sentindo a falta de Zilidoro. Por onde anda Zilidoro? Pegou gripe? Levou queda? Ou...
Nem bem acabei de fazer essas indagações, eis que adentra a casa o querido poeta Zilidoro.
"Desculpem-me o atraso. É que tive dificuldade de apanhar ônibus ou carro de aplicativo. A cidade tá uma loucura. Quilômetros e quilômetros de engarrafamento, tudo por causa da greve dos metroviários cá de Sampa. Um horror!", justificou.
Bom pessoal, a política tá comendo solta. Os presidentes da Câmara e do Senado estão pegando pesado. O ego dos caras está lá em cima e quem paga por isso é o povo. Não se vota nada no Congresso.
Barrica se levantou da cadeira e concordou comigo, acrescentando: "Tem muita coisa pra ser votada na Câmara e no Senado. Isso todo mundo sabe, até eu que sou besta. Cadê o projeto da reforma tributária, hein?".
Zili, como é chamado na intimidade o Zilidoro, pôs a colher na pauta: "O pior disso tudo é que o presidente Lula está sem base política nas duas casas do povo. E não custa lembrar que o Senado e a Câmara têm, a rigor, maioria conservadora e sacana contra ele".
Enquanto meus ilustres botões falavam, Lampa quieto no tamborete, apenas cutucava as unhas com seu estimado punhalzinho. Sim, e com aquele olhar esquisito, tronxo, introspectivo. De repente ele se levanta e dá um soco no vento, depois de enfiar o punhal na cinta. Disse: "Ouvi há pouco no rádio informação dizendo que aquele feladaputa está voltando terça-feira que vem!".
Todos grudaram os olhos na cara do Lampa. Biu: "Cê tá falando de quem?".
Zoião deu uma risada, no que foi seguido por Zé, Jão e Mané. Risada geral. Lampa: "Eu tô falando do Bozo, do corno, dsquela coisa chamada Bolsonaro. Ele fugiu pros Estadozunido, mas de mim não escapa!".
Perguntei a Zilidoro o que ele achou da fala que Lula fez a respeito do possível sequestro e assassinato do Moro, planejado pelo PCC. Ele: "Seu Assis, o que acho é que o Lula tá falando demais. Podia ficar mais quieto, na dele. Enfim, há muita coisa importante a se fazer pelo povo. O desemprego ainda está lá em cima, o salário lá embaixo, doenças infestando o ar e a gente, os indígenas na pior... Pois é, há muito trabalho a ser feito e toda vez que o Lula fala de alguém, esse alguém sai ganhando. Moro é nada. É um oportunista, um sujeito sem escrúpulos".
Jão bateu palmas, concordando: "O Zili tem razão, mas é preciso lembrar que o Lula levou muita porrada e foi condenado sem provas pelo Moro e seus seguidores".
Mané pediu a palavra e emendou: "Pois é, o Lula está até aqui de mágoas. Foi acusado por crime que não cometeu e levado à cadeia pra cumprir pena injusa. Isso certamente causa trauma até num poste!".
Zoião levantou-se de onde estava e fazendo uma parte: "Tudo bem, tudo bem, mas o Lula não pode esquecer que é o presidente da República de todos os brasileiros. Tudo o que ele diz tem peso, para o bem ou para o mal".
Não tem como não ficar satisfeito ouvindo tudo isso dos meus queridos botões.
Jão pediu para mudar de assunto. Disse: "Eu sei que tem muita gente aqui que me critica por ser quem eu sou. Sim, eu sou um cara sem muito saber, sem muita leitura, estudei pouco que nem o Lampa. Mas eu me esforço para aprender coisas. Como exemplo eu posso dizer que tenho lido livros e escutado boas músicas no rádio. Posso até dar uma informação aqui. Hoje, 24 de março, é o dia em que nasceu o poeta e jornalista recifense Olegário Mariano. Ele era de 1889, ano da proclamação da República, e morreu em 1958, ano do surgimento da Bossa Nova. Foi o autor do cateretê...".
Antes de concluir o que estava dizendo, Jão foi bruscamente interrompido por Barrica que começou a cantarolar desafinadamente:

Eu não quero outra vida
Pescando no rio de Jereré
Tenho peixe bom
Tem siri patola
Que dá com o pé

Quando no terreiro
Faz noite de luar
E vem a saudade me atormenta
Eu me vingo dela
Tocando viola de papo pro a...
 
Essa música, foi a vez de Zilidoro por a régua no papo, "foi gravada originalmente em 1931 por Gastão Formenti. Essa música contou com a parceria do grande Joubert de Carvalho".
Todos se levantaram batendo palmas, menos Jão que ficou um pouco ressentido por não ter sido reconhecido por seus esforços em busca de conhecimento.
Biu, que não conhecia a moda De Papo pro Á, perguntou onde poderia ouví-la. E Jão, rápido que nem um raio, adiantou-se: "No Youtube! No Youtube!".

quinta-feira, 23 de março de 2023

EX-PRESIDENTE LALAU TEM QUE DEVOLVER O QUE ROUBOU

O Plenário do Tribunal de Contas da União, TCU, por unanimidade decidiu ontem 22 que o ex-presidente lalau Bolsonaro devolva no prazo de cinco dias, sob pena de prisão, os mimos milionários que recebeu em forma de armas e joias do rei déspota da Arábia Saudita. Do rei ou do filho do rei, sei lá! O fato é que é pra valer: Bolsonaro tem que entregar à União o que subtraiu dela. Não é nada, são só quase 20 milhões de reais.
Aproveito a ocasião pra sugerir que Bolsonaro entregue-se à polícia ao entregar os mimos que embolsou. É isso. A vida continua.
 


Pois é...

Ex-presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera
Presidente matador
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador

quarta-feira, 22 de março de 2023

SEM ÁGUA MORREREMOS DE SEDE

O nível do reservatório da Cantareira já de 80%
Nós e o nosso mundo somos algo em torno de 90% líquidos. Isso no corpo físico humano e do planeta. É tudo muito simples, é tudo muito complexo. Somos quase todos água e para vivermos bem precisamos de água. Sem água não dá nem pra tomar um porre provocado por uma boa cachacinha, um bom uisquinho, por aí.
Hoje é o Dia Mundial da Água. Essa data foi criada pela Organização das Nações Unidas, ONU, há exatamente 31 anos. A data serve para refletirmos a respeito da importância da água que consumimos no nosso dia a dia por total necessidade.
Muita chuva caiu no decorrer da última estação. Reservatórios do País inteiro ficaram até aqui de água. Quer dizer: quase cheios, como o Cantareira que abastece milhões e milhões de pessoas que vivem em São Paulo.
O assunto é bom e merece reflexão.
Sem água de beber, doce, não há água pra porre. E tenho dito!
 

Visite meu Instagram: @assis_angelo

domingo, 19 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (4 final)

Leandro morreu em 1918, com 53 anos de idade. Sua obra foi vendida para João Martins de Athayde (1880-1959) e depois para José Bernardo da Silva (1901-1971). Eram cordelistas e donos de gráficas. O detalhe é que tanto Ataíde quanto Bernardo assinaram como se fossem deles folhetos de Leandro Gomes de Barros. Isso tem nome: apropriação indébita. É crime constante no nosso código penal. Exemplo dessa apropriação é o clássico O Cavalo Que Defecava Dinheiro.
Até hoje não se sabe com exatidão quantos folhetos de cordel Leandro escreveu e publicou. O poeta repentista pernambucano Otacílio Batista falava em 1.004. Falo disso no livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo (Ed. IBRASA; 1996). Nesse livro também falo da discriminação sofridos pelos poetas da viola.
Mas voltemos ao tema guerra.
É claro que o assunto é polêmico.
Uns poucos cordelistas do passado falaram nos conflitos internos registrados pela história.
A guerra ou massacre de Canudos, que durou menos de um ano no sertão da Bahia, mereceu o olhar de
Clique para ler
poetas de cordel: Minelvino Francisco da Silva (Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos), Arinos de Belém (História de Antonio Conselheiro), Jota Sara (História da Guerra de Canudos) e até o profícuo Maxado Nordestino, autor de As Profecias de Antonio Conselheiro.Nas fileiras de combate contra os miseráveis liderados pelo cearense Conselheiro, se achava o cordelista paraibano de Bananeiras João Melchíades Ferreira da Silva (1869-1933). A respeito desse personagem e da Guerra de Canudos faço referência no livro O Clarim e a Oração (Geração Editorial; 2002).
Atualmente Klévisson Viana e Rouxinol do Rinaré, do Ceará, e o baiano Marco Haurélio são os mais importantes e profícuos cordelistas em atividade no País.
Tem aumentado substancialmente o número de mulheres escrevendo e publicando cordéis no Brasil. LEIA: A MULHER NA LITERATURA DE CORDEL
Eu já disse e repito: a cultura popular é a identidade de um povo.
É isso, minha gente.
Ah! Sim, ia-me esquecendo: o primeiro filólogo a dicionarizar a expressão cordel foi o padre português Francisco Caldas Aulete. Curiosidade: todos os dicionaristas brasileiros, inclusive Antônio Houaiss, repetem quase ipsis litteris o escrito por Aulete.

Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 18 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (3)

Leandro Gomes de Barros
em xilo de Klévisson Viana
Que as musas mitológicas
Vindas em dourados carros
Cheguem da Fonte Poética
Trazendo água nos jarros:
Dêem-me a taça predileta
Onde bebeu o poeta
Leandro Gomes de Barros.

Por admirar Leandro
Fui em busca da história
Do poeta de Pombal
Com sua rica trajetória,
desde os tempos de criança
Com matizes e nuança
Do seu passado de glória.

Pois além de pioneiro,
Leandro foi um gigante
À poesia popular
Deu legado relevante
Escreveu drama e tragédia
Fez gracejo e fez comédia
Com sua pena atuante…

(Leandro Gomes de Barros - O Pioneiro da Literatura de Cordel; Klévisson Viana)

A cultura popular é o retrato mais fiel de um povo, de uma nação.
A cultura popular brasileira engrandece o mundo, por sua beleza e originalidade.
O Brasil é o quinto ou sexto maior país do nosso planeta, tanto em área territorial quanto em população: somos mais de 200 milhões de pessoas habitando uma terra de mais de 8,5 milhões de Km².
A cultura popular se manifesta na música e nas artes em geral.
O paraibano Leandro Gomes de Barros foi o primeiro e até aqui o mais importante cordelista de que se tem notícia.
O cordel, ou literatura de cordel, não é invenção brasileira. Mas foi no Brasil que esse tipo de literatura, desenvolvida principalmente em sextilhas e septilhas, ganhou forma.
Sim, Leandro foi o grande pioneiro nessa forma de arte.
Já na virada do século 19 Leandro estava ligado a tudo, a todos os acontecimentos no Brasil e em todo o canto.
Antes e depois de Leandro, nenhum cordelista falou em verso de folheto sobre as mazelas e consequências da Primeira Guerra Mundial.
É dele, por exemplo, o folheto AS AFLIÇÕES DA GUERRA NA EUROPA, que começa assim:

Detonam tiros medonhos
Das peças demasiadas
Soam grandes estampidos
Estremecendo as quebradas
Descendo rios de sangue
Como água em enchorradas…

É dele também o segundo folheto sobre a guerra. Título: A ALLEMANHA VENCIDA E HUMILHADA, que começa assim:

Até que afinal chegamos
Ao fim da tal grande guerra
Que tanto mal produziu
Geralmente em toda a terra
E a Allemanha vencida
Se humilha, grita e berra…


Como se não bastasse, Leandro escreveu ECHOS DA PÁTRIA, que começa assim:

Despertai filhos da Pátria
Mostrai a vossa façanha
Arriscai o peito à bala
Ide morrer na campanha
Um soldado brasileiro
Não rende pleito à Allemanha…

sexta-feira, 17 de março de 2023

CÂMARA CASCUDO DIZ QUEM FOI LEANDRO GOMES DE BARROS

Leandro Gomes de Barros publicou centenas de folhetos. O total de títulos é impreciso

Todo mundo sabe, e se não sabe deveria saber, quem foi o potiguar Luís da Câmara Cascudo.
Cascudo tinha 20 anos de idade quando conheceu em Recife, PE, o paraibano de Pombal Leandro Gomes de Barros. Leandro morreu em março de 1918, seis meses antes de a Gripe Espanhola se alastrar no Brasil contaminando e matando homens, mulheres e crianças. Cascudo pegou a maldita gripe, mas escapou.
O poeta Olavo Bilac foi contaminado e morto pela gripe. Mas essa é outra história.
Em 1939 Luís da Câmara Cascudo publicaria, à pág 264 do livro Vaqueiros e Cantadores, texto descritivo sobre o poeta:
LEANDRO GOMES DE BARROS, 1868-1918. Nasceu e morreu na Paraíba, viajando pelo Nordeste. Viveu exclusivamente de escrever versos populares inventando desafios entre cantadores, arquitetando romances, narrando as aventuras de Antônio Silvino, comentando fatos, fazendo sátiras. Fecundo e sempre novo, original e espirituoso, é o responsável por 80% da glória dos cantadores atuais. Publicou cêrca de mil folhetos, tirando dêles dez mil edições. Êsse inesgotável mancial correi ininterrupto enquanto Leandro viveu. É ainda o mais lido de todos os escritores populares. Escreveu para sertanejos e matutos, cantadores, cangaceiros, almocreves, comboeiros, feirantes e vaqueiros. É lido nas feiras, nas fazendas, sob as oiticicas nas horas do "rancho", no oitão das casas pobres, soletrado com amor e admirado com fanatismo. Seus romances, histórias românticas em versos, são decoradas pelos cantadores. Assim "Alonso e Marina", "O Boi misterioso", "João da Cruz", "Rosa e Lino de Alencar", "O Príncipe e a Fada", o satírico "Canção de Fogo", espécie de "Palavras Cínicas", de Forjaz de Sampaio, a "Órfã abandonada", etc, constituem literatura indispensável para os olhos sertanejos do nordeste. Não sei verdadeiramente se êle chegou a medir-se com algum cantador. Conhecí-o na Capital paraibana. Baixo, grosso, de olhos claros, o bigodão espêsso, cabeça redonda, meio corcovado, risonho contador de anedotas, tendo a fala cantada e lenta do nortista, parecia mais um fazendeiro que um poeta, pleno de alegria, de graça e de oportunidade.
 
Quando a desgraça quer vir
Não manda avisar ninguém,
Não quer saber de um vai mal
E nem se outro vai bem.
E não procura saber
Que idade Fulano tem...

Não especula se é branco,
Se é preto, rico, ou se é pobre,
Se é de origem de escravo
Ou se é de linhagem nobre!
É como o sol quando nasce:
O que achar na terra, cobre!

Um dia, quando se fizer a colheita do folclore poético, reaparecerá o humilde Leandro Gomes de Barros, vivendo de fazer versos, espalhando uma onda sonora de entusiasmo e de alacricidade na face triste do sertão.

quinta-feira, 16 de março de 2023

ADEUS, THEO DE BARROS

Assis, Theo de Barros e Eduardo Gudin ouvem Luís Avelima falando sobre música popular
 
O músico Theo de Barros morreu na última madrugada 15, cinco dias depois de completar 80 anos de idade. Era carioca, filho de um radialista pernambucano. Começou a carreira ainda na pré-adolescência. Sua carreira ganhou brilho a partir de São Paulo onde conheceu seu parceiro mais famoso, Geraldo Vandré. 
É de Theo e Vandré a moda de viola Disparada, empatada com A Banda, de Chico Buarque, num festival de música promovido pela Record em 1966. Essa música ganhou versão em vários idiomas: espanhol, italiano, francês e alemão. 
A primeira composição de Theo gravada por ele mesmo, num compacto simples, foi Menino das Laranjas, gravado também por Vandré e Elis Regina. 
Há uma versão muito bonita em espanhol de Menino das Laranjas, por Elis.
Eu conheci Theo de Barros num ano qualquer dos 70. Viramos amigos. Frequentou a minha casa (acima).
Acho que foi em 2008 que levei Theo para debater comigo o interminável ano de 1968. Foi um debate com exposição temática por mim organizada no BNB, em Fortaleza, CE
Desse debate, um ciclo, também participaram o músico Sérgio Ricardo e o jornalista José Hamilton Ribeiro. 
Certa vez Theo perguntou se eu conhecia a obra do poeta cubano Nicolás Guillén (1902-1989). Disse que sim, que até tinha uma edição de um livro de Guillén editado na Argentina. Pediu-me emprestado e eu o emprestei. Resultado: Theo musicou um poema do cubano e o inseriu num álbum duplo que lançou pela extinta Eldorado, em 1980.
E pensar que ontem 15 de manhã eu e minha filha Clarissa ouvíamos Elis cantar Menino das Laranjas, enquanto tomávamos café. E alí pelo final da tarde, numa visita a mim o amigo músico e quadrinista Paulo Garfunkel, o Magrão, perguntava se eu conhecia Teófilo Augusto de Barros Neto.
Pois é, pra morrer basta estar vivo.
 
 

HÁ 56 ANOS, TINHORÃO ENTREVISTAVA NAIR DE TEFFÉ

Parece que foi ontem...
No dia 15 de março de 1967, o jornalista José Ramos Tinhorão publicava no extinto Jornal da Tarde, SP, uma bela e inédita entrevista que fez dias antes em Niterói, RJ, com a viúva do marechal Hermes da Fonseca, Nair de Tefé. 
Hermes da Fonseca chegou à presidência da República em 1910, depois  de disputa eleitoral com o baiano Rui Barbosa.
Nair de Tefé foi ninguém mais, ninguém menos, do que a primeira caricaturista brasileira. Publicava em jornais e revistas sob o anagrama Rian, que é seu nome de trás pra frente.
À época, Tinhorão tinha 39 anos de idade. E ela 81. 
José Ramos Tinhorão nasceu no dia 07 de fevereiro de 1928, no município Paulista de Santos.
Na ocasião em que os dois de encontraram, ele foi por ela caricaturado (ao lado). 
Fica aqui o registro.
 

O PALAVRÃO NA BOCA DO POVO

Pesquisa sobre palavrões indica que Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro são as três cidades cujos habitantes dizem mais palavrões. Xingam mais, pra valer ou simplesmente brincando. Puta que pariu, que pesquisa!
Confesso, porém, que não me surpreendi.
O Brasil não se acha entre os primeiros países de bocas mais sujas do mundo.
Os ingleses e norte-americanos falam mais palavrões que nós. No mínimo, duas vezes e meia por dia. Por aqui, segundo a pesquisa que se acha nos jornais, o homem brasileiro fala em média oito palavrões por dia. E a mulher, cinco.
Porra! Pensei que era mais.
Agora, é claro que há brasileiros e brasileiras que falam mais ou menos palavrões. Eu mesmo falo uns 50 por dia. As palavras e palavrões que pronuncio no meu dia a dia vão de chá a paralelepípedo. Às vezes falo até inconstitucionalissimamente. Tem 12 sílabas. E quando estou bravo, bravo mesmo, falo até pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. Caralho! Você dirá, caro leitor. Mas essa palavra eu já falei só por brincadeira, como agora dividindo sílabas pneu-mo-ul-tra-mi-cros-co-pi-cos-si-li-co-vul-ca-no-co-ni-ó-ti-co. São 46 letras, distribuídas em 20 sílabas.
Numa reunião ocorrida em 22 de abril de 2020, Bolsonaro pronunciou 29 palavrões em menos de 2 horas. Ele nasceu já assim, desbocado. Para o mal é sem limite e para o bem, zero. Agora mesmo deve estar se contorcendo num buraco qualquer dos EUA, com medo de cair em cana. Já são muitos os crimes a que responde e a outros que ainda responderá. Os tais presentes das arábias devem lhe render uma caninha de 2 a 12 anos. É o que consta no nosso código penal para o crime de peculato.
À propósito, por determinação do ministro da Justiça Flávio Dino, a Polícia Federal vai indiciar e apurar tim-tim por tim-tim o caso dos presentes das arábias. Caso esse em que se acha enrolado até o pescoço o tal que fugiu para os EUA.
Bolsonaro, por si só um palavrão, deve estar chamando todo mundo de fela da puta, corno, vagabundo, arrombado, fi de quenga. Daqui nós o chamamos de fela da puta mesmo, ladrão e tudo mais, Ô cabra ruim!

LEIA MAIS: PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO, PORRA! IIIH! DEU MOFO NO PULMÃO, COLEGA...

E PRA RELAXAR...

quarta-feira, 15 de março de 2023

VIVA A IMPRENSA BRASILEIRA!

Os bichos, os monstros, que andavam grudados no corpo e nos buracos do governo Bolsonaro estão a cada instante sendo descobertos, voltando à tona, e enojando os brasileiros de boa índole e formação. O caso agora está ligado umbilicalmente à Agência Brasileira de Inteligência, Abin.
O caso em pauta foi descoberto e publicado em manchete de 1ª página pelo jornal carioca O Globo, edição de ontem 14. Começava o texto:

Durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) operou um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional, segundo documentos obtidos pelo GLOBO e relatos de servidores. A ferramenta permitia, sem qualquer protocolo oficial, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a última localização conhecida do dono do aparelho...

Isso nos remete ao tempo da ditadura militar instaurada no Brasil em 1964 e que durou terríveis, sombrios e intermináveis 21 anos. Não custa lembrar, e é importante que se lembre, que muita gente foi perseguida, presa, torturada e morta. E em muitos casos, exilada.
O sonho de Bolsonaro, e pesadelo nosso, era fazer do nosso Estado Democrático um Estado policial e de terror. Não conseguiu e por não conseguir o que queria, pegou um avião da FAB e voou pra se esconder num lugar qualquer dos EUA. Os jornais de hoje dizem que ele pretende voltar no próximo dia 29. Mentira. Está com medo de ser preso. E vai, na hora em que a Justiça decidir. É como eu já disse:

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera
Presidente matador
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador
 
Esse caso envolvendo a Abin é sério, muito sério. Precisa ser apurado bem di-rei-ti-nho e os envolvidos, todos, punidos rigorosamente na forma da Lei.
E as joias das arábias, hein? LEIA: BOLSONARO É JOIA
O papel que a Imprensa tem desempenhado continua sendo de grande importância para a valorização do ir e vir, da nossa Democracia.
Por falar nisso, termino lembrando um texto poético/musical que andei fazendo em homenagem a um dos grandes pioneiros da reportagem, João do Rio. A gravação é da dupla Caju e Castanha. Ouça:


LEIA MAIS: JOÃO DO BRASILO JORNALISTA JOÃO DO RIO, UMA MARCAJOÃO DO RIO: JORNAL É CHIBATA DO POVOAINDA JOÃO DO RIO, 100 ANOS

terça-feira, 14 de março de 2023

LAERTE DÁ ENTREVISTA NOTA DEZ À TV CULTURA

Foi supimpa a entrevista que ouvi ontem 13 no Roda Viva, da TV Cultura, com a cartunista e quadrinista Laerte.
Opa, consegui!
Eu, Jota, Angeli, Glauco, Fortuna, Fausto e Laerte dividimos espaço na redação do extinto suplemento Folhetim, que circulava como encarte na edição de domingo do jornal Folha de S.Paulo. E quando digo consegui é porque nunca conseguira chamar o Laerte de "a Laerte".
A última vez que nos encontramos, e já faz um bocado de anos,  e ela (olha eu de novo!) achou graça no meu jeito de falar. E disse: "Relaxa, Assis".
A entrevista da Laerte ao programa Roda Viva foi pra lá de excelente. Falou de tudo e muito mais. Falou de vida e morte, solidão, velhice, filosofia, inteligência artificial; de machismo, feminismo, política e tal; da vida pessoal com filhos e netos e de amigos como os já citados Fausto, Angeli e Glauco.
Pra ele, não existe charge a favor de quem quer que seja.
Pra Laerte chargista existe pra fazer crítica a poderosos de plantão e a governos, independentemente da coloração política. E até ilustrou lembrando um caso segundo o qual alguém perguntará a Ziraldo por que nunca metera o pau no Sarney. A resposta teria sido esta: "Pô! Eu sou amigo do cara". 
No decorrer da fala, Laerte não se esqueceu de falar do amigo recentemente falecido Paulo Caruso.
Recomendo a todo mundo a acessar o site da TV Cultura e acompanhar a entrevista da Laerte, comandada pela jornalista Vera Magalhães. Nota dez!
 

JARBAS MARIZ

O cantor, compositor e musical multitudo Jarbas Mariz completa no dia sagrado de hoje, 14 de março, 71 aninhos de idade.
Jarbas, pelo talento que tem, é daqueles caras que a gente classifica como sendo do caralho. Pessoa linda, daquelas que exercem com inteiridade a complexa ação da cidadania. Quer pra si o melhor que a vida oferece e pra todos, a mesma coisa.
Jarbas está lançando novo CD. Falarei a respeito já, já.
Aproveito aqui este espaço para mandar meus votos de saúde e longevidade a esse gigante da da nossa música popular, extensivos a sua companheira Ângela.

segunda-feira, 13 de março de 2023

DHARMA ENRIQUECE A OBRA DE SOCORRO LIRA

Jorge Ribbas e Assis Ângelo num momento de descontração

Jorge Ribbas e Ricardo Vignini acompanham
Socorro Lira, no Itaú Musical
O cantor, compositor e instrumentista pernambucano Jorge Ribbas há muito é uma das figurinhas mais solicitadas do mundo da nossa música popular, a mais bonita e original.
Ribbas passou o último fim de semana na Capital paulista. Na sexta, 10 de março de 2023, esteve se apresentando ao lado da cantora e compositora Socorro Lira que acaba de lançar em formato digital, um novo repertório intitulado DHARMA.
Dharma, perguntei a Jorge o que vem a ser. E ele: é uma perspectiva baseada na filosofia de vida indiana que significa “viver e trabalhar pelo melhor futuro para a humanidade, isso como missão de vida em um patamar de pensamento elevado”.
O novo repertório de Socorro Lira, ganha cores, naturalmente com os arranjos de Jorge Ribbas feitos em parceria com Ricardo Vignini.
Vignini é um paulistano bastante conhecido pelas composições, produções musicais que faz e como bom violeiro que é.
O espetáculo Dharma foi apresentado a uma plateia instigante no Auditório do Itaú Cultural na Av. Paulista.
A ideia é levar socorro Lira a mostrar sua nova obra em todo o país. “Cá pra nós, o trabalho de Socorro é excepcional e merece ser ouvida por todo o mundo”, diz o cantor, compositor e instrumentista Jorge Ribbas.
A obra de Socorro Lira se acha em mais de uma dúzia de discos fáceis de ser encontrados através das principais plataformas de streaming.
A capa de Dharma é a reprodução de um dos quadros de Elifas Andreato.


ELIFAS ANDREATO

Jorge Ribbas também esteve envolvido num belíssimo projeto que teve por base a obra pictórica do paranaense Elifas Andreato que rendeu três dezenas de músicas distribuídas em dois CD’s. Essas músicas são interpretadas por talentosos nomes da nossa música, porém ainda pouco conhecidos pela
grande mídia.
Jorge conta melhor esta história: "Realizei a seleção das músicas inscritas junto à Mirian Ibañez e Elifas Andreato. Além de participar da seleção das canções que foram compostas para temas específicos, fornecidos por Roberto Tranjan do Instituto Economia ao Natural; compus os arranjos das músicas que compõem o repertório dos dois discos".
Esse projeto, que começou em plena pandemia da COVID 19 intitula-se Brasil ao Natural.
Tranjan é escritor e responsável pelo Instituto Economia ao Natural. Saiba mais: https://www.youtube.com/@economiaaonatural802.
Para os leitores deste Blog, segue o álbum com seus compositores e intérpretes.




E PRA DESCONTRAIR...

domingo, 12 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (2, FINAL)

Leandro Gomes de Barros tem inspirado muitos cordelistas. Seu nome ainda circula no meio popular e até entre candidatos a doutor por universidades Brasil afora. Sobre sua obra, há várias teses universitárias rolando por aí. Às Universidades Federais da Paraíba e do Mato Grosso do Sul foram apresentadas as dissertações Direito & Literatura: Aspectos Jurídicos e Sociais na obra de Leandro Gomes de Barros, de Elon da Silva Barbosa Damaceno e "Que povo é esse?", de Erasmo Peixoto de Lacerda. À Fundação Getúlio Vargas, FGV, RJ, Ivone da Silva Ramos Maya apresentou O Poeta de Cordel e a Primeira República: a Voz Visível do Popular.
Folhetos de Leandro continuam a ser publicados. Também tem inspirado ou inspirou poetas de tudo quanto é quilate, como Carlos Drummond de Andrade e Klévisson Viana.
No dia 9 de setembro de 1976, Drummond publicou em bela crônica no Jornal do Brasil um pouco da história do grande paraibano. Chamou-o de príncipe. Um trecho:
Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro. [...] Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião.
Klévisson, além de escrever sobre Leandro, conseguiu recuperar uma de suas fotos (ao lado).
Em disco LP trecho de um cordel de Leandro foi adaptado pelos jornalistas Mirabô Dantas e José Nêumanne e gravado pelas cantoras Telma e Terezinha de Jesus. Título: A quem interessar possa.
E por não ter mais o que fazer, fiz um poeminha em homenagem a Leandro.
Leandro Gomes de Barros nasceu no dia 19 de novembro de 1865 e morreu no dia 04 de março de 1918.

PAULO CARUSO

O jornalista, cartunista, humorista, compositor e cantor paulistano da Vila Madalena Paulo Caruso morreu vítima de câncer no último dia 4 de março deste ano de 2023. Tinha 73 anos de idade. Começou a carreira no extinto jornal paulistano Diário Popular. Seu traço espalhou-se por publicações Brasil afora. Deixou meia dúzia de livros publicados, todos de alto nível. Eu o conheci de perto. Foi sepultado segunda 6, no cemitério São Paulo. Para lembrá-lo, o cartunista Fausto foi buscar inspiração em Da Vinci. LEIA: ADEUS PAULO CARUSO

Foto e Reproduções por Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 11 de março de 2023

LEANDRO GOMES DE BARROS CONTINUA VIVO (1)

Foto de Leandro Gomes de Barros
recuperada por Klévisson Viana

O Brasil, sabemos, é um país novo. Riquíssimo. De tudo tem muito: ouro, prata, pérolas e muita miséria, além das safadezas que borbulham nas esquinas, palácios e bordéis.
Por ser um país novo, tudo ainda é novo.
No correr da nossa história, houve todo tipo de violência e desgraça.
O indígena, o negro e a mulher, grosso modo falando, sempre foram vistos como um seres menores ou de segunda classe pelos poderosos de plantão.
Na literatura nacional e também na música aparecem personagens judiadas e até mortas de todas as maneiras. Num livro do cearense José de Alencar, por exemplo, há casos horrorosos.
No romance regionalista Til, de Alencar; e no Dona Guidinha do Poço, livro naturalista de Manoel de Oliveira Paiva, há casos terríveis findados em feminicídio.
Til foi publicado em 1872 e Dona Guidinha, embora também escrito no século 19, foi publicado 60 anos depois da morte do autor. No enredo desse livro, curiosidade: é a esposa que manda matar o marido.
Pois é, a nossa literatura ainda é nova. Tem só uns 200 anos.
A nossa literatura popular ainda é mais nova do que a chamada literatura erudita ou moderna.
Os primeiros folhetos de cordel, que se encaixam perfeitamente no campo da literatura popular, começaram a ser publicados no Brasil poucos anos antes da chegada do século 20.
O primeiro e nosso principal cordelista, como são chamados os autores de folheto de cordel, foi o paraibano de Pombal Leandro Gomes de Barros.
Leandro escreveu seu primeiro folheto em 1889. Título: A Mulher Roubada, que só seria publicado em 1907.
O romancista Ariano Suassuna dizia que tomara conhecimento de um folheto de cordel circulando nos sertões da Paraíba já em 1836. Título: Romance da Pedra do Reino, de autor desconhecido.
Orígenes Lessa, também escritor dos bons, anotou: o primeiro folheto de cordel, também de autor desconhecido, publicado no Brasil foi em 1865, sob o título O Testamento que faz um macaco, especificando suas gentilezas, gaiatices, sagacidade, etc.
Em agosto de 2001 o Sesc, unidade Pompéia, apresentou uma grande exposição com debate e tudo mais intitulada 100 Anos de Cordel, cuja a curadoria coube ao jornalista Audálio Dantas.
Não se sabe até hoje quantos folhetos Leandro escreveu e publicou, mas às centenas com títulos clássicos como O Cachorro dos Mortos.
O cachorro dos mortos trata de um tríplice homicídio provocado pelo fato de uma das vítimas, Angelita, não ceder aos desejos de um pretendente. Atualíssimo.

sexta-feira, 10 de março de 2023

MARINHO GANHA POEMA AOS 75 ANOS

A comunicação sempre foi importante na vida humana.
O cotidiano é cheio de problemas, agora imaginemos o cotidiano sem comunicação; sem que as pessoas se comuniquem, se falem, se entendam.
As guerras entre nações existem desde tempos d'antanho.
As guerras, dizem, servem para equilibrar a população mundial. Eu digo: as guerras servem pra matar gente e transformar assassinos em heróis.
Há muitos heróis assassinos, desde quando o homem desceu da árvore.
Comunicação é tudo. Ou quase tudo.
A comunicação deveria resolver todos os problemas de ordem humana.
No dia 10 de março de 1876, na Filadélfia, EUA, o inglês de Edimburgo Alexander Graham Bell fazia a primeira ligação telefônica para um de seus auxiliares, Thomas Watson.
Foi ligação rápida e curta, de pouca distância, mas com isso ele conseguiu aproximar as pessoas. Avanço enorme no campo da comunicação. 
No dia 10 de março de 1948, nascia na Paraíba uma criança que se chamaria Sebastião Marinho. Sua infância não foi, digamos, própria de quem nasce em berço de ouro. Mas lutando virou artista, cantor. Trocou o violão pela viola e aí caiu no mundo mágico da cantoria de improviso ao som de música.
Já carreguei Sebastião Marinho pra tudo quanto foi programa que apresentei, no rádio principalmente.
Em dezembro de 2003, convidei Marinho pra animar o papo que eu faria, como fiz, com o cartunista argentino Quino. Desse encontro participaram ainda Álvaro Moya, Paulo Caruso e Custódio.
Marinho, que chega hoje aos 75 anos, vai receber amigos com tapete vermelho na sede da União dos Cantadores, Repentistas e Apologistas do Nordeste (Ucran), que criou há mais de 30 anos.
A Ucran está localizada à rua Teixeira Leite, 263, Liberdade, SP.
Sebastião Marinho é comunicação em pessoa.
Hoje tem festa de violeiro na Ucran. Bora lá?
Por não ter muito o que fazer, fiz Poeminha pra Sebastião Marinho. Ouça:
 

LEIA MAIS: SEBASTIÃO MARINHO, 70HOJE É DIA DE SEBASTIÃO MARINHO!

quinta-feira, 9 de março de 2023

EU E MEUS BOTÕES (60)

Um chute do Lampa por pouco não derrubou a porta. Ele estava eufórico. Estranhamente eufórico, quase babando: "Agora eu pego ele!".
Os olhos de todos se voltaram a Lampa. Barrica foi o primeiro a falar: "O que é isso, endoidou?".
Fazendo de conta que nada ouvira, Lampa abriu o jornal e aos trancos e barrancos leu a manchete: Coronel afirma que Bolsonaro ficou com joias dadas por regime saudita...
De modo brusco Barrica puxou o jornal das mãos de Lampa, que não gostou e quase rosnando entre dentes disse algo ininteligível: "Bvjrtzqblxk!".
"Calma, mano. Deixa o Lampa ler a notícia!", interrompeu Biu. "Mas ele me deixa nervoso, nem sabe ler direito esse peste!", retrucou Barrica. 
Nesse ponto foi a vez de entrar na conversa o botão letrado Zilidoro, que educadamente pediu pra ele próprio ler a notícia do jornal. Barrica olhou pro Lampa, que nada disse. Zilidoro começou: "Documento obtido pelo Estadão atesta que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu no Alvorada um segundo pacote de joias da Arábia Saudita, também trazido irregularmente ao Brasil pela comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque...".
"Tá vendo? Tá vendo? Tá vendo? O cabra é um ladrão, um desmilinguido. Vou pegar e vou capar. Lugar de quem não presta são dois: cadeia ou um buraco de cemitério", falou esbravejando o destabocado Lampa. "Agora eu pego ele! Ora se pego!", acrescentou aos berros enquanto alisava seu punhalzinho de estimação. 
Do fundo da casa escutei uma voz malemolente, perguntando o que é que eu estou achando dessa história toda de joias e tal. Era Zoião. Respondi que acho um horror, uma vergonha. É um escândalo atrás do outro manchando o nome do nosso país.
Mané tomou a palavra pra perguntar se eu já lera o livro O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro, da jornalista Juliana Dal Piva. Respondi dizendo que esse livro foi lançado em 2022, mas que ainda não tive tempo de lê-lo. Até porque leio muita coisa. As prioridades em primeiro lugar. Acabo de ler, por exemplo, o mais novo livro do colega José Nêumanne, Antes de Atravessar. É um baita livro de poesia. Eu o recomendo, aliás.
Até então em silêncio, Zé deu um beliscão em Jão, que o encarou rindo: "Que isso, Zé?".
Tudo que Zé queria era simples: perguntar se eu sei quanto é que nós, brasileiros, estamos pagando pela permanência do ex-presidente nos EUA. Respondi dizendo que a questão é complexa, mas seguramente pelo menos 2 milhões já sairam do erário público para manter Bolsonaro no Exterior. Como ex-presidente ele tem direito a dois automóveis com motoristas, tradutor ou tradutora pessoal, meia dúzia de seguranças, hospedagem em hotel bom, alimentação ótima e tal. Uma beleza!
"Tá vendo? Tá vendo? Isso é uma vergonha!", alterou-se novamente Lampa, jurando por Deus e Nossa Senhora que "Tudo vai mudar um dia. E pra melhor".
Eu já me preparava pra dar por encerrada a nossa roda de conversa, quando Zoião perguntou se eu não escrevera algum poema para as mulheres no seu dia, 8 de março que foi ontem. Respondi que sim e mais do que depressa, Zilidoro sacou o celular e botou pra todo mundo ver e ouvir:
 

segunda-feira, 6 de março de 2023

BOLSONARO É JOIA

O Brasil é mesmo um país estranho, mas muito bonito.
Na caixinha joiada dada pelo rei,
está faltando um bracelete...
Ou eu tô cego!?

De tão real, a política brasileira parece ficção. Né, não?
Está em tudo quanto é jornal a notícia de que Bolsonaro tentou embolsar para si e com sorte os mimos que o rei Déspota da Arábia Saudita ofereceu como presente ao Brasil. Joias, um monte de joias. Tudo calculado em pelo menos três milhões de euros. Algo como 16 ou 20 milhões de reais.
Presentes que chefes de governo recebem de outros chefes superior a um mil dólares, vão todos para o acervo do Governo/Palácio. Pois, pois. E não é, menino, que o ex-presidente fez de tudo para embolsar esses mimos? Sua consorte, Michelle, andou aí pelas redes debochando do caso. Hmmm...
O Ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou abertura de inquérito para apurar o caso tim-tim por tim-tim.
Uma coisinha: um brasileiro reconheceu Bolsonaro ao entrar num restaurante no Tennessee, EUA. Perguntou: "Tudo joia, presidente?". Nervoso, Bolsonaro fitou os olhos do interlocutor, respondendo: "@~!%&¨$ PARIU!". 
É muita baixaria... Até quando?
E tudo começou com rachadinhas, funcionários fantasmas...

domingo, 5 de março de 2023

GUERRAS SÃO PASSAPORTE PARA O FIM DO MUNDO (2, FINAL)

A Segunda Guerra Mundial foi deflagrada no dia 1° de setembro de 1939 e teria fim no dia 2 de setembro de 1945. O saldo ficou na casa dos milhões e milhões de mortos e incontáveis feridos.
Quando estourou a Segunda Guerra Mundial o ditador Getúlio Vargas já havia criado um inferno particular para os brasileiros: o Estado Novo, instalado em 1937. Deixou mortos e feridos.
Entre 1936 e 1939, os espanhóis viveram em guerra.
A Rússia participou da Primeira e da Segunda guerras mundiais. O Brasil também.
Submarinos alemães afundaram navios brasileiros, daí a nossa participação nesses conflitos. Curiosidade: Aracy de Carvalho, mulher do escritor Guimarães Rosa teve participação ativa no salvamento de judeus. Participação ativa também teve a escritora Clarice Lispector. À época Clarice se encontrava na Alemanha em companhia do marido Maury Gurgel Valente, que era embaixador. Não seria exagero dizer que a experiência vivida pela escritora refletiu-se na sua obra.
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia no ano de 1920.
Cinquenta anos antes do nascimento de Clarice, o Brasil acabara de sair vitorioso da guerra do Paraguai. Essa guerra começou no final de 1864 depois de tropas do exército do Paraguai invadirem o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul; e pela parte argentina Corrientes. Foi quando formou-se a Tríplice Aliança e tal. O resto é história.
E não tem como esquecer a Guerra de Canudos, brasileiramente interna, ocorrida entre 1896 e 1897. Quem acabou com essa guerra foi o primeiro presidente civil do Brasil: Prudente de Morais, reunindo forças policiais de vários Estados. Massacre. Leia Os Sertões.Leia também o Dicionário das Batalhas Brasileiras de Hernâni Donato.
É certo que já passa de 350 mil o número de mortos na guerra de Putin.
No nosso subconsciente se acha a errônea informação de que o maior número de assassinatos numa guerra foi provocado pelo austríaco Adolf Hitler. Não foi. A história conta que o sacana que mais matou gente numa guerra foi o chinês Mao Tsé-Tung (1893-1976): 40 a 70 milhões. Não há exatidão, mas os números são horrorosos.
Claro, Mao foi o sujeito que instalou o Comunismo no seu país. Curiosidade: entre os 196 países reconhecidos pela ONU, apenas cinco têm o Comunismo como regime político. Esses países são, além da China, Coreia do Norte, Vietnã, Laos e Cuba.
O Comunismo foi adotado na Rússia logo após a guerra civil, em 1917, quando Vladimir Ilitch Ulianov, o Lênin (1870-1924), assumiu o poder.
O comando do chamado Exército Vermelho foi confiado por Lenin a Leon Trotsky.
Em 1923, há um século, portanto, a Rússia passou a chamar-se União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS.
Com a morte de Lenin, Trotsky e Joseph Stalin disputaram o poder. Trotsky perdeu e Stalin entrou para a história como assassino de milhões e milhões de russos e russas.
E teve, na história, uma guerra que engoliu 3 reis. Foi em Alcácer-Quibir, no Marrocos, no ano de 1572. Um desses reis, Dom Sebastião, virou um quase santo e a marca politicamente indelével de Sebastianismo.
O presidente Inácio Lula da Silva acaba de entrar no jogo, sugerindo a formação de um grupo de países para negociar a paz entre Rússia e Ucrânia.
Como fica a situação das outras guerras mundo afora, hein?
Que Deus nos proteja.

Foto por Flor Maria.
Ilustração de Fausto Bergocce.

sábado, 4 de março de 2023

ADEUS, PAULO CARUSO!

 Hoje 4 bem cedo, ali pelas 9 da matina, o telefone toca trazendo a voz do cartunista Fausto. Dizia que o colega Paulo Caruso partira pra um lugar longe daqui, definitivamente. Não chorei, mas a notícia deu-me um nó do caralho na garganta.
Paulo Caruso foi meu amigo. Falávamos, falávamos e falávamos sobre tudo que ocorria/ocorre na vida brasileira.
Eu tinha por Paulo um carinho enorme. Era coisa vice-versa, sabe?
Eu sou do tempo de anos atrás. Dum tempo passado, que ainda se acha vivo na minha memória. E aqui lembro de nomes incríveis que comigo compartilharam redações: Fortuna, Petchó, Glauco, Henfil...
É claro que a vida fica mais pobre, mais triste, sem a presença dessas pessoas tão queridas no meu dia a dia.
"Nos últimos três anos já morreram mais de 50 cartunistas", lamenta o antenado Fausto Bergoce.
A última vez que estive com Paulo Caruso foi no evento comemorativo dos 50 anos de fundação da TV Cultura, no MIS - Museu da Imagem e do Som. Estavam comigo a  minha amiga querida e  jornalista Cilene Soares, o presidente Marcos Mendonça e sua esposa Dalva.
A noite daquele evento foi inesquecível. Tudo nos trinques. Bom vinho, bom uísque, boa cachaça.
Além da comemoração dos 50 anos da TV Cultura, aplaudiam-se o sucesso que foi a série Brasil Toca Choro. Dessa série, na TV, participei de dois ou três episódios.

Ah! Ia me esquecendo: na ocasião foi lançado um livro luxuoso intitulado Brasil Toca Choro. Já na primeira página, Paulo achou de caricaturizar a mim e a Cilene. Gostei, gostamos.
Digo essas palavras como lembrança de um momento muito bonito do qual participou o meu querido Paulo Caruso, irmão do Chico... A propósito lembro aqui do encontro entre mim, Paulo e Chico Caruso na missa de sétimo dia em louvor à alma de Fortuna. Foi numa igreja do Jabaquara, acho que São Judas. 
Paulo Caruso parte aos 73 anos de idade.
Hummm... Estou na casa dos 70 desde o ano passado e...
Daqui ninguém leva nada, mas deixa lembranças.
A lembrança que eu tenho de Paulo Caruso é a lembrança de um irmão querido.